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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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29.11.15

Início da Novena da Imaculada Conceição | 29-11-2015

mpgpadre

A grande festa comunitária da Paróquia de Tabuaço centra-se na sua Padroeira, a Imaculada Conceição, envolvendo os diferentes grupos eclesiais, mas também a comunidade civil. Também para os Bombeiros Voluntários, dos quais é Madrinha, assume um momento de especial significado.

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        O dia 8 de dezembro é o dia mais solene e mais importante, com a celebração da Eucaristia e com a Procissão por algumas das ruas de Tabuaço, com paragem obrigatória frente ao Quartel dos Bombeiros Voluntários, que fazem a guarda de honra e transportam o andor de Nossa Senhora.

       A preparação já começou. A Igreja já está predisposta para este momento festivo. A NOVENA preparatória é um dos momentos mais importantes de oração e de reflexão para a comunidade. Inicia, como habitualmente, no dia 29 de de novembro e este ano coincide com o 1.º Domingo do Advento.

       Ao domingo, e porque a Eucaristia é de manhã, no horário tradicional das 10h30, a Adoração do Santíssimo Sacramento, que inclui a recitação do Terço, a Pregação e a Adoração. Aos sábados, a recitação é antes da Eucaristia com as crianças da catequese. Horários: de domingo a sexta-feira - 20h30; sábado - 16h30 (recitação do terço, seguindo-se a Eucaristia). No sábado, dia 5 de dezembro, o Compromisso dos Acólitos, no dia 7, segunda-feira, as Confissões comunitárias, das 17h00 às 19h00.

       O Pregador será o Pe. Diamantino Alvaíde, sacerdote há 10 anos, pároco de Moimenta da Beira e de Cabaços e que já esteve connosco na Escola da Fé, no dia 27 de novembro.

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29.11.15

Leitura: José Luís Martins: OS INFINITOS DO AMOR - reflexões

mpgpadre

JOSÉ LUÍS NUNES MARTINS (2015) Os Infinitos do Amor. 53 reflexões. Lisboa: Paulus Editora. 224 páginas.

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       Semana a semana chegam-nos as reflexões de José Luís Martins, contribuindo para que o ambiente digital fique mais rico com a sua partilha, e muitas pessoas se deliciem numa leitura poética, simples de perceber, envolvente, tocando a vida nas suas variadíssimas expressões, alegria, tristeza, solidão, morte, a força das palavras, a abertura para fé, o compromisso com o bem e com a verdade, a morte, a luta, a vida como caminho, a amizade, o trabalho e a família, a felicidade, o bem e o mal, a eternidade.

       O livro com que nos presenteia permite-nos (re)ler, sublinhar uma ou outra frase. O formato de papel de algum modo permite-nos assimilar melhor cada texto, sugestão, desafio e facilmente voltar a folhear e a escolher uma reflexão para uma ou outra ocasião. Pelo menos para quem aprendeu a mexer, tocar, manusear as folhas. Mas seja neste formato de livro impresso, seja através das plataformas digitais, as reflexões de José Luís Martins são provocantes (no bom sentido), comprometem-nos com o melhor de nós, lutando, não desistindo, não desvalorizando as qualidades pessoais para agir, pôr em prática. As obras, o agir, as escolhas e opções testam os dons. A partilha, a humildade de se colocar ao serviço dos outros, potenciando o melhor daqueles com quem nos cruzamos; apostando no ser e não tanto no ter; mais na autenticidade e não tanto nas aparências; não baixar os braços mesmo quando as dificuldades são muitas; aprender a gostar de si mesmo, sentindo-se bem consigo para se poder dar aos outros; a certeza que o amanhã virá a seguir às nossas noites por mais escuras e frias que sejam.

       Como refere o Pe. Gonçalo Portocarrero de Almada, José Luís Martins é, mais que um filósofo, um pensador, um pensa-dor. A vida é um mundo denso e intenso. Vida e morte. Alegria e luto. Júbilo e tristeza. Paz e ansiedade. Perda e sofrimento. Há sempre esperança. A vida depende muito do que sou, das opções que toma, das atitudes que assumo. Há que gastar bem o tempo, que é breve, mudar o que depende de nós mudar e não gastar tempo com o que não depende de nós.

       A fé e a mensagem cristã deixa-se facilmente intuir nas ideias e convicções expressas pelo autor.

       Sublinhado, inolvidável, para Carlos Ribeiro que ilustra de forma simples e intuitiva cada mensagem.

       Valerá a pena transcrever algumas expressões que se espalham pelo livro:

