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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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31.05.15

Maria pôs-se a caminho...

mpgpadre

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O anjo anuncia a Maria que Ela vai ser a Mãe do Filho do Altíssimo. A esta informação acrescenta outra: Isabel, a quem chamavam estéril, também vai ser mãe. Sem delongas, Maria faz-se à estrada e parte apressadamente para uma cidade da Judeia (Ain Karim, aproximadamente 140 Km), para auxiliar Isabel, no final da gravidez (cf. Lc 1, 39-56).

Parar é morrer. Expressão popular que escutámos amiúde.

Estamos em movimento constante. Até dentro de nós. Na sua mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, o Papa Francisco acentuava esta característica vocacional. Colocar-se à escuta e sair de si. “A vocação cristã só pode nascer dentro duma experiência de missão”.

Como não lembrar a Sua insistência numa Igreja em saída, sendo preferível uma Igreja acidentada por sair que uma Igreja doente por estar parada?!

A condição mesma do cristão é um exercício constante por sair de si, convertendo-se a Jesus, indo ao encontro dos outros para lhes levar o Evangelho. A Diocese de Lamego tem acentuado este compromisso missionário, respondendo ao desafio de Jesus Cristo, que chama para enviar. Com efeito, o Evangelho – bem visível em São Marcos – mostra-nos Jesus em movimento. Passa de uma a outra povoação. Jesus alerta os seus discípulos: é necessário que vamos a outros lugares. Parte de manhã cedo. Envia-os na frente enquanto se despede da multidão. Outras vezes, quando a multidão chega, já Ele partiu.

Maria dá-nos a mesma tonalidade. A acentuação de um aspeto não anula outros, como o tempo para acolher, para estar e servir, para ser casa e bênção para quem chega, descanso para Jesus e para os discípulos antes de novas andanças. Maria é a Mulher da escuta e do silêncio, da meditação e do serviço. A visitação é um exemplo. As Bodas de Caná, da mesma forma, mostram Maria a sair do escondimento e a intervir junto de Jesus. Um movimento duplo: em direção a Jesus/Deus e em direção aos outros. O serviço ao próximo decorre do encontro com Deus. Antes: faça-se em Mim segundo a Tua Palavra… Eles não têm vinho! Só depois: Fazei tudo o que Ele vos disser. 

Mais um aniversário das Aparições de Fátima. Acentua-se a dinâmica da peregrinação, a Fátima e de Fátima para o mundo, cuja Imagem peregrina percorre o país e o mundo. Em Maria, Deus sai e encontra-nos no mundo atual, renovando o apelo à conversão. Novamente nos envia a construir o Seu Reino.

 

Originalmente publicado na Voz de Lamego, 12 de maio de 2015

31.05.15

Maria pôs-se a caminho... 2

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Maria, Mulher simples, com olhar meigo, predisposta ao silêncio e à contemplação, humildemente à escuta obediente. Esta é a dimensão mais visível. Porém, também o serviço e a pressa em acorrer às necessidades dos outros.

Os evangelhos centram-se em Jesus e no mistério pascal. É na Páscoa que os discípulos se encontram verdadeiramente com Jesus, homem e Deus, descobrindo que as palavras do Mestre não foram discursos de circunstância, mas palavras de vida nova, que os compromete com os outros e os capacita para iniciar o caminho até à eternidade.

Os evangelhos são sobretudo relatos da Paixão de Jesus com introduções que contextualizam e explicitam o mistério de entrega de Jesus.

A Virgem Maria, São José, e outros intervenientes, aparecem sob a luz de Jesus. No entanto, pequenos gestos, algumas palavras, tornam percetível a postura desta ou daquela pessoa. Para percebermos Maria: anunciação; visitação; nascimento de Jesus; acolhimento dos Pastores e dos Magos; apresentação de Jesus; fuga para o Egito; perda e encontro do Menino em Jerusalém; Maria que ocorre para ver o que se passa com Jesus; Maria no caminho para a Cruz, e diante de Jesus crucificado, sendo-nos dada por Mãe; congregando em oração os discípulos, depois da morte de Jesus; presente nas aparições do Ressuscitado; figura incontornável na vida da Igreja, desde o início e ao longo da história. As aparições em Lourdes ou em Fátima insinuam a vontade de Deus estar bem perto de nós, através d’Ela.

Modelo de escuta da palavra de Deus. Modelo de serviço espontâneo, acorrendo, apressada, para a montanha, entre dificuldades do caminho e o perigo à espreita; discreta e solícita nas bodas de Caná; diligente e preocupada com Jesus; cheia de graça e esperança que nos sossega no Seu colo de Mãe no meio das intempéries da vida.

Focados no lema pastoral da Diocese, diríamos que em Maria, a própria família se revê e se encontra, desafiada a sair, a servir, a partilhar a alegria da fé. Cada membro sai do seu comodismo para servir os outros, dentro e fora do espaço familiar. A família não é e não pode ser a soma de egoísmos, mas a conjugação de esforços e compromissos, de participação e partilha, promovendo o melhor de cada um, a favor de todos, acolhendo a pessoa como um todo, com defeitos e virtudes, potenciando o crescimento de cada um, com uma dose q.b. de renúncia e serviço, procurando que o outro seja visível.

