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...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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30.04.17

VL – Deus da Páscoa, da criação e da salvação

mpgpadre

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Deus. Amor. Criação. Vida. Humanidade. Harmonia. Cumplicidade. Diálogo. Alegria.

Homem e Mulher. Fragilidade. Pecado. Egoísmo. Discussão. Violência. Inveja. Morte.

Chamamento. Promessa. Aliança. Profecia. Conversão. Perdão. Misericórdia.

Jesus Cristo. Abaixamento. Compaixão. Vida nova. Nova criação. Salvação. Ressurreição.

Chamamento. Vocação. Seguimento. Discípulos. Missionários. Espírito Santo. Igreja.

Fraternidade. Humildade. Escuta. Obediência. Verdade. Libertação. Caridade.

Deus criou-nos por amor. Desde toda a eternidade e para sempre, Deus nos ama, como Pai e sobretudo como Mãe. A Páscoa de Jesus, a Sua ressurreição entre os mortos, clarifica, ilumina, torna percetível e pleniza a Encarnação, mistério de abaixamento, Ele que era de condição divina não se valendo da Sua igualdade com Deus, assumiu a condição de servo, humilhou-se a Si mesmo, obedecendo até à morte e morte de Cruz. Por isso Deus O exaltou e lhe deu o NOME que está acima de todos os nomes.

A vinda do Filho Unigénito de Deus aproxima a eternidade do tempo. Deus que nunca Se afastou nem Se distanciou, tornou-Se visível em Jesus Cristo. Não há como voltar atrás. Ele está no meio de nós como Quem serve, sempre e para sempre. Ao longo da Sua vida, sobretudo, ao longo dos três anos de vida pública, Jesus viveu para servir, para amar, para gastar a vida, para salvar, integrar, redimir, incluir todos os que andavam dispersos pelo pecado, pelas trevas e pela morte.

Foi crescendo em graça e sabedoria, diante de Deus e dos homens e chegada a Sua hora espalhou bondade e doçura, procurando os que andavam cansados e abatidos, como ovelhas sem pastor, indo às margens para Se encontrar com os que se tinham perdido pela solidão, pela pobreza, pela exclusão social, cultural e religiosa. Contundente contra os que usavam de artimanhas e hipocrisias, escravizando pessoas e perpetuando situações de pecado, de abuso, de corrupção; dócil, próximo, misericordioso para leprosos, cegos, coxos, crianças, mulheres, publicanos, pecadores, estrangeiros. Veio para incluir, revelando a Misericórdia de Deus Pai. O Seu projeto e o Seu propósito, o Seu alimento e a Sua vida: em tudo fazer a vontade do Pai. E a vontade do Pai é que todos se salvem.

Qual manso Cordeiro levado ao matadouro, inocente, arrastado para julgamento, condenado à morte, à ignomínia da Cruz, como malfeitor. Da Sua boca não se ouviram injúrias! Procurando-nos com o Seu olhar compassivo para nos manter vivos, como a Pedro ou a Judas; elevando o olhar, o coração e a vida para o Pai, nas mãos de Quem Se coloca por inteiro e em Quem nos coloca.

 

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4408, de 18 de abril de 2017

30.04.17

VL – Deus da Páscoa. Não é a Cruz que nos mata…

mpgpadre

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Não, não é a Cruz que mata Jesus.

Não, não é a Cruz que nos mata.

O que mata Jesus é o nosso pecado, o nosso egoísmo, o nosso desamor.

O que nos mata é a solidão, o colocar-nos como centro ou deixando que os outros nos endeusem. O que nos mata é a preguiça em amar e fazer o bem.

Mata Jesus a prepotência, a corrupção, a idolatria, a intolerância.

Morremos, não quando o coração falha ou o cérebro se desliga, mas quando deixamos de amar, quando deixamos de sentir a vida, o apelo dos outros, quando somos indiferentes ao sofrimento e necessidades dos irmãos.