"A felicidade depende sempre mais de nós do que das circunstâncias".
"A pobreza não retira a dignidade a ninguém, mas a riqueza pode fazê-lo com facilidade" 
"Devemos concentrarmo-nos no que temos, agradecer quando temos acesso ao essencial e procurar e procurar que aquilo que excede as nossas necessidades possa chegar a quem dele precisa" 
"É possível viver num palácio sem se deixar corromper por isso. Há quem se sirva dos seus bens para ser uma bênção na vida dos outros: esse é rico, muito rico no que importa. Fez-se feliz, por se ter feito pobre para que outros sejam ricos... fez-se rico, por ter sido capaz de dar tudo!" 
"Não é o peso da cruz que importa, mas sim a força dos ombros que a carregam".
O passado não se altera, mas o futuro pode sempre ser diferente". 
"Os que nos amaram deram-se-nos. Não se perderam porque existem em nós. Sou também aquele que amou. Que me ama... A saudade é muito mais doce mas, qual espada, muito mais dura, afiada e longa. Parece destruir o que celebra. Trata-se de uma das tristezas mais fundas... a de se haver perdido o que se teve, a de se continuar a amar o que já não está aqui connosco. A de se continuar a ser dois depois de deixarmos de sentir o outro". 
"As adversidades como a morte, a doença grave ou uma tragédia, mais séria não se conseguem anular, faça o que se fizer. Aplicar aí a nossa coragem, vontade e persistência no sentido de destruir isso só terá um resultado efetivo: aniquila-nos, porque estaremos a tentar empurrar, não uma pedra pesada, nem sequer uma montanha mas o próprio peso do mundo... sem termos os pés assentes em nada". 
"Não há heróis de um gesto só. Ninguém chega a ser bom de um momento para o outro. As grandes obras são consequência de percursos em que a vontade se sobrepõe à natureza passiva repetidas vezes... Ninguém chega a ser mau de súbito. Os grandes disparates aparecem na sequência de outros disparates, menores, que vão corrompendo com paciência e determinação os alicerces da nossa liberdade, a fim de que, convencidos de que somos mesmo assim, aceitemos fazer o que nos prejudica e arruína a nossa verdadeira felicidade". 
"Agradecer e perdoar fazem diferença. Muita. Em mim e no outro. Sempre.... Um olhar, uma palavra, um silêncio ou um pequeno gesto, são suficientes para levar trevas ou luz à vida de outros. Assim. Num instante. Dependemos uns dos outros. Nós não somos sós. Nunca. Por maior que seja a solidão em que nos sentimos. Por maior que seja a escuridão e o frio, há sempre alguém que chegará. Sempre. Sempre. Por mais que demore". 
"A vida precisa de tempo, ma não há pior do que adiar... muitos julgam que o momento de amar pode ser outro. Que sempre haverá tempo depois do tempo. Errado. O tempo não é nosso e que, portanto, não está ao nosso dispor". 
"O amor leva-me ao outro. Supero os meus limites, do espaço e do tempo. Porque me dou, passo a existir também no que me ultrapassa. Sou mais. Só o amor permite a conquista da eternidade. Só o amor resiste ao nascimento e à morte. Qualquer vida que nasce brota de um amor, de uma entrega gratuita e incondicional de algo ao espaço e ao tempo sem fim... A nossa vida não nos pertence. Somos uma parte do todo. Não o centro. Não estamos vivos, somos vida. Uma vida cheia de mistérios, mas de beleza sublime. Podem as lágrimas e sofrimentos parecer a eternidade... mas só o bem não tem fim... O amor faz-nos renascer a cada vez que parece matar-nos.
Somos mais do que tempo. Muito mais". 
"O orgulho, a vaidade e a soberba andam quase sempre juntos. São os superiores aliados da ignorância! O orgulhoso coloca-se a si mesmo acima da realidade. Mas, não só se julga superior aos outros como ainda deseja que eles partilhem dessa mesma opinião, ou seja, que todos pensem que ele é o melhor! Mais ainda, por se julgar o assim o suprassumo, considera poder tratar os outros como seus inferiores!" 
"No amor, apenas as intimidades devem estar em comunhão. Sem confusão, sem exclusão, sem que se anule parte alguma de cada um. Há quem se faça demasiado próximo e por isso anule o outro. Não. É preciso que haja espaço e tempo para que cada um possa ser quem é e o quer ser. Não se trata de nos defendermos, mas tão-só de respeitarmos o outro". 
"Há quem prefira partir do que chegar. Quem busque descobrir todos os cantos e mistérios do mundo... mas há também quem apenas queira ser feliz em qualquer lugar, buscando-se a si mesmo... nos outros. Só quem se busca se pode encontrar. Muitos são os que andam perdidos... mas o amor implica uma saída de si, uma aceitação do outro como outro, não como alguém em quem posso (e julgo dever) replicar o que sou. Só quando me esqueço de mim posso descobrir a verdade do outro. Apenas o olhar dos que nos amam importa, porque só esse nos vê, só esse nos revela quem somos". 
"À solidão não se opõe a multidão, mas o amor. Aquilo de que alguém abandonado está à procura é de alguém próximo, não do aplauso de um monte de gente." 
"Aquele que quer ser feliz deve dar-se. Ser é amar e amar é dar-se. Ninguém pode ser nada se não na sua relação com os outros e com o mundo. O ser mais perfeito seria imperfeito se se fechasse em si mesmo e assim se reduzisse à sua própria individualidade. A vida é o dom de ser dom. Serve para se chegar à vida do outro. Para ser o que lhe falta... amando-o." 
"A sinceridade jamais pode ser a razão para magoar alguém. Ser sincero é também saber escolher o que dizer e o que calar. Não devemos dizer tudo quanto pensamos, mais ainda se não o tivermos pensado com honestidade e inteligência. O silêncio é parte essencial da verdade e da sinceridade". 
"Há boas paixões. São as que trabalham como um fermento. De forma pacata, pacífica e paciente. Animam, mas não dominam. Orientam, mas não decidem. Iluminam, mas não cegam... Por paixões comuns, há quem perca a cabeça, o coração e a alma. Uma paixão forte que se consente pode fazer com que a mais digna das pessoas se destrua... se consuma, não ficando senão as cinzas em que ardeu. 
"A verdadeira chama, aquela que nos ilumina, aquece e orienta, não é a das paixões, é a chama da vida. A vida ela própria, assim, simples e pobre na aparência. Aquela vida que tem consciência de que é, em si mesma, um dom. Uma luz. Um presente do divino. Uma presença divina. Não se trata de uma alegria de cumprir fantasias, antes sim da virtude suprema de saber apreciar os momentos da vida sem necessidade de ser sob a séria ameaça de a perder. Este é o único fogo que não consome".

28.11.15

Erguei-vos, levantai a cabeça, a vossa libertação está próxima

mpgpadre

       1 – Estamos no fim do mundo.

       Esta é uma afirmação recorrente. Amiúde se ouvem expressões semelhantes perante tantas desgraças que desgraçam a vida das pessoas, das famílias, das comunidades e dos povos. Violência doméstica, corrupção, terrorismo e, em consequência, a multidão de refugiados, guerrilhas, vandalismo, exploração infantil, maus tratos, tráfico de droga e de órgãos humanos, trabalho precário, miséria, mortes e mais mortes, por tudo e por nada. Inicia o noticiário e logo esperamos ver mais algum escândalo, mais uma cena de violência ou de pancadaria, mais uma explosão ou um ataque terrorista. A violência e a publicitação da mesma vai globalizando a indiferença. Os nossos olhos vão-se habituando à escuridão, o nosso coração habitua-se às trevas, já pouco nos comove. Antes, quando víamos – através dos meios de comunicação social, que tinham muito mais pudor – um corpo estendido no chão, eventualmente coberto, escandalizávamo-nos. Hoje, é mais um e outro e outro e vários, destapados. É tão familiar que não nos faz reagir. Nada de novo.

       Por outro lado, a desmobilização e desmotivação. As desgraças são tantas que por mais vontade que tenhamos não há muito a fazer para inverter um caminho destrutivo e tenebroso. O melhor é fazer como outros, deixar o tempo correr e logo se verá. Se não melhorar, piora, estaremos cá para ver, ou já não estaremos e que outros resolvam. Acaso, sou guarda do meu irmão? Interpelação de Caim a Deus, quando Deus lhe pediu contas do seu irmão Abel. Também a nós Deus nos pergunta pelos nossos irmãos, responsabilizando-nos por eles. O que fizerdes ao mais pequeno dos meus irmãos a Mim o fazeis.

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        2 – «Erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima».

       O fim do mundo, no sentido cristão, seguindo o Evangelho, não é o caos, um momento de destruição que acabe com o mundo. O fim do mundo é Deus. É o tempo em que se remete para Deus o mundo inteiro e a Ele se confiam as suas alegrias e as suas tristezas. Trata-se da soberania de Deus sobre o Universo. Com a chegada de Jesus Cristo, o mundo chega ao fim, estamos nos últimos dias, preenchidos de graça e de misericórdia. A vinda de Jesus lembra-nos que o tempo não é nosso e que o espaço deve ser casa para todos. O nosso tempo chegou ao fim para que o tempo que ora nos é dado tenha um fim, uma finalidade, um sentido. Se o tempo é nosso, faremos dele o que quisermos, mesmo que o usemos contra os outros. Se o tempo é final, tempo de Deus, há que valorizar cada momento, para agradecer e louvar, para partilhar. O tempo não é nosso, é de Deus. É para nós, mas não apenas para nós. Não poderemos reter o tempo que não é nosso. É-nos dado. Tudo o que nos é dado por Deus é para condividir! Como os dons. Estes só são verdadeiramente dons quando partilhados, quando colocados a render. Dons recebidos para dar, para que sejam DOM.

«Haverá sinais no sol, na lua e nas estrelas e, na terra, angústia entre as nações, aterradas com o rugido e a agitação do mar. Os homens morrerão de pavor, na expectativa do que vai suceder ao universo, pois as forças celestes serão abaladas».

       Não vos alarmeis. Não é o fim. Levantai-vos. Erguei a cabeça, o olhar, o coração e a vida. Deus está por perto. A vossa salvação está iminente. Não vos inquieteis. É inevitável que estas coisas aconteçam. Enquanto houver tempo e história e humanidade. Não que nos desculpemos com as nossas limitações, mas não somos deuses. A fragilidade e a indigência acompanham-nos em todo o tempo. Só Deus é Deus. E só em Deus seremos totalmente o que estamos chamados a ser pela graça do batismo: filhos no Filho, abençoados, redimidos. Na história, como caminho, podendo fraquejar; na eternidade de Deus, como plenitude, eternamente.

 

       3 – «Hão de ver o Filho do homem vir numa nuvem, com grande poder e glória... Tende cuidado convosco, não suceda que os vossos corações se tornem pesados pela intemperança, a embriaguez e as preocupações da vida, e esse dia não vos surpreenda subitamente como uma armadilha... Portanto, vigiai e orai em todo o tempo, para que possais livrar-vos de tudo o que vai acontecer e comparecer diante do Filho do homem».

       Se estamos nos últimos tempos, o compromisso com a criação há de ser mais efetiva e reforçar o empenho em transformar o mundo que habitamos. O fim não paira como ameaça, mas como esperança e como desafio. O fim é de Deus, para Quem nos encaminhamos. Se é Ele que vem e que chega, então estamos tranquilos, ainda que surjam ideologias ou poderes diabólicos. Se o tempo é breve, cabe-nos intensificar a nossa contribuição para tornarmos o mundo mais favorável para todos, construindo os novos céus e a nova terra, tempo novo iniciado com Jesus Cristo.

       Vigiar e estar preparados. Não é uma atitude passiva como quem cruza os braços e espera um desenlace catastrófico. Implica-nos e impele-nos a fazer o que está ao nosso alcance, concorrendo com o que somos e com os meios de que dispomos para que o tempo dado por Deus, e por nós recebido, seja partilhado e consumado na justiça, na humanização das pessoas e das estruturas, na inclusão de todos, preferencialmente dos mais pobres.

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       4 – Os profetas acalentam a esperança do Povo de Israel com a promessa de Deus enviar a salvação. Agora como então, e como no tempo de Jesus, as dificuldades e os contratempos, as perseguições e as guerras fazem desanimar as pessoas. O povo eleito experimenta as agruras do exílio, da invasão de outros povos, a miséria, a violência.

       Os profetas, mensageiros de Deus, trazem a certeza de tempos novos, tempos abençoados pela intervenção do Senhor: «Dias virão, em que cumprirei a promessa que fiz à casa de Israel e à casa de Judá: Naqueles dias, naquele tempo, farei germinar para David um rebento de justiça que exercerá o direito e a justiça na terra. Naqueles dias, o reino de Judá será salvo e Jerusalém viverá em segurança. Este é o nome que chamarão à cidade: ‘O Senhor é a nossa justiça’».

       Para nós cristãos, Jesus Cristo é a nossa justiça. É Ele que justifica a nossa vida e nos torna novas criaturas, no Batismo, pela água e pelo Espírito Santo. Com o advento de Cristo, o Céu fica mais perto. O Apóstolo Paulo, em jeito de oração e de bênção, compromete-nos, pela pertença a Cristo, na caridade diligente para com todos.

       «O Senhor vos faça crescer e abundar na caridade uns para com os outros e para com todos, tal como nós a temos tido para convosco. O Senhor confirme os vossos corações numa santidade irrepreensível, diante de Deus, nosso Pai, no dia da vinda de Jesus... Recebestes de nós instruções sobre o modo como deveis proceder para agradar a Deus e assim estais procedendo; mas deveis progredir ainda mais. Conheceis bem as normas que vos demos da parte do Senhor Jesus».

       A espera, para os crentes, é ativa. Não esperamos por outros tempos ou por que outros façam o que nós podemos e devemos fazer para tornar o mundo mais habitável e mais casa de todos. O nosso compromisso é com Jesus, visualizável no nosso semelhante, através do serviço.

 

       5 – Peçamos ao Senhor auxílio e fortaleza nas adversidades, luz e discernimento nas dúvidas. «Mostrai-me, Senhor, os vossos caminhos, ensinai-me as vossas veredas. Guiai-me na vossa verdade e ensinai-me, porque Vós sois Deus, meu Salvador».

       Que a sabedoria de Deus nos desperte para o serviço dedicado aos irmãos. «Despertai, Senhor, nos vossos fiéis a vontade firme de se prepararem, pela prática das boas obras, para ir ao encontro de Cristo, de modo que, chamados um dia à sua direita, mereçam alcançar o reino dos Céus» (oração de coleta).

 

Pe. Manuel Gonçalves

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Textos para a Eucaristia (C): Jer 33, 14, 16; Sl 24 (25); 2 1 Tes 3, 12 – 4, 2; Lc 21, 25-28. 34-36.

24.11.15

ESCOLA DA FÉ | 27 de novembro | Obras de Misericórdia

mpgpadre

A primeira sessão da Escola da Fé, no passado dia 23 de outubro, introduziu a temática do novo Ano Pastoral, incindindo sobre a Carta Pastoral de D. António Couto, que enquadra o lema pastoral da diocese - Ide e fazei da Casa de Meu Pai, Casa de Oração e de Misericórdia - e a Bula "Misericordiae Vultus" (O Rosto da Misericórdia), do papa Francisco, pela qual convoca o Jubileu da Misericórdia que se iniciará a 8 de dezembro, na solenidade da Imaculada Conceição e encerrará a 20de novembro de 2016, na Solenidade de Jesus cristo Rei do Universo.

O Ano Santo dedicado à Misericórdia remete, inevitavelmente para as Obras de Misericórdia corporais e espirituais e para o juízo Final segundo São Mateus (25, 31-46): "Quantas vezes o fizestes a um dos meus irmãos mais pequeninos, a Mim o fizestes".

Nesta próxima sexta-feira, 27 de novembro, voltamos com mais uma sessão da escola de vivência da fé, com armas e bagagens apontadas para: "SEPULTAR OS MORTOS E REZAR A DEUS POR VIVOS E DEFUNTOS". Teremos connosco o Pe. Diamantino Alvaíde, Pároco de Moimenta da Beira e de Cabaços. Será também o pregador da Novena da Imaculada Conceição, sendo este mais um motivo para que a comunidade paroquial, com os diferentes grupos paroquiais, possa participar ativamente, estreitando laços de amizade para melhor viver a festa da nossa Padroeira e para melhor se envolver na Igreja, Casa de Oração e de Misericórdia.

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21.11.15

Sou Rei. Para isso nasci e vim ao mundo

mpgpadre

1 – Deus liberta-nos para vivermos como filhos, constituindo-nos herdeiros, Sua família, abençoando-nos, em Jesus Cristo, de Quem recebemos a plenitude da redenção. Com Ele a eternidade fica ao nosso alcance. Participamos da santidade de Deus que Se faz Um connosco, Um de nós. Só há verdadeira fraternidade entre iguais, da mesma carne e do mesmo sangue, com a mesma origem e o mesmo fim (destino). Em Jesus Cristo, Deus abaixa-Se, coloca-Se, como dom, ao mesmo nível que nós, prova o sofrimento e a morte, a fragilidade e a finitude, a alegria e a festa, o encontro e a partilha que comunica e gera vida em nós e no nosso mundo.

Não acima. Não à margem. Não indiferente. Não alheio ou insofrível. Não distante nem juiz iníquo. Não intocável ou sobranceiro à humanidade. Um de nós, Um connosco. Entra na história e no tempo. Caminha connosco. Acompanha-nos. Vive. Ama. Sofre. Sente. Sorri. Cansa-Se. Tem fome e sede e deseja matar a fome e a sede e encontrar o sentir das pessoas, dando sentido às suas vidas. Alegra-Se. Chora. Comove-Se e envolve-Se. Deus, em Jesus Cristo, é ROSTO, e carne e corpo e vida. Deixa-Se ver e ouvir, deixa-Se tocar e perceber, deixa-Se amar e odiar, deixa-Se perseguir e matar.

E ainda assim Aquele Deus, que em Jesus Se torna tão próximo, continua a ser Deus. Na história de Jesus, Deus deixa-Se ver. Deixa-Se tocar. Podemos segui-l'O. A divindade como a realeza de Deus é caracterizada pelo abaixamento. É uma soberania de amor, a partir de baixo, a partir de dentro. Deus não Se impõe. Deus propõe-Se, expõe-Se. Sujeita-Se às coordenadas do espaço e do tempo. Sujeita-se a ser rejeitado, perseguido e morto.

