Sentar-se à minha direita ou à minha esquerda...
1 – Jesus é, por excelência, o Vendedor de Sonhos. É uma vida por inteiro a consumir-Se pela humanidade. A Sua missão é revolucionar a nossa história a partir de dentro, do coração, reensinando-nos a viver humanamente. É uma reconstrução completa.
É fácil visualizar uma casa antiga quase a cair, que bem pintada no exterior passará por uma casa imponente. Entra-se (dentro) e cada passo cada susto. Vão-se fazendo reformas, mas a casa continua a ameaçar ruir. Muitas vezes a única solução é deitar abaixo e da raiz estruturar toda a casa. Ela será nova, bela, segura e acolhedora. É isso que Cristo quer fazer connosco.
2 – O sonho que nos vende entranha-Se até à medula, ao mais íntimo de nós. A revolução de Jesus reconstrói-nos a partir do coração.
As revoluções, ao longo da história da humanidade, que resultam de convulsões sociais, políticas, económicas e religiosas, operam-se em horas, dias, ou meses. Muito rapidamente se passa de uma a outra situação. Mudam-se os protagonistas. No entanto nem sempre muda o sistema. Há a clara noção que implantar ideias novas, formas de pensar inovadoras e criativas, leva mais tempo.
Em três anos de vida pública Jesus arrastou multidões. Como atualmente nas manifestações populares, são diversas as motivações que arrastam: umas para serem curadas, outras porque sim, outras por mera curiosidade, outras querendo dar um sentido novo à sua vida, outras procurando benefícios na mudança de vento, outros sem saber porquê, outros arrastados pelos ajuntamentos.
3 – Depois do puxão de orelhas a Pedro – afasta-te de Mim Satanás –, surgem novas situações em que os discípulos deixam vir ao de cima outros sonhos:
“Tiago e João, filhos de Zebedeu, disseram a Jesus: «Concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda». Disse-lhes Jesus: «Não sabeis o que pedis… Sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado».
Este episódio mostra de forma crua como os discípulos estão muito longe do sonhado por Jesus para a humanidade. Por exemplo, São Mateus, para desculpar os discípulos, refere que foi a mãe de Tiago e de João que fez semelhante pedido e não os próprios.
Verificamos de seguida como todos eles querem o primeiro lugar:
“Os outros dez, ouvindo isto, começaram a indignar-se contra Tiago e João. Jesus chamou-os e disse-lhes: «… quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos; porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».
4 – D. António Couto, Bispo de Lamego, na Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que decorre no Vaticano por estes dias, lançou uma inquietante pergunta que vale a pena meditar: “por que será que os Santos se esforçaram tanto, e com tanta alegria, por ser pobres e humildes, e nós nos esforçamos tanto, e com tristeza (Mt 19,22; Mc 10,22; Lc 18,23), por ser ricos e importantes?”
5 – A história de Jesus é uma história de abaixamento para que a nossa seja uma história de ascensão em humanidade para Deus.
Na primeira e na segunda leitura, é expressiva a certeza do ministério (serviço) do Enviado de Deus, que atravessa a história humana, a história do sofrimento, para nos guiar ao caminho da luz, da verdade e do bem.
“Aprouve ao Senhor esmagar o seu servo pelo sofrimento… Terminados os sofrimentos, verá a luz e ficará saciado na sua sabedoria. O justo, meu servo, justificará a muitos e tomará sobre si as suas iniquidades” (primeira leitura).
“Ele mesmo foi provado em tudo, à nossa semelhança, exceto no pecado” (segunda leitura).
Textos para a Eucaristia (ano B): Is 53, 10-11; Hebr 4, 14-16; Mc 10, 35-45.
Reflexão Dominical COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço
e no nosso blogue CARITAS IN VERITATE