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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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27.02.13

HUMILDADE: a última encíclica de BENTO XVI

mpgpadre

       Bento XVI não publicará a encíclica sobre a fé – embora em fase avançada – que devia apresentar na primavera. Já não tem tempo. E nenhum sucessor é obrigado a retomar uma encíclica incompleta do próprio predecessor. Mas existe outra encíclica de Bento XVI, escondida no seu coração, uma encíclica não escrita. Ou melhor, escrita não pela sua pena mas pelo gesto do seu pontificado. Esta encíclica não é um texto, mas uma realidade: a humildade.

       A 19 de abril de 2005 um homem que pertence à raça das águias intelectuais, temido pelos seus adversários, admirado pelos seus estudantes, respeitado por todos devido à acutilância das suas análises sobre a Igreja e o mundo, apresenta-se, recém-eleito Papa, como um cordeiro levado para o sacrifício. Utilizará até a terrível palavra «guilhotina» para descrever o sentimento que o invadiu no momento em que os seus irmãos cardeais, na Capela Sistina, ainda fechada para o mundo, se viraram para ele, eleito entre todos, para o aplaudir. Nas imagens da época, a sua figura curvada e o seu rosto surpreendido testemunham-no.

       Depois teve que aprender o mister de Papa. Extirpou, como raízes arraigadas sob o húmus da terra, o eterno tímido, lúcido na mente mas desajeitado no corpo, para o projetar perante o mundo. Foi um choque para ambas as partes. Não conseguia assumir a desenvoltura do saudoso João Paulo II. O mundo compreendia mal aquele Papa sem efeito. Bento XVI nem teve os cem dias de "estado de graça" que se atribuem aos presidentes profanos. Teve, sem dúvida, a graça divina, fina mas pouco mundana. Contudo teve, ainda e sempre, a humildade de aprender sob os olhares de todos.

       Foram sete anos terríveis de pontificado. Nunca um Papa teve, num certo sentido, tão pouco "sucesso". Passou de polémica em polémica: crise com o Islão depois do seu discurso de Ratisbona, onde evocou a violência religiosa; deformação das suas palavras sobre a Sida durante a primeira viagem à África, que suscitou um protesto mundial; vergonha sofrida pelo explodir da questão dos sacerdotes pedófilos, por ele enfrentada; o caso Williamson, onde o seu gesto de generosidade em relação aos quatro bispos ordenados por D. Lefebvre (o Papa revogou as excomunhões) se transformou numa reprovação mundial contra Bento XVI, porque não tinha sido informado sobre os discursos negacionistas da Shoah feitos por um deles; incompreensões e dificuldades de pôr em ação o seu desejo de transparência quanto às finanças do Vaticano; traição de uma parte do seu grupo mais próximo no caso Vatileaks, com o seu mordomo que subtraiu cartas confidenciais para as publicar...

       Não teve nem sequer um ano de trégua. Nada lhe foi poupado. Às violentas provações físicas do pontificado de João Paulo II, ao atentado e ao mal de Parkinson, parecem corresponder as provações morais de rara violência desta litania de contradições sofrida por Bento XVI.

       Ao renunciar, o Papa eclipsa-se. À própria imagem do seu pontificado. Mas só Deus conhece o poder e a fecundidade da humildade.

 

Jean-Marie Guénois, in Le Figaro Magazine, 15-16.2.2013. Transcrição: L'Osservatore Romano © SNPC | 25.02.13.

 

23.02.12

54. Humildade : Frontalidade : Sinceridade : Transparência : Caridade

mpgpadre
Humildade :: Frontalidade :: Sinceridade :: Transparência :: CARIDADE

 

"Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; mas a maior de todas é a caridade" ( 1 Cor 13, 4-13).

 

São palavras e atitudes muito próximas. Podem ser equivalentes, em muitas situações ou consequência umas das outras. A humildade implica a sinceridade e a caridade. A Caridade, por sua vez, enquadra e promove a humildade, a transparência, a sinceridade e a frontalidade (bem entendida). A frontalidade revestida da caridade torna-se uma fonte de aproximação, de diálogo e de edificação mútua.

No entanto, para o cristão o ponto de partida, o ponto de chegada, e o sustentáculo é a CARIDADE. Sem a caridade, o amor gratuito e oblativo ao jeito de Jesus, Aquele que nos dá a Sua vida, as outras virtudes ficam como um esqueleto ressequido, sem carne, sem músculos, sem vida.

 

Há dias, num jantar com colegas padres, ouvi a um - que foi meu professor há alguns anos, e portanto com mais experiência de vida e com outra maturidade de fé (ainda que não tenha tanto a ver com idades mas com cada pessoa, e com os diversos momentos por que passa a sua vida) - uma expressão muito significativa e que hoje nos traz aqui.

Algumas pessoas com a desculpa que são sinceras magoam, ofendem agridem - "não quero saber, eu tenho que ser sincero, quem quer ouvir que ouça, quem não quer não ouça, mas tenho que dizer o que penso", os outros que vão às favas, pouco me importa que gostem ou não. Eu sou assim.

