Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência
1 – «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência».
Se há verdade que Jesus faz questão em vincar é precisamente que Deus é Pai. Haveria (e ainda há) a imagem de um Deus distante, juiz, pronto a castigar-nos e exigir tudo de nós, parecendo que a felicidade de Deus dependeria do nosso sofrimento. Quanto maior fosse o nosso sofrimento maior seria o Seu contentamento. Jesus desfaz este distanciamento. Deus é tão próximo que Se faz um de nós, assume a nossa fragilidade. "Para Jesus a verdadeira metáfora de Deus não é o «cedro», que faz pensar em algo grandioso, mas a «mostarda», que sugere o pequeno e insignificante" (J. Pagola).
O Deus que Jesus nos revela é Pai. Ele espera por nós. Acredita em nós. Aposta em nós. Quanto maior a nossa felicidade, a nossa alegria, tanto maior o Seu sorriso. Se um de nós é feliz mas à volta há alguém a precisar de ajuda, de uma palavra, de um ombro amigo, ou de bens para viver com dignidade, o meu, o teu, o nosso compromisso com Deus obriga-nos a fazer o que está ao nosso alcance para solucionar ou minorar a dor alheia, o sofrimento dos nossos irmãos.
2 – «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência». No Batismo e na Transfiguração (Mt 17,1-19), Deus declara a Sua predileção pelo Filho, por Jesus. É extensível a nós.
Jesus encontra-se com João, o Batista. Ouviram falar um do outro. João vem antes, no tempo. Prepara a chegada do Messias. Batiza na água. É um batismo simbólico que antecipa o verdadeiro batismo, operado pela morte e ressurreição de Jesus Cristo.
Jesus revela-Se nos gestos simples e banais, é Um entre nós. Não começa por dizer que é Deus ou filho de Deus, começa por viver como nós, submetendo-se às nossas leis, preceitos, tradições.
Durante mais de trinta anos Jesus vive como qualquer simples mortal. Em casa dos pais. Vai às festas da família e da aldeia, está presente no luto de familiares, amigos e vizinhos. Come. Bebe. Trabalha. Torna-se carpinteiro. Está entranhado na comunidade de Nazaré.
Entretanto submete-se ao batismo de João, no Rio Jordão. João sabe que Jesus não precisava de ser batizado: «Eu é que preciso de ser batizado por Ti e Tu vens ter comigo?». Logo Jesus contesta dizendo: «Deixa por agora; convém que assim cumpramos toda a justiça».
Jesus integra a multidão, não está acima ou de fora. Com efeito, ao longo da Sua vida pública é vê-l’O ir à margem, à beira do caminho, às periferias, buscar os que andam perdidos.
3 – «Este é o meu Filho muito amado, no qual pus toda a minha complacência». Esta é a voz que vem do Céu. Com efeito, logo que foi batizado "abriram-se os céus e Jesus viu o Espírito de Deus descer como uma pomba e pousar sobre Ele" e fez-se ouvir a voz do Pai, como testemunho, como desafio, envolvendo-nos.
Ele é o Messias de Deus, o Príncipe da Paz. Vem como aragem suave que convida, e não como vendaval que destrói. Sobre Ele repousa o Espírito de Deus para trazer a paz, a justiça, a concórdia a todas as nações. Ele é a LUZ verdadeira que ilumina toda a treva.
4 – Somos batizados na água e no Espírito, na morte e ressurreição de Jesus Cristo. É um batismo novo, redentor, sacramental, traz-nos a oferenda de Jesus a nosso favor, introduz-nos na vida de Deus.
O encontro com Deus gera “seguidores”. Jesus é assumido pelo Pai, publicamente, na assembleia reunida no Jordão, e a partir do Batismo torna-se o Profeta, por excelência. Após os batismo, os discípulos tornam-se apóstolos, anunciadores do Evangelho. E com a Palavra, imitando o Mestre, levam o conforto, a esperança, a cura.
Como é que vivemos o nosso Batismo? Somos pessoas diferentes? Que significa para nós sermos batizados?
Textos para a Eucaristia (ano A): Is 42, 1-4.6-7; Atos 10, 34-38; Mt 3, 13-17.
Reflexão Dominical na página da Paróquia de Tabuaço
ou no nossoblogue CARITAS IN VERITATE.