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...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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31.03.16

O encontro com o Ressuscitado gera a fé na Ressurreição

mpgpadre

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Na manhã de Páscoa, as mulheres correm ao sepulcro e encontram-no vazio, sem o corpo de Jesus. Como tem acentuado o nosso Bispo, o sepulcro está cheio de sinais que importa ler, a disposição das roupas de Jesus, o anjo ou os dois homens vestidos de branco, a luz, e o desafio a procurar Jesus fora do túmulo.

 

Em todo o caso poder-se-á fazer uma outra acentuação que é clarividente na leitura dos Evangelhos. O que provoca a fé na ressurreição é o encontro com o Ressuscitado e não o sepulcro vazio. As mulheres aproximam-se do sepulcro, não encontram o corpo de Jesus e ficam atemorizadas. Maria Madalena pergunta ao próprio Jesus, pensando que é o jardineiro, onde puseram o corpo de Jesus, deduzindo-se a possibilidade de roubo ou de colocação em outro túmulo. A corrida de Pedro e do discípulo amado ao sepulcro é consequência do anúncio que as mulheres fizeram; no túmulo confirmam as informações e começa o processo de fé na ressurreição, mas esta só se clarifica no encontro de Jesus com os discípulos.

 

Segundo o Papa Bento XVI / Joseph Ratzinger, o túmulo vazio é um pressuposto da fé da Ressurreição, bem com o Corpo incorruptível de Jesus. O túmulo está vazio até hoje, pois Jesus ressuscitou.

Não sendo um dado histórico e empírico, continua o Papa Emérito, “ultrapassa a história, mas deixou o seu rasto na história”. 

 

O decisivo para a fé na ressurreição será sempre o encontro com Jesus Ressuscitado. A este respeito diz José Antonio Pagola, que “o relato do sepulcro vazio, tal como foi recolhido no final dos escritos evangélicos, encerra uma mensagem de grande importância: era um erro procurar o crucificado no sepulcro. Não estava lá. Não pertencia ao mundo dos mortos. Era um equívoco render-lhe homenagem de admiração e de reconhecimento pelo seu passado. Ressuscitou. Estava mais cheio de vida do que nunca. Ele continuava a animar e a guiar os seus seguidores. Era preciso ‘voltar à Galileia’ a fim de seguir os Seus passos: continuar a curar os que sofriam, a acolher os excluídos, a perdoar os pecadores, a defender as mulheres, a abençoar as crianças. Era preciso continuar a organizar refeições abertas a todos e a entrar nas casas com o anúncio da paz… Era preciso continuar a anunciar que o Reino de Deus estava próximo. Com Jesus, era possível um mundo diferente, mais amável, mais digno e mais justo. A esperança para todos”.

 

 

publicado na Voz de Lamego, n.º 4355, de 22 de março de 2016

31.03.16

Jesus, o Poeta da Misericórdia

mpgpadre

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Jesus passou fazendo o bem (Atos 10, 38), anunciando o Reino de Deus, misturando-se e envolvendo-se com doentes, leprosos, publicanos, pecadores públicos, crianças, mulheres, pobres, os excluídos dos reinos deste mundo. Assume-Se como o Bom Pastor que dá a vida pelas ovelhas, que busca a que anda perdida até a encontrar e carrega aos ombros a ovelha ferida. É o poeta que bendiz o Pai por Ele Se manifestar aos pequenos deste mundo porque são grandes no Reino de Deus, são grandes porque são filhos de Deus.

 

Anda sobretudo pelo campo e pelas aldeias. Vai a casa de todos os que o convidam, mas por sua iniciativa não vive nem em palácios nem em casas luxuosas, não tem onde reclinar a cabeça, não tem casa própria, porque quer morar em nossa casa, não tem dinheiro porque Ele é a maior riqueza que podemos sonhar e mendiga a nossa generosidade; não tem outra muda de roupa, porque espera que O vistamos com o nosso abraço. Identifica-Se com os mais pobres da Galileia, pequenos artesãos, pescadores, agricultores, pastores, e todos os que não contam. Vive feliz por transparecer o Amor do Pai, triste porque nem todos conhecem a misericórdia e o cuidado do Pai.

 

Não é um filósofo ou um mestre que busque o sucesso e o aplauso. Fica feliz por cada pessoa que encontra no caminho e a quem fala com delicadeza, compadecendo-Se, procurando olhar a vida a partir do sofrimento que encontra para poder ser cura e salvação. Vem para os doentes, para os pecadores, a todos envolve com o olhar da misericórdia de Deus. Mostra-nos o Pai, na parábola do Bom Samaritano, no abraço à Mulher samaritana, na parábola do Pai misericordioso que faz festa pelo regresso do filho pródigo e a todos nos quer na Sua presença; mostra-Se próximo na alegria da mulher que encontra uma dracma, no encontro com Zaqueu, querendo ficar em sua casa; na surpresa da mulher apanhada em adultério e por Ele envolvida num olhar de amizade e num abraço que a resgata de todos os abraços pecaminosos.

 

Contrariamente a João Batista, a missão de Jesus não é denunciar e eliminar o pecado mas comungar a nossa vida e o nosso sofrimento, assumindo-nos como irmãos. Não nos pergunta pelo pecado, mas pelo bem que estamos dispostos a comunicar. Jesus é o poeta da Misericórdia nas palavras, nos encontros, nos gestos de proximidade, de cura, de integração, nos gestos de perdão e de paz.

 

publicado na Voz de Lamego, n.º 4352, de 1 de março de 2016

31.03.16

Jesus, o Poeta da Misericórdia – 2

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A vida de Jesus é um hino de docilidade para como os excluídos da sociedade, da política, da religião. É um poema de ternura e proximidade para com todos os desprezados deste mundo; os palácios que visita são as aldeias e os campos, dorme onde calha e come do que lhe dão. Faz-Se mendigo da nossa generosidade, enquanto nos fala de um sonho, que já se visualiza no seu proceder para connosco, o sonho de nos ver sentados à mesma mesa, no mesmo reino, sob a mesma filiação, transformados pela misericórdia do Pai.

 

O Jubileu da Misericórdia, convocado pelo Papa Francisco, tem permitido aclarar a misericórdia como um atributo essencial e primário de Deus. A justiça é o menor dos atributos de Deus. A misericórdia sanciona o perdão e acaricia o homem marcado pelo pecado, pela miséria, renovando-o, envolvendo-o e inserindo-o numa vida nova de graça e de salvação.

 

A própria palavra misericórdia (miséria + coração) aponta para a absorção da nossa miséria pela compaixão de Deus. "A misericórdia divina vem em socorro da miséria do homem" (Beato Paulo VI, reflexão sobre Santo Agostinho). Jesus, Rosto da Misericórdia, proclama bem alto, nas palavras e sobretudo nos gestos a misericórdia infinita do Pai, que ama e que toma a iniciativa para nos salvar.

 

Sublinha o Papa Francisco: «A lógica de Deus, com a Sua misericórdia, abraça e acolhe reintegrando e transfigurando o mal em bem, a condenação em salvação e a exclusão em anúncio… o caminho da Igreja é sempre o de Jesus: o caminho da misericórdia e da integração».

 

A convivência de Jesus com pecadores, publicanos, prostitutas, leprosos, coxos, surdos, mudos, mulheres, crianças, estrangeiros visualiza o Reino de Deus aberto a todos. Jesus come com as pessoas que não contam para os reinos deste mundo, mostrando-lhes que no banquete de Deus há lugar para todos, mas os primeiros a sentar-se à mesa do Reino são os mais desvalidos, o que nos obriga a olhar para eles com um cuidado redobrado, pois tudo o que fizermos aos mais pequeninos dos irmãos é a Cristo que o fazemos (cf. Mt 25, 31-45). Se acolhemos o peregrino recebemos Cristo; se vestimos o nu agasalhamos Jesus; se alimentamos o pedinte fazemos com que Jesus seja nosso alimento e sacie a nossa fome e a nossa sede; se usarmos de misericórdia para com o nosso semelhante seremos alcançados pela misericórdia de Deus, que primeiro nos foi favorável.

publicado na Voz de Lamego, n.º 4353, de 8 de março de 2016

31.03.16

Jesus, o Poeta da Misericórdia – 3

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A vida é um mistério que não se dissolve no conhecimento, na ciência ou na sabedoria popular. A sua complexidade, por um lado, e a sua simplicidade, por outro, fazem da vida (vegetal, animal, humana) um desafio permanente de procura, de descoberta, de admiração. Para crentes e não crentes é um mistério inabarcável.