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2 – A realeza de Cristo está despida de poder e das armaduras que pesam, distanciam, afastam e amedrontam. A coroa não tem pérolas ou esmeraldas. É uma coroa de espinhos, tecida com os fios do amor de Deus para connosco. Para Ele a nossa vida vale. Cada vida vale. Só não vale matar – tirar a vida – em nome d'Ele que nos dá a Sua própria Vida. Ele dá a Sua vida, para que a nossa seja abundante.

Não Se levanta para matar ou destruir. Oferece-Se como sacrifício. Dá a Sua vida para que nenhuma vida dada seja tirada ou desperdiçada. Puro dom, entrega total. Até ao fim. Até à última gota de sangue. Não se vislumbram grandezas. Nem exército, nem segurança pessoal, nem palácio, nem cetro. Somente Jesus, somente Ele, com a Sua vida, dando-Se. A realeza está no olhar, no falar, no tocar, no chamar, no amar, no servir. A realeza de Jesus está no encontro, no perdão e na bênção, na proximidade e na compaixão. Por nós.

Pilatos fica intrigado com Jesus. Pergunta-lhe se Ele é Rei. Jesus responde-lhe: «O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas lutariam para que Eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui». E logo acrescenta: «Sou Rei. Para isso nasci e vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade».

A busca do poder é uma característica (ou tentação) muito humana, mas que por vezes desumaniza. A manutenção do poder a qualquer custo, em qualquer situação, não com o ensejo de servir e de melhorar o mundo, mas como possibilidade de subjugar vontades e pessoas, em benefício pessoal, para autossatisfação, tirando proveitos à custa do trabalho e sacrifício de outros, torna o poder preservo.

Não seja assim entre vós. Dizia Jesus aos seus discípulos, preparando-os para um tempo novo em que eles se tornassem artífices dos novos céus e nova terra. Quem entre vós quiser ser o primeiro seja o servo de todos. Será como o Filho do Homem que veio não para ser servido mas para servir e dar a vida por todos. É um Rei que parte (para a guerra) para morrer em vez dos seus soldados, evitando que se percam. Ele não foge, não Se esconde, não envia outros em Seu lugar, não permite que outros “paguem” por Ele. Quem buscais? Jesus de Nazaré? Sou Eu mesmo!

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Textos para a Eucaristia (B): Dan 7, 13-14; Sal 92 (93); Ap 1, 5-8; Jo 18, 33b-37.

 

REFLEXÃO DOMINCIAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARISTAS IN VERITATE

19.11.15

Leituras: JOSÉ FRAZÃO CORREIA - A Fé vive de afeto.

mpgpadre

JOSÉ FRAZÃO CORREIA (2013). A Fé vive de afeto. Variações sobre um tema vital. Prior Velho: Paulinas Editora. 127 páginas.

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       No passado dia 14 de novembro de 2015, o Pe. José Frazão Correia, SJ (sacerdote jesuíta) foi o conferencista escolhido para orientar a reflexão/formação na Assembleia do Clero da Diocese de Lamego, que se realizou no Seminário Maior de Lamego. A apresentação do conferencista ficou a cargo de D. António Couto, Bispo de Lamego, sublinhando que o Pe. José era um teólogo promissor, com um cuidado e uma atenção muito poética dos textos publicados.

       O Pe. José Frazão é o atual Provincial dos Jesuítas. Natural de Leiria, de Alqueitão da Serra. Nasceu em 1970. Entrou para a Companhia de Jesus em 1995 e foi ordenado sacerdote em 2004.

O livro que agora sugerimos veio parar-nos às mãos, uns dias antes, disponível na Gráfica de Lamego (livraria religiosa da Diocese). Como seria o conferencista, valeria a pena ler alguma coisa por ele escrita, ou pelo menos esta era uma curiosidade acrescida.

       Depois da conferência na Assembleia do Clero,  “O Padre e o entusiasmo na evangelização”, cresceu o interesse em ler esta obra poética-teológica.

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 (Pe. José Frazão Correia no Seminário Maior de Lamego - Assembleia do Clero da Diocese de Lamego)

 

       O mundo em que vivemos relativizou a fé ou pelo menos o cristianismo. A Igreja não ocupa todo o espaço do mundo. E ainda bem. Pois Jesus Cristo também não ocupa todo o espaço. Jesus possibilita que o espaço e o tempo seja ocupado por outros, doentes, pecadores, estrangeiros. A Igreja não precisa de se impor, pela assunção de tradições e regalias, mas deve ser ponte para acolher a Palavra de Deus, para que as pessoas possam encontrar em Jesus Cristo a presença amorosa de Deus.

       A história de vida de Jesus, a Sua existência corpórea, encarnada, no tempo e no espaço, permite encontrar Deus. Na palavra proferida, nos gestos assumidos, na delicadeza, no trato com pessoas concretas, Jesus potencia o que há de melhor na humanidade, abre para a confiança. O cristianismo não é fácil nem resolve de uma assentada os problemas todos, é bênção e oportunidade de dar sentido a todas as situações da vida, seja benéficas ou diabólicas.

       Vale a pena ler algumas expressões que surgem ao longo do livro, para melhor perceber o texto e o contexto, e a prosa que se transforma em poema:

"Cada homem e cada mulher são oferecidos e impostos à existência. Hoje, talvez mais do que nunca, tornamo-nos responsáveis pelo nosso próprio património e destino, pelos nossos desejos, interrogações e passos... e a felicidade parece desenhar-se mais como cidade a sonhar e a construir do que paraíso perdido a lamentar... Não está tudo dado à partida, porque a partida é a possibilidade promissora de um caminho a fazer, de um sentido a fazer sensato".

