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...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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20.02.13

Bento XVI - entrelaçamento indissolúvel: fé e caridade (3)

mpgpadre

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2013

Crer na caridade suscita caridade

«Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele»

(1 Jo 4, 16)

 

3. O entrelaçamento indissolúvel de fé e caridade

 

       À luz de quanto foi dito, torna-se claro que nunca podemos separar e menos ainda contrapor fé e caridade. Estas duas virtudes teologais estão intimamente unidas, e seria errado ver entre elas um contraste ou uma «dialéctica». Na realidade, se, por um lado, é redutiva a posição de quem acentua de tal maneira o carácter prioritário e decisivo da fé que acaba por subestimar ou quase desprezar as obras concretas da caridade reduzindo-a a um genérico humanitarismo, por outro é igualmente redutivo defender uma exagerada supremacia da caridade e sua operatividade, pensando que as obras substituem a fé. Para uma vida espiritual sã, é necessário evitar tanto o fideísmo como o activismo moralista.

       A existência cristã consiste num contínuo subir ao monte do encontro com Deus e depois voltar a descer, trazendo o amor e a força que daí derivam, para servir os nossos irmãos e irmãs com o próprio amor de Deus. Na Sagrada Escritura, vemos como o zelo dos Apóstolos pelo anúncio do Evangelho, que suscita a fé, está estreitamente ligado com a amorosa solicitude pelo serviço dos pobres (cf. At 6, 1-4). Na Igreja, devem coexistir e integrar-se contemplação e acção, de certa forma simbolizadas nas figuras evangélicas das irmãs Maria e Marta (cf. Lc 10, 38-42). A prioridade cabe sempre à relação com Deus, e a verdadeira partilha evangélica deve radicar-se na fé (cf. Catequese na Audiência geral de 25 de Abril de 2012). De facto, por vezes tende-se a circunscrever a palavra «caridade» à solidariedade ou à mera ajuda humanitária; é importante recordar, ao invés, que a maior obra de caridade é precisamente a evangelização, ou seja, o «serviço da Palavra». Não há acção mais benéfica e, por conseguinte, caritativa com o próximo do que repartir-lhe o pão da Palavra de Deus, fazê-lo participante da Boa Nova do Evangelho, introduzi-lo no relacionamento com Deus: a evangelização é a promoção mais alta e integral da pessoa humana. Como escreveu o Servo de Deus Papa Paulo VI, na Encíclica Populorum progressio, o anúncio de Cristo é o primeiro e principal factor de desenvolvimento (cf. n. 16). A verdade primordial do amor de Deus por nós, vivida e anunciada, é que abre a nossa existência ao acolhimento deste amor e torna possível o desenvolvimento integral da humanidade e de cada homem (cf. Enc. Caritas in veritate, 8).

       Essencialmente, tudo parte do Amor e tende para o Amor. O amor gratuito de Deus é-nos dado a conhecer por meio do anúncio do Evangelho. Se o acolhermos com fé, recebemos aquele primeiro e indispensável contacto com o divino que é capaz de nos fazer «enamorar do Amor», para depois habitar e crescer neste Amor e comunicá-lo com alegria aos outros.

       A propósito da relação entre fé e obras de caridade, há um texto na Carta de São Paulo aos Efésios que a resume talvez do melhor modo: «É pela graça que estais salvos, por meio da fé. E isto não vem de vós; é dom de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie. Porque nós fomos feitos por Ele, criados em Cristo Jesus, para vivermos na prática das boas acções que Deus de antemão preparou para nelas caminharmos» (2, 8-10). Daqui se deduz que toda a iniciativa salvífica vem de Deus, da sua graça, do seu perdão acolhido na fé; mas tal iniciativa, longe de limitar a nossa liberdade e responsabilidade, torna-as mais autênticas e orienta-as para as obras da caridade. Estas não são fruto principalmente do esforço humano, de que vangloriar-se, mas nascem da própria fé, brotam da graça que Deus oferece em abundância. Uma fé sem obras é como uma árvore sem frutos: estas duas virtudes implicam-se mutuamente. A Quaresma, com as indicações que dá tradicionalmente para a vida cristã, convida-nos precisamente a alimentar a fé com uma escuta mais atenta e prolongada da Palavra de Deus e a participação nos Sacramentos e, ao mesmo tempo, a crescer na caridade, no amor a Deus e ao próximo, nomeadamente através do jejum, da penitência e da esmola.

 

20.02.13

Bento XVI - Prioridade da fé, primazia da caridade (4)

mpgpadre

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE BENTO XVI PARA A QUARESMA DE 2013

Crer na caridade suscita caridade

«Nós conhecemos o amor que Deus nos tem, pois cremos nele»

(1 Jo 4, 16)


4. Prioridade da fé, primazia da caridade

       Como todo o dom de Deus, a fé e a caridade remetem para a acção do mesmo e único Espírito Santo (cf. 1 Cor 13), aquele Espírito que em nós clama:«Abbá! – Pai!» (Gl 4, 6), e que nos faz dizer: «Jesus é Senhor!» (1 Cor 12, 3) e «Maranatha! – Vem, Senhor!» (1 Cor 16, 22; Ap 22, 20). 