Certamente não é nada que não tenhamos ouvido.

Do mesmo modo acerca da frontalidade. São duas "atitudes" próximas mas não se confundem. Deveria resultar uma da outra.

"O que tiver a dizer digo, seja diante de quem for. Eu cá sou frontal. Não tenho nada a esconder. Custe a quem custar. Eu sou assim. Podem ficar chateados que eu não me importo. Para mim a frontalidade é mais importante".

Será mesmo assim?

Por experiência própria, tenho para mim que tudo o que se absolutiza e se generaliza corre o risco de se tornar contraproducente e "cair" sobre o próprio.

Também aqui não é branco ou preto, pode-se estar a caminho...

Há, sem dúvida, pessoas, que são frontais, que não se escondem em desculpas, que cumprem com o que está ao seu alcance para tornarem o mundo mais saudável...

 

Ou então existem diferentes tipos de frontalidade ou maneiras distintas de a interpretar:

– sou frontal, o que tenho de dizer digo... mas nunca à frente/ na fronte, sempre por interpostas pessoas, e elas se quiserem dizer ao próprio que digam! Há muitas pessoas assim frontais... dizem aqui e além, mas nunca a quem dirigem a sua irritação;

– sou frontal, digo o que me dá na real gana, seja a quem for, seja o que for, não interessa, eu sou assim, quanto aos outros não me interessa o que pensam, ou como reagem;

– sou frontal, traduzindo: sou melhor que toda a gente. As minhas ideias são as melhores do mundo. Os outros ou aceitam ou recusam, mas eu não mudo de opinião. A minha opinião é que conta. Se os outros não aceitam mudar de opinião, são ditadores, orgulhosos. Traduzindo: isto é o contrário do diálogo. O diálogo promove a discussão mas com abertura, estou na disponibilidade de mudar de opinião ou de completar a opinião que tenho, ou pelo menos fazer o esforço por compreender o que o outro tem para me dizer;

– sou frontal, gostem ou não, eu cá sou assim, digo o que penso, digo-lhes para seu próprio bem. Traduzindo: é uma opinião pessoal, mas será uma convicção profunda, já testei na minha vida (contando com a minha imperfeição)? Pediram-me o conselho, ou será que precisam mesmo do meu conselho? Imponho(-me) ou proponho? Estou certo e os outros errados? Não estaremos os dois certos, ou até os dois errados?

 

Pessoas frontais que são sinceras.

Pessoas frontais que destilam ódio, irritação e sobranceria sobre os outros.

Pessoas frontais que usam a mentira, meias-verdades, opiniões duvidosas para ofender, para agredir... sob a capa da frontalidade.

 

Jesus convida a reconhecer os nossos erros e imperfeições, a sabermos acolher o perdão de Deus e a termos a humildade suficiente para perdoar a quem nos ofende. A denúncia é inabalável contra a falsidade, a mentira e a hipocrisia, contra as pessoas fingidas, incoerentes – exigem aos outros o que não fazem. A frontalidade de Jesus leva-O a confrontar as pessoas com a dignidade de filhos de Deus.

A nossa humildade há de dar-nos a coragem para nos reconhecermos também pelas nossas insuficiências, e frontalidade de nos sabermos a caminho.

 

NBA minha fronte/frente não é igual à fronte/frente do outro.

Sou frontal porque estou defronte/de frente/diante de/à frente, face a face com a outra pessoa. É um sentido mais físico mas é também espiritual. Estou à frente da pessoa, sou frontal, quando olho para ela como pessoa, com sentimentos e opiniões próprias, com a sua história de vida, com os seus dramas e com as suas conquistas. Não estou à frente de uma parede. Se eu estiver à frente de um muro, a minha frontalidade só me implica a mim. Se estou perante outra pessoa, implica-me a mim e a ela. Portanto, não descarrego apenas a minha opinião, ou a minha irritação, mas dialogo, falo e escuto, aconselho e deixo que ela me aconselhe, cedo e ela cede também (se se tratar disso), explico o meu ponto de vista e deixo que a outra pessoa rebata ou apresente o seu ponto de vista.

E se é de frente, não é nas costas, não é na ausência da pessoa que se contesta.

 

NB 2 – Um ponto de vista é sempre a vista de um ponto.

 

NB 3 – A frontalidade, a sinceridade, a transparência e a humildade deverão ser revestidas de caridade. Sem caridade são como o esqueleto sem carne, sem músculos, sem vida. Surtem efeito, mas em sentido malévolo, vazio, contraproducente. Se a nossa frontalidade é dirigida a pessoas específicas tratemo-las como pessoas concretas, e se for necessário façamos uma abordagem que respeite o tempo e as características da pessoa que temos de fronte...

 

NB 4 – mais uma reflexão em aberto…

17.02.12

48. Exercitemos a gratidão para nos tornarmos mais humanos

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Exercitemos a gratidão para nos tornarmos mais humanos, reconhecendo os outros, todos aqueles que contribuem, pouco ou muito, para que sejamos o que somos.

