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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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15.07.17

Saiu o Semeador a semear...

mpgpadre

1 – Saiu o semeador a semear, lançou a semente à terra, mas nem toda a semente caiu em terra favorável. Fácil imaginar Jesus em Nazaré, da infância à idade adulta, num contacto próximo com a vida do campo, com a agricultura, com a natureza. Relembramos que o Pai, José, era carpinteiro. Por certo, também Jesus seguiu as pisadas do Pai. Um carpinteiro, à época, fazia vários trabalhos, da madeira à pedra e ao ferro; o que fosse necessário como arranjar alguma portada, ajudar a edificar um templo ou um palácio, construir ou reparar uma ponte, canalizar a água para algum campo. Mas as famílias sobreviviam também com o que produziam, trigo, centeio, hortaliça, árvores de fruto, animais de pequeno porte, cabras e ovelhas, que permitiam recolher a lã, o leite, produzir queijo. Na festa da Páscoa, tinham os próprios cordeiros para consumo familiar, permitindo também a venda de alguns ou a troca por outros bens necessários.

A proximidade à terra facilita a compreensão da parábola. O semeador lança a semente, projetando o braço e abrindo a mão de forma a ir soltando o trigo ou o centeio. As sementes não caem de forma uniforme e o controlo sobre o lugar onde caem é bastante preciso, mas há sempre sementes que ultrapassam o limite do campo. O próprio Jesus poderá ter desempenhado esta tarefa ou visto familiares a fazê-lo. O objetivo do semeador é que a semente caia em boa terra para frutificar com abundância.

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2 – Algumas das parábolas deixam que possamos retirar ilações, tentando perceber o que Jesus nos quer dizer. Com esta parábola também, mas com um senão, o próprio Jesus a interpreta:

«Quando um homem ouve a palavra do reino e não a compreende, vem o Maligno e arrebata o que foi semeado no seu coração. Este é o que recebeu a semente ao longo do caminho. Aquele que recebeu a semente em sítios pedregosos é o que ouve a palavra e a acolhe de momento com alegria, mas não tem raiz em si mesmo, porque é inconstante, e, ao chegar a tribulação ou a perseguição por causa da palavra, sucumbe logo. Aquele que recebeu a semente entre espinhos é o que ouve a palavra, mas os cuidados deste mundo e a sedução da riqueza sufocam a palavra, que assim não dá fruto. E aquele que recebeu a palavra em boa terra é o que ouve a palavra e a compreende. Esse dá fruto e produz ora cem, ora sessenta, ora trinta por um».

O Semeador é Jesus. A semente é a Palavra de Deus, a fé concretizável na esperança e na caridade. O campo somos nós. Por vezes somos terra árida, muitas coisas nos ocupam e distraem. Outras, temos boa vontade e até estamos recetivos, mas surgem dificuldades e não estamos para nos chatear. Há ocasiões em que persistimos apesar de tudo, do sofrimento, do sacrifício e das contrariedades e fazemos com que a Palavra de Deus, semente em nós lançada, rebente e frutifique generosamente.

 

3 – A semente, como se vê, é abundante. Cai em todo o lado, é para todos. Mas se é Deus que lança a semente e a faz frutificar, há um dado que salta à vista, depende também de nós. Se nos fechamos, o Espírito de Deus não fará germinar a semente. Se abrimos o nosso coração e a nossa vida a Deus, se nos tornarmos terra trabalhada, cavada, a semente encontrará as condições para frutificar.

As palavras de Jesus assumem uma forte interpelação: «O coração deste povo tornou-se duro: endureceram os seus ouvidos e fecharam os seus olhos». Os discípulos estão chamados a seguir Jesus e não a dureza "deste povo": «Quanto a vós, felizes os vossos olhos porque veem e os vossos ouvidos porque ouvem!».


Textos para a Eucaristia (A): Is 55, 10-11; Sl 64 (65); Rom 8, 18-23; Mt 13, 1-23.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

27.05.17

Ide e ensinai todas as nações...

mpgpadre

1 – O envio final e decisivo de Jesus, faz referência à saída, ao movimento – ide; ao ensino – ensinai; à totalidade das pessoas – a todas a nações; à construção da comunidade dos crentes – batizai-as. «Ide e ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo, ensinando-as a cumprir tudo o que vos mandei. Eu estou sempre convosco até ao fim dos tempos».

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2 – São Lucas, no livro dos Atos dos Apóstolos e que nos tem sido servido como primeira leitura, faz-nos saborear com tempo o acontecimento único do mistério da redenção, morte e ressurreição/ascensão de Jesus.

Depois da Sua paixão, Jesus aparece vivo aos Apóstolos, durante 40 dias, isto é, todo o tempo necessário para os preparar para que, doravante, assumam eles a missão de anunciar o Evangelho. Jesus reaviva a promessa firmada no Pai: sereis batizados no Espírito Santo. Percebendo que Jesus vai partir, chegam as perguntas e a esperança: é agora que o Reino de Deus vai aparecer em todo o seu esplendor?

A resposta de Jesus é contundente: «Não vos compete saber os tempos ou os momentos que o Pai determinou com a sua autoridade; mas recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra». O importante não são as datas, mas o que cada um de nós pode fazer para tornar visível o reino de Deus. Recebe(re)mos o Espírito Santo para nos tornarmos testemunhas de Jesus em toda a parte, em todo o tempo, a todas as pessoas.

Percebe-se que depois da morte e ressurreição de Jesus, os apóstolos terão ficado mais ou menos de braços cruzados à espera que o reino de Deus se impusesse com estrondo. Deus impondo-Se ao mundo, destruindo-o e salvando aqueles que tinham aderido a Jesus Cristo. Relembra-nos São Lucas que Jesus, à vista deles e de nós, elevou-se para lá das nuvens, deixou de estar fisicamente visível. Pudemos então escutar a voz vinda do Céu: «Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu? Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu, virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu».

 

3 – Não há tempo a perder, à espera que anoiteça ou faça sol, é tempo de partir e lançar as mãos ao arado e lavrar a terra. É tempo de abraçar a Cruz e levar a Luz a toda a gente. É tempo de deixar crescer em nós a semente plantada para que a Palavra frutifique abundantemente. Agora é a nossa vez. A missão é de Cristo. Mas através de nós, mantendo-se ligado pelo Espírito Santo que nos dá. Qual videira que alimenta os ramos para que deem fruto em abundância. Daremos tanto mais fruto quanto mais estivermos ligados a Jesus Cristo.


Textos para a Eucaristia (A): Atos 1, 1-11; Sl 46 (47); Ef 1, 17-23; Mt 28, 16-20.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

30.04.17

VL – Caminhemos com Jesus ao Calvário… e logo à Sua Páscoa!

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Iniciámos a Semana Santa, a semana maior, pois nela se visualiza, de forma mais viva e intensa, o mistério maior da nossa fé, a paixão redentora de Jesus, que dá a vida por nós, e a Sua ressurreição gloriosa, certeza que a última palavra é da vida, é do amor, é de Deus. Até à Páscoa solene (anual) somos envolvidos nas últimas horas de vida de Jesus, centrados especialmente no processo rápido que O leva da ceia pascal ao Calvário, revelando-nos por inteiro o mistério de amor, de dádiva, de libertação, de resistência ao sofrimento, de priorização de Deus e da Sua vontade, de ousadia e de humildade, de perdão e de compaixão.

Jesus manda preparar a Páscoa. É um momento de festa, de convívio, de encontro e de memória. A comunidade reúne-se para celebrar a libertação; em família, relembra-se tudo quanto fez o Senhor, Deus de Israel, a favor do povo, para que as gerações vindouras vivam agradecidas e voltadas para o Senhor.

Quando a Ceia se aproxima do fim, Jesus antecipa a Sua morte e ressurreição, instituindo a Eucaristia: sempre que fizerdes isto, fazei-o em memória de Mim. Este é o Meu Corpo. Este é o Meu sangue, entregue por vós e a vós confiado para a salvação do mundo.

Terminada a refeição, Jesus sai com os discípulos para o Jardim das Oliveiras. A noite convida ao descanso. Mas não são horas para dormir, são horas de vigiar, de rezar com insistência. Pelo menos da parte de Jesus. Aproximam-se trevas densas, tenebrosas, mas mais do que a falta de luminosidade exterior é a falta de luz nos corações. Quem não tem luz no coração vive mergulhado na morte.

Naquela hora, Jesus penetra o sofrimento mais atroz. O desfecho está à vista. Um pouco mais, e ainda escuro, na noite de Judas e das lideranças judaicas, Jesus será preso, julgado, condenado à morte. Alguns minutos, algumas horas, e o fim virá! Pai, Pai, Pai, se é possível que passe de Mim esta hora, que passe rápido. Tanto sofrimento para um Homem só. Os gritos de Jesus levam os nossos gritos também. Pai, Pai, Pai, cumpra-se a Tua vontade. É mortal este caminho de entrega, é dom, mas é o caminho da salvação. Não há armas para lutar. A vida ganha-se pela fragilidade/força do amor, pela benevolência, pela misericórdia. O ódio, a guerra, a inveja, só geram mais discórdia, mais destruição, mais desumanização. Caminhemos com Jesus até ao calvário, até à cruz, e Ele nos mostrará a Luz!

 

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4407, de 11 de abril de 2017

26.01.16

Leituras: D. MANUEL CLEMENTE - O Evangelho e a Vida - ano C

mpgpadre
D. MANUEL CLEMENTE (2015). O Evangelho e a Vida. Conversas na rádio no Dia do Senhor. Ano C. Cascais: Lucerna. 304 páginas.

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D. Manuel Clemente teve nos microfones da Rádio Renascença um instrumento privilegiado de evangelização, salientando-se os 12 anos, no programa "O Dia do Senhor", nas manhãs de domingo, a comentar a Liturgia da Palavra de cada domingo, centrando-se especialmente no Evangelho proclamado nesse dia.

Depois dos dois volumes - ano A e ano B -, a publicação do volume do ano C. A linguagem é radiofónica, portanto, direta, acessível, simples, situando o texto, pondo em evidência uma frase ou uma expressão, a postura de Jesus e a reação das pessoas, a vivência dos discípulos e das comunidades cristãos, a reação dos ouvintes e a forma como as comunidades foram acolhendo e traduzindo a palavra de Deus para melhor viver e seguir Jesus Cristo.

A Palavra de Deus é viva, para todos os tempos. Jesus ressuscitou, vive entre nós, continua a ser a força e a luz de muitas pessoas e de muitas comunidades. O mundo pode sempre melhorar, os cristãos têm uma importância crucial, com os valores da vida, da dignidade humana, da partilha solidária, do amor caritativo, da doação da própria vida pelo vida dos outros, ao jeito de Jesus, seguindo a Sua Palavra e a Sua maneira específica de privilegiar os mais frágeis, as pessoas excluídas, pela doença, pelo estrato social, pela profissão, pela vida moral. Para Jesus todos são - todos somos - filhos que merecem todo o cuidado, toda atenção.

Como em outros comentários à Liturgia de Domingo, a sua leitura poderá fazer-se na semana que antecede cada domingo, ficando mais próxima a preparação do mesmo, ou de uma assentada, ficando-se com uma visão global e antecipada de todo o ano litúrgico, que começou com o primeiro domingo do Advento e terminará em 20 de novembro de 2016. Coincidente com este ano litúrgico, a celebração do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, sabendo-se que neste ano C é proclamada preferencial do Evangelho de São Lucas, Evangelho da Misericórdia.

Havendo diversos subsídios confiáveis e seguros que ajudam a preparar e a refletir a Liturgia da Palavra de cada domingo, também este, seguramente, é um comentário seguro, interpelativo, centrado no texto mais importante para os cristãos - o Evangelho - e num discurso muito direto e muito vivo, inculturado na atualidade, desafiador da criatividade e do compromisso dos cristãos para hoje.

25.01.16

Leituras: D. MANUEL CLEMENTE - O Evangelho e a Vida - ano A

mpgpadre
D. MANUEL CLEMENTE (2013). O Evangelho e a Vida. Conversas na rádio no Dia do Senhor. Ano A. Cascais: Lucerna. 320 páginas.

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No dia 7 de julho de 2013, D. Manuel Clemente assumia a cátedra do Patriarcado de Lisboa. Durante alguns anos, como Bispo Auxiliar de Lisboa e, depois, como Bispo do Porto, manteve uma presença regular na Rádio (Renascença) e na Televisão (RTP 2), em programas semanais. Na televisão, no programa da Igreja Católica "ECCLESIA", os diálogos, habitualmente com Paulo Rocha, sobre a vida da Igreja e da sua história milenar. Estes diálogos foram publicados em livro: Uma Casa Aberta a Todos, onde se recolhem textos de outras intervenções de D. Manuel Clemente.

A presente obra ora recomendada, resulta dos comentários feitos na Rádio Renascença, ao domingo, no programa "O Dia do Senhor". D. Manuel Clemente comentava a Liturgia do Domingo.

O livro recolhe as intervenções de D. Manuel Clemente, em clima de familiaridade e de diálogo. O comentário centra-se no Evangelho do respetivo domingo. Quem já o escutou na rádio ou na televisão, ou quem já leu algum texto ou intervenção, sabe da serenidade de D. Manuel Clemente, falando de forma simples, acessível, procurando que a Palavra de Deus seja luz para os crentes de hoje, para a Igreja e para o mundo.

Pessoalmente, tive a oportunidade de escutar estas e outras reflexões, ao domingo de manhã, não na totalidade, mas durante uns 10 minutos, na passagem de uma para outra Eucaristia dominical. Por vezes, uma frase, um comentário, uma história, serviam-me para um enquadramento diferente na Homilia ou para explicitar alguma interpelação.

Os textos podem ser lidos na semana anterior ao respetivo domingo, preparando-se para melhor a Eucaristia e o Domingo, ou de uma assentada, ficando-se com uma visão geral de todo o ano litúrgico, voltando aos textos em cada semana. Neste ano A, o evangelista que mais de perto nos acompanha é São Mateus, o Evangelho da Igreja.

17.01.16

D. António Couto: quando Ele nos abre as Escrituras: C

mpgpadre

D. ANTÓNIO COUTO (2015). Quando Ele nos abre as Escrituras. Domingo após Domingo. Uma leitura bíblica do Lecionário. Ano C. Lisboa: Paulus Editora. 464 páginas.

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       O Bispo de Lamego, D. António José da Rocha Couto, é reconhecidamente um estudioso da Bíblia, pela formação académica, pela responsabilidade pastoral, pelo compromisso universitário, pelo gosto pessoal e bastimal. A Sagrada Escritura é uma enxurrada de Deus que vem até nós pela Palavra inspirada, anunciada, escrita, experimentada, visível na história e no tempo, nos acontecimentos passados e nos momentos que passam, através de pessoas e de povos, e sobretudo em Jesus Cristo, o Filho Bem-amado do Pai, que nos abre o Céu, trazendo-nos, em Si, o próprio Deus.

       Depois da publicação das Leituras Bíblicas do Lecionário ano A e do Lecionário do ano B, com a Introdução ao Evangelho de Mateus e Introdução ao Evangelho de Marcos, eis agora a Leitura Bíblica do Lecionário do Ano C, enquanto se aguarda a edição da Introdução ao Evangelho de Lucas.

Todas as semanas, centenas de pessoas visitam a página de D. António Couto, na qual coloca as propostas de reflexão para o Dia do Senhor, Mesa de Palavras, sendo depois partilhada em diferentes plataformas digitais, também na página da Diocese de Lamego no Facebook.

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       Escreve como se fosse a última coisa que fizesse, como um legado, com a mestria de um bisturi, tal como diz da própria palavra de Deus, colocando cada ponto no seu lugar e fazendo pontes, de Jesus para os discípulos, daquele para o nosso tempo, contextualizando o espaço e o tempo, com as ramificações ao passado, à história de Israel, e aos países e regiões vizinhas.

       Como refere D. António Couto, apresentando este livro: "O estilo é o de sempre. A substância é bíblica e litúrgica, com tempero teológico, literário, simbólico, cultural, histórico, arqueológico. Fui-o escrevendo com gosto, pensando em todos aqueles que gostam de saborear os textos bíblicos que a Liturgia nos oferece. Pensei sobretudo naqueles que, domingo após domingo, têm a responsabilidade de abrir as Escrituras à compreensão dos homens e mulheres, jovens e crianças, que, domingo após domingo, entram nas nossas igrejas".

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       O andamento é o Ano Litúrgico, domingo após domingo, com os diversos tempos do Advento e Natal, da Quaresma e da Páscoa, do Tempo Comum, e do Santoral, com as principais Solenidades e Festas do Senhor, da Virgem Maria, dos Apóstolos, de Todos os Santos...

"É a estrada bela, e é andando nela que se encontra o repouso para a vida (Jr 6, 16). Encontramos lume e sentido, para voltar à estrada dos dois de Emaús, a quem já ardia o coração (Lc 24, 32). É a estrada que desce de Jerusalém para Gaza. A estrada é no deserto (Atos 8, 26), como a de Isaías (35, 8; 43, 19), mas pode sempre encontrar-se nela o sentido e a água (Atos 8, 35). É a estrada de Damasco, em que podemos sempe cair de nós abaixo e ouvir chamar o nosso nome de uma forma nova e diferente (Atos 8, 4; 22, 7; 26, 14). É a estrada que se abre à nossa frente sempre que ouvimos Jesus a dizer: «Segue-Me!» ou «Vai»!".

       É um extraordinário contributo para quem prepara as Leituras de cada Eucaristia dominical e/ou solene, com arte e engenho, numa escrita cuidada, uma espécie de prosa poética, e com poemas a encerrar muitas das reflexões. Pode ler-se antes de cada domingo ou de cada celebração festiva, mas também se pode ler de uma assentada ficando-se desde logo com uma perspetiva de todo o ano litúrgico, regressando depois novamente aos textos nos domingos correspondentes.

       Com este volume, D. António Couto completa a reflexão dos três ciclos de leituras dos anos A, B e C, faltando, para acompanhar este último título, o estudo sobre o Evangelista do ano C, São Lucas.

17.01.16

D. António Couto: quando Ele nos abre as Escrituras: A

mpgpadre

D. ANTÓNIO COUTO (2013). Quando Ele nos abre as Escrituras. Domingo após Domingo. Uma leitura bíblica do Lecionário. Ano A. Lisboa: Paulus Editora. 352 páginas.

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        Sai a lume o primeiro volume de uma triologia, na qual nos guiará pela liturgia dos domingos que compõem o Ano A, o Ano B e o Ano C. Em cada ano se privilegia um Evangelho sinóptico, São Mateus no ano A; São Marcos no ano B, e São Lucas no ano C. O Evangelho de São João aparecerá em cada ano em domingos específicos, sobretudo ao tempo do Natal e ao tempo de Páscoa, mas também pelo verão com a temática do pão vivo que é Cristo Jesus.

       D. António promete fazer acompanhar um comentário-introdução, a publicar em data oportuna, sobre cada um dos evangelistas, para desta forma ajudar a perceber o estilo, o conteúdo e o objetivo de cada evangelista, o contexto em que escreveu, os destinatários e as linhas mestras de cada Evangelho.

       O Bispo de Lamego, estudioso da Bíblia, tem colocado à disposição de todos os comentários às leituras de Domingo, especialmente ao Evangelho, partir do seu blogue: Mesa de Palavras: AQUI. Antes de assumir, como Bispo, a Diocese de Lamego era um dos residentes no programa da Igreja Católica na RTP, Ecclesia, precisamente para ajudar a preparar a liturgia da palavra de cada Domingo. O livro que ora sugerimos recolhe a reflexão de D. António Couto para cada domingo, com profundidade, sabedoria, envolvendo-nos na Palavra de Deus, fazendo-no sentir parte essencial da história da salvação.

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       Como refere o autor, o estilo é o de sempre, recorrendo à Bíblia, à história, à cultura, à arqueologia, à literatura, à liturgia e à teologia. Com efeito, o texto de reflexão é envolvente, com muitas informações, fáceis de perceber e que ajudam a sublinhar a riqueza da palavra de Deus e como Deus intervém e Se entranha na nossa história, respeitando as nossas escolhas, mas não cessando de nos procurar.

       O Evangelho em análise é o de São Mateus, o Evangelho da Igreja e que durante muito tempo foi acolhido como o primeiro a ser escrito, sabendo-se hoje que essa primazia temporal é de São Marcos. É escrito numa comunidade já muito estruturada. Depois da morte e da ressurreição de Jesus, os Apóstolos anunciaram o Evangelho, juntando-se a eles muitas pessoas, formam-se as comunidades, as primeiras comunidades, cristãs, que procuram viver nos ideais do Evangelho. Chega uma altura que é necessário colocar por escrito o que foi sendo transmitido oralmente e "absorvido" pelas comunidades, ressalvando-se os avisos que Jesus faz para as comunidades viverem sem que os crentes se atropelem, mas que cada um concorra para o bem de todos. Para ser o primeiro é preciso ser o servo de todos.

"Neste ano A é-nos dada a graça de ouvir o Evangelho segundo Mateus, conhecido como «o Evangelho da Igreja», dada a grande importância que este Evangelho granjeou na Igreja primitiva, sobretudo devido à riqueza e à clareza temáticas dos longos, solenes e pausados discursos de Jesus que nele encontramos, e que constituem um imenso tesouro para a vida da Igreja. Na verdade, o leitor ou ouvinte encontra no Evangelho segundo Mateus uma longa e bela sinfonia dos ensinamentos fundamentais de Jesus, organizados em cinco andamentos á volta de cinco imensos discursos de Jesus: 1) o Discurso programático da MONTANHA (Mt 5-7); 2) o Discurso MISSIONÁRIO (Mt 10); 3) o Discurso das PARÁBOLAS do REINO (Mt 13); 4) o Discurso ESCATOLÓGICO (Mt 24-25)".

       As pistas de reflexão para cada domingo visam precisamente ajudar a prepara a Liturgia dos Domingos e dias santos e, por conseguinte, podem ser lidos e relidos na semana que precede cada domingo ou solenidade. Contudo, o volume de leituras do Ano A pode ser lido de uma assentada ficando-se com uma ideia abrangente do decorrer da liturgia ao longo de todo o ano. Ajuda ter o livro à mão, como ajuda seguir o blogue de D. António Couto que vai limando, aperfeiçoando, lapidando cada reflexão, atualizando com um ou outro dado que vai surgindo, acontecimentos da sociedade e da Igreja (salientando-se as intervenções e/ou convocações do Papa Francisco).

       Ao leitor "bom apetite. Já se sabe que nem só de pão vive o homem".

09.01.16

Tu és o meu Filho muito amado: em Ti pus toda o meu enlevo

mpgpadre

1 – «Tu és o meu Filho muito amado: em Ti pus toda a minha complacência».

O Céu abre-se para que a VOZ de Deus se faça ouvir. Com Jesus, Deus está mais perto de nós, tão perto que O podemos ver, tocar, O podemos perseguir, podemos apedrejá-lo e até matá-l'O. Deus está tão perto que Se esconde no meio de nós. Caminha connosco. Percorre ruas e vielas e avenidas que também percorremos, e sonhos e projetos de transformar o mundo e fazer com que todo o mundo seja uma só família e em que todos sejamos irmãos.

A voz que vem de Deus diz-nos que Aquele Homem da Galileia (e da Judeia e do mundo inteiro) é o Filho, o Amado do Pai. É único para o Pai, pois todos aqueles que amamos são únicos para nós. Ama-O com todo o amor. Deus não Se dá aos pedaços, às prestações, ou sob condição em conformidade com o comportamento futuro. Como a Jesus, também a nós Deus nos ama. Ama-nos primeiro. Antes de o merecermos. Ama-nos por inteiro. Como a Jesus. Seremos, como Ele, filhos únicos e bem-amados.

 

2 – A vida pública de Jesus inicia com o Seu Batismo. A nossa vida, como membros do Corpo de Cristo que é a Igreja, inicia com a inserção no Batismo de Jesus, tempo novo de graça e de salvação, novas criaturas, beneficiários da Misericórdia de Deus.

Importante lição de João Batista quando a multidão se pergunta se não será ele o Messias. Poderia deixar andar e beneficiar da expetativa e do sucesso granjeado entre a multidão. Mas depressa lhe assenta o estômago: «Eu batizo-vos com água, mas vai chegar quem é mais forte do que eu, do qual não sou digno de desatar as correias das sandálias. Ele batizar-vos-á com o Espírito Santo e com o fogo».

João prepara o caminho, é a Voz que torna audível a Palavra de Deus que é Jesus Cristo. Aponta para o Messias: Eis o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Ele está antes, porque desde sempre é o Filho de Deus. É Ele que Eu anuncio. Foi por Ele que eu vim.

E lição importante de Jesus que se coloca na fila, sem passar à frente, ao largo ou ao longe, sem Se colocar acima, à margem ou de fora, coloca-Se em fila e como parte daquele povo que se aproxima de João Batista para ser batizado.