 

Com os avanços da ciência foi possível resolver muitos enigmas e melhorar a qualidade da vida, ainda que persistam doenças crónicas, as depressões, o vazio existencial. Somos muito mais que a soma de cromossomas, ADN, sangue, ossos, músculos, carne. Somos um mistério que quanto mais se desvenda mais complexo se torna.

 

Ao longo do tempo, o ser humano procurou compreender e justificar o sofrimento, a doença e a morte. Se a vida é tão bela, como é possível o sofrimento e a morte? Porque é que a vida não é igual para todos? Porque que é que uns sofrem tanto e outros têm uma vida durável e saudável? Terá a ver (somente) com as escolhas de cada um?

 

Uns procuram respostas na fé e na religião, outros no acaso ou na ciência. Muitos aceitaram a doença e as desgraças como vontade de Deus ou como consequência do pecado.

 

O Poeta da Misericórdia, Jesus, não procura justificações ou culpados. É preciso ajudar? Ajuda-se. Se alguém sofre é porque algum mal praticou. A figura de Job é enigmática. É acusado pelos amigos mais próximos, que deveriam conhecê-lo melhor, de pecar tendo em conta todo o mal que está a sofrer. Job questiona tal ligação, pois nada praticou que merecesse tantos sofrimentos. Sobrevirá o mistério de Deus que não é desvendável em questões académicas.

 

Jesus desliga o mal sofrido de qualquer culpa. Mas, atenção, diz-nos Jesus, é necessário que nos preocupemos com o bem de todos, uns dos outros, aderindo ao Reino de Deus, convertendo-nos. Fácil é olhar para os defeitos e pecados dos outros! Porém, para os seguidores de Jesus, importa deixar-se olhar pela Misericórdia de Deus e a Ele aderir de todo o coração.

 

Na vida de Jesus, na Sua mensagem e na Sua morte e na Sua ressurreição, prevalece a misericórdia de Deus. Quem Me vê, vê o Pai. E quem vê Jesus vê a bondade e a delicadeza, a compaixão e a proximidade, a paciência e o amor, o perdão e a verdade. Em Jesus, o Reino de Deus está em ação e já se podem ver os frutos. Cabe-nos também transparecer o Reino de Deus.

 

publicado na Voz de Lamego, n.º 4354, de 15 de março de 2016

31.03.16

Jesus, o Poeta da Misericórdia – 4

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O mistério pascal realiza a plenitude da misericórdia divina no meio de nós. Em Jesus Cristo, Deus vem ao nosso encontro, faz-Se mendigo do nosso amor, faz-Se peregrino com a humanidade. Traz-nos Deus, inicia um Reino novo, integrando-nos. Por um lado, Deus ama-nos absolutamente. Por outro, respeita-nos na nossa liberdade. Mas não desiste de nós, como a Mãe não desiste dos filhos mesmo quando a fazem sofrer.

 

Com a Encarnação Deus dá um passo gigantesco para nos encontrar. O Antigo Testamento revela um Deus interventivo, que não Se alheia da história e dos sofrimentos do Povo que escolheu para firmar uma Aliança (quase) unilateral. O pecado do Povo, as infidelidades, transgressões vão destruindo as ligações entre as pessoas, mas não quebram a Aliança. Deus mantém-Se fiel. A Sua misericórdia é infinita. O profeta Oseias exemplifica esta fidelidade/misericórdia de Deus. Tal como Oseias desposa e cuida da esposa que o trai repetidamente, nunca desistindo de a amar, assim Deus não desiste de nos amar.

 

Os Patriarcas, os Juízes, os Sacerdotes, os Profetas são mensageiros que relembram ao Povo o caminho da felicidade e da vida, que passa pela prática da justiça, da solidariedade, pelo cuidado dos mais frágeis, os pobres, os órfãos e as viúvas, os escravos e os estrangeiros.

 

Chegado o tempo, Deus envia o Seu próprio Filho. Desde então não há nada que nos separe do amor de Deus, pois Ele caminha connosco, assumindo-nos, faz-Se pecado para nos redimir, no elevar, para nos introduzir na vida divina. Jesus é Rosto e é Corpo da Misericórdia do Pai. Em Jesus a misericórdia divina ganha um Corpo, lingando-nos sensivelmente uns aos outros e a Deus.

 

Ao longo da Sua vida, Jesus passou fazendo, gastando-Se a favor dos mais desvalidos. A delicadeza e a bondade de Jesus preenchem as suas palavras e os seus gestos.

 

A misericórdia fica mais transparente na última semana de vida de Jesus. O amor é levado até ao fim, a compaixão de Jesus pela humanidade levam-n’O à Cruz, para uma identificação completa com o sofrimento mais atroz e com a própria morte.

 

Uma das passagens luminosas da misericórdia vivida por Jesus é o gesto do Lava-pés, durante a Última Ceia. São João Paulo II diz-nos que é uma cátedra da caridade divina, e mais, é uma lição, uma epifania, uma revelação: a justiça de Deus relaciona-se com Sua misericórdia infinita, ajusta-Se à condição do pecador. Ali, em Jesus, Deus abaixa-Se, ajoelha-Se e lava-nos os pés, abrindo o Caminho da Misericórdia…

 

publicado na Voz de Lamego, n.º 4355, de 22 de março de 2016

26.03.16

Cristo vive, está no meio de nós!

mpgpadre

1 – O mistério pascal realiza a plenitude da misericórdia divina entre nós. Em Jesus Cristo, Deus vem ao nosso encontro, faz-Se mendigo do nosso amor, faz-Se peregrino connosco, iniciando um Reino novo, integrando-nos. Por um lado, Deus ama-nos absolutamente. Por outro, respeita-nos na nossa liberdade. Mas não desiste de nós, como a Mãe não desiste dos filhos mesmo quando a fazem sofrer.

Jesus é Rosto e Corpo da Misericórdia do Pai. Ao longo da Sua vida, Jesus passou fazendo, gastando-Se a favor dos mais desvalidos. A delicadeza e a bondade de Jesus ressoam nas suas palavras e gestos.

A misericórdia fica mais transparente na última semana de vida de Jesus. O amor é levado até ao fim, a compaixão de Jesus pela humanidade levam-n’O à Cruz, para uma identificação completa com o sofrimento mais atroz e com a própria morte.

A Cruz, em certo sentido, é provisória. Melhor, a morte é provisória, é passagem, que encerra a nossa vida biológica e nos faz aceder à eternidade de Deus. Definitiva é a ressurreição e a vida em Deus.

A morte na Cruz redime-nos. A Cruz é um sinal permanente. Cravada na terra, irmana-nos no pecado, na fragilidade e na finitude; levantada, levanta-nos e eleva-nos, ressuscita-nos para as alturas, guiando-nos para o Pai das Misericórdias.

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2 – Domingo, Dia do Senhor. Vida, Luz e Graça. Salvação. Páscoa redentora. Deus faz-nos participantes da Sua vida para sempre. Este é o Dia que o Senhor preparou, desde sempre, porque nos ama e para nos amar, em plenitude, para sempre. “Sempre” é uma realidade que só possível em Deus. Tudo o mais é passageiro, até a morte. A Ressurreição assume o nosso sofrimento e a nossa morte e coloca-nos por inteiro em Deus, em Quem a vida será abundante.

Jesus é uma lufada de ar fresco, água límpida, alimento suculento. É o poeta da Misericórdia de Deus. Primavera da Eternidade. A sua docilidade e delicadeza transformam a vida das pessoas. Encontrando-O, encontramos Deus. E encontramo-nos com o que somos, com a nossa origem em Deus. Por Ele criados por amor, por amor por Ele procurados. O projeto inicial de Deus para nós é traduzido, visualizado, vivido por Jesus: sermos irmãos, para sermos felizes. Em todas as situações e apesar de todas as circunstâncias.

O sepulcro vazio é o lugar da morte, do passado e do desencontro. Segundo D. António Couto, Bispo de Lamego, o sepulcro não está vazio mas cheio de sinais, o Anjo, a arrumação, os homens vestidos de branco. Todos os sinais nos reenviam a procurar Jesus em outro lugar, no lugar da vida. Não é o sepulcro que nos converte à ressurreição, mas o encontro com o Ressuscitado, que nos salva e nos introduz na vida divina, agrafando-nos à Misericórdia de Deus.

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 3 – O que provoca a fé na ressurreição, em definitivo, é o encontro com o Ressuscitado e não o sepulcro vazio. As mulheres aproximam-se do sepulcro, não encontram o corpo de Jesus e ficam atemorizadas. Maria Madalena pergunta a Jesus que julga ser o jardineiro onde puseram o corpo, deduzindo-se a possibilidade de roubo ou de colocação em outro túmulo. A corrida de Pedro e do discípulo amado ao sepulcro é consequência do anúncio que as mulheres fizeram, no túmulo confirmam as informações e começa o processo de fé na ressurreição, mas só ganha solidez no encontro de Jesus.