A gratidão coloca-nos num patamar que nos engrandece e promove saudavelmente os outros. Quem não sabe agradecer, também não sabe valorizar a história que herdou, ou a vida que floresce à sua volta.

No evangelho, a um dado momento, Jesus cura 10 leprosos. No final só regressa um para agradecer, louvando a Deus. É nesse contexto que Jesus fala da gratidão ou falta dela: «Não foram dez os que ficaram purificados? Onde estão os outros nove? 18Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro?» (Lc 17, 17-18).
Obviamente, quando Jesus decide curá-los não está a pensar em Si mesmo, ou nos louvores que Lhe seriam retribuídos, mas tão somente quer a qualidade de vida que vai proporcionar àquelas pessoas. Mesmo que intuindo a ingratidão futura, Jesus não hesita e cura-os. Além do mais, não era um agradecimento tanto pessoal como de louvor e glorificação de Deus e pelas maravilhas operadas a favor de todo o povo.

A gratidão irmana com outra qualidade fundamental para a vivência solidária e inclusiva (de todos na sociedade que nos rodeia): a HUMILDADE. Diríamos que só uma pessoa verdadeiramente saberá da força purificadora e sublime da GRATIDÃO, pois só na humildade que nos reconhecemos como irmãos, só na humildade e gratidão reconhecemos o valor dos outros e dos seus gestos, a importância que têm na nossa vida e como nos fazem bem à saúde.

Quem não sabe agradecer não tem memória. Quem não tem memória vive ao sabor dos ventos, sem orientação, sem raízes, sem referências, sem história, sem família, de onde partir e onde regressar.

A ingratidão configura arrogância e prepotência. Aquele que se considera autosuficiente, sem necessidade de ninguém à sua volta, sabendo-se que a nossa comodidade de vida atual dependem de milhares pessoas do passado e do presente. Sem esses pessoas e o seu trabalho, engenho e arte, estaríamos na pré-história.

São conhecidas algumas expressões curiosas sobre a ingratidão: "cuspir no prato em que se come", "morder a mão daquele que nos alimenta", "pagar o amor com o desamor".

Mais uma vez, para lá da reflexão genérica, também hoje se pode adequar (e muito) à vida quotidiana e concreta.
A gratidão também se exercita.
Por vezes, tão habituados a tudo o que fazem por nós, que nem nos damos conta do quanto dependemos dos outros e o quanto estamos gratos ao seu esforço e dedicação. Agradecer a Deus a vida, o dia, as pessoas que Ele coloca cada dia à nossa beira. Seríamos selvagens se estivéssemos sós no mundo. Agradecer a quem nos faz a refeição, a quem nos abre a porta, a quem nos emprestou um lápis. O exercício da gratidão faz bem aos outros, mas também nos sabe bem.

A gratidão também nos salva.
Um obrigado/a é uma forma de reconhecer o outro, como pessoa, que existe, existe diante de mim e comigo, e o que ela fez/faz por mim constantemente. Estou-te (muito) grato/a por mais este gesto que me faz viver, me faz sentir vivo, que me lembra que o que faço também é importante, e também é importante para ti. A gratidão pode incluir aquele/a que vive para si, isoladamente.
Agradecer é reconhecer a grandeza do outro na minha vida, pois sem ele/ela não existia. Os meus pais, os meus irmãos, a pessoa que encontro ao longo do dia, o padeiro, o vendedor, o eletricista, o funcionário que me atende, aquele/a que me saúda pela tarde...

O desafio para hoje: exercitar a gratidão.
Por vezes é mais fácil pedir perdão, do que dizer obrigado/a. Diga-o muitas vezes, mesmo àquelas pessoas que têm a "obrigação" de o atender/servir. Vai-lhes valorizar o que fazem, por vezes de forma monótona e cansada, mas um obrigado e um sorriso, a acompanhar, é um lenitivo até para os mais cansados e desiludidos. E também assim educamos os que estão à nossa volta. Se não soubermos o valor de um "obrigado/a", poderemos não saber apreciar a beleza da vida que nos envolve...

08.02.12

39. Curiosidade «» dúvida «» humildade «» confiança «» sabedoria.

mpgpadre

Curiosidade «» dúvida «» humildade «» confiança «» sabedoria.