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3 – Um dos fios condutores do Evangelho e da missão evangelizadora de Jesus é a sintonia com o Pai. O Meu Alimento, diz Jesus, é fazer a vontade de Meu Pai. Nada faço por Mim mesmo. Como vi fazer ao Pai, assim Eu faço. Mais tarde, no entardecer de Quinta-feira santa, o mandato aos seus discípulos: Como EU fiz, fazei vós também. É o caminho e compromisso com o amor, com o serviço, no cuidado terno aos semelhantes que em Jesus se tornam irmãos de cada um de nós.

Enquanto levanta o olhar, o coração, a vida e o mundo para Deus, o céu abre-se e o Espírito Santo assume a forma corporal de uma pomba. E faz-se ouvir uma voz: «Tu és o meu Filho muito amado: em Ti pus toda a minha complacência».

No Batismo de Jesus, e no nosso também, Deus está por inteiro, Pai e Filho e Espírito Santo, manifesta-Se totalmente e assume-nos por inteiro. Ele coloca em nós todo o Seu amor de Pai.

 

4 – São Pedro, na segunda leitura, aponta-nos o CAMINHO a seguir, acessível a todos, já que Deus não faz aceção de pessoas e, portanto, cada um de nós se habilita à Sua herança. Ele enviou-nos Jesus Cristo, Sua palavra, que nos anuncia e nos traz a paz. A condição é o temor/amor a Deus e a prática da justiça.

A referência, o nosso CAMINHO, é Jesus Cristo, Enviado pelo Pai, ungido com a força do Espírito Santo, “passou fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo demónio, porque Deus estava com Ele».

Deus está connosco! Está no meio de nós. Avancemos fazendo o bem e sendo cura para todos os que vêm até nós. Partamos ao encontro uns dos outros.

____________________________

Textos para a Eucaristia (ano C): Is 42, 1-4. 6-7; Sl 28 (29); Atos 10, 34-38; Lc 3, 15-16. 21-22.

02.01.16

Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O

mpgpadre

1 – Todos os encontros podem deixar marcas em nós, mas contam verdadeiramente aqueles que nos tocam a alma e mudam a nossa vida. Se cada encontro pode influenciar-nos e enriquecer-nos, há aqueles que nos ajudam a ver a vida de um perspetiva diferente, a acreditar no amanhã, a depositar os nossos sonhos no futuro com esperança. Sentimos que chegamos a casa. Há estrelas que brilham no firmamento e nos atraiam para o melhor que a vida tem para nos dar.

Os Magos vêm de longe. Seguem com leveza e com pressa de chegar. É uma das características destes dias: Maria com pressa de chegar junto de Isabel; os pastores com pressa de chegar ao Presépio, e os Magos com pressa de adorarem o Deus Menino.

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2 – «Onde está o rei dos judeus? Nós vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Quando não sabemos a direção é melhor parar e perguntar. O GPS – a estrela – levar-nos-á ao destino, mas a confusão da cidade pode distrair-nos do caminho.

Herodes fica perturbado. O medo toma conta do seu coração. Habituou-se ao poder e não quer que nada ponha em causa a sua comodidade. Chama os príncipes dos sacerdotes e os escribas do povo, informa-se acerca do local do nascimento do Messias, que segundo as profecias será «em Belém da Judeia, porque assim está escrito pelo Profeta: ‘Tu, Belém, terra de Judá, não és de modo nenhum a menor entre as principais cidades de Judá, pois de ti sairá um chefe, que será o Pastor de Israel, meu povo’».

O alvoroço provocado pela notícia de que o Messias nasceu mobiliza Herodes e a cidade. Deve também inquietar-nos, desinstalar-nos, levar-nos a querer saber mais, a descobrir onde O encontrar.

O mais triste é se estamos ao pé do sino e não ouvimos as horas, por habituação, por desleixo ou preguiça. O alvoroço está instalado. Ficamos com Herodes, comodamente instalados à espera que as notícias nos cheguem aos ouvidos, ou seguimos com os Magos, para fora do palácio e da cidade, e vamos a Belém?

 

3 – A esperança de Israel concretiza-se n'Aquele Menino. Todos se hão de prostrar diante d'Ele porque d'Ele virá todo o bem. "Prostrar-se-ão diante dele todos os reis, todos os povos o hão de servir. Socorrerá o pobre que pede auxílio e o miserável que não tem amparo".

O nascimento de Jesus é um acontecimento inaudito, Deus assume-nos por inteiro. A todos. Vem para o Seu povo, mas ao alcance de todos os povos, como relembra o Velho Simeão: «Agora, Senhor, deixareis ir em paz o vosso servo, porque os meus olhos viram a vossa salvação, que pusestes ao alcance de todos os povos: luz para se revelar às nações e glória de Israel, vosso povo» (Lc 2, 22-35). Os magos mostram que a Mensagem de Deus e os sinais da Sua presença no meio de nós chegam a toda a parte.

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4 – Logo que os magos se afastam do palácio, da cidade, e das distrações, a Estrela que os guia volta a estar visível. Por vezes precisamos de nos afastarmos um pouco, fazendo silêncio para ver melhor e para perceber o que nos rodeia e que caminho havemos de retomar.

"Eis que a estrela que tinham visto no Oriente seguia à sua frente e parou sobre o lugar onde estava o Menino. Ao ver a estrela, sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra".