Sintomático é a aparição de Jesus aos discípulos de Emaús. Desencantados, regressam a casa. Jesus morreu. Não há nada a fazer que não seja regressar à vida anterior, ao tempo em que não O conheciam. Viveram com Ele momentos inesquecíveis. Por uns instantes semeou esperança, num mundo diferente, fraterno, humano, onde todos têm lugar e onde serão tratados como Filhos amados de Deus. Mas as autoridades do Templo, os líderes do poder político e religioso viram-n'O como uma ameaça e um estorvo às suas pretensões pessoais, e conduziram um processo para O fazerem desaparecer da terra dos vivos. Entretanto, algumas mulheres tinham ido ao sepulcro e não encontraram o corpo de Jesus. Apareceram-lhes uns Anjos. Mas não viram Jesus. Alguns dos discípulos também foram ver o sepulcro, encontraram tudo como as mulheres tinham dito, mas não viram Jesus.

Jesus encontra os discípulos de Emaús descorçoados. Encontra-os. Fala-lhes. Senta-Se com eles à mesa. E então percebem que Jesus ressuscitou e está vivo. Estava a anoitecer e eles convidam Jesus para pernoitar. Mas logo se levantam e regressam à comunidade, ao convívio dos outros discípulos. Se Jesus está vivo, não há noite que amedronte. O testemunho do encontro com Jesus Ressuscitado fortalece a comunidade. «Na verdade, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão».

 

Textos para a Eucaristia:

Atos 10, 34a. 37-43; Sl 117 (118); Col 3, 1-4 ou 1 Cor 5, 6b-8;Jo 20, 1-9; Lc. 24, 13-35.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

21.03.16

Quaresma: desafio e compromisso para hoje - 2

mpgpadre

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Para que um dia não tenhamos que dizer "quem me dera voltar atrás", não percamos tempo nem oportunidades, façamos tudo, em todas as ocasiões, como se não houvesse amanhã, como se não tivéssemos mais tempo pela frente, como se fosse o último dia, o último encontro, a última palavra, o último café, o último sorriso. 
 
Demos o melhor de nós mesmos, agora! E então, mais à frente, poderemos dizer: não fiz tudo bem, cometi erros, poderia ter feito melhor, mas tentei dar o melhor de mim mesmo, não adiei escolhas, não desbaratei as minhas energias em futilidades, não desperdicei a oportunidade para ser feliz, não fugi a responsabilidades, não enganei, não maltratei, não injuriei, não menosprezei ninguém... posso morrer em paz! 
 
Podemos não fazer tudo bem, mas não deixemos de tentar, voltar a tentar, recomeçar uma e outra vez, não desistir da luta, não virar a cara às dificuldades, não esperar que outros façam o que eu posso fazer, não deixemos que outros escolham por nós o nosso destino! 
 
Quaresma é tempo de conversão, de propósitos de mudança de vida, para darmos o melhor de nós mesmos, nos tornarmos mais solidários, mais próximos, para testemunharmos o Deus da vida... 
 
Na nossa fragilidade, na nossa birra, ou na nossa preguiça, peçamos a Deus que nos dê o discernimento para fazermos escolhas de bem e coragem para cumprir com a vida e com todos os projetos que nos transformam em irmãos uns dos outros.
 
publicado na Voz de Lamego, n.º 4351, de 23 de fevereiro de 2016

21.03.16

Quaresma: desafio e compromisso para hoje

mpgpadre

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       Todas as pessoas já viveram situações que desejariam não ter vivido.
       Por vezes ouvimos alguns a dizerem que se voltassem atrás fariam tudo de novo, repetiriam a vida. Tal não seria possível! A vida não volta para trás. E, claro, todos alterariam alguma coisa. Só não mudam os burros e os sábios, como diz um provérbio chinês. Olhando para trás, se não houvesse nada a mudar, era sinal que nada se tinha aprendido com as diversas experiências, nada se teria aprendido com a própria história. Repetindo tudo, também os erros seriam repetidos.
       Obviamente, todos mudaríamos alguma coisa.
       Mesmo que saibamos que as circunstâncias em que agimos não nos tivessem antes permitido agir doutra forma. Como nos lembra Ortega y Gasset, nós, somos nós e as nossas circunstâncias. Um comportamento determinado está condicionado por muitos fatores interiores: medo ou confiança, experiência ou inexperiência, coragem ou hesitação, pessimismo ou experiência, e por muitas fatores exteriores: os outros, o tempo, as condições sociais, políticas, económicas, familiares.
       Por outro lado deparamos com aqueles que torcem as orelhas: quem me dera voltar atrás, como tudo seria diferente! Ah, como eu mudaria muita coisa!
       Mas também não podemos voltar atrás. A nossa vida decide-se e resolve-se no presente e avança impreterivelmente para o futuro, e este só Deus no-lo pode garantir. Cabe-nos viver o presente, o aqui e agora (hic et nunc) da nossa vida, o passado não é recuperável, o futuro a Deus pertence. Carpe diem – colha o dia, viva o momento! Num sentido cristão, positivo, significa que não desculpamos a vida com o passado ou com o futuro mas comprometemo-nos com o nosso semelhante no dia de hoje, nas circunstâncias que nos é dado viver.
Quem me dera voltar atrás!
       Em tempo de Quaresma, este poderá ser um bom propósito, não para olhar (simplesmente) para trás, mas para nos "situarmos" (nos imaginarmos) no futuro, quando chegar o dia, se deixarmos, em que, ao voltar-nos para trás, para o passado, tenhamos que fazer tal afirmação, como lamento, como desilusão, como impossibilidade, com a resignação de quem sabe que poderia ter aproveitado a vida, poderia ter vivido bem, com verdade, com alegria, com honestidade, com garra, com história, e agora já não pode fazer nada com o tempo desperdiçado, com as oportunidades que não agarrou... Não vale a pena chorar sobre o leite derramado!
       É sintomático o conselho de Santo Inácio de Loyola: “Orai como se tudo dependesse de Deus, trabalhai como se tudo dependesse de vós”.
 
publicado na Voz de Lamego, n.º 4350, de 16 de fevereiro de 2016

19.03.16

«Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito».

mpgpadre

1 –  As horas que se aproximam, distribuídas na Semana Maior da nossa fé, valem a vida de Jesus e a salvação da humanidade.

Suor e lágrimas, cansaço, dor física, traição e fuga dos amigos, violência, injúrias, crucifixão e morte. Jesus sobe a Jerusalém pela Páscoa. Há um vislumbre de paz e de festa. Com Jesus, os seus amigos, discípulos, alguns familiares, conterrâneos. Segundo Bento XVI, esta multidão é constituída por galileus, pobres, agricultores e artesãos, pedintes, discípulos, mulheres, pessoas que curou e reabilitou.

Alguns judeus juntam-se ao molhe, por curiosidade, por amizade, em processo de conversão. Jesus tinha amigos nas redondezas, em Betânia, a família de Lázaro, Marta e Maria, e em Jerusalém, o amigo que lhe empresta a casa para comer a Páscoa. Sendo poucos, mostram que Jesus não é propriedade exclusiva de um grupo.

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2 – Jesus voltará a entrar na cidade de Jerusalém. Então formar-se-á outra multidão, instigada pelas autoridades judaicas, líderes do Templo e elites sociais. Prevalece, nestoutra multidão, a animosidade para com Jesus. Também aqui há boas pessoas simples e/ou ingénuas.

Durante a Ceia, Jesus faz-nos passar do sossego à apreensão. A refeição é um momento de repouso, de alegria, de festa, satisfaz uma necessidade e coloca em comunhão íntima os convivas.

A Paixão aproxima-Se. Há que dizer as últimas palavras. «Ora Eu estou no meio de vós como aquele que serve... Eu preparo para vós um reino, como meu Pai o preparou para Mim: comereis e bebereis à minha mesa, no meu reino… Simão, Satanás vos reclamou para vos agitar na joeira como trigo. Mas Eu roguei por ti, para que a tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos».

O reino de Deus que Jesus inaugura é exigente, pois reclama a verdade e o serviço. É para julgar, servindo, com misericórdia.

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3 – Depois da refeição, Jesus retira-Se para o Jardim das Oliveiras, para rezar. São horas de agonia. Vai morrer. Já não há volta a dar. Tem que enfrentar ou que fugir. «Pai, se quiseres, afasta de Mim este cálice. Todavia, não se faça a minha vontade, mas a tua». Prevalece a vontade do Pai. Jesus há de assumir a Cruz como expressão do amor pela humanidade. O Mestre da Vida leva até ao fim a opção por nós.