A humildade coloca-nos na rota de Deus e dos outros, abre a nossa mente, o nosso coração, a nossa vida, às qualidades, dons e sabedoria que nos chega através dos outros, do mundo, das experiências, inspirações, dos conselhos, da sabedoria popular, da leitura, do encontro com pessoas, da vivência partilhada da existência.
Mas com a humildade relacionam-se outras propriedades que são importantíssimas para cresceremos como pessoas, cidadãos, crentes, procurando que a sabedoria ilumine as nossas escolhas, projetos, os nossos sonhos, e nos faça acolher o inevitável e transformar o que está ao nosso alcance.
Sábio não é o que sabe tudo, o que sabe mais coisas. Sábio é aquele que está sempre disponível para aprender, para acolher, para amar, para ser amado, para ser instrumento de ligação aos outros, ao mundo e a Deus. Sábio não é o que tem um curso superior, ou tem muitos contactos, que tem um canudo, ou viajou pelo mundo inteiro. Sábio é o que quer escutar os outros, quer compreender o mundo à sua volta, que dispõe a sua vida para acolher o mistério que vem do alto, que vem de Deus. Sábio é o que reconhece os seus erros e ainda assim caminha. É o que não desiste, mesmo que por vezes tenha que recuar, recomeçar, voltar a tentar. Sábio é aquele que reconhece que está a caminhar, que ainda não chegou à meta, que ainda está longe. Sábio é aquele que se dispõe a servir a Verdade. Sábio não é o que não peca. Sábio é o que está disponível para acolher o perdão.
Sábio é o que se deixa encantar com as pequenas coisas da vida, momentos sublimes do nascer ou do por do sol, o sorriso de uma criança ou os malabarismos de um gato. Sábio não é aquela pessoa séria, sisuda, que dita sentenças. Sábio é aquele que sabe rir de si mesmo, e sorrir diante dos seus disparates, e que procura estar atento a tudo o que o rodeia.
Sábio não é o que atingiu um grau de conhecimento superior, ou está moralmente acima de qualquer suspeita. Sábio é aquele que cultiva a arte da dúvida, da curiosidade, da interrogação, que está sempre em busca, procurando aprender com tudo e com todas as situações.
O sábio não e aquele que não muda porque atingiu a perfeição. Embora um provérbio chinês diga que só não mudam os sábios e os estúpidos. Coloquemo-nos entre uns e outros, a caminho... Sábio é, antes, aquele que procura aperfeiçoar todos os aspetos da sua vida e mantém aberta a mente para acolher situações novas e poder contribuir para a transformação do mundo.

A curiosidade na criança é o ponto de partida para aprender, para descobrir, para compreender o mundo que a rodeia. Sem curiosidade não haveria conhecimento, muito menos haveria sabedoria.
Sublinhe-se de novo que o sábio não é o que não tem dúvidas, mas aquele que vive nas dúvidas, procurando ser feliz e contribuir para a felicidade dos outros, fazendo a ponto. A dúvida é específica do ser humano. Somos ser inacabados, Mas que beleza, como somos inacabados temos a oportunidade de crescer sempre mais, até ao Infinito, até à eternidade de Deus.
Sábio não é aquele que tem respostas para tudo, mas aquele que questiona (quase) tudo, que se interroga constantemente e ao mundo que o rodeia.
Sábio não é aquele que tem todas as certezas, mas aquele que não se deixa abater pelas dúvidas e incertezas e procura acertar o seu caminho, para o sábio cristão, procura acertar o seu caminho pelo de Jesus Cristo.

Maria interroga o Anjo quando este lhe anuncia que vai ser Mãe do Filho de Deus: "Como será isto se não conheço homem?"
A interrogação faz parte da procura, da escuta, do nosso peregrinar.

A humildade trabalha lado a lado com a sabedoria. A arrogância e a sobranceria, o orgulho individualista, o egoísmo levam à morte, à destruição, à solidão. A sabedoria não afasta, não isola. O sábio não é aquele que se fecha no seu casulo, como se estivesse num patamar superior, imperturbável. Sábio é aquele e aquela vive com os outros, procura os outros, procura superar as suas dúvidas, procura amar, deixa-se amar, procura a beleza, a alegria, e sabe que a sua fragilidade é um ponto de contacto com a humanidade e não um estorvo.

"Só sei que nada sei... e quanto mais sei, mais sei que nada sei". É o ponto de partida do sábio grego Sócrates. É o ponto de partida de Descartes. Há de ser esta a nossa sabedoria, quanto mais caminhamos mais a certeza que estamos distantes da perfeição, da santidade, da sabedoria. Isso não nos desanima. Pelo contrário, é sinal de jovialidade, ainda há caminho a fazer na nossa vida.

Mais tarde ou mais cedo, a curiosidade leva-nos à interrogação, a dúvida leva à humildade, esta à abertura ao outros, à aceitação dos dons do outro, leva a uma atitude de confiança, de despojamento, de entrega, de acolhimento.

Não tenhamos medo da dúvida. Não receemos que a humildade nos possa despojar da nossa identidade. Não cessemos de buscar - peregrinos da verdade... Podemos ser sábios, não por sermos melhores que os outros, ou termos mais conhecimentos práticos ou científicos, podemos ser sábios quando a nossa alma se despoja de preconceitos e se abre aos outros, pronta para a amar e acolher o amor dos outros e do Outro (Totalmente Outro »» Totalmente Próximo)

27.01.12

27. A humildade vê-se melhor (comprova-se) na bonança.

mpgpadre

A humildade vê-se melhor (comprova-se) na bonança.
A humildade pode ser muita coisa, ou pode haver diversas maneiras de entender a humildade. Desde logo, a humildade se reconhece nos outros, nas palavras e nos gestos... Quando temos necessidade de dizermos de nós que somos pessoas humildes, algo de preocupante se passa... ou o dizemos para nos defendermos, ou o afirmamos para fazermos crer aos outros (e a nós próprios) que somos humildes.
Há pessoas pobres, que vivem humildemente, mas não são humildes, num sentido mais valorativo (ético/moral) do que se entende por humildade. Logo, não é a situação material que nos faz humildes ou arrogantes. Há de tudo, e também aqui há quem não se enquadre nas nossas concepções.
Há pessoas pobres, que são arrogantes e orgulhosas.
Há pessoas ricas, que são arrogantes e orgulhosas.
Há pessoas pobres, que são humildes e de extrema bondade.
Há pessoas ricas, que são humildes e sempre prontas para ajudar.
Há pessoas nem ricas nem pobres que são arrogantes e orgulhosas.
Há pessoas nem ricas nem pobres que são voluntariosas e espelham humildade.

Há pessoas que estão a caminho, estão à procura.
Há pessoas que já não caminham, julgam ter encontrado, mas talvez valesse a pena continuar a procurar. A vida humana é uma busca permanente. Como lembra santo Agostinho, procurar como quem há de encontrar e encontrar como quem há de procurar. Sobretudo para o crente, a busca de Deus é para sempre. Procuramos porque Ele já nos encontrou. Porque O descobrimos, nunca O possuiremos totalmente, continuamos sempre a procurá-l'O, a descobri-l'O, a encontrá-l'O...

A humildade abre-nos muitas possibilidades, como atitude. Se nos colocamos à defesa, com o pá atrás, ou nos fechamos nas nossas certezas e convicções, o mais certo é não avançarmos, é não descobrimos mais do que aquilo que já sabemos. A humildade é outro nome para a nossa para a busca, para o aperfeiçoamento. Só na medida em que reconhecemos que não sabemos tudo, ou que nos falta conhecer muito, é que nos disponibilizamos para procurar, para acolher o que vem dos outros e vem do Totalmente Outro (Totalmente Próximo), nos dispomos a alterar as nossas convicções ou, pelo menos, a completar o nosso vocabulário humano.

Por outro lado, a humildade, como dissemos antes, pode ter vários rostos.
Há dias veio-me com insistência este pensamento: é quando estamos "por cima" que se vê a grandeza da nossa alma e a beleza da nossa humildade.
Humildade não é o mesmo que humilhação, mesmo que seguindo a postura de Jesus a humildade possa passar pela humilhação, pelo dar a outra face.
Quando estamos derrotados, cabisbaixos, quando nos encontramos numa situação de indigência, em que a nossa vida apela à ajuda dos outros, o nosso olhar pede clemência e até alguma pena para nos sentirmos gente, desafia o outro a olhar com ternura e solidariamente para a nossa miséria, isso é uma forma de humildade que (quase) nos humilha diante dos outros. Também em nossas debilidades podemos manter a cabeça erguida, como quem sabe a distância que nos separa da nossa identidade (filhos de Deus), mas confia na abundância da misericórdia de Deus. E isto também é humildade: abrir-se à graça de Deus.

21.01.12

21. Procure valorizar sobretudo o que une

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Procure valorizar sobretudo o que une, e não tanto o que divide.
Ao olharmos para a nossa humanidade, certamente que há muitos aspetos que dividem. Somos diferentes, com sensibilidades distintas e quando toca a defender-nos, mas se acentua as divisões e o que afasta.

Vivemos o Oitavário de Oração pela Unidade dos Cristãos (18 a 25 de janeiro).
"Que todos sejam UM, como Eu e Tu, ó Pai somos uma só coisa". Na Sua oração Sacerdotal, de intercessão pelos discípulos e pela humanidade, o desejo de Jesus é que todos se tornem "um só rebanho", os que já fazem parte, os que estão a caminho e os que virão, os que estão fora, os que estão longe.
A Unidade pedida por Jesus, cedo cedeu à divisão, ao conflito.

A Igreja, sentindo como Seu este desafio do Mestre, com outras confissões religiosas, instituiu 8 dias de oração pela Unidade dos Cristãos. O mesmo Batismo, a mesma Fé, o mesmo Mestre e Senhor, Jesus Cristo, e no entanto divididos por questões culturais, políticas, por identidades nacionais ou locais, por caprichos e por tantas outras razões.

Este tempo de oração não visa que se convertam a esta ou àquela confissão cristã, mas que todos caminhemos para Jesus Cristo. Uma Igreja dividida é um contratestemunho para o mundo. A unidade na Igreja será uma resposta à oração de Jesus Cristo, uma opção pela Sua identidade, Corpo de Cristo, ainda que muitos e diversos sejam os seus membros.

O que se diz para a Igreja diz-se para as famílias, para as comunidades, para as nações, para os grupos de países. Como da paz, também da unidade se refira que o início está na conversão do coração, na disponibilidade de cada pessoa, a partir do seu íntimo, em construir a paz, a unidade, a viver solidariamente.