       Enquanto dom e resposta, a fé faz-nos conhecer a verdade de Cristo como Amor encarnado e crucificado, adesão plena e perfeita à vontade do Pai e infinita misericórdia divina para com o próximo; a fé radica no coração e na mente a firme convicção de que precisamente este Amor é a única realidade vitoriosa sobre o mal e a morte. A fé convida-nos a olhar o futuro com a virtude da esperança, na expectativa confiante de que a vitória do amor de Cristo chegue à sua plenitude. Por sua vez, a caridade faz-nos entrar no amor de Deus manifestado em Cristo, faz-nos aderir de modo pessoal e existencial à doação total e sem reservas de Jesus ao Pai e aos irmãos. Infundindo em nós a caridade, o Espírito Santo torna-nos participantes da dedicação própria de Jesus: filial em relação a Deus e fraterna em relação a cada ser humano (cf. Rm 5, 5). 

       A relação entre estas duas virtudes é análoga à que existe entre dois sacramentos fundamentais da Igreja: o Baptismo e a Eucaristia. O Baptismo (sacramentum fidei) precede a Eucaristia (sacramentum caritatis), mas está orientado para ela, que constitui a plenitude do caminho cristão. De maneira análoga, a fé precede a caridade, mas só se revela genuína se for coroada por ela. Tudo inicia do acolhimento humilde da fé («saber-se amado por Deus»), mas deve chegar à verdade da caridade («saber amar a Deus e ao próximo»), que permanece para sempre, como coroamento de todas as virtudes (cf. 1 Cor 13, 13).

       Caríssimos irmãos e irmãs, neste tempo de Quaresma, em que nos preparamos para celebrar o evento da Cruz e da Ressurreição, no qual o Amor de Deus redimiu o mundo e iluminou a história, desejo a todos vós que vivais este tempo precioso reavivando a fé em Jesus Cristo, para entrar no seu próprio circuito de amor ao Pai e a cada irmão e irmã que encontramos na nossa vida. Por isto elevo a minha oração a Deus, enquanto invoco sobre cada um e sobre cada comunidade a Bênção do Senhor!

Vaticano, 15 de Outubro de 2012

BENEDICTUS PP. XVI

 

11.02.13

Mensagem de D. António Couto para a Quaresma

mpgpadre

RESPONDER AO AMOR DE DEUS

Mensagem para esta Quaresma

1. Na sua mensagem para esta Quaresma, vivida em pleno Ano da Fé, o Papa Bento XVI convida-nos a entrelaçar a fé e o amor. Assim: é de Deus a iniciativa de vir amorosamente ao nosso encontro (Dei Verbum, n.os 2 e 21), e é dele o primeiro movimento de amor em relação a nós (1Jo 4,10 e 19), quando em nós nada havia de amável (Rom 5,8). Portanto, diz bem o Apóstolo: «o amor vem de Deus» (1Jo 4,7a).

 

2. A este Deus que toma a iniciativa de vir ao nosso encontro por amor, e a nós se entrega por amor, só nos compete responder pela fé, que é a nossa entrega pessoal a Deus, implicando todas as nossas energias, faculdades e capacidades, também o nosso amor (Dei Verbum, n.º 5), que o amor primeiro de Deus em nós faz nascer. É outra vez verdade o que diz o Apóstolo: «Quem ama, nasceu de Deus» (João 4,7b). E é assim também que a nossa fé é verificada pelo amor.

 

3. Mas como Deus não veio apenas ao meu encontro para só a mim se entregar por amor e só em mim fazer nascer o amor, mas veio ao encontro de todos e a todos se entregou por amor, então a minha fé é verificada pelo meu amor a Deus e a todos os meus irmãos amados por Deus. Diz bem outra vez o Apóstolo: «Quem não ama o seu irmão, que bem vê, não pode amar a Deus, que não vê» (João 4,20).

 

4. E o Apóstolo insiste em pôr diante dos nossos olhos esta chave de verificação: «Nós sabemos que passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos. Quem não ama, permanece na morte» (1 João 3,14). A verdadeira morte não é então o termo da vida, mas aquilo que, desde o princípio, impede de nascer: o não acolhimento do Deus que vem por amor, para, por amor, fazer nascer em nós o amor e novas e impensáveis pautas de fraternidade.

 

5. Sim, então o amor ou a caridade não cabe, longe disso, naquilo que habitualmente designamos por solidariedade ou ajuda humanitária. O amor ou a caridade desborda sempre dessas realidades, e impele-nos ao anúncio do Evangelho, que é mostrar Deus que vem por amor ao nosso encontro, para nos servir o amor e fazer nascer em nós, como resposta, o serviço humilde, próximo e dedicado do amor.

 

6. Por isso, o tempo da Quaresma é um tempo diferente. Não é o tempo segmentado de chrónos, em que se sucedem os dias e as horas, mas um tempo novo e insuspeitado, que a Bíblia chama kairós, que se mede, não pela quantidade, mas pela qualidade, não pelo que passa, mas pela plenitude: trata-se da enchente da Palavra de Deus que, inundando a nossa vida, reclama a nossa resposta amante e transforma a nossa vida.

 

7. Um visitante estrangeiro foi visitar o famoso rabino polaco Hofez Chaim, e ficou espantado quando viu que a casa do rabino era apenas um simples quarto cheio de livros, e os únicos móveis eram uma mesa e um pequeno banco. «Mestre, onde estão os teus móveis?», perguntou o visitante. «E os teus onde estão?», retorquiu o rabino. «Os meus? Mas eu sou um visitante; estou aqui apenas de passagem», respondeu o visitante. «Também eu», retorquiu o rabino.

