Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca
1 – O evangelho faz-nos descobrir Jesus como Mestre da Sensibilidade, seguindo a intuição de Augusto Cury. Nos homens mais rudes, Ele garimpa tesouros. Jesus passa de uma à outra margem. Vem para o nosso lado. Sobe ao barco para nos ver a todos. Ensina-nos muitas coisas, sobretudo a dar valor ao que nos une aos outros, amando, perdoando, valorizando o que há de melhor em nós. O limite é o Céu. Tudo é possível para aquele que crê.
Jesus põe Simão (e os demais) à prova e incita-o/s a ir mais longe: «Faz-te ao largo e lançai as redes para a pesca». Pedro começa por sublinhar as suas dúvidas, mas por pouco tempo: «Mestre, andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada. Mas, já que o dizes, lançarei as redes».
São compensados pela ousadia, pela confiança em Jesus: “Eles assim fizeram e apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes começavam a romper-se…”
2 – Isaías, Simão Pedro, Paulo de Tarso. Três seres humanos que se deixaram tocar pelo Céu e ousaram ultrapassar os seus limites, os seus preconceitos e os condicionalismos/circunstâncias do seu tempo. Não se deixaram dominar nem pelo medo, nem pelo pessimismo, nem pela comodidade de outros.
Diante do chamamento de Deus, Isaías sente-se pequenino:
Então exclamei: «Ai de mim, que estou perdido, porque sou um homem de lábios impuros, moro no meio de um povo de lábios impuros e os meus olhos viram o Rei, Senhor do Universo». Um dos serafins voou ao meu encontro, tendo na mão um carvão ardente que tirara do altar com uma tenaz. Tocou-me com ele na boca e disse-me: «Isto tocou os teus lábios: desapareceu o teu pecado, foi perdoada a tua culpa». Ouvi então a voz do Senhor, que dizia: «Quem enviarei? Quem irá por nós?» Eu respondi: «Eis-me aqui: podeis enviar-me».
Poderia fixar-se nos seus medos e absolutizar as suas limitações, embarcando num redemoinho de ansiedade, de nervosismo, de fuga, de rejeição. Mas ousou criticar os seus demónios. Torna-se um dos Profetas mais interventivos e marcantes.
3 – Simão Pedro é um diamante em bruto que é preciso lapidar, para o fazer brilhar no campo das emoções e dos sentimentos. Há de tornar-se um líder convicto. Por ora é uma pessoa impulsiva, titubeante, um tanto ou quanto rude.
Diante da proposta de Jesus, Simão Pedro reflete de imediato o que lhe vai na alma. A dúvida e o medo de falhar, mas logo a confiança no Mestre da Vida.
“Simão Pedro lançou-se aos pés de Jesus e disse-Lhe: «Senhor, afasta-Te de mim, que sou um homem pecador». Jesus disse a Simão: «Não temas. Daqui em diante serás pescador de homens». Tendo conduzido os barcos para terra, eles deixaram tudo e seguiram Jesus”.
E com Pedro, os outros apóstolos. Mas a história não acaba aqui. Haverá muitas ocasiões em que dúvida voltará, e o medo, e a ansiedade, e a hesitação. Ainda havemos de assistir à negação de Pedro.
4 – Paulo é assaltado pelo preconceito, seguindo a opinião que se espalhou à sua volta. Mas bem no seu interior vai-se operando uma grande transformação. Ele critica o caminho que vai percorrendo. Predispõe-se a ouvir, a ver, a descobrir a beleza que possa existir naqueles que persegue.
Ele próprio fala da sua conversão e persistência:
“Transmiti-vos em primeiro lugar o que eu mesmo recebi: Cristo morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras; foi sepultado e ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras, e apareceu a Pedro e depois aos Doze... Em último lugar, apareceu-me também a mim... tenho trabalhado mais que todos eles, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo. Por conseguinte, tanto eu como eles, é assim que pregamos; e foi assim que vós acreditastes”.
Paulo foi atingido pelo carisma de Jesus Cristo, pela grandeza dos Seus sonhos, pela humanidade do Seu projeto de vida.
Textos para a Eucaristia (ano C): Is 6,1-2a.3-8; Sl 137 (138); 1 Cor 15,1-11; Lc 5,1-11.
Reflexão Dominical COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço
e no nosso blogue CARITAS IN VERITATE