Se fôssemos à raiz dos nossos genes humanos, veríamos que o que nos une é bem mais do que aquilo que nos separa. Debaixo da pele, somos da mesma carne, corre-nos sangue nas veias, o código genético aproxima-nos uns dos outros.

Para os cristãos isto deverá ser ainda mais motivador. O nosso código genético mostra-nos a mesma origem divina e o mesmo destino: a vida eterna.
No entretanto da nossa vida, ninguém que está vivo pediu para nascer, aproveitemos o tempo que nos deram gratuitamente, para construir, para na abertura solidária aos outros, procurarmos viver ao jeito de Jesus Cristo, como quem se predispõe a dar a vida constantemente, em palavras e gestos.

18.01.12

18. Utiliza positivamente a inteligência.

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Utiliza positivamente a inteligência.
Golias e David, a força e a habilidade.
Quando me sinto fraco é que sou forte (São Paulo)

Deixando-nos inspirar pela Bíblia, Palavra de Deus para os crentes, e na leitura proposta na liturgia de hoje, encontramos o episódio de Golias e David (1 Sam 17, 32-33.37.40-51). Evidentemente, que em toda a histórias dos povos, das famílias, dos grupos, se salienta a grandeza, a valentia, a heroicidade. E como acontece nesta passagem, quanto maior é o adversário - Golias seria um gigante - mais redundante será a vitória.
Em todo o caso, e deixando de lado o episódio de guerra e violência, há a retirar uma grande lição. A força pode vencer muitas vezes, de muitas formas, durante muito tempo, mas será derrotada. Ou será derrotada se não houver valores mais altruístas. Veja-se como ao longo da história foram tantos os gigantes que acabaram em ruínas, impérios e pessoas, movimentos e heróis.

O ser humano é fascinante. A sua sobrevivência deve-se à agilidade, à inteligência, à utilização de instrumentos que o tornaram mais forte, à vivência da maior das forças - que é também a maior das fraquezas - o amor. Inteligência e amor interligados transformam a nossa vida, mesmo nas situações mais inóspitas.
David vence em nome de uma causa, o seu povo, em nome da liberdade, da afirmação dos seus compatriotas. Utiliza a inteligência, com uma funda (uma fisga) e pequenos seixos derrota o poderia de GOLIAS, o gigante que vinha com toda a sua força, com as melhores armas, temido por todos. Torna-se cada vez maior, mais gigante. David abate-o num instante. Usa a inteligência e os meios que estão ao seu alcance, a humildade e a agilidade.

Em relação a animais de grande porte. Usamos a inteligência e conseguimos sobreviver. Pelo amor, povos e nações foram salvas. O próprio David experimentará que o poderio sem humildade, sem bondade e sem humildade, pode ser destruído, se faltar a inteligência, o amor, a bondade, a humildade.

Ao longo do tempo, foram demasiados os gigantes que acabaram por tombar. Também nós se usarmos a força, a ignorância, a arrogância, o orgulho, a prepotência. Acabaremos por ser derrotados. Vencerá a grandeza que nasce da alma.

Para cristãos, para todos, é significativa a palavra de São Paulo, quando me sinto fraco então é que sou forte, pois deixo que a grandeza de Deus me transforme e me aproxime da vida, dos outros.

04.07.11

Aprendei de Mim, que sou manso e humilde do coração

mpgpadre

       1 – Na sexta-feira que antecede este XIV Domingo do Tempo Comum celebrámos a solenidade do Sagrado Coração de Jesus. O Evangelho proclamado foi o mesmo, acentuando-se o amor que nos é dado em Cristo e manifesto com clareza na Sua vida e na Sua entrega até à CRUZ.

       O Coração de Jesus não é mera piedade popular, ou expressão plástica do corpo humano, é antes a acentuação do que verdadeiramente nos salva: o amor de Deus, derramado por nós.

       É neste sentido que o Papa Bento XVI, nas Jornadas Mundiais da Juventude, em Madrid, no próximo mês de Agosto, vai consagrar todos os jovens ao Sagrado Coração de Jesus. É no amor de Jesus, no Seu coração, que nós nos acolhemos e nos reconhecemos como irmãos, como filhos de Deus. A fonte de todo o Amor é Deus. Deus é Amor. Jesus traz à humanidade este Amor. A Encarnação é já expressão real do amor de Deus por nós. Ama-nos de tal modo que Se faz um de nós, que assume a nossa fragilidade e a nossa finitude humanas. Na Sua morte na Cruz, de novo, o amor como resposta e como desafio. Com a Sua ressurreição e ascensão aos Céus, Jesus coloca a nossa natureza humana à direita de Deus Pai, coloca-nos para sempre no coração de Deus.

 

       2 – Com efeito, é o coração que nos faz grandes. É o amor que nos torna pessoas. É pelo amor que nos aproximamos uns dos outros. É o amor que engrandece, dá sentido e sabor à nossa vida. É no amor que nos abrimos àqueles que se aproximam de nós. É pelo amor que reconhecemos a nossa pequenez, o que nos permite acolher o que o outro nos traz.

       "Jesus exclamou: «Eu Te bendigo, ó Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas verdades aos sábios e inteligentes e as revelaste aos pequeninos..."

        Quando e sempre que nos colocamos numa atitude de sobranceria, julgando-nos os maiores, sem precisar de nada e nem de ninguém, o perigo sério e inevitável é isolarmo-nos, ficarmos sozinhos, perdermo-nos na nossa grandeza que não admite a aproximação de ninguém, que não tolera nem as qualidades nem as limitações alheias. Nos outros tudo é motivo para menosprezar.

       A nossa grandeza humana está no amor, que nos torna humildes. A humildade é essa sublime capacidade de nos termos como pessoas, como seres humanos, sabendo que precisamos uns dos outros e que estamos sempre em processo de aprendizagem. No amor ninguém é auto-suficiente. Na verdade, o amor envolve sempre mais que um: Deus e nós, eu e o outro. Os mistérios de Deus são passíveis de ser revelados e acolhidos pelos humildes, pelos que abrem o seu coração ao futuro e aos sinais de Deus no mundo.

       "Vinde a Mim, todos os que andais cansados e oprimidos, e Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de Mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para as vossas almas. Porque o meu jugo é suave e a minha carga é leve".

       A mansidão de Jesus e a Sua humildade não são, de modo nenhum, passividade e resignação, mas o reconhecimento que só o coração liberta, só o coração que ama pode olhar para os outros como iguais, como irmãos.

       3 – O amor de Deus para connosco revela-Se na Sua humildade, como acabámos de ver. Jesus apresenta-Se manso e humilde, concretizado, no Seu corpo, na Sua vida, o que já estava anunciado no Antigo Testamento. Com efeito, diz-nos o profeta Zacarias: "Eis o que diz o Senhor: «Exulta de alegria, filha de Sião, solta brados de júbilo, filha de Jerusalém. Eis o teu Rei, justo e salvador, que vem ao teu encontro, humildemente montado num jumentinho, filho duma jumenta. Destruirá os carros de combate de Efraim e os cavalos de guerra de Jerusalém; e será quebrado o arco de guerra. Anunciará a paz às nações: o seu domínio irá de um mar ao outro mar e do Rio até aos confins da terra»".

       O traço essencial desta mensagem profética é a vinda do Messias, Rei e Salvador, não com o poder dos fortes, mas na maior das simplicidades. Não se imporá pela força, pelas armas, mas pelo amor, pela paz.

       O motivo de tamanha alegria é o saber que Ele já está próximo e, por outro lado, contrariamente a tantas promessas e (falsas) profecias, não vem criar mais guerra para que no domínio do poder imposto se force a convivência forçada entre pessoas e povos, mas vem como Justo, Salvador, que vencerá pelo amor.

 

       4 – Pela morte e ressurreição, Jesus faz-nos entrar na Sua glória, na comunhão de Deus, na eternidade. Com Ele, nós fomos e somos inseridos numa vida nova. Morremos com Ele para o pecado e para a morte, ressuscitamos pela água e pelo Espírito Santo, para vivermos n'Ele, com Ele e por Ele, numa dinâmica de salvação, orientando o nosso ser e agir pelo perdão e pela caridade.

       "Vós não estais sob o domínio da carne, mas do Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas se alguém não tem o Espírito de Cristo, não Lhe pertence. Se o Espírito d’Aquele que ressuscitou Jesus de entre os mortos habita em vós, Ele, que ressuscitou Cristo Jesus de entre os mortos, também dará vida aos vossos corpos mortais, pelo seu Espírito que habita em vós".

       Já não somos escravos do pecado e da morte, mas homens e mulheres libertos de toda a treva, para vivermos como ressuscitados, em Cristo Jesus. Há-de ser a nossa resposta ao amor que Deus nos tem e nos comunica por Jesus Cristo.


Textos para a Eucaristia (ano A): Zac 9, 9-10; Rom 8, 9.11-13; Mt 11, 25-30.

 

11.05.11

Bem-aventuranças: falar e calar

mpgpadre

Falar oportunamente, é sensatez.

Falar perante o inimigo, é civismo.

Falar perante uma injustiça, é valentia.

Falar para rectificar, é um dever.

Falar para defender, é compaixão.

Falar para ajudar os outros, é consolar.

Falar com sinceridade, é rectidão.

Falar de Deus, manifesta muito amor.

Calar quando acusam, é heroísmo.

Calar as próprias dores, é sacrifício.

Calar e não falar de si, é humildade.

Calar as misérias humanas, é caridade.

Calar a tempo, é prudência.

Calar palavras inúteis, é sabedoria.

Calar quando nos ofendem, é fortaleza.

Calar para melhor amar, é santidade.

PEDROSA FERREIRA, As Bem-aventuranças hoje. A Bússola que orienta para a felicidade. Edições Salesianas. Porto 2011.