 

8. Sim, convenhamos que acabámos de assistir a uma eloquente lição de «renúncia» aos bens terrenos. Mas facilmente nos apercebemos que o termo «renúncia», hoje, nesta cultura de «Laodiceia» em que vivemos, e que obedece ao refrão «sou rico, enriqueci, e não preciso de nada» (Apocalipse 3,17), está claramente fora de moda e resulta incompreensível. «Deixar é perder», repetem tranquilamente os maus mestres.

 

9. Mas o Mestre mesmo, que é Jesus, ensina-nos a «renunciar» às coisas e até a nós mesmos, às nossas gorduras materiais e espirituais. «Renunciar» é «dizer não». Aos pesos que atrapalham a suavidade e a leveza que nos configuram ao Mestre (Mateus 11,28-30). A Quaresma é este tempo novo, não nosso, de fazer um verdadeiro jejum na nossa vida. Jejuar não é deixar de comer hoje, para comer amanhã. De nada nos valeria. Jejuar é olhar para a nossa vida, para a nossa casa e para a nossa mesa, até perceber que tudo é dom de Deus, não apenas para mim, mas para todos os seus filhos e meus irmãos, e, agir em consequência, partilhando com todos a minha vida, a minha casa, a minha mesa.

 

10. Apelo, portanto, a todos os irmãos e irmãs que Deus me deu nesta querida Diocese de Lamego a que, nesta Quaresma, deixemos a enxurrada da Palavra de Deus tomar conta da nossa vida. No meio da enxurrada, perceberemos logo que não salvaremos muitas coisas, e que aquilo que mais queremos encontrar é uma mão segura que nos ajude a salvar a nossa vida.

 

11. Aí está o tempo santo da Quaresma. Já estamos a sentir a mão de Deus (Isaías 41,13; 42,6; 45,1; Jeremias 31,32). Demos também a nossa mão aos nossos irmãos mais necessitados. Por isso e para isso, proponho que façamos um verdadeiro caminho de «renúncia» quaresmal. Como já fizemos o ano passado, convido-vos a olhar por e para os nossos irmãos de perto e de longe. Vamos destinar uma parte da nossa «renúncia» quaresmal para o fundo solidário diocesano, para aliviar as dores dos nossos irmãos de perto que precisem da nossa ajuda. Olhando para os nossos irmãos de longe, vamos destinar outra parte do contributo da nossa caridade para as missões dos Padres Vicentinos espalhadas pelas zonas de Chókwe e Caniçado, no Vale do Rio Limpopo, Moçambique, grandemente devastadas pelas cheias, que ali provocaram dezenas de mortos e mais de 100 mil desalojados, e que deixam as populações pobres à mercê da fome e de doenças várias, como a cólera e a malária. A finalidade da nossa Renúncia Quaresmal será anunciada em todas as Igrejas da nossa Diocese no Domingo I da Quaresma, realizando-se a Coleta no Domingo de Ramos na Paixão do Senhor.

 

12. Com a ternura de Jesus Cristo, saúdo todas as crianças, jovens, adultos e idosos, catequistas, acólitos, leitores, escuteiros, cantores, ministros da comunhão, membros de todas as associações e movimentos, departamentos e serviços, todos os nossos seminaristas, todos os consagrados, todos os diáconos e sacerdotes que habitam e servem a nossa Diocese de Lamego ou estão ao serviço de outras Igrejas. Saúdo com particular afeto todos os doentes, carenciados e desempregados, e as famílias que atravessam dificuldades. Uma saudação especial aos nossos emigrantes.

 

Na certeza da minha oração e comunhão convosco, a todos vos abraça o vosso bispo António.

 

Lamego, 11 de fevereiro de 2013

20.12.12

Mensagem de Natal de D. António, Bispo de Lamego

mpgpadre

 

A NOTÍCIA DO NATAL

Chega uma criança

À madrugada

Desarmada

Traz mãos e pés e uns olhos tão bonitos

Traz um rasto de lume e de esperança

E uma espada

Apontada

À raiz dos nossos conflitos.

1. É assim que vem Jesus em filigrana pura, em contra-luz coada de alegria, e atravessa ao colo de Maria as páginas arenosas da Escritura. Ei-lo que vem rosado de ternura, acorda, esfrega os olhos azulados de lonjura, salta para o chão, vê-se que procura a minha mão, sabe o meu nome e o de toda a criatura.

 

2. Conta-me histórias, a dele e a minha, mas conta também as estrelas uma a uma, apresenta-me Abraão, Moisés, David, demora-se um pouco no caminho com Elias, Isaías, Miqueias, Jeremias, recebe os pastores dos campos de Belém, canta com eles, acena aos anjos nas alturas, fica longamente extasiado a abrir os presentes trazidos pelos magos.

 

3. O espaço que habita é um curral que os animais gratuitamente acederam partilhar com ele, com ele brincam, vê-se que sabem de cor a partitura de Génesis um e de Isaías onze.

 

4. Maria e José também conhecem e jogam esse jogo, esfuziante corre-corre de alegria, até eu dou por mim a fazer casinhas num prato de aletria, mas na sala ao lado há gente a dormir longe dali, refastelada e dormente, indiferente, trocando a luz do dia pela romaria.

 

5. Oh humanidade sem sal, sem sol e sem sonho, só com sono, acorda que já a luz desponta, todo o tempo é pouco porque o tempo é graça, não fiques atolada na desgraça, desconsolada e triste, como quem tem sempre que pagar a conta.

 

6. Levanta-te, olha em redor e vê que já nasceu o dia, e há-de andar por aí uma roda de alegria. Se não souberes a letra, a música ou a dança, não te admires, porque tudo é novo. Olha com mais atenção. Se mesmo assim ainda nada vires, então olha com os olhos fechados, olha apenas com o coração, que há-de bater à tua porta uma criança. Deixa-a entrar. Faz-lhe uma carícia. É ela que traz a música e a letra da canção. Ela é a Notícia.

 

+ António Couto

 

Ps – O mais belo Natal de Jesus para todos e um Novo Ano cheio das maravilhas do nosso Deus, são os votos do vosso bispo e irmão, António.

06.11.12

Tabuaço no X Festival Diocesano da Canção Religiosa

mpgpadre

       No passado dia 3 de novembro realizou-se o X Festival Diocesano da Canção Religiosa, promovido pelo SDPJ de Lamego, no Teatro Ribeiro Conceição. Pelo segundo ano, o Grupo de Jovens de Tabuaço fez-se representar com a Canção: FAZER DISCÍPULOS EM CADA CHÃO, letra o pároco e música do Professor Abel Rodrigues, como intérpretes a Carolina, a Márcia, a Filipa e a Rita.

       10 grupos encantaram o lotado Teatro Ribeiro Conceição. Tabuaço ficou em 2.º LUGAR, numa magnífica prestação. Obviamente o mais improtante é a participação e a partilha de experiências. Tudo o mais, acentua a dedicação e a vontade de fazer bem.

       Em baixo algumas fotos dos ensaios, e da presença em Lamego, bem como dois vídeos, ensaios e apresentação:

      Ensaios:Atuação no Teatro Ribeiro Conceição:

Para ver mais fotos visitar o perfil da Paróquia de Tabuaço no facebook

16.05.12

SILÊNCIO E PALAVRA: caminho de evangelização

mpgpadre

Mensagem de Bento XVI para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2012

 

(para obter a Mensagem em PDF, clique sobre as imagens)

 

       Amados irmãos e irmãs,

       Ao aproximar-se o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2012, desejo partilhar convosco algumas reflexões sobre um aspeto do processo humano da comunicação que, apesar de ser muito importante, às vezes fica esquecido, sendo hoje particularmente necessário lembrá-lo. Trata-se da relação entre silêncio e palavra: dois momentos da comunicação que se devem equilibrar, alternar e integrar entre si para se obter um diálogo autêntico e uma união profunda entre as pessoas. Quando palavra e silêncio se excluem mutuamente, a comunicação deteriora-se, porque provoca um certo aturdimento ou, no caso contrário, cria um clima de indiferença; quando, porém se integram reciprocamente, a comunicação ganha valor e significado.

 

       O silêncio é parte integrante da comunicação e, sem ele, não há palavras densas de conteúdo. No silêncio, escutamo-nos e conhecemo-nos melhor a nós mesmos, nasce e aprofunda-se o pensamento, compreendemos com maior clareza o que queremos dizer ou aquilo que ouvimos do outro, discernimos como exprimir-nos. Calando, permite-se à outra pessoa que fale e se exprima a si mesma, e permite-nos a nós não ficarmos presos, por falta da adequada confrontação, às nossas palavras e ideias. Deste modo abre-se um espaço de escuta recíproca e torna-se possível uma relação humana mais plena. É no silêncio, por exemplo, que se identificam os momentos mais autênticos da comunicação entre aqueles que se amam: o gesto, a expressão do rosto, o corpo enquanto sinais que manifestam a pessoa. No silêncio, falam a alegria, as preocupações, o sofrimento, que encontram, precisamente nele, uma forma particularmente intensa de expressão. Por isso, do silêncio, deriva uma comunicação ainda mais exigente, que faz apelo à sensibilidade e àquela capacidade de escuta que frequentemente revela a medida e a natureza dos laços. Quando as mensagens e a informação são abundantes, torna-se essencial o silêncio para discernir o que é importante daquilo que é inútil ou acessório. Uma reflexão profunda ajuda-nos a descobrir a relação existente entre acontecimentos que, à primeira vista, pareciam não ter ligação entre si, a avaliar e analisar as mensagens; e isto faz com que se possam compartilhar opiniões ponderadas e pertinentes, gerando um conhecimento comum autêntico. Por isso é necessário criar um ambiente propício, quase uma espécie de «ecossistema» capaz de equilibrar silêncio, palavra, imagens e sons.

