Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O
1 – Dia de Reis, ainda que sejam magos (estudiosos) e não reis, este é o Dia da manifestação de Jesus ao mundo inteiro como o verdadeiro Rei de Israel. Os Magos, vindos do Oriente, de todo o mundo conhecido naquela época, representam a humanidade que procura Deus e se prostra diante d'Ele em adoração, não como o escravo frente ao seu senhor, mas como filho diante do Pai.
A Boa Nova para hoje mostra os Magos à procura do Messias, o rei dos judeus que acaba de nascer: «Vimos a sua estrela no Oriente e viemos adorá-l’O». Tal notícia apanha alguns desprevenidos e instalados, como Herodes, os príncipes dos sacerdotes e os escribas. Ali tão perto e não se deram conta de nada, ao pé do sino sem ouvir as horas! A preocupação primeira de Herodes é saber se de facto os “boatos” se confirmam, pois logo vislumbra uma possível ameaça ao seu poder. Afinal é ele o rei dos judeus e não qualquer criança que possa nascer. “Herodes mandou chamar secretamente os Magos e pediu-lhes informações precisas sobre o tempo em que lhes tinha aparecido a estrela”. Para Herodes aquela criança é uma ameaça!
Os Magos seguem a estrela que tinham visto no Oriente. Quando veem a estrela a fixar-se no lugar onde estava o Menino, “sentiram grande alegria. Entraram na casa, viram o Menino com Maria, sua Mãe, e, prostrando-se diante d’Ele, adoraram-n’O. Depois, abrindo os seus tesouros, ofereceram-Lhe presentes: ouro, incenso e mirra. E, avisados em sonhos para não voltarem à presença de Herodes, regressaram à sua terra por outro caminho”.
2 – A adoração dos Magos é um quadro que poderemos e deveremos viver na atualidade. Em primeiro lugar, a certeza de que Deus é Pai, e nunca abandona a obra criada. Ele toma a iniciativa de nos procurar, de vir ao nosso encontro. Dá-nos sinais para O encontrarmos.
Os Magos. Acolhem o chamamento de Deus. Vivem disponíveis para escutar e para ver. Deixam-se surpreender pela novidade. Não estão enclausurados na sua concha. Levantam o olhar para o horizonte e para os outros. O limite é o céu. Buscam a vida até ao Infinito. Uma estrela nova. É necessário disposição para a escuta, para acolher o chamamento. Não se enche um cálice que está a transbordar!
Mas não basta acolher os sinais que vêm do Céu, é preciso pôr-se a caminho, arriscando, sabendo que haverá dificuldades. Os Magos deixam o conforto da sua casa e da sua terra e partem ao encontro d'Aquele que a estrela lhes revelará. Nem sempre a estrela estará visível, a dúvida e a hesitação podem advir, a incerteza sobre o caminho a percorrer. Herodes recebe o mesmo sinal, o Menino que nasceu, mas nem por isso se põe a caminho, deixa-se ficar, juntamente com escribas e sacerdotes, no Palácio, no seu lugar de conforto.
Chegados ao local onde está o Menino, rapidamente se prostram em adoração, transparecendo amor, entrega, proximidade, contemplando o mistério do mundo com ternura e benevolência, com amor. A adoração não nos desliga do compromisso. Quanto mais perto de Deus, mais perto dos Seus filhos. «Quem meus filhos beija minha boca adoça». A adoração leva-nos a oferecer o melhor de nós mesmos, em atitude de reconhecimento e louvor. Magos e pastores dão do que têm, as suas vidas, deixam o que estão a fazer e partem ao encontro de Jesus, dão o tempo e o coração, a vida. Os magos oferecem também: ouro – símbolo da dignidade do ser humano; incenso – abertura ao transcendente, disponibilidade para participar na vida de Deus; mirra – todos buscamos cura, cuidados, alívio, conforto, justificação. De onde nos virá a resposta à nossa inquietação?
Alegria, que atinge a sua expressão máxima no encontro com Jesus, o Deus Menino. Os magos vivem pequenas alegrias que os faz caminhar com esperança, culminando no encontro com o Menino, com Maria e José. Esta alegria contagiante levá-los-á por novos caminhos. Com efeito, o encontro com Deus provoca conversão. Aquele que se encontra com Jesus não pode voltar à vida anterior. Há novos desafios. São os mesmos Magos que se puseram a caminho, mas transformados pelo olhar d'Aquele criança, comprometidos com o anúncio da Boa Notícia a todos os povos. A imensidão da alegria e da conversão fazem trasvazar o que nos vai na alma. Não é possível guardar tamanho tesouro só para nós. A luz não se pode esconder debaixo do alqueire!
Chamamento. Resposta – pôr-se a caminho. Atitude – adoração. Sentimento – alegria. Frutos – conversão e anúncio do Evangelho. Testemunho.
Textos para a Eucaristia (ano A): Is 60, 1-6 ; Ef 3, 2-3a.5-6 ; Mt 2, 1-12.