E vós quem dizeis que Eu sou?
1 – A Epístola de São Tiago, segunda leitura, lavra a ligação íntima e fundamental entre a fé e a vida. O apóstolo exemplifica com situações concretas, reais e exequíveis:
“De que serve a alguém dizer que tem fé, se não tem obras? Poderá essa fé obter-lhe a salvação? Se um irmão ou uma irmã não tiverem que vestir e lhes faltar o alimento de cada dia, e um de vós lhe disser: «Ide em paz. Aquecei-vos bem e saciai-vos», sem lhes dar o necessário para o corpo, de que lhes servem as vossas palavras? Assim também a fé sem obras está completamente morta. Mas dirá alguém: «Tu tens a fé e eu tenho as obras». Mostra-me a tua fé sem obras, que eu, pelas obras, te mostrarei a minha fé”.
A fé autêntica, em e com Jesus Cristo, conduz-nos aos outros.
2 – Não há compromisso social puro, autêntico, libertador, se antes não se der um encontro transformador com Jesus Cristo. A fé é DOM recebido, acolhido e aprofundado na partilha. A fé há de levar-nos a imitá-l'O, pelo que nos compromete nas obras, como expressão, visualização, e comprovação da nossa adesão firme a Jesus e ao Seu Evangelho de caridade.
Tudo se inicia em Jesus. Ele desce de Deus e traz-nos Deus. Mas não Se impõe. Cabe-nos acolher a nossa vocação, o Seu chamamento. Cabe-nos escolher o caminho que nos guia ao CAMINHO. Cabe-nos, livremente, aceitar a salvação que Ele nos dá, deixarmos que a nossa vida se transforme por inteiro e sermos portadores desta boa notícia em nós, pelas palavras e pelas obras.
3 – Pergunta-nos Jesus: «E vós, quem dizeis que Eu sou?»
Não basta a opinião dos outros. Não vale responder com o que ouvimos dizer: João Baptista; Elias; um dos profetas…
Chega um momento em que se tornam insuficientes as respostas dos outros, precisamos de responder por nós. Quem é Jesus para mim? Que importância tem na minha vida? Toca a minha alma? Mobiliza-me para a comunhão e para a comunidade? Posso dizer com Pedro: «Tu és o Messias», o enviado de Deus? És Deus para mim? És a minha salvação e o meu descanso? És a minha bússola, o meu norte?
Que resposta dar? Não assobiemos para o lado como se não fosse nada connosco. É connosco que Jesus está a falar.
4 – Jesus conta connosco mas não contemos com a vida facilitada. Aliás, sublinhe-se desde logo, quem segue um caminho de honestidade e de trabalho cedo encontrará escolhos e inimigos. Não se pode agradar a toda a gente. «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Na verdade, quem quiser salvar a sua vida perdê-la-á; mas quem perder a vida, por causa de Mim e do Evangelho, salvá-la-á».
Jesus anuncia tempos conturbados, de que dá nota a contestação de Pedro. É o fim das expetativas dos discípulos. E eles que pensavam que o reino de Deus seria imposto sem custo e sem esforço! E afinal vai custar pelo menos a vida do Mestre.
5 – A Palavra de Deus não promete vida fácil, mas promete a presença permanente de Deus. O Seu olhar não se desviará do nosso, como na Cruz não se desprendeu da Mãe e não se desprendeu do Pai. Como rezamos com o salmo: “O Senhor guarda os simples: estava sem forças e o Senhor salvou-me”.
Ou como visualiza o profeta Isaías:
“O Senhor Deus abriu-me os ouvidos e eu não resisti nem recuei um passo. Apresentei as costas àqueles que me batiam e a face aos que me arrancavam a barba… O Senhor Deus vem em meu auxílio. Quem ousará condenar-me?”
A certeza que Deus vem salvar-nos, anima-nos a caminhar, conforta-nos, puxa-nos para a frente e para cima. Não nos deixa desistir.
Textos para a Eucaristia (ano B): Is 50,5-9a; Sl 114 (116); Tg 2,14-18; Mc 8,27-35.
Reflexão Dominical COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço
ou no nosso blogue CARITAS IN VERITATE