É na Cruz que Jesus é morto, mas nem a Cruz O impede de nos encontrar. Jesus não dá as costas à Cruz, enfrenta-a, carrega-a, mas não foge. Ressuscitado, traz na Sua carne, na Sua vida, as marcas da crucifixão. Vede as minhas mãos e o meu lado, Sou Eu, não temais. E de forma ainda mais incisiva a Tomé: vê, toca, as minhas chagas, Sou Eu, não é um fantasma ou um espírito.

Poderíamos dizer, em contraponto, que não é a Cruz que nos salva, mas o amor de Jesus. Somos salvos por uma Cruz, mas não por uma cruz qualquer ou a cruz enquanto instrumento de tortura e de matança, mas por Aquele que leva o amor até às últimas consequências, até ao limite, enfrentando a injúria, os escarros e o escárnio, a flagelação e a morte cruenta na Cruz.

O cristão não vive sem a Cruz. Sem a Cruz não existe Igreja, não existem cristãos. Mas, em definito, quem nos salva é Jesus que morreu na Cruz. Quem nos salva é Jesus que volta à vida. Não é a cruz mas a ressurreição que ilumina o nosso caminho para Deus. A cruz é memória e promessa. Recorda-nos o imenso amor de Deus por nós manifestado em Jesus Cristo. É promessa que desemboca na Ressurreição. Aquele que vimos esmagado pelo sofrimento, agredido violentamente, obrigado a carregar o travessão da cruz, exausto pelas vergastadas e pela perda de sangue, voltou à vida. Deus Pai, a Quem Se confiou, não O desapontou, ressuscitou-O. Ele vive e está no meio de nós.

E de volta à vida, com as marcas da Paixão, Jesus carrega a mesma mensagem, enviando-nos: ide e anuncia o Evangelho a toda a criatura, curai os doentes, expulsai os demónios, comunicai a paz e a esperança, testemunhai o amor e a fidelidade de Deus, até ao fim do mundo.

 

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4409, de 25 de abril de 2017

30.04.17

VL – Caminhemos com Jesus ao Calvário… e logo à Sua Páscoa!

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Iniciámos a Semana Santa, a semana maior, pois nela se visualiza, de forma mais viva e intensa, o mistério maior da nossa fé, a paixão redentora de Jesus, que dá a vida por nós, e a Sua ressurreição gloriosa, certeza que a última palavra é da vida, é do amor, é de Deus. Até à Páscoa solene (anual) somos envolvidos nas últimas horas de vida de Jesus, centrados especialmente no processo rápido que O leva da ceia pascal ao Calvário, revelando-nos por inteiro o mistério de amor, de dádiva, de libertação, de resistência ao sofrimento, de priorização de Deus e da Sua vontade, de ousadia e de humildade, de perdão e de compaixão.

Jesus manda preparar a Páscoa. É um momento de festa, de convívio, de encontro e de memória. A comunidade reúne-se para celebrar a libertação; em família, relembra-se tudo quanto fez o Senhor, Deus de Israel, a favor do povo, para que as gerações vindouras vivam agradecidas e voltadas para o Senhor.

Quando a Ceia se aproxima do fim, Jesus antecipa a Sua morte e ressurreição, instituindo a Eucaristia: sempre que fizerdes isto, fazei-o em memória de Mim. Este é o Meu Corpo. Este é o Meu sangue, entregue por vós e a vós confiado para a salvação do mundo.

Terminada a refeição, Jesus sai com os discípulos para o Jardim das Oliveiras. A noite convida ao descanso. Mas não são horas para dormir, são horas de vigiar, de rezar com insistência. Pelo menos da parte de Jesus. Aproximam-se trevas densas, tenebrosas, mas mais do que a falta de luminosidade exterior é a falta de luz nos corações. Quem não tem luz no coração vive mergulhado na morte.

Naquela hora, Jesus penetra o sofrimento mais atroz. O desfecho está à vista. Um pouco mais, e ainda escuro, na noite de Judas e das lideranças judaicas, Jesus será preso, julgado, condenado à morte. Alguns minutos, algumas horas, e o fim virá! Pai, Pai, Pai, se é possível que passe de Mim esta hora, que passe rápido. Tanto sofrimento para um Homem só. Os gritos de Jesus levam os nossos gritos também. Pai, Pai, Pai, cumpra-se a Tua vontade. É mortal este caminho de entrega, é dom, mas é o caminho da salvação. Não há armas para lutar. A vida ganha-se pela fragilidade/força do amor, pela benevolência, pela misericórdia. O ódio, a guerra, a inveja, só geram mais discórdia, mais destruição, mais desumanização. Caminhemos com Jesus até ao calvário, até à cruz, e Ele nos mostrará a Luz!

