8.º DIA da nova criação.
A criação fica completa ao 7.º dia.
Como víamos ontem. o sete tem o significado, no mundo judaico, de perfeição, plenitude. Para nós cristãos, existe o 8.º dia da nova criação, que coincide com o primeiro dia da semana. Jesus ressuscita no primeiro dia da semana, é um tempo novo, com Ele, com a Sua ressurreição, despontam os novos céus e a nova terra, como lugar de encontro com o melhor de nós mesmos, Jesus coloca a nossa humanidade à direita de Deus Pai, de onde nos atrai.
Nas grandes solenidades celebramos a Oitava - Natal, Páscoa - oito dias como se um só dia se tratasse, sublinhando a grandeza do nosso dia na presença de Deus.
Este 8.º dia do ano, coincide com o Domingo (oitavo e primeiro dia da semana: nova criação, no seu primeiro dia).
Em Portugal, a Igreja celebra a Epifania do Senhor, a adoração dos Magos diante do Menino Deus, do Deus que Se faz Menino.
Oito dias, oito desafios que os Magos nos colocam (vd a nossa proposta de reflexão para este dia).
1. Abertura aos outros.
Os Magos, sábios daqueles e estes tempos, são pessoas atentas, despertas, disponíveis para ouvir, para aprender, para descobrir "coisas" novas. Não olha apenas para si mesmos. Se assim fosse não veria a luz de uma nova estrela no Céu. Olham para as alturas, para o infinito.
Quando nos fechamos, debruçando-nos sobre nós próprio, individualmente ou mesmo como família (de sangue), desligados de todas as comunidades, quando chega a "tragédia" - pode ser a doença, a solidão, a perda de alguém - não há casa onde refugiarmos o nosso espírito, um ombro amigo, um lugar de paz e de encontro, de refúgio.
2. Caminhar. O caminho faz-se caminhando.
Com os Magos aprendemos a sair do nosso espaço de conforto para irmos ao encontro dos outros, imiscuindo-nos no mundo de que fazemos parte. Não perdem muito tempo a discutir a origem da estrela, ou se os seus olhos, cansados da idade, estão a ver bem. Põem-se a caminho. Saem dos palácios e dos lugares de conforto a que tinham acesso por serem sábios, requisitados para ajudarem em escolhas, e agraciados pelos conselhos. Vão, partem, há desafios maiores.
3. Não desistir diante das dificuldades.
O caminho não está isento de dificuldades. Há caminhos mais fáceis que outros, pelo caminho ou pela pessoa que o percorre. Mas nunca isentos de dificuldades, de problemas, ainda não estamos no paraíso. Também os magos enfrentarão a chuva, a dúvida, os atalhos, o desânimo. Na cidade de Jerusalém perdem o norte, a orientação, deixam de ver a Estrela. Mas não desistem, até que de novo reencontram a luz, a estrela que os levará a Belém. Há momentos na nossa vida que parece que nada nos corre bem, não confiamos em ninguém, às vezes duvidamos até de nós mesmos, não vemos senão a treva. Os magos convidam-nos, apesar de tudo, a seguir,logo veremos um rasto de luz que nos conduzirá à luz verdadeira.
4. Participar de um Reino de Deus sem fronteiras, o Reino de Deus.
Existem os nossos reinos, a nossa vida pessoal e familiar, e depois existem reinos maiores, que nos desafiam a ultrapassar os limites da nossa casa, da nossa família, desta ou daquela comunidade, deste ou daquele partido ou grupo, há algo maior que não se esgota no nosso mundo. Os magos partem por um REINO maior que está a despontar. Deixemos-nos surpreender por Deus, por tudo o que nos envolve na transformação do mundo.
5. Colocar o coração no ESSENCIAL, em Deus. Adorar a Deus e a Deus só.
Na continuação do desafio anterior. Colocar a nossa vida naquilo que não perece. Onde estiver o nosso tesouro, aí estará o nosso coração. Os magos colocam o seu coração aos pés de Jesus. Estão ao serviço de reis e de governadores, mas com o olhar aberto, com o coração pronto para servir o Rei dos Reis, Aquele que é origem e fim de todas as coisas, o Salvador do mundo. Se colocarmos a nossa confiança última nas coisas, em alguma pessoa, partido, líder social ou cultural, mais tarde ou mais cedo podemos ser surpreendidos pela desilusão. Lembremos daquele homem que servia a mais bela das rainhas. Quando ela morreu, pôde ver que estava reduzida a um esqueleto. Onde estaria a beleza que o levou até ela? Então decidiu servir a BELEZA que não se esgota, que não se apaga. Obviamente, a adoração de Deus levar-nos-á a servir os nossos semelhantes.
6. Experimentar a alegria, deixando-se surpreender pelo que a vida nos vai dando.
Com os magos devemos experimentar a alegria do encontro. Deixarmo-nos contagiar pelas pequenas coisas que a vida nos dá. Se estivermos sempre à espera de ganhar a lotaria para sermos felizes, porque é lotaria, pode nunca nos calhar em sorte. Então não deixemos a alegria e a felicidade em mãos alheias, experimentemos a alegria com o que somos, com as pessoas que fazem parte da nossa vida, e com o compromisso com o bem e a verdade, na construção de um mundo habitável para todos.
7. Dar o melhor de nós mesmos.
Os magos levam os presentes mais valiosos que têm. E nós? Demos o melhor que temos, a Jesus, ou, se a fé ainda não nos envolve, demos o melhor de nós mesmos em cada momento. Não perdemos nada. Quanto mais nos damos, por causas, por projetos voluntariosos, mais ganhamos. Os dons valem na medida em que os recebemos e que os transformamos em dons para os outros. Mesmo que haja momentos em que nos sintamos descompensados, não cessemos de dar o melhor de nós mesmos, a melhor compensação é a certeza de que cumprimos com o que estamos ao nosso alcance, procurando ultrapassar o limite que nos afastaria dos outros, do mundo, de Deus.
8. Regressar à nossa vida por outro caminho.
Quando regressam, os Magos tomam outro caminho. Não são mais os mesmos. O encontro com a LUZ, com a fonte de toda a luz, transforma-os para sempre. É uma experiência vital, decisiva. O encontro com Jesus Cristo - como todo e qualquer encontro - há de transformar-nos, de preferência, positivamente. Experimentemos encontrar-nos com Jesus, descobrir a alegria desse encontro, deixando-nos converter por Ele.