"Graça e custo, honra e ónus são aa existência e a liberdade, desde o nascimento, lugar onde o essencial se prefigura e quase tudo está, ainda, por configurar. Todos começamos aqui. Todos nos iniciamos assim., pela bênção dos inícios. Admiravelmente, os dias da nossa vida começam tão promissores. E tão frágeis. Cada bebé que venha a este mundo é apresentado à luz como dádiva - é dado à luz. Por isso, poderá viver de gratidão, honrando para sempre a sua origem e o seu património".

"Com a graça, vem o custo. O que fora recebido, afinal, tem de ser conquistado, num espaço vital que se desenha entre a gratuidade e o custo, herança e invenção, chamamento e resposta..." 

"Para nos implicar, Deus não afeta menos do que a totalidade do que somos - corpo, afetos, desejos, inteligência, liberdade, imaginação, vontade - e não nos pediria menos do que começarmos por ser totalmente humanos!"

"Deus fez-se homem, assumiu a carne humana ou, dito de outra forma, a história efetiva daquele homem de Nazaré foi reconhecida como pertença real do Filho de Deus entre nós, para nosso bem".

"Gera-se a fé em Jesus de Nazaré como se gera a vida de cada ser humano: antes de mais, na confiança reconhecida, acolhida e correspondida... A nossa humanidade vem à luz e estrutura-se saudavelmente em encontros (o primeiro, do bebé com a mãe e o pai) e por meio de encontros que têm a confiança como marca elementar".

"A fé dá-se no terreno existencial do mundo quotidiano, corpóreo e sensível, ferial e transitório, complexo e fragmentário, contingente e ambíguo. Não pode, por isso, abstrair-se da realidade concreta daqueles que creem, com as suas histórias e os seus desejos, as suas fragilidades e paixões, a sua graciosidade e as suas desgraças, as suas feridas e sonhos".

"A abundância da graça divina, exposta no corpo do Filho, tem a força de atravessar todos os lugares demasiado apertados e perigosos da existência, reconciliando, salvaguardando e incrementando todas as possibilidades do humano".

"Deu perdeu o lugar nos lugares do nosso quotidiano... A sua passagem não invade o nosso espaço, mas cede-nos o lugar. A sua voz não abafa as palavras: dá-nos a palavra e a arte de dizer. A sua promessa não nos cancela o presente, porque é no presente que nos cura a imaginação e nos alarga o horizonte. A sua presença, como de quem passa, diz-nos A-Deus".

 

"O Santo não desdenha sentar-se à mesa de pecadores e mulheres de má vida. O Verbo cala-se na boca de uma criança que ainda tem de aprender a falar e na mudez de um condenado que já não tem direito à palavra... A vida passa pela dura prova da morte. Atravessa, por isso, com pés de barro, os altos e os baixos da condição humana, a sua graciosidade e as suas desgraças, as suas linguagens e a sua mudez, a sua fecundidade e a sua esterilidade, a sua justiça e a sua impiedade, a sua fé e a sua desconfiança. Memória e promessa, graça e esforço, silêncio e palavra, confiança e reconhecimento do dom da existência reencontram-se na história do filho de Deus entre nós. Não esqueçamos: é na carne e no sangue da nossa humanidade que o encontro entre Deus e cada homem e cada mulher se dá".

 

"Só Deus pode ser amado com todo o coração, porque só Ele pode garantir-nos a vida e reconhecer-nos plenamente no mistério que somos. Porque Ele é a origem desse som que não podemos dar-nos a nós mesmos. E, porque é Ele a plenitude e o reconhecimento do que, com esse dom, pudermos e soubermos dizer".

16.11.15

Leitura: SONALI DERANIYAGALA - Vida Desfeita

mpgpadre

SONALI DERANIYAGALA (2015). Vida Desfeita. Braga: Nascente. 240 páginas.

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Na manhã do dia 26 de dezembro de 2004, um violento TSUNAMI com uma abalo de 9,3 na escala de Richter, ao largo da ilha Sumatra, na Indonésia, gerando três ondas gigantes pelo sudeste asiático. O fenómeno resultou da fricção das placas tectónicas indo-australiana e euroasiática, gerando energia equivalente à explosão de milhares de bombas atómicas. Sentiu-se em África, mas com maior incidência na Ásia do Sul. Países afetados: Indonésia, Sri Lanka, Índia, Tailândia, Malásia, Maldivas e Bangladesh.

 

230 mil mortos e desaparecidos. Na Indonésia, 166 mil mortos. No Sri Lanka 40 mil pessoas perderam a vida; na Índia, 18 mil, e a Tailândia 8 mil.

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(Marido e filhos)

Aqui começa este Livro autobiográfico de Sonali Deraniyagala. Uma ONDA (título original) aproxima-se. A amiga, com quem estava a conversar, Orlantha, vislumbrou a aproximação do mar. Estranho. A espuma cada vez mais perto transforma-se em ondas. Castanhas e cinzentas. O mar cada vez mais perto. Rapidamente saem, ela, a amiga, o marido, os dois filhos. Para trás ficam os pais de Sonali. Um jipe dá-lhes boleia. O jipe avança mas a água também, a água começa a estar dentro do jipe, subindo, acabando por capotar. Sonali sente uma aperto, uma forte dor no peito, não vê ninguém, nem a amiga, nem o marido, nem os filhos, parece um sonho. "O meu corpo  estava enrolado e eu girava a grande velocidade... Fui empurrada pelo meio de ramos de árvores e arbustos e, de vez em quando, os meus joelhos e cotovelos embatiam em algo duro".

Flutuando de costas, vendo o céu azul. "Uma criança flutuou na minha direção. Um rapaz. A sua cabeça estava à tona e ele gritava. Papá, papá. Ele agarrava-se a algo. Parecia o banco partido de uma carro... À distância pensei que este rapaz fosse o Malli [o filho mais novo]. Tentei alcançá-lo... Vem à mamã, disse eu, bem alto. Depois vi a sua cara de perto. Não era o Mal. No instante seguinte, fui arrastada para o lado e o rapaz desapareceu".