 

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4407, de 11 de abril de 2017

30.04.17

VL – O Jejum que Eu quero é a Misericórdia

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É mais importante não comer carne à sexta-feira ou ir à Missa ao Domingo?

Há tradições que são expressão da religiosidade mais popular. Mas, por vezes, parecem não passar de uma superstição entre outras como ver um gato preto, passar debaixo de uma escada, sentar-se a uma mesa com treze pessoas. É crucial não comer carne nas sextas-feiras da Quaresma porque é pecado e, pelo sim pelo não, mais vale prevenir e cumprir, não vá Deus chatear-Se. Temor sim, medo não. Deus ama-nos. É Pai de Misericórdia. Um Pai por certo não está à espera que o filho erre para o castigar, quando muito educa-o, dá-lhe ferramentas, aponta direções, caminhos…

Perguntam-me se comer carne às sextas-feiras da Quaresma é pecado! Apetecia-me responder: é mais importante ir à Missa ao Domingo. Uma pessoa não vai à Missa há dois ou três anos, só entra na Igreja num funeral, e depois pergunta se é pecado comer carne à sexta-feira? Claro que há muitas outras coisas essenciais, cuidar da família, comprometer-se com a justiça e com a verdade, ser honesto, ajudar os mais frágeis… Mas se falamos numa proposta feita pela Igreja, de abster-se de alguma coisa que se gosta muito, e que pode muito bem ser a carne, e que esse gesto (sacrifício) possa beneficiar uma causa, pessoas mais carenciadas, então talvez faça sentido interrogar-se sobre o que é essencial na vivência e expressão da fé!

Dois belíssimos textos no início da Quaresma. «Rasgai os vossos corações e não as vossas vestes, convertei-vos ao Senhor, vosso Deus, porque Ele é clemente e compassivo, paciente e rico em misericórdia» (Joel 2, 12-13). «O jejum que me agrada é este: libertar os que foram presos injus­tamente, livrá-los do jugo que levam às cos­tas, pôr em liberdade os oprimidos, quebrar toda a espécie de opres­são, repartir o teu pão com os esfo­meados, dar abrigo aos infelizes sem casa, atender e vestir os nus e não des­prezar o teu irmão» (Is 58, 6-7).

Pergunta o Papa Francisco: como se pode pagar um jantar de duzentos euros e depois fazer de conta que não se vê um homem faminto à saída do restaurante? «Sou justo, pinto o coração mas depois discuto, exploro as pessoas… Eu sou generoso, darei uma boa oferta à Igreja… diz-me: tu pagas o justo às tuas colaboradoras domésticas? Aos teus empregados pagas o salário não declarado? Ou como a lei estabelece, para que possam dar de comer aos filhos?».

Desafia Jesus: «Ide aprender o que significa: prefiro a misericórdia ao sacrifício» (Mt 9, 13).

 

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4405, de 28 de março de 2017

30.04.17

VL – Papa Francisco e as periferias no centro

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Completam-se quatro anos da eleição do surpreende Cardeal Jorge Mario Bergoglio para a Cadeira de São Pedro. Com a escolha do nome, Francisco, na referência a São Francisco de Assis, a primeira marca do pontificado, a pobreza como caminho, “uma Igreja pobre para os pobres”, Igreja despojada ao serviço dos mais frágeis. Da América Latina, o papa argentino traz a teologia do povo, desligando a fé e a religião de qualquer tentativa de manipulação político-partidária. «A imagem da Igreja de que gosto é a do povo santo e fiel de Deus… Deus na história da salvação salvou um povo. Não existe plena identidade sem pertença a um povo. Ninguém se salva sozinho, como indivíduo isolado, mas Deus atrai-nos considerando a complexa trama de relações interpessoais que se realizam na comunidade humana. Deus entra nesta dinâmica do povo… E a Igreja é o povo de Deus a caminho na história, com alegrias e dores».