 

 

       Grande parte da dinâmica atual da comunicação é feita por perguntas à procura de respostas. Os motores de pesquisa e as redes sociais são o ponto de partida da comunicação para muitas pessoas, que procuram conselhos, sugestões, informações, respostas. Nos nossos dias, a Rede vai-se tornando cada vez mais o lugar das perguntas e das respostas; mais, o homem de hoje vê-se, frequentemente, bombardeado por respostas a questões que nunca se pôs e a necessidades que não sente. O silêncio é precioso para favorecer o necessário discernimento entre os inúmeros estímulos e as muitas respostas que recebemos, justamente para identificar e focalizar as perguntas verdadeiramente importantes. Entretanto, neste mundo complexo e diversificado da comunicação, aflora a preocupação de muitos pelas questões últimas da existência humana: Quem sou eu? Que posso saber? Que devo fazer? Que posso esperar? É importante acolher as pessoas que se põem estas questões, criando a possibilidade de um diálogo profundo, feito não só de palavra e confrontação, mas também de convite à reflexão e ao silêncio, que às vezes pode ser mais eloquente do que uma resposta apressada, permitindo a quem se interroga descer até ao mais fundo de si mesmo e abrir-se para aquele caminho de resposta que Deus inscreveu no coração do homem.

 

       No fundo, este fluxo incessante de perguntas manifesta a inquietação do ser humano, sempre à procura de verdades, pequenas ou grandes, que deem sentido e esperança à existência. O homem não se pode contentar com uma simples e tolerante troca de céticas opiniões e experiências de vida: todos somos perscrutadores da verdade e compartilhamos este profundo anseio, sobretudo neste nosso tempo em que, «quando as pessoas trocam informações, estão já a partilhar-se a si mesmas, a sua visão do mundo, as suas esperanças, os seus ideais» (Mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais de 2011).

 

       Devemos olhar com interesse para as várias formas de sítios, aplicações e redes sociais que possam ajudar o homem atual não só a viver momentos de reflexão e de busca verdadeira, mas também a encontrar espaços de silêncio, ocasiões de oração, meditação ou partilha da Palavra de Deus. Na sua essencialidade, breves mensagens – muitas vezes limitadas a um só versículo bíblico – podem exprimir pensamentos profundos, se cada um não descuidar o cultivo da sua própria interioridade. Não há que surpreender-se se, nas diversas tradições religiosas, a solidão e o silêncio constituem espaços privilegiados para ajudar as pessoas a encontrar-se a si mesmas e àquela Verdade que dá sentido a todas as coisas. O Deus da revelação bíblica fala também sem palavras: «Como mostra a cruz de Cristo, Deus fala também por meio do seu silêncio. O silêncio de Deus, a experiência da distância do Omnipotente e Pai é etapa decisiva no caminho terreno do Filho de Deus, Palavra Encarnada. (...) O silêncio de Deus prolonga as suas palavras anteriores. Nestes momentos obscuros, Ele fala no mistério do seu silêncio» (Exortação apostólica pós-sinodal Verbum Domini, 30 de setembro de 2010, n.º 21). No silêncio da Cruz, fala a eloquência do amor de Deus vivido até ao dom supremo. Depois da morte de Cristo, a terra permanece em silêncio e, no Sábado Santo – quando «o Rei dorme (…), e Deus adormeceu segundo a carne e despertou os que dormiam há séculos» (cfr Ofício de Leitura, de Sábado Santo) –, ressoa a voz de Deus cheia de amor pela humanidade.

 

       Se Deus fala ao homem mesmo no silêncio, também o homem descobre no silêncio a possibilidade de falar com Deus e de Deus. «Temos necessidade daquele silêncio que se torna contemplação, que nos faz entrar no silêncio de Deus e assim chegar ao ponto onde nasce a Palavra, a Palavra redentora» (Homilia durante a concelebração eucarística com os membros da Comissão Teológica Internacional, 6 de outubro de 2006). Quando falamos da grandeza de Deus, a nossa linguagem revela-se sempre inadequada e, deste modo, abre-se o espaço da contemplação silenciosa. Desta contemplação nasce, em toda a sua força interior, a urgência da missão, a necessidade imperiosa de «anunciar o que vimos e ouvimos», a fim de que todos estejam em comunhão com Deus (cf. 1 Jo 1, 3). A contemplação silenciosa faz-nos mergulhar na fonte do Amor, que nos guia ao encontro do nosso próximo, para sentirmos o seu sofrimento e lhe oferecermos a luz de Cristo, a sua Mensagem de vida, o seu dom de amor total que salva.

 

       Depois, na contemplação silenciosa, surge ainda mais forte aquela Palavra eterna pela qual o mundo foi feito, e identifica-se aquele desígnio de salvação que Deus realiza, por palavras e gestos, em toda a história da humanidade. Como recorda o Concílio Vaticano II, a Revelação divina realiza-se por meio de «ações e palavras intimamente relacionadas entre si, de tal modo que as obras, realizadas por Deus na história da salvação, manifestam e confirmam a doutrina e as realidades significadas pelas palavras; e as palavras, por sua vez, declaram as obras e esclarecem o mistério nelas contido» (Constituição dogmática Dei Verbum, 2). E tal desígnio de salvação culmina na pessoa de Jesus de Nazaré, mediador e plenitude da toda a Revelação. Foi Ele que nos deu a conhecer o verdadeiro Rosto de Deus Pai e, com a sua Cruz e Ressurreição, nos fez passar da escravidão do pecado e da morte para a liberdade dos filhos de Deus. A questão fundamental sobre o sentido do homem encontra a resposta capaz de pacificar a inquietação do coração humano no Mistério de Cristo. É deste Mistério que nasce a missão da Igreja, e é este Mistério que impele os cristãos a tornarem-se anunciadores de esperança e salvação, testemunhas daquele amor que promove a dignidade do homem e constrói a justiça e a paz.

 

       Palavra e silêncio. Educar-se em comunicação quer dizer aprender a escutar, a contemplar, para além de falar; e isto é particularmente importante paras os agentes da evangelização: silêncio e palavra são ambos elementos essenciais e integrantes da ação comunicativa da Igreja para um renovado anúncio de Jesus Cristo no mundo contemporâneo. A Maria, cujo silêncio «escuta e faz florescer a Palavra» (Oração pela Ágora dos Jovens Italianos em Loreto, 1-2 de setembro de 2007), confio toda a obra de evangelização que a Igreja realiza através dos meios de comunicação social.

 

Vaticano, 24 de janeiro – dia de São Francisco de Sales – de 2012.

BENEDICTUS PP XVI

15.05.12

Mensagem de Bento XVI para a JMJ 2012

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MENSAGEM DO PAPA BENTO XVI

PARA A XXVII JORNADA MUNDIAL DA JUVENTUDE 2012

«Alegrai-vos sempre no Senhor!» (Fl 4, 4)

 

       Queridos jovens, sinto-me feliz por me dirigir de novo a vós, por ocasião da XXVII Jornada Mundial da Juventude. A recordação do encontro de Madrid, no passado mês de Agosto, permanece muito presente no meu coração. Foi um momento extraordinário de graça, durante o qual o Senhor abençoou os jovens presentes, vindos do mundo inteiro. Dou graças a Deus pelos tantos frutos que fez nascer naquelas jornadas e que no futuro não deixarão de se multiplicar para os jovens e para as comunidades às quais pertencem. Agora já estamos orientados para o próximo encontro no Rio de Janeiro em 2013, que terá como tema «Ide, fazei discípulos de todas as nações!» (cf. Mt 28, 19).

       Este ano, o tema da Jornada Mundial da Juventude é-nos dado por uma exortação da Carta de são Paulo apóstolo aos Filipenses: «Alegrai-vos sempre no Senhor!» (4, 4). Com efeito, a alegria é um elemento central da experiência cristã. Também durante cada Jornada Mundial da Juventude fazemos a experiência de uma alegria intensa, a alegria da comunhão, a alegria de ser cristãos, a alegria da fé. É uma das características destes encontros. E vemos a grande força atractiva que ela tem: num mundo com muita frequência marcado por tristeza e preocupações, é um testemunho importante da beleza e da fiabilidade da fé cristã.

       A Igreja tem a vocação de levar ao mundo a alegria, uma alegria autêntica e duradoura, aquela que os anjos anunciaram aos pastores de Belém na noite do nascimento de Jesus (cf. Lc 2, 10): Deus não se limitou a falar, não realizou só sinais prodigiosos na história da humanidade, Deus fez-se tão próximo a ponto de se tornar um de nós e de percorrer as etapas de toda a vida do homem. No difícil contexto actual, muitos jovens em vosso redor têm uma imensa necessidade de sentir que a mensagem cristã é uma mensagem de alegria e de esperança! Então, gostaria de reflectir convosco sobre esta alegria, sobre os caminhos para a encontrar, a fim de que possais vivê-la cada vez mais em profundidade e dela ser mensageiros entre quantos vos circundam.

 

Para ler a mensagem completa »» MENSAGEM DE BENTO XVI para a JMJ 2012

15.05.12

Mensagem de Bento XVI para a JMJ 2012 (2)

mpgpadre

Deus é a fonte da alegria verdadeira

       Na realidade as alegrias autênticas, as que são pequenas do dia a dia ou as grandes da vida, todas têm origem em Deus, mesmo se à primeira vista não vem ao de cima, porque Deus é comunhão de amor eterno, é alegria infinita que não permanece fechada em si mesma, mas que se expande naqueles que Ele ama e que o amam. Deus criou-nos à sua imagem por amor e para derramar sobre nós este seu amor, para nos colmar com a sua presença e com a sua graça. Deus quer que participemos da sua alegria, divina e eterna, fazendo-nos descobrir que o valor e o sentido profundo da nossa vida consiste em ser aceite, ouvido e amado por Ele, e não com um acolhimento frágil como pode ser o humano, mas com um acolhimento incondicional, como é o divino: eu sou querido, tenho um lugar no mundo e na história, sou amado pessoalmente por Deus. E se Deus me aceita, ama-me e disto tenho a certeza, sei de maneira clara e certa que é bom que eu esteja no mundo, que exista.

       Este amor infinito de Deus por todos nós manifesta-se de modo pleno em Jesus Cristo. Nele encontra-se a alegria que procuramos. No Evangelho vemos como os acontecimentos que marcam o início da vida de Jesus se caracterizam pela alegria. Quando o arcanjo Gabriel anuncia à Virgem Maria que será mãe do Salvador, começa com esta palavra: «Alegra-te!» (Lc 1, 28). Quando Jesus nasce, o Anjo do Senhor diz aos pastores: «Eis que vos anuncio uma grande alegria, que será de todo o povo: hoje, na cidade de David, nasceu para vós um Salvador, que é Cristo Senhor» (Lc 2, 11). E os Magos que procuravam o menino, «ao ver a estrela, sentiram uma grande alegria» (Mt 2, 10). Por conseguinte, o motivo desta alegria é a proximidade de Deus, que se fez um de nós. E é isto que são Paulo queria significar quando escreveu aos cristãos de Filipos: «Alegrai-vos sempre no Senhor, repito, alegrai-vos. Que a vossa mansidão seja notória a todos os homens. O Senhor está perto» (Fl 4, 4-5). A primeira causa da nossa alegria é a proximidade do Senhor, que me acolhe e me ama.