Vai flutuando, tentando agarrar-se a alguma coisa, até que consegue alcançar um ramo e ficar com os pés no chão. "Estava dobrada ao meio e não conseguia endireitar-me. Agarrei os meus joelhos, estava ofegante, a sufocar. Tinha areia na boca. Definhava e cuspia sangue. Não parava de cuspir e cuspir. Tanto sal. Senti o corpo muito pesado. As minha calças estão-me a pesar, pensei. Tirei-as".

Tenta-se manter de pé, com a lodo a circundá-la. Ouve vozes que se aproximam. "Eles não me viam e eu não os via a eles". Um voz faz-se ouvir: "Há alguém aqui, já pode sair, a água desapareceu, estamos aqui para ajudar". Atónita, não se mexeu. Uma criança pede socorro e que atrai os homens. Nesse momento também a descobrem e, pacientemente a socorrem. Um deles tirou a camisa e atou-lha à cintura.

Este é o começo. Pela frente uma longa história, intensa, sofrível, com encontros e desencontros. Tempo para confirmar que o marido, os filhos e os pais morreram. Ao longo destas dezenas de páginas, Sonali testemunha a dor intensa pela perda, na tentação da desistência, a culpabilização, primeiro evitando os mesmos lugares de outrora, para não sofrer, depois indo em busca de sinais nos lugares em que viveu com o marido e os filhos. Refazer a vida sem aqueles que lhe davam sentido.

É uma história emocionante, um testemunho vivido. Percebe-se que o Psicoterapeuta conclui que uma das formas de ajudar Sonali era desafiá-la a por por escrito tudo o que recordava. Voltar aos lugares em que fora feliz e descobri o medo de viver sozinha sem os filhos e sem o marido. Rever os filhos nos amigos dos filhos, da mesma idade e imaginando-os em diferentes situações.

Sonali nasceu e foi criada em Colombo, no Sri Lanka. É licenciada em Economia pela Universidade de Cambridge e doutorada pela Universidade de Oxford. Divide o tempo entre Universidades, entre Londres e Nova Iorque.

O livro foi publicado em 2013 e foi considerando o melhor do ano na categoria de não-ficção pelo New York Times. Temporalmente fixa-se em 2004 e estende-se até 2012, anos que se sucederam ao Tsunami.

14.11.15

Hão de ver o Filho do homem vir sobre as nuvens

mpgpadre

1 – Olhamos a vida, habitualmente, em função do hoje e do amanhã. O passado pode bloquear-nos, retirando-nos a confiança, ou permitir enfrentar o futuro com esperança. O convite da palavra de Deus é para acolher a vida como dom a viver todos os dias e com o olhar fito no nosso encontro definitivo com Deus.

As contas fazem-nos no fim, mas podemos ir organizando a contabilidade para que no final tudo bata certo, sem precisarmos de medidas extraordinárias. Viver cada dia (carpe diem) com as suas preocupações e com a confiança em Deus, não nos dispensa do empenho na transformação do mundo, pelo contrário, quanto mais perto de Deus e mais certos do Seu amor por nós mais implicados uns com os outros. Somos filhos de Deus e, tendo Deus por Pai, somos irmãos.

Quem vai para o mar prepara-se em terra. Quando sabemos ao que vamos torna-se mais fácil lidar com os imprevistos.

«Depois de uma grande aflição, o sol escurecerá e a lua não dará a sua claridade; as estrelas cairão do céu e as forças que há nos céus serão abaladas. Então, hão de ver o Filho do homem vir sobre as nuvens, com grande poder e glória. Ele mandará os Anjos, para reunir os seus eleitos dos quatro pontos cardeais, da extremidade da terra à extremidade do céu». Apesar de todas as contrariedades e contradições que tenhamos de enfrentar, a certeza da salvação.

Jesus previne os seus discípulos para que não fiquem pasmados à espera que o Céu lhes caia em cima, mas, com a força do Espírito, ponham os dons a render. «Quanto a esse dia e a essa hora, ninguém os conhece: nem os Anjos do Céu, nem o Filho; só o Pai».

Cabe-nos trabalhar para que os tempos se tornem favoráveis.

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2 – Prosseguindo, Jesus utiliza uma imagem da natureza: «Aprendei a parábola da figueira: quando os seus ramos ficam tenros e brotam as folhas, sabeis que o Verão está próximo. Assim também, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que o Filho do homem está perto, está mesmo à porta».

Em alguns momentos da história, grupos de pessoas, que aumentaram nos finais de século e milénio, viveram atormentados por estas mensagens apocalípticas (revelações). O que desperta e prende mais a nossa atenção são as más notícias ou revelações catastróficas. Certamente nos lembramos das ocasiões em que Jesus anuncia a sua morte e logo anuncia também a sua ressurreição! Os discípulos fixam-se no anúncio da morte, e daí a tristeza que sentem e as negociatas de lugares que encetam para o tempo após e sem Jesus.

Hão de ver o Filho do Homem, com grande poder e glória, com os Seus Anjos, a recolher os eleitos, da extremidade da terra à extremidade do céus, dos quatro pontos cardeais. Eleitos pelo batismo, precisamos de permanecer eleitos, deixando que a Misericórdia de Deus nos molde e nos implique na caridade com todos.

 

3 – A primeira leitura apresenta a mesma linguagem apocalíptica, entenda-se REVELAÇÃO: Deus vem salvar-nos. Não será uma salvação a prazo ou às prestações, mas integral, extensível a todos.

«Surgirá Miguel, o grande chefe dos Anjos, que protege os filhos do teu povo. Será um tempo de angústia... Mas nesse tempo, virá a salvação para o teu povo, para aqueles que estiverem inscritos no livro de Deus. Muitos dos que dormem no pó da terra acordarão, uns para a vida eterna, outros para a vergonha e o horror eterno».

O texto de Daniel faz emergir, tal como vimos no Evangelho, a mesma dicotomia: por um lado, tempos conturbados, limitados no tempo, e, por outro lado, a salvação de Deus, definitiva. A angústia do tempo presente em nada é comparável com a alegria e a glória de Deus. Poderíamos de novo usar a imagem da mulher que está para ser mãe: as dores do parto darão lugar à alegria e satisfação pelo nascimento do filho. A toma de medicamentos é mais fácil quando há a certeza que vamos melhorar.

São palavras de conforto e de esperança, para não nos perdermos nas dificuldades, para não cairmos no desencanto e no vazio, para não nos deixarmos abater, por maiores que sejam os tormentos.

________________________

Textos para a Eucaristia (B): Dan 12, 1-3; Sl 15 (16); Hebr 10, 11-14. 18; Mc 13, 24-32.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

11.11.15

Paróquia de Tabuaço: Magusto da catequese | 14.11.2015

mpgpadre

Na próxima quarta-feira, 11 de novembro, celebra-se a memória de São Martinho de Tours, cuja história de vida desafia à partilha, ao cuidado, a agasalhar aqueles que têm pouco que vestir, e fazer com que o SOL possa nascer para outros. É tradicionalmente o dia de assar castanhas e enxertar o pipinho.

Na Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, o magusto realiza-se no âmbito da catequese paroquial, aberto a toda a comunidade, para os meninos, jovens, catequistas, pais, para todos os que amavelmente se juntam à festa, e no sábado seguinte ao dia de São Martinho, este ano a 14 de novembro.

Iniciámos com a Eucaristia e prosseguimos com o Magusto.

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10.11.15

Leituras: ÓSCAR ROMERO - A IGREJA NÃO PODE CALAR-SE

mpgpadre

ÓSCAR ROMERO (2015). A Igreja não pode calar-se. Escritos inéditos 1977-1980. Prior Velho: Paulinas Editora. 144 páginas

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       D. Óscar Romero nasceu a 15 de agosto de 1917, na Cidade de Barrios. Aos 13 anos entrou no Seminário. Foi ordenado sacerdote a 4 de abril de 1942, em Roma, onde se encontrava a efetuar estudos na Universidade Gregoriana.

       Em 1970, foi sagrado Bispo. Tinha 53 anos.
       Em 15 de outubro de 1974, torna-se Bispo de Santiago de Maria.
       Em 3 de fevereiro de 1977, foi escolhido para Arcebispo de São Salvador, assumindo a Arquidiocese a 22 de fevereiro.
       É assassinado por um profissional, com um só disparo, uma bala de fragmentação no peito, a 24 de março de 1980, enquanto celebrava Missa. Tinha 62 anos de idade.
       Esta breve biografia permite-nos situar no tempo e no espaço o Bispo que ofereceu a vida pelo povo de Salvador. Como sacerdote procurou manter-se íntegro, na fidelidade ao Evangelho e à Igreja, mormente na unidade com o magistério papal.
       Um homem decidido. Quando foi necessário ir mais longe para defender os mais pobres não hesitou em usar os meios que tinha ao alcance para exigir justiça social, ordenados justos, atenção aos mais desfavorecidos. A oração e o Evangelho como ponto de partida e de chaga. A conversão a Jesus. A sociedade só se transformará com a conversão. Não adianta transformar as estruturas se os corações não mudarem.
       Em 10 de março de 1977, pouco tempo depois de tomar posse da Arquidiocese, foi assassinado o padre Rutilio Grande, juntamente com ele, dois camponeses, um idoso e um rapaz. A partir de então, as intervenções de D. Óscar Romero, no púlpito, na rádio, nos jornais, nos encontros com diversas pessoas, serão ocasião para reafirmar o Evangelho da caridade e do serviço, da liberdade e da dignidade humanas. Nas homilias eram relatados os casos que se iam sucedendo de perseguição àqueles que se opunham ao regime. D. Óscar Romero coloca-se ao lado dos mais pobres, mas além das facções de esquerda ou de direita. É acusado por uns e por outros. As suas palavras e os seus gestos visam a libertação integral de todos, de cada pessoa. Pede oração e Evangelho.
       Neste livro são recolhidos textos de cartas, mensagens, em que se vê a coerência das intervenções. O que diz em público defende-o também em privado. Conselhos, pensamentos, selecionados e comentados por Jesús Delgado, um dos seus primeiros biógrafos.
       Quase sempre pede à pessoa que lhe escreve que reze, que reflita, que leia o Evangelho. Por vezes refere os capítulos específicos que deve rezar aquele/a que lhe escreve. Elucida sobre a mensagem cristã, aponta caminhos, sugere ponderação, que passa inevitavelmente pela oração. Pede que rezem pelos perseguidores, pelos soldados, por aqueles que recorrem à violência.
       Numa das cartas, recomenda ao seu interlocutor, que faz questão em ouvir pela rádio  as suas homilias, que é preferível que vá à Missa, ou arranjar um horário para conciliar.
       O compromisso pela conversão é extraordinariamente explícito, mas firme na denúncia e na procura de ajudar os que se encontram em situações desesperantes.
       Já aqui recomendámos a Biografia D. Oscar Romero, de Roberto della Rocca, onde se encontram alguns trechos de homilias e/ou intervenções. Estes escritos inéditos poderão comprovar o quanto se disse na biografia e ao mesmo tempo permitem ler os textos do próprio, percebendo-se a sua sensibilidade e o amor a Jesus Cristo e à Igreja, no compromisso pelos outros, rementendo-nos para o capítulo 25 de São Mateus: o que fizerdes a um dos meus irmãos mais pequeninos a Mim o fazeis!

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