Este teu irmão estava morto e voltou à vida
1 – Jesus mostra-nos a misericórdia do Pai, através da “Parábola do Filho Pródigo”, centrada no Pai Misericordioso.
Antes, a acusação dos fariseus e dos escribas: Jesus acolhe publicanos e pecadores e come com eles. O ato de comer, no mundo judaico, implica estar ou entrar em comunhão de vida com o outro. Senta-se à minha mesa quem se dá comigo, familiares e amigos. Ele come com a escumalha da sociedade, com os pobres, os excluídos, os pecadores, os publicanos. É neste contexto que Jesus lhes/nos faz ver que o Amor de Deus é infinito, nós é que lhe colocamos limitações pelo nosso pecado, pelo nosso egoísmo, pela nossa fragilidade.
Um homem (Deus) tinha dois filhos (nós). O mais novo pediu a parte da herança e abandonou a casa paterna. Aventurou-se numa vida longínqua. Foi gastando tudo numa vida libertina. Quando lhe acabaram os bens, procurou um trabalho, aceitando o mais indigno, como guardador de porcos (para os judeus os porcos eram demoníacos). Pouco a pouco toma consciência da miséria em que vive e decide voltar para o Pai. Sabe que tem de se justificar e arranjar argumentos para convencer o Pai do seu arrependimento. Nem se importa ser tratado como um dos trabalhadores do seu Pai.
2 – O Pai não precisa de ser convencido. Ele ama com todas as veias do seu corpo. Daria a vida para que os filhos tivessem vida abundante. Com olhos encovados e a vista desgastada, o Pai avista o filho ao longe e corre para o abraçar e o cobrir de beijos.
Bem vistas as coisas, o Pai vê, aproxima-se, abraça, beija, porque ama. Levanta o filho. Ainda este se justifica – "Pai, pequei contra o Céu e contra ti. Já não mereço ser chamado teu filho" – e já o pai está em festa: "Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha. Ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o vitelo gordo e matai-o. Comamos e festejemos, porque este meu filho estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado".
A misericórdia do Pai cancela a miséria do filho, renovando-o, devolvendo-o à vida. Estava morto. Agora está vivo. Ressuscitou.
3 – O irmão mais velho deu o mais novo como perdido e não o quer de volta, lhe parece que o amor do Pai se vai dividir, novamente, quando pensava que agora tinha toda a atenção. O irmão levou a herança, desgostou o pai, fê-lo sofrer, pois ao pedir a herança em vida do pai está a desejar-se-lhe a morte. O filho mais velho viu o sofrimento do Pai. Entretanto, tornara-se filho único. Quando o irmão regressa, não o quer ver, fica ressentido com a festa, não quer ver o pai e não reconhece o irmão - "esse teu filho". O pai recorda-lhe os motivos da festa e a pertença, a ligação, a família: "este teu irmão estava morto e voltou à vida". O Pai não diz o "meu filho", mas “o teu irmão”. Diz-lhe a ele, o mais velho e diz-nos a nós: o teu irmão. A Caim, Deus pergunta: onde está o teu irmão? Que lhe fizeste?
Reconhecer Deus como Pai faz-nos reconhecer-nos como irmãos. Não podemos chamar a Deus Pai, se depois não reconhecemos os outros como parte da nossa família nem os tratamos como tal.
O Pai (a Mãe) ama com o coração inteiro, um e outro filho ou uma dúzia. Cada um é único. Ama cada um com todo o amor, não às prestações, mas total, integralmente como se não houvesse amanhã. "Filho, tu estás sempre comigo e tudo o que é meu é teu. Mas tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e voltou à vida, estava perdido e foi reencontrado".
Teremos de ser nós a tirar conclusões. Somos o filho mais novo ou o mais velho? Estamos dentro, mas com vontade de estar fora? Ou estamos fora, prontos para regressar? O Pai já fez a Sua escolha: amor único e total por cada um de nós.
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Textos para a Eucaristia (ano C): Jos 5, 9a. 10-12; Sl 33 (34); 2 Cor 5, 17-21; Lc 15, 1-3. 11-32.
REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço