Simão, Filho de João, Tu amas-me?
1 – “A preocupação de todo o cristão... há de ser a fidelidade, a lealdade à própria vocação, como discípulo que quer seguir o Senhor. A fidelidade no tempo é o nome do amor; de um amor coerente, verdadeiro e profundo a Cristo Sacerdote” (Bento XVI, em Fátima).
O amor é a fidelidade no tempo. Não é um sentimento passageiro, mas uma opção de vida. Jesus não passa pelas pessoas. Jesus permanece. "Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos" (Mt 28,20). Não estará num momento ou nas situações favoráveis, mas em todo o tempo, e em todas as situações da vida. Deus é amor. Quem ama permanece em Deus e Deus permanece nele.
Jesus volta a aparecer, junto à margem. Convida-nos para a Sua mesa. O entusiasmo inicial desvanece-se, logo passa e tudo regressa à rotina e ao cansaço. E eis que vemos Jesus, a chamar-nos, a alimentar-nos e a enviar-nos. Ainda não percebemos que a ressurreição nos leva para outros caminhos? A vida está aquém do sepulcro e além da morte. O Ressuscitado reenvia-nos para o HOJE. Por quê voltar atrás?
2 – Jesus apareceu aos discípulos, na tarde daquele primeiro dia, encontrou-os fechados em casa com medo dos judeus. Oito dias depois voltou a aparecer-lhes, estando também Tomé, antes ausente. A alegria tomou conta deles, mas foi sol de pouca dura. Que fazer? Esperar que o Ressuscitado restaure em definitivo o Reino de Deus?
Pedro, para se distrair ou ocupar o tempo, decide ir pescar. Os outros seguem-lhe o exemplo. Tomé, Natanael, João, Tiago e mais dois discípulos. Já se tinham esquecido que Jesus os retirou da pesca real para os tornar pescadores de homens (cf. Mt 4, 19). E, com efeito, a noite não rendeu, não pescaram nada. Ao romper da manhã, Jesus apresenta-Se na margem. Jesus chega cedo à nossa vida. Eles não sabiam que era Ele. Muitas vezes também nós não nos apercebemos que Jesus nos visita ou que está diante de nós!
A pergunta de Jesus deixa-os boquiabertos: «Rapazes, tendes alguma coisa de comer?». Escutam o pedido e, de bom grado, O atenderiam, mas não pescaram nada. Então Jesus diz-lhes: «Lançai a rede para a direita do barco e encontrareis». Sucedem-se momentos extraordinários. Com Jesus, a pesca é abundante. Sem Ele, é inútil qualquer trabalho. Nesta pescaria são precisas muitas mãos. Pedro vai ao encontro de Jesus, outros discípulos puxam as redes. Pedro volta, sobe ao barco, ainda Hoje como Francisco, e puxa a rede para terra firme, com 153 grandes peixes. Não importa o número mas a comunhão de amor. Na margem, Jesus espera-os para os alimentar. Primeiro pediu-lhes que comer, agora tem o lume aceso e peixes a assar. Mas conta com eles, e connosco: «Trazei alguns dos peixes que apanhastes agora».
3 – O amor é a fidelidade no tempo. Não é um instante, ainda que se alimente de instantes e se renove constantemente. Traduz-se em obras, gestos e atitudes. Jesus questiona Pedro: «Simão, filho de João, tu amas-Me mais do que estes?». Pedro responde o óbvio: «Sim, Senhor, Tu sabes que Te amo». Jesus insiste. Na terceira e última resposta, Pedro reconhece-se humildemente, quase a sussurrar: «Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo».
Olhando-o nos olhos, Jesus desafia-o: «Apascenta as minhas ovelhas. Em verdade, em verdade te digo: Quando eras mais novo, tu mesmo te cingias e andavas por onde querias; mas quando fores mais velho, estenderás a mão e outro te cingirá e te levará para onde não queres». Mais uma vez não lhe promete facilidades. Jesus estará sempre com ele e connosco, desde que O amemos de todo o coração. Como a Pedro, ontem, também a nós, hoje, Jesus interpela: «Segue-Me».
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Textos para a Eucaristia (ano C): Atos 5, 27b-32. 40b-41; Sl 29 (30); Ap 5, 11-14; Jo 21, 1-19.
REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço
e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE