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30.12.12

Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?

mpgpadre

       1 – Quando nos damos conta que Jesus não segue connosco, como é que reagimos?

       Podemos até nem perceber que Jesus já não vai connosco.

       Bento XVI propõe-nos o ANO da FÉ, na procura do fundamento, do sentido, da matriz da fé. O que nos move. O que nos diz Jesus. O que é roupagem e o que é essencial. Em que Deus acreditamos? Quem segue connosco no caminho?

       2 – Na festa da Sagrada Família, é-nos proposta mais uma pérola do Evangelho de São Lucas. Por volta dos 12 anos, José e Maria levam Jesus a Jerusalém, ao Templo, como faziam cada ano pela Páscoa. Entrado nos 12 anos, podia discutir os temas da Bíblia, já não era a criança. Chegara a idade de também se interrogar sobre os fundamentos da fé e de se preparar (a partir dos 13 anos) para cumprir com a Lei, de se apresentar no Templo nas 3 festas principais: Páscoa, das Semanas (Pentecostes) e das Cabanas.

       Leia-se com atenção o relato de São Lucas e veja-se como a família teve um papel preponderante na Sua educação, na inserção na comunidade, e na atitude de diálogo, de confiança e de compreensão:

“Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém… Quando eles regressavam, passados os dias festivos, o Menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o soubessem… Passados três dias, encontraram-n’O no templo, sentado no meio dos doutores, a ouvi-los e a fazer-lhes perguntas… Quando viram Jesus, seus pais ficaram admirados; e sua Mãe disse-Lhe: «Filho, porque procedeste assim connosco? Teu pai e eu andávamos aflitos à tua procura». Jesus respondeu-lhes: «Porque Me procuráveis? Não sabíeis que Eu devia estar na casa de meu Pai?». Mas eles não entenderam as palavras que Jesus lhes disse. Jesus desceu então com eles para Nazaré e era-lhes submisso. Sua Mãe guardava todos estes acontecimentos em seu coração. E Jesus ia crescendo em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens”.

       3 – Fica desde logo claro que Maria e José perderam Jesus pelo caminho. São pessoas, não são Deus. Podia acontecer a qualquer família. Pelos 12 anos, as crianças ganhavam a liberdade de se juntar aos da sua idade, e viajarem juntos. À noite regressavam para os pais. Nessa ocasião, Maria e José deram-se conta que Jesus não se encontrava na caravana. Tinham feito um dia de viagem para norte. Viajam outro dia de regresso a Jerusalém e encontram Jesus ao terceiro dia (pode ser já uma imagem da ressurreição, Jesus aparece/ressuscita ao terceiro dia).

       A perda de Jesus, lido o texto com atenção, exprime antes de mais a prioridade da missão: primeiro as coisas de Deus. Mostra como a família de Jesus é profundamente religiosa. Todos os anos vai ao Templo. José é um homem justo, face à Lei, cumpridor dos requisitos da Torah. Veja-se a conjugação entre liberdade e obediência. Jesus esclarece a prioridade.

 

       4 – Mas há outros elementos que importa sublinhar. Maria e José dão-se conta que Jesus não está com eles no caminho e imediatamente voltam à sua procura. A família protege os seus membros. Por isso é família. Maria e José deixam o caminho para procurar Jesus.

       Chegam perto de Jesus, e não discutem com Ele, mostram a preocupação e perguntam-lhe pela razão de ter procedido daquele modo. Mais uma lição importante para pais, para educadores, para a forma como lidar uns com os outros. Perguntar. Escutar as razões dos outros. Tentar compreender o porquê de determinada atitude.

       No mesmo registo, a epístola de São Paulo aos Colossenses:

"…perdoai-vos mutuamente… revesti-vos da caridade… Filhos, obedecei em tudo a vossos pais, porque isto agrada ao Senhor. Pais, não exaspereis os vossos filhos, para que não caiam em desânimo".

       5 – Voltemos uma vez mais à narrativa evangélica.

       Maria, José e Jesus voltam juntos para casa. São família na festa e na dificuldade. Maria e José não deixam o filho para trás. Perderam-no e vão procurá-lo. Jesus não contesta a “repreensão” de Maria. Regressa com os pais, em atitude filial, obediente, crescendo com eles em graça e sabedoria.

       Bem Sirá, inspirado por Deus, deixa-nos uma preciosidade:

“Deus quis honrar os pais nos filhos e firmou sobre eles a autoridade da mãe. Quem honra seu pai obtém o perdão dos pecados e acumula um tesouro quem honra sua mãe. Filho, ampara a velhice do teu pai e não o desgostes durante a sua vida”.


Textos para a Eucaristia (ano C): Sir 3, 3-7.14-17a; Col 3, 12-21; Lc 2, 41-52.

 

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