O pobre foi colocado pelos Anjos ao lado de Abraão...
1 – O que nos distancia de Jesus Cristo e do Seu Evangelho não são os bens materiais, mas a ganância, a avareza, a prepotência, a sobranceria, a autossuficiência, a presunção, a soberba.
O contrário da pobreza de espírito não é a riqueza material mas a avareza. E aqui há cenários variados. Há pobres avarentos, que só não têm tudo porque não podem. Há pobres generosos, simples, despojados e o pouco que têm dá para ajudar os outros… Há ricos avaros, "chupam" tudo quanto lhes é possível, sem olhar a meios… Há ricos, cuja riqueza material é fruto do trabalho honesto, geram riqueza, criam emprego; beneficiam dos próprios bens e alargam os benefícios para os outros.
Jesus responsabiliza-nos pelos mais pobres. Refira-se uma vez mais que Jesus não está a falar para o vizinho. É para mim. É para ti. É para nós. Não nos é pedido o impossível. É-nos exigido o melhor de nós mesmos.
Jesus contesta o homem rico não pela riqueza que possui mas pela sua cegueira e egoísmo, pela incapacidade de sair do seu castelo e compartir a vida com os outros.
2 – A descrição do homem rico e do pobre Lázaro, o contraste gritante que existe entre ambos e o muro levantado que protege um e deixa o outro na rua, é visível na atualidade. Também hoje convivem lado a lado a miséria e a opulência, a degradação humana e o luxo escandaloso. Os governos, por vezes, protegem apenas os poderosos e esquecem-se dos pobres.
Do homem rico não se conhece o nome. Pode ser qualquer um de nós. Por outro lado, mais que apontar nomes, importa denunciar situações de injustiça e prepotência. Vestia de púrpura e linho fino e banqueteava-se esplendidamente todos os dias, fechado dentro dos portões, alheio ao sofrimento dos outros.
Um pobre, chamado Lázaro. O nome já diz da sua pobreza. Os pobres não podem ser números. Não servem para usar como arma de arremesso. Não contam apenas por ocasião das eleições. Têm nome e têm rosto. E ainda hoje há tantos Lázaros, excluídos, sem casa, sem pão, sem família. Este jazia junto ao portão do homem rico, e estava coberto de chagas. Não pede muito, apenas as migalhas que caem da mesa do rico. Mas nem a migalhas lhe são permitidas.
3 – O que fizerdes ao mais pequeno dos meus irmãos é a Mim que o fazeis. O que fizermos agora tem consequências amanhã. As escolhas do tempo influenciam a inserção na vida eterna. Qual efeito borboleta: segundo a teoria do caos, o bater das asas de uma borboleta em Portugal poderá provocar um terramoto do outro lado da terra.
«O pobre morreu e foi colocado pelos Anjos ao lado de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. Na mansão dos mortos, estando em tormentos, levantou os olhos e viu Abraão com Lázaro a seu lado».
Finalmente este homem rico viu Lázaro. Antes não o tinha visto. A ganância e a superioridade presunçosa cegaram-no. Só se preocupava com o seu umbigo. Um pobre ali tão perto, do lado de fora, a padecer, e não foi capaz de o ver e de o ajudar. Agora tão longe, já o vê e até deseja que Lázaro, enviado por Abraão, possa vir, entrar, aliviar o seu sofrimento. Enquanto podia alterar as coisas, esqueceu-se dos outros. Agora que tudo está concluído quer alterar as regras do jogo, em seu benefício e dos seus, servindo-se de Lázaro a quem não serviu com os seus bens!
4 – Mais que nos preocuparmos com o desfecho final, que a Deus confiamos, importa, no tempo presente, aqui e agora – não amanhã ou depois, não em outro lugar ou circunstâncias – viver o melhor, gastando a vida em favor de todos os que Deus coloca à nossa beira, testemunhando a beleza e a alegria da Boa Nova que Jesus nos traz com a Sua vida e com a oferenda de Si mesmo.
Textos para a Eucaristia (C): Am 6, 1a. 4-7; Sl 145 (146); 1 Tim 6, 11-16; Lc 16, 19-31..
REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço
e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE