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Segunda parte:
Há 50 anos era eleito Papa o então cardeal Montini, Arcebispo de Milão...
Uma minisérie sobre o venerável Paulo VI. Primeira parte. Visualizando no youtube poderá avançar para a segunda e terceira partes:
O momento mais importante da vida litúrgica da Igreja é a Páscoa da Ressurreição, na Qual nasce a Igreja. No boletim Voz Jovem deste mês não poderia faltar a referência e a reflexão à volta da Semana Santa, com as várias celebrações comunitárias e seus significados. Para lá deste tema central outros fizeram/fazem a vida da comunidade paroquial: a Vigília Vocacional, proposta pelo Departamento da Pastoral Vocacional da Diocese de Lamego, a solenização da Eucaristia e convívio com o Grupo Coral dos Bombeiros Voluntários de Vila Real - Cruz Verde. No boletim, outras informações mais voltadas para a comunidade paroquial, mas também outros motivos de interesse: reflexão bíblica, ou editorial, neste mês, sobre o gesto de renúncia do Papa Bento XVI.
O Boletim poderá ser lido a partir da página da paróquia de Tabuaço, ou fazendo o download:
Com grande alegria vos acolho e dirijo a cada um de vós a minha cordial saudação. Agradeço ao cardeal Angelo Sodano que, como sempre, soube fazer-se intérprete dos sentimentos de todo o colégio: 'Cor ad cor loquitur'. Obrigado, eminência, de coração. E gostaria de dizer - retomando a experiência dos discípulos de Emaús - que também para mim foi uma grande alegria caminhar convosco nestes anos, na luz da presença do Senhor ressuscitado.
Como disse ontem diante de milhares de fiéis que lotaram a praça São Pedro, a vossa proximidade e o vosso conselho foram de grande ajuda no meu ministério. Nestes oito anos, vivemos com fé momentos belíssimos de luz radiante no caminho da Igreja, junto a momentos nos quais algumas nuvens pairavam no céu. Procuramos servir Cristo e a sua Igreja com amor profundo e total, que é a alma do nosso ministério. Demos esperança, aquela que vem de Cristo, que somente pode iluminar o caminho. Juntos podemos agradecer ao Senhor que nos fez crescer na comunhão, e juntos rezar para que vos ajude a crescer ainda nesta profundidade, de forma que o colégio de cardeais seja como uma orquestra,onde a diversidade - expressão da Igreja universal - contribua sempre para uma maior concórdia e harmonia.
Gostaria de deixar-vos um pensamento simples, que tenho muito no coração: um pensamento sobre a Igreja, sobre o seu ministério, que constitui para todos nós, podemos dizer, a razão e a paixão da vida. Deixo-me ajudar por uma expressão de Romano Guardini, escrita propriamente no ano em que os padres do Concílio Vaticano II aprovavam a Constituição 'Lumen Gentium', no seu último livro, com uma dedicação pessoal também para mim; por isso as palavras deste livro são para mim particularmente queridas. Diz Guardini: a Igreja "não é uma instituição concebida e construída em cima de uma mesa..., mas uma realidade viva... Ela vive ao longo do curso do tempo, em andamento, como cada ser vivo, transformando-se... Contudo na sua natureza permanece sempre a mesma, e o seu coração é Cristo". Foi a nossa experiência, ontem, parece-me, na praça São Pedro: ver a Igreja que é um corpo vivo, animado pelo Espírito Santo e vive realmente da força de Deus. Ela está no mundo, mas não é do mundo: é de Deus, de Cristo, do Espírito. Vimos isso ontem. Por isto é verdadeira e eloquente outra famosa expressão de Guardini: "A Igreja se desperta nas almas". A Igreja vive, cresce e se desperta nas almas, que - como a Virgem Maria - acolhem a Palavra de Deus e a concebem por obra do Espírito Santo; oferecem a Deus a própria carne e, propriamente na sua pobreza e humildade, tornam-se capazes de dar à luz a Cristo hoje no mundo. Através da Igreja, o Mistério da Encarnação permanece presente para sempre. Cristo continua a caminhar nos tempos e em todos os lugares.
Permaneçamos unidos, queridos Irmãos, neste Mistério: na oração, especialmente na Eucaristia quotidiana, e assim sirvamos à Igreja e toda a humanidade. Esta é a nossa alegria, que ninguém pode nos tirar.
Antes de saudar-vos pessoalmente, desejo dizer-vos que continuarei a ser próximo na oração, especialmente nos próximos dias, a fim de que estejam plenamente dóceis à ação do Espírito Santo na eleição do novo Papa. Que o Senhor vos mostre aquilo que é desejado por Ele. E entre vós, entre o colégio cardinalício, há também o futuro Papa ao qual já hoje prometo a minha incondicional reverência e obediência. Por isto, com afeto e reconhecimento, concedo-vos de coração a benção apostólica.
BENEDICTUS PP XVI
Sala Clementina do Palácio Apostólico - Vaticano
Quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013
"Não sou mais pontífice, mas um simples peregrino que cumpre a última etapa nessa terra junto com a Igreja"
Se as encíclicas, os livros, as homilias, as mensagens e tudo o que foi dizendo e escrevendo ao longo do pontificado vai merecer releituras e estudos detalhados, muito mais este gesto de Bento XVI pela sua “gravidade e inovação”.
Não se alcança nestes dias o horizonte da decisão de Bento XVI. Sabe-se, por enquanto, que a sua atitude é uma grande mensagem, um capítulo central do legado que deixa à Igreja Católica e um gesto que expressa a sua personalidade e a perceção acerca da missão de cada batizado, incluindo a do Papa, num momento específico da história.
Se as encíclicas, os livros, as homilias, as mensagens e tudo o que foi dizendo e escrevendo ao longo do pontificado vai merecer releituras e estudos detalhados, muito mais este gesto pela sua “gravidade e inovação”.
As palavras são do próprio Bento XVI e foram pronunciadas em português na sua última audiência na Praça de S. Pedro, em Roma.
“Dei este passo com plena consciência da sua gravidade e inovação, mas com uma profunda serenidade de espírito”, disse Bento XVI após ter recordado o seu estado de espírito quando foi eleito Papa, no dia 19 de abril de 2005, nomeadamente o “peso grande” que lhe caía sobre os ombros.
É esse mesmo realismo que permite a Bento XVI dar este passo. E ter prometido, já em ambiente de pré-conclave, obediência “incondicional” ao futuro Papa, depois de ter tomado a decisão “mais justa” para o bem da Igreja.
Bento XVI comunicou a renúncia ao pontificado no dia 11 de fevereiro. Depois, no decorrer da agenda já assumida, foi explicando os motivos e o contexto em que tomou essa opção e as consequências que espera para a vida da Igreja, que liderou até ao último dia de fevereiro. E são essas palavras que interessa manter por perto quando se procura interpretar um gesto que introduz rutura na forma de entender e exercer o ministério de ser o sucessor de Pedro no contexto atual.
Assim, as sensações e as emoções provocadas por este momento de viragem na história têm de ser geridas na consciência de cada pessoa: a dos crentes, interessados em contribuir para que a Igreja seja cada vez mais de Cristo; e a de todos os cidadãos, cativados por uma instituição que, na sua origem e identidade, tem por fim único propor a felicidade a todos.
A isso nos ensina também o Papa que resigna. A decisão que tomou parte da sua consciência, depois de a “ter examinado repetidamente” e de o ter feito “diante de Deus”. Nesse diálogo, entre a consciência e Deus, num ambiente espiritual fundamentado e seduzido pelo exemplo de Cristo, encontra-se o segredo para decisões acertadas, voltadas não tanto para o bem próprio, antes para o bem de todos, o único capaz de gerar alegria.
Uma convicção afirmada até ao último momento. No seu último tweet, Bento XVI escreveu, dizendo de si e desafiando todos: “Possais viver sempre na alegria que se experimenta quando se põe Cristo no centro da vida”.
Paulo Rocha, Editorial da Agência Ecclesia.
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