24.10.10

Só a humildade nos liga a Deus e aos outros

mpgpadre

       1 – "O Senhor é um juiz que não faz acepção de pessoas. Não favorece ninguém em prejuízo do pobre e atende a prece do oprimido. Não despreza a súplica do órfão nem os gemidos da viúva. Quem adora a Deus será bem acolhido e a sua prece sobe até às nuvens. A oração do humilde atravessa as nuvens e não descansa enquanto não chega ao seu destino. Não desiste, até que o Altíssimo o atenda, para estabelecer o direito dos justos e fazer justiça" (Primeira Leitura).

       Deus, oração e humildade. A oração feita em humildade leva-nos ao coração de Deus. Ele não deixa de atender a todo aquele que se Lhe dirige com sinceridade. E atende sobretudo o pobre, não para discriminar, mas para a todos incluir.

       Deus olha ao coração e não às aparências. Não faz acepção de pessoas. Não atende o que é mais rico ou mais poderoso. Escuta todos, sobretudo o que tem o coração disponível para rezar, para acolher, para agradecer, para se transformar, para se converter.

 

       2 – Só a humildade nos liga aos outros e a Deus. A arrogância e a prepotência afastam-nos do diálogo, da entreajuda, do convívio, da comunhão, da caridade, da partilha solidária. Se eu não preciso de ninguém e também não preciso de nada, também perco a vontade de me envolver em projectos de caridade, de vivência em grupo. Se cheguei aqui, que os outros façam por isso que também hão-de chegar. Eu sou bom, sou melhor que todos, estou acima de todos, só o que eu faço é que conta.

       Jesus conta uma parábola "para alguns que se consideravam justos e desprezavam os outros". Dois homens que sobem ao templo para rezar, um publicano e um fariseu. Este, na sua oração, coloca-se acima do outro, é melhor, tem tudo o que é preciso aos olhos de Deus e dos homens. O outro é um pecador e a sua oração é de conversão, não se atrevendo a levantar os olhos, reconhecendo a sua pequenez diante de Deus. Este, porém, diz-nos Jesus, é o que sai justificado diante de Deus, "porque todo aquele que se exalta será humilhado e quem se humilha será exaltado" (Evangelho).

 

       3 – A psicologia mostra-nos que na realidade todos precisamos de reconhecimento e da aprovação dos outros. Jesus sabe isso muito bem! Quando nos ignoram, reagimos. Uns pela maledicência, procurando destruir aqueles que eventualmente têm uma aceitação maior. Outros, caem na depressão, ou num humor doentio, cruzam os braços, deixam-se dominar pelo pessimismo. Outros, vão à luta, pela positiva ou pela negativa. Estes, criam situações em que apostam tudo na imagem, mesmo que não haja verdade, conteúdo, mesmo que aquilo que façam só lhes sirva a eles pessoalmente. Aqueles, procurando com perseverança fazer o bem, praticar a justiça, viver em atitude de caridade, sabendo que o próprio facto de estarem a agir correctamente já é compensação.

       Na escola ou numa turma, há alunos que chamam à atenção pela sua inteligência, pela sua criatividade, pela grande humanidade na relação com os outros. Há alunos que são reconhecidos pelo seu trabalho, pela humildade, pela dedicação em tudo o que fazem, pela disponibilidade em aprender e em serem ajudados. E há alunos que seguem o caminho mais fácil. Têm talentos que poderiam ser uma oportunidade de crescerem, de ajudarem os outros e de se evidenciarem, exigiria, porém, um pouco mais de trabalho, de dedicação e de esforço. Vêm os comportamentos e atitudes de conflitualidade, de agressão, de provocação, procurando estar no centro de todas as atenções. É assim também em outros palcos da existência humana.

       Com efeito, há sempre escolhas e caminhos que nos levam aos outros e nos abrem o coração para Deus.

 

       4 – Diante dos outros até podemos fabricar uma imagem, mas não diante de Deus – Ele tudo vê, perscruta a nossa alma, o nosso íntimo. Sabendo que Ele nos ama infinitamente como somos, e não como poderemos aparentar, procuremos viver na verdade, colocando-nos inteiramente disponíveis para O acolher, para O escutar, para deixar que Ele nos transforme interiormente. Que a nossa oração seja a do pecador, cuja alma é enorme para se abrir ao Outro, para se abrir ao semelhante.

       É nesta humildade orante que somos enviados a testemunhar ao mundo o AMOR que Ele nos dá. A pregação do Evangelho nasce da conversão, da atitude orante, deixando que seja Deus a guiar-nos para o bem e para a verdade. Diz-nos São Paulo, na segunda leitura, "o Senhor esteve a meu lado e deu-me força, para que, por meu intermédio, a mensagem do Evangelho fosse plenamente proclamada e todas as nações a ouvissem".

        Não precisamos de dizer muitas coisas a Deus, precisamos que seja o nosso coração a falar-Lhe. Não precisamos de dizer muitas palavras para falar de Deus, precisamos de viver ao jeito de Jesus Cristo, fazendo que os nossos gestos e atitudes sejam expressão do Deus que nos habita.

____________________________
Textos para a Eucaristia (ano C):
Sir 35, 15b-17.20-22a; 2 Tim 4, 6-8.16-18; Lc18, 9-14

 

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