Zaqueu, desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa
1 – «Zaqueu, desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa». O convite de Jesus, feito a Zaqueu, e a cada um de nós, é extraordinário. Zaqueu era cobrador de impostos, publicano, profissão geradora de ódios, pois o que cobravam era fruto do trabalho, do sustento e das canseiras de muitas famílias, algumas das quais com escassos recursos, e ainda por cima os impostos cobrados era direcionados para o imperador romano, a potência invasora, e para as autoridades locais. Por outro lado, os cobradores de impostos, muitas vezes, aproveitavam o posto que ocupavam e a proteção que tinham para cobrar maquias consideráveis para si próprios.
Jesus entra na cidade de Jericó. Ali vive um homem rico, o chefe dos cobradores de impostos. Zaqueu é de pequena estatura, de vistas curtas, pouco mais vê que a sua carteira. Mas para ver Jesus é necessário ter os olhos bem abertos, e sobretudo o coração. Impelido a ver Jesus, sobe a uma árvore, eleva-se do chão e acima da multidão.
Entretanto, Jesus levanta o olhar e interpela-o: «Zaqueu, desce depressa, que Eu hoje devo ficar em tua casa». É preciso descer, colocar-nos ao nível de Jesus, que sendo de condição divina, quis ser um de nós, para no meio de nós nos ensinar a ser irmãos, porque filhos de Deus, do mesmo Pai. Se ficarmos no lugar em que nos encontramos, no nosso pedestal, na nossa vidinha, poderemos até ver Jesus, mas à distância, e apenas com os olhos, não com o coração. Zaqueu desce rapidamente e recebe Jesus com alegria.
É uma alegria convertida em compromisso: «Senhor, vou dar aos pobres metade dos meus bens e, se causei qualquer prejuízo a alguém, restituirei quatro vezes mais». Não basta acolher o amor de Deus, é necessário que este AMOR maior seja serviço aos outros.
Vêm então os reparos daqueles que, vendo Jesus, ainda não O descobriram, ainda não se deixaram tocar pela Sua presença, pelo Seu olhar: «Foi hospedar-Se em casa dum pecador». Jesus não se deixa enredar na cusquice e conclui: «Hoje entrou a salvação nesta casa, porque Zaqueu também é filho de Abraão. Com efeito, o Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido».
2 – O Evangelho é um desafio de salvação. Devemos manter aceso em nós o desejo de querer ver Jesus, de O encontrar, de O seguir, de O levarmos para casa, de O trazermos para a nossa vida.
Só a humildade nos coloca no caminho de Jesus, de contrário Ele passa e nós ficamos em cima do sicómoro, ou comodamente a murmurar, pelos outros que avançam caminhando com Ele. O chamamento é para mim. É para ti. Ele passa. Faz-Se caminho, verdade e vida. Vem habitar connosco, vem ficar em nossa casa.
Se a nossa estatura é pequena, há que procurar mais afincadamente, abrir o coração, fazer com que as nossas vistas sejam mais largas, alcancem mais longe. É necessário procurá-l’O onde Ele vai passar. Escutar o seu convite. Segui-l'O para onde for. É necessário descer do nosso comodismo e não deixar que Ele passe adiante sem nós. Também São Paulo caiu do cavalo, do alto do seu orgulho e da sua presunção. Jesus bate à nossa porta, grita-nos aos ouvidos, envia-nos um impulso ao coração, como fez aos discípulos de Emaús.
Acolher Jesus, segui-l'O deixando que entre em nossa casa, gera ALEGRIA que transborda, contagia e se espalha para as casas vizinhas, para as pessoas que se cruzam connosco. Ou então ainda não O encontramos. Não basta acolher o amor de Deus, é necessário que este AMOR maior seja serviço aos outros.
Hoje a salvação quer entrar em minha casa, na tua, na nossa casa. Por mais perdidos que estejamos, Jesus vem salvar-nos, introduzindo-nos na comunhão de Deus. Levemos a outros esta alegria. Não impeçamos ninguém de se aproximar e de ver Jesus. A multidão impedia que Zaqueu chegasse perto de Jesus. Não sejamos empecilho para os outros pela nossa opacidade, pela nossa tibieza. Ao invés, deixemo-nos contagiar e contagiemos. Evangelizados e evangelizadores.
Textos para a Eucaristia (ano C):
Sab 11, 22 – 12, 2; Sl 144 (145); 2 Tes 1, 11 – 2, 2; Lc 19, 1-10.
Reflexão Dominical COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço
e no nosso blogue CARITAS IN VERITATE.