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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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31.10.15

Onde passam os santos, Deus passa com eles...

mpgpadre

1 – Bento XVI: "A santidade não passa de moda, por isso, com o decorrer do tempo, resplandece de forma luminosa e manifesta a tensão perene do homem em relação a Deus".

O Vaticano II relembra a vocação universal à santidade: "Todos os cristãos, de qualquer condição ou estado, são chamados pelo Senhor a procurarem, cada um por seu caminho, a perfeição daquela santidade pela qual o Pai celeste é perfeito" (LG 11).

O mandato de Jesus: «sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai que está no céu» (Mt 5, 48). Jesus revela-nos a santidade de Deus, traduzindo-a na Sua vida como oferenda plena.

São João XXIII desafia-nos a traduzir a fé em obras: "as palavras movem; os exemplos arrastam". Do mesmo jeito o Beato Paulo VI: «O homem contemporâneo escuta com melhor boa vontade as testemunhas que os mestres ou então se escuta os mestres, é porque são testemunhas». Diz-nos São João Paulo II: "Onde passam os santos, Deus passa com eles". E a Beata Teresa de Calcutá: "A santidade não é qualquer coisa de extraordinário, não é um luxo para alguns eleitos. A santidade é para cada um de nós um simples dever".

No dia 18 de outubro, o Papa Francisco canonizou os Pais de Santa Teresa do Menino Jesus, São Louis Martin (1823-1894) e Santa Zélie Guérin Martin, pondo em evidência que a santidade é para todos. Em 2001, João Paulo II tinha beatificado o casal italiano, Luís e Maria Quatrochi, pelo seu amor e serviço à família e à vida.

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2 – A solenidade de Todos os Santos sintoniza-nos com a eternidade de Deus, junto de Quem se encontram multidões de crentes. Na linguagem simbólica do Apocalipse, "cento e quarenta e quatro mil, de todas as tribos dos filhos de Israel, uma multidão imensa, que ninguém podia contar".

O número mil significa multidão! 144 mil são multidões de pessoas, originárias de todos os povos, línguas e nações. A santidade, como a salvação, não é um privilégio de uma elite. Está ao alcance de todos, em toda a parte, em todo o tempo. Só Deus é santo. É esta santidade que recebemos no batismo.

É o amor de Deus que nos santifica, assumindo-nos como filhos no Filho: «Vede que admirável amor o Pai nos consagrou em nos chamar filhos de Deus. E somo-lo de facto. Somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos tal como Ele é. Todo aquele que tem n’Ele esta esperança purifica-se a si mesmo, para ser puro, como Ele é puro».

 

3 – A multidão dos Santos que estão diante do Cordeio de Deus são esperança e desafio. A nossa fé compromete-nos com a eternidade. Em Jesus Cristo, Deus vem morar comigo e contigo, faz em nós a Sua morada. Cristo mostra-nos o caminho da vida eterna.

Ele segue connosco. Fez-Se um de nós, assumindo-nos na inteireza da nossa carne, da nossa fragilidade e da nossa finitude. Quando o Seu tempo cronológico no meio de nós se esgotou, não nos abandonou à nossa sorte, confiou-nos a Palavra, os Sacramentos, assegurou a Sua presença, pelo Espírito Santo. Ficou também nos pobres, nos mais frágeis de entre nós, onde O podemos encontrar.

O caminho para O encontrarmos, imitando-O, está contido nas Bem-aventuranças: «Bem-aventurados os pobres em espírito... os humildes... os que choram... os que têm fome e sede de justiça... os misericordiosos... os puros de coração... os que promovem a paz... os que sofrem perseguição por amor da justiça... Bem-aventurados sereis, quando, por minha causa, vos insultarem, vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós. Alegrai-vos e exultai, porque é grande nos Céus a vossa recompensa».

As Bem-aventuranças agrafam-nos ao Caminho de Jesus, estrada aberta para a eternidade. Deus santifica-nos para que transpiremos a santidade na nossa vida e a comuniquemos aos outros.

 

6 – Tudo nos vem de Deus. Quando nos faltar o ânimo, a luz, a coragem, quando nos desviarmos do caminho e nos perdermos, quando o sofrimento nos toldar o olhar e a confiança, saibamos que Deus é Pai. Falemos com Ele: "Deus eterno e omnipotente, que nos concedeis a graça de honrar numa única solenidade os méritos de Todos os Santos, dignai-Vos derramar sobre nós, em atenção a tão numerosos intercessores, a desejada abundância da vossa misericórdia".

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Textos para a Eucaristia (B): Ap 7, 2-4. 9-14; Sl 23 (24); 1 Jo 3, 1-3; Mt 5, 1-12a.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

28.10.15

Paróquia de Tabuaço: Todos os Santos e Fiéis Defuntos

mpgpadre

Dias 1 e 2 de novembro marcam o início do mês das almas, com a solenidade de Todos os Santos e Comemoração dos Fiéis Defuntos, que faz deslocar milhares de pessoas, que regressam onde repousam os restos mortais dos seus familiares e amigos falecidos. A memória, a gratidão, mas também a fé, a celebração da vida e da esperança em Deus, congregam crentes ou menos crentes.

Para dúvidas que possam surgir, para aqueles que estejam em Tabuaço ou queiram deslocar-se à nossa paróquia e participar nas diferentes celebrações, aqui ficam os horários. Juntam-se já a indicação de outras atividades pastorais / celebrações, que envolvem a comunidade paroquial de Nossa Senhora da Conceição.

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24.10.15

Que queres que Eu te faça? | Mestre, que eu veja.

mpgpadre

1 – O CAMINHO de Jesus constrói-se em movimento. São Marcos mostra como Jesus avança, progredindo na Mensagem, aprofundando as temáticas, exigindo cada vez mais e de forma mais clarividente. Vai ganhando CONFIANÇA, que Lhe vem de Deus, mas que testa no encontro com as multidões e com os discípulos.

O Evangelho de Marcos possibilita a reflexão à volta do segredo messiânico. Jesus realiza prodígios, revela pouco a pouco a Sua identidade, mas pede "segredo" – não digais nada a ninguém. É, segundo os estudiosos, uma criação literária do evangelista para nos envolver na revelação (progressiva) de Jesus como Filho de Deus, o que só acontecerá plenamente na Ressurreição, cuja luz eliminará as dúvidas e as trevas, mas que se desvela em diferentes momentos. Jesus deixa-Se ver, deixa-Se tocar, deixa-Se acolher. Podemos segui-l’O.

Jesus segue o Seu CAMINHO a caminhar. À beira do caminho está um cego a pedir esmola. Um mal nunca vem só. Não basta ser cego ainda é pobre pedinte. À beira continuam muitos cegos, refugiados, doentes, idosos, pobres. Estão à beira, quase fora, alheados, excluídos. Não estão no caminho, porque se afastaram ou foram impedidos de entrar nele. O texto mostra as diferentes possibilidades.

A voz do cego faz-se ouvir: «Jesus, Filho de David, tem piedade de mim». Certamente que já tinha ouvido falar de Jesus.

Veja-se a dualidade da multidão. Por um lado, espalhou o "segredo" sobre Jesus. Por outro, afasta aquele homem, silencia-o. Muitos tentam calá-lo. “Não nos incomodes com os teus problemas!”

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2 – Adentremo-nos no CAMINHO de Jesus. Somos o cego que reconhece a sua insuficiência e suplica a Jesus pela cura? Somos a multidão que divulga os feitos do Messias? Ou, a multidão que afasta os outros de chegarem perto de Jesus? Damos testemunho ou tornamos opaca a presença de Deus na nossa vida?

Jesus mostra a delicadeza que devemos usar uns com os outros. A multidão não abafa a voz de Bartimeu. Jesus está atento a quem se abeira ou a quem está fora ou na margem do caminho. Se é necessário uma paragem ou um desvio, Jesus não hesita. É agora que Ele é necessário. Há quem precise d'Ele neste momento. Tudo o mais é relativo.

Manda chamar Bartimeu. Mais uma parábola para o nosso compromisso cristão. Também a nós Jesus nos diz: «Chamai-o». Ide e anunciai. Espalhai o Evangelho. Fazei discípulos de todas as nações. Ide à procura da ovelha perdida.

A multidão responde ao desafio de Jesus e anima-o: «Coragem! Levanta-te, que Ele está a chamar-te». Por vezes é necessário um pequeno impulso e depois tudo se facilita. É preciso que alguém inverta a tendência negativa. Jesus dá um passo, a multidão dá o seguinte.

E logo, "o cego atirou fora a capa, deu um salto e foi ter com Jesus". A cura já começara no momento em que este cego ouviu falar de Jesus. Quando soube que Jesus estava por perto fez tudo para se encontrar com Ele. Pergunta-lhe Jesus: «Que queres que Eu te faça?».