Cada Papa traz a sua marca espiritual, cultural, a sua riqueza pessoal, o seu amor à Igreja e a fidelidade a Jesus. Ao bom Papa João, que convocou o Concílio Vaticano II para “atualizar” o compromisso do Evangelho com o mundo, sucedeu o grande Papa Paulo VI, que concluiu o Concílio, enfrentando sérias dificuldades vincadas por uma cultura plural, livre, contestatária! Breve o pontificado de João Paulo I, mas significativo, o Papa do sorriso e da certeza de que Deus é Pai mas é mais Mãe. Logo o entusiasta João Paulo II, com a experiência de uma Igreja perseguida e silenciada, para uma presença global, nas viagens e nos meios de comunicação social, a ética, o corpo, a família, os jovens, a vida humana, a dignidade de cada pessoa. Pontificado mais curto, o do sábio Bento XVI, recentrando a Igreja e o mundo em Cristo, procurando fazer da Igreja a nossa casa, onde nos sentimos bem, atraindo outros para entrarem ou para regressarem, lançando pontes com a cultura e com a ciência. Há quatro anos, chegou a frescura de uma Igreja jovem, afetiva, próxima, vinda de uma região pobre… o Papa Francisco surpreendeu desde a primeira hora, com gestos de simplicidade, de alegria e de proximidade que continuam a conquistar pessoas.

Na primeira homilia, os propósitos: CAMINHAR, EDIFICAR, CONFESSAR: «Quando não se caminha, ficamos parados. Quando não se edifica sobre as pedras, que acontece? Acontece o mesmo que às crianças na praia quando fazem castelos de areia: tudo se desmorona, não tem consistência… Quando não se confessa Jesus Cristo, confessa-se o mundanismo do diabo, o mundanismo do demónio…».

 

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4403, de 14 de março de 2017

30.04.17

VL – Largar a pele da serpente, revestir-se de Jesus Cristo

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Quem tem familiaridade com o campo é possível que, por mais de uma vez, tenha encontrado a pele de uma cobra. Por vezes a pele encontra-se quase inteira, como se de repente a cobra despisse uma camisa e vestisse outra. A pele das cobras é constituída por escamas. Mudam de pele periodicamente. Uma das finalidades desta muda será remoção dos parasitas. Outra explicação plausível é que as cobras crescem constantemente e precisam de largar a pele que as aprisiona e limita por uma nova pele, maior, que as liberta para continuarem a crescerem.

A Quaresma encaminha-nos e prepara-nos para a Páscoa, vida nova, luz e salvação, a vastidão do Céu chega para toda a humanidade. Neste caminho somos desafiados à renúncia, à penitência. É um tempo de conversão e de esperança. É caminho (pessoal e comunitário) mas já iluminado pela ressurreição de Jesus. A mudança de vida é uma constante na vida do discípulo de Jesus Cristo. Fomos batizados na água e no Espírito Santo, tornamo-nos novas criaturas. A vida toda é esta configuração à nossa origem batismal. 

Um dos ritos do batismo é o da veste branca. “Agora és nova criatura e estás revestido de Cristo. Esta veste branca seja para ti símbolo da dignidade cristã”. Se voltarmos ao exemplo da renovação da pele na cobra, também esta veste nos reveste por inteiro. A cobra cresce e precisa de mudar de pele, libertando-se. Nós crescemos desde o batismo, precisamos de viver numa tensão permanente para fazer com que a nossa vida nos faça crescer na santidade, afeiçoando-nos a Cristo, isto é, adotando as feições de Cristo, ficando parecidos com Ele. Qual é a nossa pele antiga que nos aprisiona? Tudo o que nos impede de transparecer e testemunhar Jesus. Tudo o que nos afasta dos outros, o nosso egoísmo, o orgulho, a sobranceria, a avareza, a prepotência a inveja, o endeusamento do nosso ego.

Mas alguém poderá perguntar: se é só a pele que muda então nada muda interiormente? Se nos fixarmos no exemplo da cobra talvez tenhamos alguma razão. Contudo, o desprendimento da pele velha expressa o seu crescimento e, portanto, todo o corpo da cobra cresce, além de se libertar dos parasitas. Como cristãos revestimo-nos de Cristo para que toda a nossa vida se transforme, libertando-nos dos parasitas que nos impedem de ser imagem e semelhança de Deus, rosto e presença de Jesus Cristo para as pessoas do nosso tempo.

 

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4404, de 21 de março de 2017

30.04.17

VL - Resiliência na oração

mpgpadre

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A Quaresma recentra-nos tradicionalmente em três dinâmicas para melhor vivermos a Páscoa do Senhor: a oração, o jejum e a esmola. São vistas como expressões da conversão interior, da adesão decidida a Jesus e ao Seu Evangelho, como concretização do nosso compromisso em nos tornarmos discípulos missionários, identificando-nos com o Mestre da Docilidade para, como Ele e com Ele, nos fazermos próximos dos outros e os acolhermos como irmãos.

A oração é o ponto de partida e o chão que nos move para Deus. E se a oração é autêntica levar-nos-á a querer o que Deus quer. Na oração predispomo-nos a encontrar a vontade de Deus para nós. A referência é Jesus Cristo, cuja vontade paterna é o Seu programa de vida, o Seu alimento. Eu venho, ó Deus, para fazer a Vossa vontade. Faça-se não o que Eu quero, mas o que Tu queres! A oração não é fácil. Ou nem sempre é fácil, sobretudo quando a vida não corre de feição. Ainda assim não devemos deixar de rezar, de suplicar, de louvar, de agradecer a Deus, a chuva e o sol, o vento e a névoa!

Alguns modelos de oração combativa: Abraão, Jacob, Moisés, Ana, Job, David, Jesus.

Abrão “negoceia” com Deus, insistindo até ao limite, com veemência, tentando proteger a cidade de Sodoma e de Gomorra. É um dos exemplos muito queridos ao Papa Francisco. Jacob é aquele que luta com Deus pela noite dentro e, por isso, o seu nome é mudado para Israel, porque lutou com Deus e venceu. Moisés eleva os braços, o coração, a vida para Deus, intercedendo uma e outra vez pelo povo, de dura servis, mas ainda assim o povo que Deus lhe confiou. Ana, mãe de Samuel, que persiste na oração até que Deus lhe concede o que deseja. Job, na imensidão do mistério de Deus, no confronto com a desgraça pessoal e familiar, não desiste de se dirigir a Deus, convocando-O à justiça. E Deus responde-lhe. David, grande Rei – o Papa Francisco invoca-o como São David – apesar do grave pecado contra o próximo, tomando a mulher de Urias e provocando-lhe a morte, não deixa de dialogar com Deus, penitente, arrependido, assumindo as consequências do seu pecado, protegendo o povo. E, claro, a oração de Jesus. Em todos os momentos cruciais da Sua vida, Jesus respira oração, suplicando, louvando, agradecendo, oferecendo. A sua vida faz-se oração, mas Jesus reserva momentos específicos para orar a Deus Pai: antes da vida pública, antes de escolher os apóstolos, na realização de milagres, antes do Calvário… e na Cruz!

 

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4406, de 4 de abril de 2017

30.04.17

VL – Eu Sou o Caminho que vos conduz ao Pai

mpgpadre

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No diálogo bem conhecido com os discípulos (cf. Jo 14, 1-6), Jesus responde diretamente a Tomé: «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim. Se Me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. Mas desde agora já O conheceis e já O vistes». E logo de seguida a Filipe: «Quem Me vê, vê o Pai».

Iniciamos o ciclo da Páscoa neste ano pastoral 2016-2017. O tempo santo da Quaresma encaminha-nos e prepara-nos para a Páscoa, envolvendo-nos na vivência mais consciente da Liturgia da Palavra, comprometendo-nos com o mundo atual em que vivemos, para chegarmos a ser, nas palavras de Jesus, sal da terra e luz do mundo.

