Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros
1 – As últimas palavras e desejos de uma pessoa são para realizar. O evangelho que hoje nos é proposto faz-nos regressar atrás para logo nos devolver à atualidade, em tensão para o futuro. Durante a Última Ceia, ou a primeira de um tempo novo, com Jesus Cristo ao centro da Mesa e da refeição, “quando Judas saiu do cenáculo, disse Jesus aos seus discípulos: «Meus filhos, é por pouco tempo que ainda estou convosco. Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como Eu vos amei, amai-vos também uns aos outros. Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros».
Aproximam-se os últimos momentos da história temporal de Jesus. Senta-se à volta de uma refeição familiar, revivendo a tradição pascal dos judeus. O ambiente vai-se adensando. Um dos discípulos já se levantou da mesa e abandonou a casa, ainda que eles não saibam razões.
O semblante de Jesus está sereno, com um olhar firme, profundo, penetrante. Olha em volta, para os discípulos, olhos nos olhos. Percebe-se que alguma coisa está para chegar. Jesus quer que os seus discípulos fiquem tranquilos, confiantes, pois nada do que acontecer escapará à vontade de Deus. É preciso vigilância, cuidado para não deixar que o coração se feche e enegreça.
2 – Depois da morte de Jesus, e sucessiva aparição do Ressuscitado, os discípulos vão procurar as palavras mais importantes e significativas de Jesus, bem como os seus feitos. Estas palavras finais são essenciais no Testamento de Jesus: amai-vos uns aos outros como Eu vos amei. Como é que Jesus nos amou? Deu a vida por nós. A referência é Ele – como EU vos fiz fazei vós também uns aos outros. Lavei-vos os pés para vos servir de exemplo. O discípulo não é maior que o Mestre. O Mestre veio para servir e dar a vida por todos. Os discípulos deverão sintonizar na frequência de Jesus, dando a vida, amando, servindo. Só dessa forma nos reconhecerão como Seus discípulos.
Deus toma-nos a dianteira, no amor, na entrega. Dá-nos o Seu Filho. Agora é tempo de vivermos ao Seu jeito, seguindo os seus passos. Disse, por estes dias, o Papa Francisco: “nós seremos julgados por Deus sobre a caridade, sobre como nós O teremos amado nos nossos irmãos, especialmente os mais débeis e necessitados”.
A marca do cristão é AMAR. Só desta forma seremos verdadeiramente discípulos de Jesus e n'Ele irmãos uns dos outros.
3 – O que é preciso para nos tornarmos discípulos de Jesus?
Responde Jesus de forma categórica: se vos amardes uns aos outros. O compromisso com os outros a partir do amor sem medida e cuja referência, fundamento e conteúdo é Jesus no Seu jeito de amar.
O Papa Francisco, na primeira Eucaristia como Papa, celebrada na capela Sistina com os Cardeais, apontava três atitudes essenciais:
- CAMINHAR. Caminhar sempre, na presença do Senhor, à luz do Senhor…
- EDIFICAR. Edificar a Igreja, a Esposa de Cristo, sobre aquela pedra angular que é o próprio Senhor.
- CONFESSAR. Podemos caminhar o que quisermos, podemos edificar um monte de coisas, mas se não confessarmos Jesus Cristo… tornar-nos-emos uma ONG sócio caritativa, mas não a Igreja, Esposa do Senhor.
Foi precisamente isto que entenderem os seguidores de Jesus. Paulo e Barnabé prosseguem a missão evangelizadora, estabelecendo comunidades (1.ª leitura). As tribulações fazem parte do anúncio. Anuncia-se a Ressurreição mas também Cristo crucificado. Sobrevém o ADN dos cristãos: alegria, esperança e testemunho.
4 – A raiz da nossa fé é Jesus. É Ele que vem, que constrói, que edifica em nós através do Seu Espírito de Amor. Ele fará em nós coisas novas, criará os novos Céus e nova Terra (2.ª leitura) onde habitaremos como irmãos, apesar dos sofrimentos e dos sinais diabólicos que persistem em destruir, dividir, em silêncios comprometidos com as injustiças sociais, violência sobre os mais débeis, corrupção que corrói e mina as democracias.
em todos.
Textos para a Eucaristia (ano C): Atos 14,21b-27 ; Ap 21,1-5a; Jo 13,31-33a.34-35.
Reflexão Dominical COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço
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