       De facto, do encontro com Jesus nasce sempre uma grande alegria interior. Podemos ver isto nos Evangelhos em muitos episódios. Recordemos a visita de Jesus a Zaqueu, um cobrador de impostos desonesto, um pecador público, ao qual Jesus diz: «Hoje tenho que ficar em tua casa». E Zaqueu, refere são Lucas, «recebeu-o cheio de alegria» (Lc 19, 5-6). É a alegria do encontro com o Senhor; é o sentir o amor de Deus que pode transformar toda a existência e trazer salvação. E Zaqueu decidiu mudar de vida e dar metade dos seus bens aos pobres.

       Na hora da paixão de Jesus, este amor manifesta-se em toda a sua força. Nos últimos momentos da sua vida terrena, na ceia com os seus amigos, Ele diz: «Como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor... Digo-vos isto para que a Minha alegria esteja em vós e o vosso gozo seja completo» (Jo 15, 9.11). Jesus quer introduzir os seus discípulos e cada um de nós na alegria plena, a mesma que Ele partilha com o Pai, para que o amor com que o Pai o ama esteja em nós (cf. Jo 17, 26). A alegria cristã é abrir-se a este amor de Deus e pertencer-Lhe.

       Narram os Evangelhos que Maria de Magdala e outras mulheres foram visitar o túmulo onde Jesus tinha sido colocado depois da sua morte e receberam de um Anjo um anúncio perturbador, o da sua ressurreição. Então abandonaram à pressa o sepulcro, anota o Evangelista, «com receio e grande alegria» e apressaram-se a levar a notícia aos discípulos. E Jesus veio ao encontro deles e disse: «Deus vos salve» (Mt 28, 8-9). É a alegria da salvação que lhes é oferecida: Cristo é o vivo, é Aquele que venceu o mal, o pecado e a morte. Ele está presente no meio de nós como o Ressuscitado, até ao fim do mundo (cf. Mt 28, 20). O mal não tem a última palavra sobre a nossa vida, mas a fé em Cristo Salvador diz-nos que o amor de Deus vence.

       Esta alegria profunda é fruto do Espírito Santo que nos torna filhos de Deus, capazes de viver e de apreciar a sua bondade, de nos dirigirmos a Ele com a palavra «Abbà», Pai (cf. Rm 8, 15). A alegria é sinal da sua presença e da sua acção em nós.

 

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15.05.12

Mensagem de Bento XVI para a JMJ 2012 (3)

mpgpadre

Conservar no coração a alegria cristã

       A este ponto perguntamo-nos: como receber e conservar este dom da alegria profunda, da alegria espiritual? 

       Um Salmo diz: «Põe no Senhor as tuas delícias; conceder-te-á os desejos do teu coração» (Sl 37, 4). E Jesus explica que «o reino do céu é semelhante a um tesouro escondido no campo; um homem encontra-o e esconde-o; depois vai, cheio de alegria, vende todos os seus bens e compra o campo» (Mt 13, 44). Encontrar e conservar a alegria espiritual nasce do encontro com o Senhor, que pede para o seguir, para fazer a escolha decidida de apostar tudo n'Ele. Queridos jovens, não tenhais medo de pôr em jogo a vossa vida dando espaço a Jesus e ao seu Evangelho; é o caminho para ter a paz e a verdadeira felicidade no nosso íntimo, é o caminho para a verdadeira realização da nossa existência de filhos de Deus, criados à sua imagem e semelhança.

       Procurar a alegria no Senhor: a alegria é fruto da fé, é reconhecer todos os dias a sua presença, a sua amizade: «O Senhor está próximo!» (Fl 4, 5); é repor n'Ele toda a nossa confiança, é crescer no conhecimento e no amor a Ele. O «Ano da fé», que daqui a poucos meses iniciaremos, ser-nos-á de ajuda e de estímulo. Queridos amigos, aprendei a ver como Deus age nas nossas vidas, descobri-o escondido no coração dos acontecimentos do vosso dia a dia. Acreditai que Ele é sempre fiel à aliança que estabeleceu convosco no dia do vosso Baptismo. Sabei que nunca vos abandonará. Dirigi com frequência o vosso olhar para Ele. Na cruz, ofereceu a sua vida porque vos ama. A contemplação de um amor tão grande leva nos corações uma esperança e uma alegria que nada pode derrubar. Um cristão nunca pode estar triste porque encontrou Cristo, que deu a vida por ele.

       Procurar o Senhor, encontrá-lo na vida significa também acolher a sua Palavra, que é alegria para o coração. O profeta Jeremias escreve: «Eu devoro as Vossas palavras, onde as encontro; a Vossa palavra é a minha alegria, as delícias do meu coração» (Jr 15, 16). Aprendei a ler e a meditar a Sagrada Escritura, nela encontrareis uma resposta às perguntas mais profundas de verdade que se aninham no vosso coração e na vossa mente. A Palavra de Deus faz descobrir as maravilhas que Deus realizou na história do homem e, cheios de alegria, abre ao louvor e à adoração: «Vinde, exultemos no Senhor... prostremo-nos, dobremos os joelhos diante do Senhor nosso Criador!» (Sl 95, 1.6).

