Não é bom que o homem esteja só: vou dar-lhe uma auxiliar
Disse o Senhor Deus: «Não é bom que o homem esteja só: vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele»... Da costela do homem o Senhor Deus formou a mulher… Ao vê-la, o homem exclamou: «Esta é realmente osso dos meus ossos e carne da minha carne».
Deus criou-nos por amor, capacitados para amar e ser amados, partilhar o melhor de nós, viver em comunhão, desfrutando da presença uns dos outros. Ninguém é feliz sozinho.
Lembra Ermes Ronchi, “Adão, senhor de todas as coisas, busca no Éden uma ajuda semelhante a ele. Busca a coisa mais importante da sua vida… Adão está triste: o paraíso não vale a ausência de Eva... Só quando te sentes amado, podes desabrochar em todos os teus aspetos; só quando te sentes escutado, dás o melhor de ti próprio... O amor, em todas as suas formas, desvenda o sonho de Deus de que está repassada toda a criação...”.
A primeira expressão do mal é a solidão. É o próprio Deus a concluir: não é bom que o homem esteja só. E essa solidão original só pode ser colmada por outro semelhante. Precisamos de outro coração para amar, precisamos de outro coração a quem amar.
2 – Deus criou-nos por amor e criou-nos livres. Não somos marionetas. Criou-nos com qualidades que podem interagir e complementar-se, o homem com a mulher, e as pessoas entre si.
Somos livres, e por vezes, na nossa fragilidade muito humano, colidimos com a liberdade dos outros
Diante de situações reais, de casas destruídas, de corações traídos, perguntam a Jesus: «Pode um homem repudiar a sua mulher? Moisés permitiu que se passasse um certificado de divórcio». Jesus responde com a nossa limitação e fragilidade: «Foi por causa da dureza do vosso coração que ele vos deixou essa lei. Mas, no princípio da criação, Deus fê-los homem e mulher…»
Dois corações que se prendem e se libertam mutuamente (do egoísmo, da solidão, da tristeza). Nesta interação de casas – a minha casa entra na casa alheia e aquela torna-se a minha casa e eu a sua casa – dá-se a salvação, descubro o melhor de mim no encontro com outro semelhante a mim, da mesma carne, há uma parte de mim que habita nela e que me atrai como um íman e me completa.
3 – Como nas semanas anteriores, o exemplo para uma convivência sadia e fraterna, em casa, na família, e nas comunidades, vem das crianças, da sua delicadeza e simplicidade, da espontaneidade com que se dão em sorriso transparente aos outros, até aos estranhos.
As crianças, as mulheres, os escravos, os pecadores públicos, as pessoas com alguma deficiência, não contavam, não faziam número. Jesus conta com uns e com outros.
“Apresentaram a Jesus umas crianças para que Ele lhes tocasse, mas os discípulos afastavam-nas. Jesus, ao ver isto, indignou-Se e disse-lhes: «Deixai vir a Mim as criancinhas, não as estorveis: dos que são como elas é o reino de Deus».
4 – No confronto com uma realidade quotidiana inundada de mil cores, de situações felizes e de outras destrutivas, não estamos sós, Jesus é o nosso garante, o nosso fim, a nossa salvação.
“Jesus, que, por um pouco, foi inferior aos Anjos, vemo-l’O agora coroado de glória e de honra por causa da morte que sofreu, pois era necessário que, pela graça de Deus, experimentasse a morte em proveito de todos”.
N'Ele tornamo-nos irmãos. Não é bom estarmos sós. Só com semelhantes poderemos progredir e caminhar. Só tornando-nos como crianças, na disponibilidade de servir, de amar, de perdoar, de dar o que temos e o que nos dão, seremos verdadeiramente humanos.
Textos para a Eucaristia (ano B): Gen 2, 18-24; Hebr 2, 9-11; Mc 10, 2-16.
Reflexão Dominical COMPLETA na pagina da Paróquia de Tabuaço
e no nosso blogue CARITAS IN VERITATE