Na hora mais dramática, os discípulos adormecem. É a história da nossa vida. Será oportunidade de conhecermos os amigos que temos! «Porque estais a dormir? Levantai-vos e orai».

Ainda estava a falar quando a multidão se aproximou. Judas encabeça este grupo. Um dos amigos mais fiáveis não resistiu a entregar Jesus! Porquê? Por não acreditar em Jesus e no Seu projeto de amor? Ou por acreditar tanto mas sem paciência para esperar por Deus?

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4 – Jesus à injúria e à violência reage com amor, com perdão: «Basta! Deixai-os». A violência não resolve. É arrastado, escarnecido, os discípulos não O acompanham. Judas trai. E todos O traem. Pedro nega-O. Todos os apóstolos se mantêm à distância. Fogem.

Diante do Sumo-Sacerdote ou de Pilatos, Jesus mantém a mesma docilidade. A Sua vida tem um propósito definido: entrega, oblação, dádiva, a favor da humanidade.

Ele "que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens. Aparecendo como homem, humilhou-Se ainda mais, obedecendo até à morte e morte de cruz".

Até o pobre Barrabás é beneficiário da morte de Jesus Cristo, tal como o bom ladrão que com Ele foi crucificado.

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5 – No final, o dia escurece mas não desaparece nem a delicadeza nem a esperança. Primeiro o centurião, que glorifica a Deus: «Realmente este homem era justo». Depois, José de Arimateia a mostrar que é sempre possível a compaixão. Uma das últimas obras de misericórdia corporal: enterrar os mortos!

Ecoam até ao túmulo as últimas palavras de Jesus: «Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito». No meio daquele torpor, a certeza da entrega confiante de Jesus nas mãos do Pai. Entrega-Se e entrega-nos, confia-nos, a Deus, Pai de Misericórdia.

_________________________

Textos para a Eucaristia (ano C): Lc 19, 28-40. L1 Is 50, 4-7; Sl 21 (22); Filip 2, 6-11; Lc 22, 14 – 23, 56.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

 

17.03.16

Leituras: Frei Clodovis Boff - O quotidiano de Maria de Nazaré

mpgpadre

FREI CLODOVIS BOFF, OSM, (2015). O quotidiano de Maria de Nazaré. Prior Velho: Paulinas Editora. 136 páginas.

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Os Evangelhos centram-se em Jesus e sobretudo no processo da Sua condenação e morte na Cruz, sob a luz das aparições do Ressuscitado, alargando depois para a vida pública, com algumas incursões na Sua infância (São Mateus e São Lucas), ou na fundamentação teológica para O situar como Filho encarnado de Deus (São João).

A preocupação primeira dos evangelistas foi preservar as palavras e os acontecimentos vividos por Jesus, com a participação dos discípulos e com a experiência das comunidades cristãos, depois da Ressurreição. Não têm nem o cuidado nem a preocupação de escrever uma biografia completa da vida de Jesus, desde o nascimento à morte.

Com o passar dos anos, muitos sentiram a necessidade de preencher algumas lacunas. Os evangelhos apócrifos respondem a esta e a outras interrogações. Mesmo que sejam posteriores aos Evangelhos canónicos, e alguns com muitas fantasias, permitem comprovar dados, relacionar com o contexto, com a história da época.

O "Quotidiano de Maria de Nazaré" é um texto belíssimo que nos traz a vida de Nossa Senhora, inserida na família e na cultura, naquele povo e naquele tempo, a vivência simples, pobre, dedicada, com as dificuldades mas também da solidariedade das famílias na pequena cidade de Nazaré. Acompanhamos Maria da infância, ao compromisso matrimonial com São José, o nascimento e crescimento de Jesus, a morte de São José, a vida pública de Jesus e os problemas vividos então, a morte de Jesus. Maria familiariza-nos com Jesus, parentes e amigos.

Com os dados dos Evangelhos, dos evangelho apócrifos, de autores judeus e romanos da época, servindo-se também de descobertas recentes, recorrendo à arqueologia, à cultura, às vivências em outras cidades vizinhas, é possível aproximar-nos da vida de Maria e com Ela sentirmo-nos ainda mais próximos de Jesus. Ele não caiu do céu aos trambolhões, ousou tomar a nossa carne e ser Um entre nós.

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