Os magos chegam finalmente onde se sentem em casa, junto de Jesus. E dão-lhe os presentes, simbólicos, a um tempo: ouro realeza; incenso divindade, e mirra humanidade. Há mais alegria em dar do que em receber. E mais que dar, importa dar-se. É o que fazem os pastores, é o que fazem os magos. Dão o melhor que têm porque se querem dar fazendo-se presentes. E recebem o maior presente: Jesus, Deus Menino. E tudo muda.

O encontro com Jesus fá-los voltar por outro caminho. "E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho". Também o nosso encontro com Jesus nos há de levar por outro caminho, não preferentemente ao palácio, mas ao mundo.

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Textos para a Eucaristia: Is 60, 1-6; Sl 71 (72); Ef 3, 2-3a. 5-6; Mt 2, 1-12.

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE.

31.12.15

Maria conservava todos estes acontecimentos em seu coração

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       1 – Iniciamos cada ano sob o olhar materno da Virgem Mãe de Deus e nossa Mãe, para que em todo o ano Ela seja a Estrela da Manhã que nos guia para Jesus e nos conduz para dentro do Presépio, dando-nos Jesus, para O adorarmos, contemplando-O, enchendo-nos da Sua alegria e da Sua paz. Exige-se-nos o mesmo que a Maria: acolhê-l'O, adorá-l'O e dando-O aos outros.

        Um Menino nos foi dado, um Deus no meio de nós. Em Jesus, Deus entranha-Se na história a partir da própria história, encarnando, fazendo-Se Um de nós. Sem anúncios espetaculares ou publicidade enganosa, sem reportagens ou parangonas. Simplesmente nascendo numa família o mais normal possível, de Nazaré, e como qualquer família, com os seus contratempos, desde logo o nascimento em Belém de Judá.

       Há sinais que muitos veem, mas que poucos valorizam e dão crédito. Por regra, só quem tem um coração pobre, grande, disponível para os outros, vazio das coisas e sem orgulhos vãos, é que consegue ler os sinais que surgem na sua vida e à sua volta. Os que estão cheios de si raramente veem o que é verdadeiramente importante, o que conta, o que transforma a vida. Cheios de si, só eles contam, ninguém mais importa, nada têm a aprender ou a descobrir, a importância está neles, os outros são acessórios que embelezam as suas vitórias ou escadas que se permitem pisar para subir mais e mais.

       Como Maria a caminho da Montanha, apressadamente, assim os pastores ao encontro do Menino, apressadamente. Não há tempo a perder. Tudo é importante. Mas há acontecimentos que são decisivos e há pessoas – que nos trazem a salvação – que precisam de toda a nossa atenção. Os pastores deixam os rebanhos, partem por que nada têm de mais importante que a adoração de Jesus, o Menino que vem da parte de Deus. Diante de Jesus, tudo é relativo, secundário, dispensável. Só Jesus não se pode dispensar. Recordamos a liturgia da Festa da Sagrada Família: quando Jesus não está no MEIO, não está connosco, então há que deixar tudo, tudo, absolutamente tudo, para ir ao Seu encontro. Sem Ele de pouco vale o que temos ou o que somos. Com Ele, até as provações têm sentido e poderão ser redentoras.

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       2 – Chegados a Belém, encontram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura, conforme o Anjo do Senhor lhes revelara. E de novo não há tempo a perder, não importa a pressa que traziam, nem o que deixaram lá fora, estão em casa pois estão junto de Jesus, encontraram uma RAZÃO maior que iluminará as suas vidas por completo.

       Que importa o mundo inteiro se tenho o mundo ao pé de mim, se estou em casa, se sou iluminado pela maior luz, se diante dos olhos e do coração tenho o essencial para ser feliz?

        Madre Teresa de Calcutá lembrava muitas vezes que o fundamental é dar atenção e cuidar da pessoa que tenho à minha frente. Se tenho uma pessoa a quem valer e não valho por estar preocupado com a doença, o sofrimento e a miséria de milhares de pessoas, de pouco me adianta fazer e ter bons propósitos. Há que começar por algum lado, melhor, por alguém. Quantas vezes estamos a falar com alguém e não escutamos por que estamos centrados noutras coisas, noutros mundos, em outras pessoas! Mas então e esta pessoa que está diante de mim? Não me merecerá toda a atenção do mundo? Há que acudir a Jesus nesta pessoa concreta.

        Os pastores dão-nos uma lição importante: ir ao encontro de Jesus e colocar-nos por inteiro diante d'Ele, com o que somos, com as nossas dúvidas e incertezas, com os nossos sonhos e projetos. Levamos-lhe o nosso dia-a-dia. Quando chegaram, os Pastores contaram tudo o que ouviram do Anjo.

       E como será o regresso? Se Ele nos tocou a alma, regressamos mudados para sempre. "Os pastores regressaram, glorificando e louvando a Deus por tudo o que tinham ouvido e visto, como lhes tinha sido anunciado".