Para sermos curados precisamos, primeiramente, de ter consciência que estamos doentes e depois querermos ser curados. E o pedido é óbvio: «Mestre, que eu veja».

 

3 – «Vai: a tua fé te salvou». O cego – como bem lê o nosso Bispo, D. António Couto – pede para ver e Jesus envia-o: VAI. Estaríamos à espera que Jesus lhe dissesse: vê. Mas para ver precisa de IR, de andar, de caminhar, de se colocar em movimento, de sair do seu canto e partir ao encontro de Jesus. Também nós somos cegos quando não queremos ver, quando nos recusamos a caminhar em direção aos outros, quando nos fechamos, ensoberbecendo-nos.

Esta passagem ilustra a atitude para seguir Jesus. Antes, víamos os apóstolos a quererem um lugar ao lado de Jesus, sentados. Agora um cego, que está sentado, como sublinha D. António Couto, sentado e a pedir esmola, e que se LEVANTA para encontrar Jesus. A posição do discípulo é seguir Jesus, levantar-se, libertar-se de si e do que lhe pesa. Seguindo Jesus somos curados da nossa cegueira.

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Textos para a Eucaristia (B): Jer 31, 7-9; Sl 125 (126); Hebr 5, 1-6; Mc 10, 46-52.

 

REFLEXÃO DOMINICAL COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

17.10.15

O Filho do homem veio para servir e dar a vida por todos

mpgpadre

1 – «O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida pela redenção de todos».

O Evangelho transparece o CAMINHO que Jesus percorre e propõe. À volta do Mestre da Vida, há muitas aproximações mas também muitos distanciamentos. Os discípulos testemunham o DIZER e o AGIR de Jesus. Com eles também nós ficamos ora admirados, ora com dúvidas, ora estranhando as Suas opções. Para Quem é todo-poderoso como pode anunciar a fragilidade, a finitude e a morte?!

Os discípulos precisam de muito tempo para assimilar a mensagem. Feitos da mesma massa que nós, caminham (como nós) entre avanços e recuos, entre entusiasmos e refreamentos. No aplauso da multidão deixam-se empolgar pelo sucesso que se avizinha. Com as chamadas de atenção de Jesus, que lhes anuncia tempos difíceis, começam a pensar que lugares poderão ocupar na sucessão ao Mestre.

Quem ocupará o primeiro lugar na "ausência" de Jesus? A resposta é uma provocação constante: quem de entre vós quiser ser o primeiro seja o servo de todos. Os discípulos ouvem a mensagem de Jesus mas logo se esquecem e voltam à carga. E Jesus volta a insistir que o maior será aquele que mais serve!

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2 – O evangelho de hoje é um exercício admirável que interpreta a nossa vida. Numa ou noutra ocasião podemos rever-nos no pedido de Tiago e de João: «Mestre, concede-nos que, na tua glória, nos sentemos um à tua direita e outro à tua esquerda».

A reação dos demais apóstolos não nos permite colocar-nos fora desta cena, pois todos padecemos do mesmo ou, pelo menos, corremos tal risco. Os outros dez indignam-se contra Tiago e João, não pelo que desejam e pedem a Jesus, mas por se terem antecipado.

O reino de Deus no meio de nós inicia-se com a Encarnação. Deus em Jesus faz-Se um de nós e um entre nós. Vem para viver, para amar servindo, para servir amando. Ele "que era de condição divina, não Se valeu da sua igualdade com Deus, mas aniquilou-Se a Si próprio. Assumindo a condição de servo, tornou-Se semelhante aos homens" (Filip 2, 6-11).

Os discípulos estão expectantes! Para eles, no reino de Deus mudarão as caras ainda que fique tudo mais ou menos igual. Qualquer semelhança com as democracias atuais não é mera coincidência.

Curiosamente, Tiago e João estão dispostos a fazer sacrifícios se isso significar serem colocados no melhor lugar. «Podeis beber o cálice que Eu vou beber e receber o batismo com que Eu vou ser batizado?». Resposta pronta dos dois irmãos: «Podemos».

Perentoriamente Jesus lhes diz: «Bebereis o cálice que Eu vou beber e sereis batizados com o batismo com que Eu vou ser batizado. Mas sentar-se à minha direita ou à minha esquerda não Me pertence a Mim concedê-lo; é para aqueles a quem está reservado».

 

3 – Jesus tem consciência que a prossecução da Sua missão – na opção pelos mais frágeis, indo ao encontro de todos mas especialmente dos excluídos, dos pobres, dos doentes, dos pecadores públicos, dos publicanos, na abertura aos estrangeiros; na crítica declarada às injustiças sociais, à incoerência de vida, entre o que se exige aos outros e o que se pratica, à frieza do legalismo que coloca a lei antes e acima da pessoa – mais tarde ou mais cedo provocará o desenlace expectável: a prisão e a morte!

Os apóstolos vão também tomando consciência dessa possibilidade. Quando Pedro repreende Jesus por Ele dizer que vai ser morto, compreende já o receio dos discípulos, precavendo-O para que tome cuidado e eventualmente altere a trajetória.

Aí está a voz sapiente de Jesus para eles e para nós, com insistência: «Sabeis que os que são considerados como chefes das nações exercem domínio sobre elas e os grandes fazem sentir sobre elas o seu poder. Não deve ser assim entre vós: quem entre vós quiser tornar-se grande, será vosso servo, e quem quiser entre vós ser o primeiro, será escravo de todos». É o que Ele faz. Assim nós se quisermos ser Seus discípulos. Cabe-nos imitá-l'O.

________________________

Textos para a Eucaristia (B): Is 53, 10-11; Sl 32 (33); Hebr 4, 14-16; Mc 10, 35-45.

 

REFLEXÃO COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE.

15.10.15

Leituras: MARIA VICTORIA MOLINS - TERESA MUDOU DE NOME

mpgpadre

MARIA VICTORIA MOLINS, s.t.j. (2015). Teresa Mudou de Nome. Braga: Editorial A.O., 160 páginas.

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       Decorre ainda o Ano da Vida Consagrada, que assenta na vida de Santa Teresa de Ávila do 5.º Centenário do seu nascimento. Santa Teresa de Jesus nasceu dentro da cidadela de Ávila, a 28 de Março de 1515, sendo baptizada como Teresa de Ahumada.

       Aos 17 anos entra nas Agostinhas de Grácia, como interna, onde brotará a vocação, entrando, alguns meses depois na Encarnação de Ávila. A 3 de novembro de 1536, faz a sua profissão religiosa. A experiência no convento é, num primeiro momento, uma oportunidade para uma vida social intensa. Sendo de uma família com muitas posses, leva uma vida regalada. O pai procurou que ela levasse uma vida mais recatada, longe dos olhares e sobretudo de comentários populares.

       Será atacada de doenças várias: desequilíbrio nervoso, dores atrozes, doença do coração. Nessa altura terá os primeiros momentos de oração e de recolhimento.

       No convento da Encarnação leva uma vida folgada e tranquila, com pouca oração e se exercícios em comum com as outras irmãs. O seu lucatório é espaço onde se encontrava a alta sociedade de Ávila. Vive assim durante 20 anos. Só aos 40 anos, a história da sua vida começa a ter uma direção diferente e que a comprometerá com a reforma religiosa que dará origem a um novo movimento de renovação da vida religiosa e consagrada. Aos 45 anos tem as primeiras visões e no ano seguinte funda o primeiro convento reformado, São José de Ávila. A ânsia de reforma espiritual, leva-a a percorrer a Espanha, fundando diversos conventos.

       O encontro com o grande místico São João da Cruz, em novembro de 1568, vai levar à reforma da vida religiosa entre os homens, com o convento de Duruelo.

       É considerada um dos maiores génios que a humanidade já produziu, possuía uma viva e arguta inteligência, num estilo vivo e atraente e com um profundo bom senso.

       Faleceu no dia 4 de outubro de 1582 e enterrada ao outro dia.

       Foi canonizada em 1622, com o Papa Gregório XV e em 1970, foi proclamada pelo Papa Paulo VI, com Santa Catarina de Sena, Doutora da Igreja, pelo Papa Paulo VI. As duas primeiras mulheres a receberem este título.

       Refira-se que Santa Teresa do Menino Jesus se inspirou em Santa Teresa de Jesus para viver uma vida de total entrega e aperfeiçoamento a Deus, em tudo, nas pequenas coisas do dia a dia, em todas as tarefas. Mais tarde, Santa Teresa Benedita da Cruz (Edith Stein) inspirar-se-á nas duas Santas Teresa's, convertendo-se ao cristianismo e comprometendo-se na vida religiosa. E mais recentemente, também a popularmente aclamada Santa (Beata) Teresa de Calcutá adoptará o mesmo nome para viver uma vida de entrega total a Jesus Cristo.

       Este livrinho romanceia a vida de Santa Teresa de Jesus, no seu ambiente familiar, abordando as condições económicas e sociais dos primeiros tempos, e a "rebeldia" da infância e da adolescência, a entrada "forçada" num convento e os primeiros tempos de verdadeira "conversão", juntando outras irmãs religiosas e reformando a vida consagrada.

       Para quem não despende de tempo e/ou vontade para ler as Obras Completas de Santa Teresa, este livro é uma oportunidade para se deixar encantar pelo sonho de santa Teresa.

10.10.15

«Bom Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna?»

mpgpadre

1 – «Falta-te uma coisa: vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-Me».

Jesus compreende a nossa limitação, mas também a capacidade de progredirmos. Alguém se aproxima de Jesus, ajoelha-se e pergunta: «Bom Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna?».

Aquele homem tem pressa em chegar perto de Jesus e esperança de encontrar respostas para a inquietação que lhe vai na alma. Deixou o que estava a fazer! Ou não queria perder tempo porque tinha muitas ocupações! Jesus responde-lhe com a Sagrada Escritura: «Porque Me chamas bom? Ninguém é bom senão Deus. Tu sabes os mandamentos: Não mates; não cometas adultério; não roubes; não levantes falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe’».

Só Deus é Deus, só Deus é bom. Como seres humanos estamos a caminhar. Jesus recorda os mandamentos, sancionando a mensagem mosaica. Porém, cumprir a lei só por cumprir, como obrigação imposta, ou como tradição convencionada, não traz alegria à vida. A vida enfaixada na lei, nos preceitos, nos medos, sem convicção. Falta a chama do amor, da paixão, da vida nova.

Cumprir regras, em obediência cega, não implica viver. Jesus lança-lhe e lança-nos o repto: «Falta-te uma coisa: vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-Me». Nada se pode interpor entre nós e o seguimento. Se temos muitos afazeres, o seguimento de Jesus não é (ainda) para nós.

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2 – «Como será difícil para os que têm riquezas entrar no reino de Deus!»

Jesus sendo rico fez-Se pobre para nos enriquecer com a Sua pobreza (cf. 2 Cor 8, 9). O chão do Evangelho: serviço aos outros e sobretudo aos mais pobres. Quem quiser ser o maior será o menor de todos e o servo de todos (cf. Mc 9, 30-37).

Este homem tinha muitos bens para “comprar” a vida eterna! Mas o que há de mais importante na vida não tem preço. Em contrapartida, Jesus oferece-lhe a vida eterna! Como dom!

Apesar de ser "materialmente" um homem muito rico, é espiritualmente um homem muito pobre, que não consegue ser feliz. Há mais alegria em dar do que em receber (cf. Atos 5, 35). A felicidade mede-se mais pelo número de amigos do que pela quantidade de bens.

 

3 – A opção preferencial pelos mais pobres, o compromisso social, a erradicação da pobreza, estão bem vincadas neste texto. Àquele homem é proposto o despojamento e a partilha; a pobreza como opção de vida. Uma pobreza para enriquecer os demais e para se enriquecer com o maior dos tesouros: a vida eterna. "De nenhum fruto queiras só metade" (Miguel Torga). Vive a vida por inteiro, e não à espera; como ator e não como espectador; age, atua, transforma o mundo que habitas. Não guardes somente para ti. Quando partires, segue contigo o que foste e viveste, nunca o que adquiriste. Verdadeiramente teu é o que partilhares com os outros. As coisas que guardas não as possuis, são elas que te possuem.

O que está em causa não são os bens ou a riqueza material, mas a avareza, a ganância desmedida. Naquele homem não há espaço para a vida, para a alegria, para a festa, para a partilha.

«Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus».

Todos precisamos de bens que permitam viver com dignidade. O trabalho honesto e retribuído com justiça dignifica o trabalhador e o proprietário. Importa não esquecer, parafraseando Jesus Cristo, que o trabalho é para engrandecer a pessoa e nunca para a escravizar.

 

4 – «Quem pode então salvar-se?». A resposta de Jesus é clarificadora: «Aos homens é impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é possível». Não somos nós que nos salvamos, é Deus que nos salva para além do tempo e da história. É Deus, somente Deus, que nos resgata na nossa mortalidade e nos abre as portas da eternidade. A promessa de Jesus envolve também as perseguições, as dificuldades.

______________________

Textos para a Eucaristia (B): Sab 7, 7-11; Sl 89 (90); Hebr 4, 12-13; Mc 10, 17-30.