       Depois, de modo particular, a Liturgia é o lugar por excelência no qual se expressa a alegria que a Igreja recebe do Senhor e transmite ao mundo. Todos os domingos, na Eucaristia, as comunidades cristãs celebram o Mistério central da salvação: a morte e ressurreição de Cristo. Este é um momento fundamental para o caminho de cada discípulo do Senhor, no qual se torna presente o seu Sacrifício de amor; é o dia no qual encontramos Cristo Ressuscitado, ouvimos a sua Palavra, nos alimentamos do seu Corpo e do seu Sangue. Um Salmo afirma: «Este é o dia que o Senhor fez, cantemos e alegremo-nos n'Ele!» (Sl 118, 24). E na noite de Páscoa, a Igreja canta o Exultet, expressão de alegria pela vitória de Jesus Cristo sobre o pecado e sobre a morte: «Exulte o coro dos anjos... Rejubile a terra inundada por tão grande esplendor... e todo este templo ressoe pelas aclamações do povo em festa!» A alegria cristã nasce do saber que se é amados por um Deus que se fez homem, deu a sua vida por nós e derrotou o mal e a morte; e é viver de amor por Ele. Santa Teresa do Menino Jesus, jovem carmelita, escrevia: «Jesus, amar-te é a minha alegria!» (p 45, 21, 21 de Janeiro de 1897, Op. Compl. p. 708).

 

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15.05.12

Mensagem de Bento XVI para a JMJ 2012 (4)

mpgpadre

A alegria do amor

       Queridos amigos, a alegria está intimamente ligada com o amor: são dois frutos inseparáveis do Espírito Santo (cf. Gl 5, 23). O amor produz alegria, e a alegria é uma forma de amor. A beata Madre Teresa de Calcuta, fazendo eco às palavras de Jesus: «A felicidade está mais em dar do que em receber!» (Act 20, 35), dizia: «A alegria é uma rede de amor para capturar as almas. Deus ama quem dá com alegria. E quem dá com alegria dá mais». E o Servo de Deus Paulo vi escrevia: «No próprio Deus tudo é alegria porque tudo é dom» (Exort. ap. Gaudete in Domino, 9 de Maio de 1975). 

       Pensando nos vários âmbitos da vossa vida, gostaria de vos dizer que amar significa constância, fidelidade, ser fiel aos compromissos. E isto, em primeiro lugar, nas amizades: os nossos amigos esperam que sejamos sinceros, leais, fiéis, porque o verdadeiro amor é perseverante, também e sobretudo nas dificuldades. E o mesmo é válido para o trabalho, para os estudos e para os serviços que desempenhais. A fidelidade e a perseverança no bem levam à alegria, mesmo se nem sempre ela é imediata.

       Para entrar na alegria do amor, somos chamados também a ser generosos, a não nos contentarmos em dar o mínimo, mas a comprometer-nos profundamente na vida, com uma atenção particular pelos mais necessitados. O mundo tem necessidade de homens e mulheres competentes e generosos, que se ponham ao serviço do bem comum. Comprometei-vos a estudar com seriedade; cultivai os vossos talentos e ponde-os desde já ao serviço do próximo. Procurai o modo de contribuir para construir uma sociedade mais justa e humana, onde quer que vos encontreis. Toda a vossa vida seja guiada pelo espírito de serviço, e não pela busca do poder, do sucesso material e do dinheiro.

       A propósito de generosidade, não posso deixar de mencionar uma alegria especial: a que se sente quando se responde à vocação de entregar toda a própria vida ao Senhor. Queridos jovens, não tenhais medo da chamada de Cristo para a vida religiosa, monástica, missionária ou para o sacerdócio. Estai certos de que Ele enche de alegria todos os que, dedicando-lhe a vida nesta perspectiva, respondem ao seu convite a deixar tudo para permanecer com Ele e dedicar-se com coração indiviso ao serviço dos outros. Do mesmo modo, é grande a alegria que Ele destina ao homem e à mulher que se doam totalmente um ao outro no matrimónio para construir uma família e tornar-se sinal do amor de Cristo pela sua Igreja.

       Gostaria de mencionar um terceiro elemento para entrar na alegria do amor: fazer crescer na vossa vida e na vida das vossas comunidades a comunhão fraterna. Há um vínculo estreito entre a comunhão e a alegria. Não é ocasional que são Paulo escreva a sua exortação no plural: não se dirige a cada um singularmente, mas afirma: «Alegrai-vos sempre no Senhor» (Fl 4, 4). Só juntos, vivendo a comunhão fraterna, podemos experimentar esta alegria. O livro dos Actos dos Apóstolos descreve do seguinte modo a primeira comunidade cristã: «Partiam o pão em suas casas e tomavam o alimento com alegria e simplicidade de coração» (Act 2, 46). Comprometei-vos vós também para que as comunidades cristãs possam ser lugares privilegiados de partilha, de atenção e de cuidado uns dos outros.

 

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