 

       3 – Capacidade de admiração dos ouvintes. De cada um de nós. Mal é quando a vida já não tem nada para nos dar, nada que nos faça sorrir, nada a apreciar. Todos ficam admirados, mas obviamente Maria ocupa um lugar especial. As mães bebem, mastigam, cada palavra que se diz dos filhos. "Maria conservava todos estes acontecimentos, meditando-os em seu coração".

       Silêncio que acolhe, guarda e medita. Maria também nos desafia pelo Seu silêncio da oração e da adoração. É a primeira a admirar Jesus, a pegar-lhe ao colo, a olhar para as suas feições, a tatear-lhe o corpo, cada pedaço de pele, a aconchegá-l'O contra o seu peito, embrulhando-O para o manter confortável, procurando-lhe o olhar.

       Quando os Pastores os encontram, Jesus está na manjedoura. É possível que Maria O tivesse em seus braços, mas coloca-O para que os pastores O possam adorar e pegar-lhe sem se sentirem retraídos. Os Pastores aproximam-se, presenciam o que lhes disseram: o Messias nasceu e está diante dos seus olhos. Como os habitantes da Samaria, quando a Samaritana lhes falou de Jesus: acreditamos não pelo que disseste mas pelo que vimos e Lhe ouvimos. Os pastores confiaram nas palavras do Anjo e partiram, mas fazem a experiência de encontro com Jesus.

       E com os pastores, outras pessoas se aproximam do Presépio. Vamos também nós a Belém adorar o Deus Menino. Maria, que lá O tem, estendê-l'O-á para que possamos pegar-lhe, deixando que Ele toque a nossa mão, o nosso coração, e nos envie, como aos pastores, em missão.

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       4 – Para o cristão, o Batismo marca o arranque de uma vida que se quer de identificação ao autor do Batismo, Jesus Cristo. Um dos primeiros gestos do ritual do Batismo é a escolha do nome do batizando. A primeira missão de Adão e Eva é a de dar nome às coisas e aos animais, para que dominem sobre eles, num domínio que é serviço e cuidado, responsabilidade por aqueles a quem se dá um nome. Quando queremos bem a alguém tratamo-lo pelo nome, num tom e num timbre que ressoe no coração. É das melhores músicas para os nossos ouvidos: o nosso nome dito e ouvido com alegria e amizade, com ternura e afabilidade.

"Quando se completaram os oito dias para o Menino ser circuncidado, deram-Lhe o nome de Jesus, indicado pelo Anjo, antes de ter sido concebido no seio materno". Ele é o Filho de Deus, mas está ao cuidado de Maria e de José, que Lhe dão o nome e a casa. "Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar seus filhos adotivos. E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o Espírito de seu Filho, que clama: «Abá! Pai!». Assim, já não és escravo, mas filho. E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus".

       Somos filhos de Deus, em Jesus Cristo e como tal somos responsáveis por cada irmão, filho, pai, mãe, pois Deus os colocou na nossa vida para deles cuidarmos. Maria e José exemplificam este cuidado. Jesus nasce e imediatamente lhes merece toda a atenção. Sublinhe-se o facto de São José que sendo pai adotivo e não biológico logo assume a missão de acolher, amar, cuidar, proteger, dar nome a Jesus e amparar a Virgem Mãe. Os laços que nos unem radicam no amor e na proximidade, ultrapassando os laços sanguíneos.

 

       5 – Neste primeiro dia de 2016, colocamo-nos, com Maria, sob o olhar misericordioso de Deus, para que nos ilumine e nos dê a Sua bênção. "Senhor nosso Deus, que, pela virgindade fecunda de Maria Santíssima, destes aos homens a salvação eterna, fazei-nos sentir a intercessão daquela que nos trouxe o Autor da vida, Jesus Cristo, vosso filho".

       A bênção há de ser a oração que nos liga a Deus e aos outros, e nos compromete na construção da paz. Como diz Deus através de Abraão: "O Senhor te abençoe e te proteja. O Senhor faça brilhar sobre ti a sua face e te seja favorável. O Senhor volte para ti os seus olhos e te conceda a paz". Assim invocarão o meu nome sobre os filhos de Israel e Eu os abençoarei». E como salmodicamente respondemos à Palavra de Deus: «Deus Se compadeça de nós e nos dê a sua bênção, resplandeça sobre nós a luz do seu rosto. Na terra se conhecerão os seus caminhos e entre os povos a sua salvação. Alegrem-se e exultem as nações, porque julgais os povos com justiça e governais as nações sobre a terra». 

       São também os votos do Papa Francisco, na tradicional Mensagem para o Dia Mundial da Paz que hoje comemoramos: «Não perdemos a esperança de que o ano de 2016 nos veja a todos firme e confiadamente empenhados, nos diferentes níveis, a realizar a justiça e a trabalhar pela paz. Na verdade, esta é dom de Deus e trabalho dos homens; a paz é dom de Deus, mas confiado a todos os homens e a todas as mulheres, que são chamados a realizá-lo».

       O compromisso será vencer a indiferença, reconhecendo que os outros são nossos irmãos em Jesus Cristo e, desta forma, conquistar a paz que Ele nos traz.

 

Pe. Manuel Gonçalves

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Textos para a Eucaristia (ano C): Num 6, 22-27; Sl 66 (67); Gál 4, 4-7; Lc 2, 16-21.

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