 

Reflexão dominical COMPLETA no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

03.10.15

Não separe o homem o que Deus uniu

mpgpadre

1 – Fomos criados à imagem e semelhança de Deus, que é Pai e Filho e Espírito Santo. Santíssima Trindade. Comunidade de vida e de amor. Também nós somos família, fomos criados para vivermos como povo, como irmãos, solidariamente, ajudando-nos. Osso dos meus ossos, carne da minha carne. Estamos enxertados uns nos outros, ainda que nos esqueçamos da nossa origem, identidade e ADN, cujas células se interligam além da aparência e das diferenças.

Quando olhamos para nós e para o mundo em que vivemos, constatamos o quanto estamos distantes deste ideal de vida fraterna, sinal e expressão da vida de Deus. O autor do Génesis chegou à mesma conclusão: observou os conflitos, as guerras, a violência, o derramamento de sangue dentro das famílias, ódios e invejas. Concluiu que o projeto de Deus se transformou ao longo das gerações. O início não poderia ter sido assim. Deus não projetaria a desgraça. O que terá então acontecido? O pecado. O egoísmo, a pressa em resolver tudo à sua maneira, a inveja pelos dons dos outros, a não-aceitação das diferenças. Por outras palavras: a disputa sobre quem é o maior!

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2 – A Palavra de Deus centra-nos no serviço ao outro como único caminho para seguir Jesus. Os primeiros, no reino de Deus, serão os que amam de todo o coração os irmãos e deles cuidam.

Os fariseus estão por perto e atentos. Formavam, na realidade, um grupo religioso muito zeloso pelo cumprimento da lei mosaica. O problema surge no radicalismo excludente, quando se coloca em causa a soberania de Deus e a universalidade da salvação.

Aproximam-se de Jesus e põem-n'O à prova: «Pode um homem repudiar a sua mulher?». Jesus fá-los procurar a resposta em Moisés: «Moisés permitiu que se passasse um certificado de divórcio, para se repudiar a mulher». Logo Jesus completa, dizendo-lhes da provisoriedade da lei mosaica: «Foi por causa da dureza do vosso coração que ele vos deixou essa lei. Mas, no princípio da criação, ‘Deus fê-los homem e mulher… não separe o homem o que Deus uniu».

No início, Deus criou o Homem e a Mulher para viverem harmoniosamente e se auxiliarem mutuamente: «Não é bom que o homem esteja só: vou dar-lhe uma auxiliar semelhante a ele». A terra estava povoada de seres vivos, animais, aves, peixes. Mas o homem precisava de alguém que lhe fosse igual, da sua estirpe, do seu sangue. É preciso encontrar um olhar que possa ser devolvido na mesma proporção, um sorriso que possa ser acolhido, devolvido, partilhado: «Esta é realmente osso dos meus ossos e carne da minha carne».

 

3 – Em casa os discípulos procuram compreender melhor as palavras de Jesus. A Sua resposta é taxativa: «Quem repudiar a sua mulher e casar com outra, comete adultério contra a primeira. E se a mulher repudiar o seu marido e casar com outro, comete adultério».

É uma resposta que nos custa ouvir, sabendo da nossa fragilidade e da nossa pequenez e da dificuldade enorme que muitas vezes se coloca em prosseguir um matrimónio sonhado e realizado. Teremos que encontrar o jeito para não excluir ninguém com a escusa dos princípios, mas também sem mitigar a verdade do Evangelho, do matrimónio e da família. Há de prevalecer a misericórdia.

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4 – Apresentam a Jesus umas crianças para que Ele as abençoe. Os discípulos acham as crianças um estorvo. Jesus faz-lhes ver de novo que os pequeninos são os preferidos: «Deixai vir a Mim as criancinhas, não as estorveis: dos que são como elas é o reino de Deus. Em verdade vos digo: Quem não acolher o reino de Deus como uma criança, não entrará nele». Sublinha São Marcos: Jesus "abraçando-as, começou a abençoá-las, impondo as mãos sobre elas".

Belíssima coincidência: celebra-se hoje a memória de São Francisco de Assis, expoente luminoso da Igreja como serviço, tendo-se tornado pobre para servir especialmente os mais pobres, para seguir Jesus, imitando-O na opção preferencial pelos mais frágeis.

_________________________

Textos para a Eucaristia (B): Gen 2, 18-24; Sl 127 (128); Hebr 2, 9-11; Mc 10, 2-16.

 

Reflexão dominical COMPLETA no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE

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