No caminho da Quaresma a oração, o jejum e a esmola (cf. Mt 6, 1-18). A oração para nos sintonizar com Deus e com a Sua palavra, na certeza que a proximidade a Deus nos impele ao encontro dos irmãos.

O jejum como gesto e oportunidade de tomarmos consciência que a vida não depende só daquilo que comemos, mas tem como referencial e fundamento o próprio Deus (cf. Mt 6, 25ss). A vida é um dom inalienável. Recebemo-la de Outro, através dos nossos pais, pelo que o direito sobre a vida, a nossa e a dos outros, não nos pertence. O que nos pertence é a missão de viver e viver em abundância (cf. Jo 10, 10). O jejum não é dieta, o jejum balança-nos para outros. «Tornando mais pobre a nossa mesa aprendemos a superar o egoísmo para viver na lógica da doação e do amor; suportando as privações de algumas coisas – e não só do supérfluo – aprendemos a desviar o olhar do nosso «eu», para descobrir Alguém ao nosso lado e reconhecer Deus nos rostos de tantos irmãos nossos. Para o cristão o jejum nada tem de intimista, mas abre em maior medida para Deus e para as necessidades dos homens, e faz com que o amor a Deus seja também amor ao próximo (cf. Mc 12, 31)» (Bento XVI).

Decorrente da vivência do Jejum, que nos recorda que o pão de cada dia deve chegar a todos, a prática da caridade, cuja esmola continua a ser uma belíssima tradição que não dispensa de refletir e lutar por mais justiça social e pela transformação das estruturas, humanizando-as. «A prática da esmola é uma chamada à primazia de Deus e à atenção para com o próximo, para redescobrir o nosso Pai bom e receber a sua misericórdia» (Bento XVI).

 

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4401, de 28 de fevereiro de 2017

30.04.17

VL – Eu Sou o Caminho que vos conduz ao Pai – 2

mpgpadre

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O Cardeal Joseph Ratzinger (Bento XVI), há uma vintena de anos, sublinhava que para o reino de Deus há tantos caminhos quantas as pessoas, o que obviamente não anula o facto de Jesus ser o Caminho, a Verdade e a Vida (cf. Jo 14, 6). Com efeito, o meu caminho, o teu caminho, há de levar-nos a Jesus, há de levar-nos ao Pai. Sendo assim, quanto mais perto eu estiver de Jesus e quanto mais perto tu estiveres de Jesus, mais perto vamos estar um do outro. E se estamos próximos poderemos apoiar-nos mutuamente, ajudar-nos, incentivar-nos quando um de nós estiver a fraquejar.

A Quaresma é reconhecidamente tempo de conversão e de penitência, tempo de esperança e de mudança de vida. É caminho de santidade, de aperfeiçoamento, ou seja, caminho de humanização. Preparamo-nos ao longo de toda a vida para entrarmos na morada eterna no Pai. Caminhamos mas não sozinhos. Seguem connosco todos os que Deus colocou à nossa beira e que coincidem connosco no tempo e no espaço. Mas também nos acompanham os santos, aqueles que vieram antes de nós e nos ensinaram, imitando Jesus, o caminho da docilidade, da bondade, do serviço à pessoa e à humanidade e, agora junto de Deus, atraem-nos e desafiam a viver no bem que nos irmana. Com a ajuda de Deus e dos irmãos eles chegaram lá, nós também havemos de lá chegar. E o caminho começa AGORA na nossa vida diária.

No Reino de Deus não há excluídos (à partida), todos fomos criados por amor, para vivermos em abundância e sermos felizes (=santos). Por conseguinte, estamos "condenados" a aproximar-nos uns dos outros. Na verdade, diz-nos Jesus, Deus é Pai de todos e «faz nascer o sol sobre bons e maus e chover sobre justos e injustos» (Mt 5, 45). A bênção recai sobre todos. Temos afinidades, mas nem por isso estamos dispensados de amarmos até os nossos inimigos, os que nos são indiferentes, os que desprezamos. Aliás, questiona Jesus, que vantagem haveria em amar aqueles que nos amam? Isso todos podem fazer. Os discípulos de Jesus são desafiados ao máximo. E o máximo é Deus. «Portanto, sede perfeitos, como o vosso Pai celeste é perfeito» (Mt 5, 48).

A vinda de Jesus ao mundo, Deus que Se faz Homem, tem como missão reconciliar-nos uns com os outros e com Deus. Pelo mistério da Sua morte e da Sua ressurreição, Jesus resgata-nos das trevas, do pecado e da morte, para nos reconduzir ao Coração do Pai.

 

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4402, de 7 de março de 2017

29.04.17

Reconheceram-n’O ao partir do pão...

mpgpadre

1 – Dois dos discípulos regressam a casa, desencantados. Jesus vem e coloca-Se com eles a caminho. Primeiro momento. Jesus vem ao nosso encontro nas circunstâncias da nossa vida e todos os momentos são propícios. Há de haver um tempo que depende de nós reconhecê-l'O e acolhê-l'O ou ignorá-l'O.

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2 – Pelo caminho, Jesus vai-lhes explicando as Escrituras, preparando-os para o que está para vir, para O reconhecerem.

«Não tinha o Messias de sofrer tudo isso para entrar na sua glória?». A pergunta provocatória de Jesus, lança pontes para a Sua vida pública, em que tinha anunciado o sofrimento e a perseguição se prosseguisse com o seu programa de vida, denunciando a prepotência, a arrogância, o autoritarismo, a intolerância e optando pelos mais pobres, pelos excluídos, pelos mais pequeninos, pelos publicanos e pecadores, pelas mulheres e pelas crianças, incluindo, promovendo, devolvendo a dignidade perdida, revelando-lhes o amor de Deus, tratando-os como irmãos. Esta postura criou inveja, ciúme, gerou ódios que que viriam a custar-Lhe a vida. Como tinha previsto. Chegar à meta sem esforço e sem sacrifícios não é possível.

Jesus serve-se da Sagrada Escritura para lhes mostrar as intuições da Lei e dos Profetas no que ao Messias diz respeito. Aproximam-se da sua povoação e Jesus faz menção de seguir adiante. Ele vem até nós, mas não Se impõe, dá-nos a liberdade para O acolhermos, ou para O deixarmos prosseguir para outras bandas. Os discípulos de Emaús sentem-se impelidos a deixar que Ele permaneça: «Ficai connosco, porque o dia está a terminar e vem caindo a noite».

 

3 – Há momentos de dúvida, de hesitação e até de treva. Mas não desistamos. Deus manifesta-Se também na noite da nossa fé e da nossa vida. Assim no-lo garantem muitos santos. Jesus dá-nos uma sugestão para O encontrarmos: vendo e tocando as Suas chagas presentes nos irmãos. Quando cuidamos dos outros por amor a Jesus Cristo, a nossa fé exprime-se e amadurece, mesmo que com incertezas. A fé fortalece-se com o amor e cuidado aos outros.

Hoje Jesus mostra-nos outra forma de O reconhecermos. Pôs-se à mesa com eles, "tomou o pão, recitou a bênção, partiu-o e entregou-lho". Abrem-se os olhos, melhor, o entendimento e reconhecem-n’O. A fração do pão, da forma como Jesus no-lo dá, a Eucaristia, faz-nos irmãos, aproxima-nos, abre-nos a compreensão.

Jesus está no pão a partilhar e anunciar. Partem imediatamente. À Eucaristia levamos tudo o que arde cá dentro, os nossos projetos e angústias, os nossos sonhos e as nossas alegrias. A Eucaristia abre-nos os olhos e o coração e a vida e envia-nos em missão.

 

4 – A comunidade garante e fortalece a fé. Os dois discípulos regressam ao seio da comunidade, para testemunharem o encontro com Jesus e para escutarem e absorverem o testemunho dos outros discípulos. Também na dúvida, na incerteza, a comunidade dos crentes deve ser o espaço e o tempo em que descobrimos Jesus. Onde dois ou três estiverem reunidos em Meu nome estarei no meio deles.


Textos para a Eucaristia (ano A):  Atos 2, 14. 22-33; Sl 15 (16); 1 Pedro 1, 17-21; Lc 24, 13-35.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

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