 

Originalmente publicado na Voz de Lamego, 19 de maio de 2015

31.05.15

Maria pôs-se a caminho… 3

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A vivência cristã das nossas comunidades paroquiais tem uma dinâmica claramente mariana.

O mês de maio é especialmente balizado pela devoção à Virgem Maria. É uma primavera que nos renova no compromisso de seguir e viver Jesus Cristo. As novenas, procissões, festas, solenidades, caminhadas de oração, jaculatórias, ladainhas, invocações para as diferentes situações da vida, projetam-se ao longo do ano, iniciando com a solenidade de Santa Maria Mãe de Deus e finalizando com a Festa da Sagrada Família.

A Virgem Santa Maria refulge como a Mãe de Jesus, Mãe de Deus. É Mãe, isto é, gerou uma nova vida. Ser Mãe é apontar na direção de outro(s), é Mãe em relação ao(s) filho(s). Jesus é a luz que enche toda a casa e toda a vida. É a bênção que nos faz olhar para além de nós e acolhê-l’O nos outros.

Aquela Mãe, como as nossas Mães, não se preocupa primeiramente com a sua vida, com a sua comodidade, mas TUDO em função do Filho. As mães expõem-se por causa dos filhos, pedem, intercedem, são eles a prioridade. Colocam-se em frente de todos para os proteger como a menina dos seus olhos. Não se envergonham de bater a diversas portas, de ouvir muitos “nãos”.

É por Jesus, é por nós, que Maria Se coloca diante de Deus a interceder, como naquele dia em Caná da Galileia. Aí se visualiza a sua missão. Compreende-se desde já a entrega que Jesus faz de nós a Maria, a partir da Cruz: eis aí os teus filhos! Cuida deles. E como no-l’A confia para que A acolhamos como Mãe, em nossas casas. Acolhê-l’A não tanto por Ela, mas sobretudo por nós, para que não nos falte a LUZ de Deus, para que não nos falte o aconchego seguro de uma Mãe que nos congrega em família.

Deus não deixará de escutar a prece d’Àquela a Quem confiou o Seu Filho e a Quem nos confiou como filhos.

Bem sabemos como são as nossas Mães. Bem sabemos como é Maria, Mãe nossa, Mãe da Igreja. “Minha Mãe não dorme enquanto eu não chegar”. Expressão duma canção popular que assimila a sensibilidade das Mães, a sua vigilância em relação aos filhos. Uma dimensão humana e materna que se expande para incluir outros filhos. Uma mulher-mãe tem um sentido apurado para perceber outros filhos que não os seus, e de os ajudar, ou de interceder: … eu também sou Mãe, eu compreendo, pois o meu filho também…

 

Originalmente publicado na Voz de Lamego, 26 de maio de 2015

23.05.15

Recebei o Espírito Santo...

mpgpadre

1 – «Enquanto a sociedade se torna mais globalizada, faz-nos vizinhos mas não nos faz irmãos» (Bento XVI, Caritas in Veritate). Nesta expressão do Papa Emérito constata-se que a globalização dos meios de comunicação social, o desenvolvimento das vias de comunicação, a evolução técnica e tecnológica, nos aproximou, vencendo barreiras geográficas, culturais, sociais, mas o excesso de comunicação e a fácil mobilidade não enriqueceu a relação entre as pessoas, não eliminou conflitos, intolerâncias ou a indiferença. Não basta ter os meios, é necessário ter vontade. Não basta estarmos lado a lado, é necessário que nos vejamos e nos reconheçamos como irmãos.

Há excelentes meios técnicos, mas para se comunicar bem é preciso comunicar com o espírito, com alma, comunicando-nos, pondo nas palavras, nos gestos e nas obras o que somos, dando o melhor.

Cristo dá-nos o Espírito Santo para que as nossas palavras não sejam vazias, para que as nossas palavras nos aproximem, nos levem aos outros e nos tragam os outros. Para que não fiquemos na eficácia da técnica, que é útil e necessária, mas cheguemos ao coração dos outros, com palavras que animem, deem esperança e vida.

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2 – Há uma linguagem para lá de todas as palavras e de todos os gestos, a linguagem do amor, da amizade, da compaixão, a linguagem dos afetos, da proximidade, do olhar penetrante, do sorriso que comunga e partilha a vida, do rosto que se identifica com o sofrimento alheio. Há uma linguagem de ternura que atrai e que é facilmente percetível por todos. É possível que nos entendamos, quando utilizamos a linguagem da verdade e do bem, uma linguagem com espírito, uma linguagem que serve para dar as mãos e unir esforços. Como família.

Jesus confirma os Seus discípulos. Naquela tarde, primeiro dia da semana, Domingo de ressurreição e vida nova, Jesus ultrapassa as portas e das janelas do medo e da desconfiança, e coloca-Se no MEIO dos Seus discípulos. Não há barreiras para esta nova forma de estar. Não há muros intransponíveis para Jesus Ressuscitado. Só é preciso que os nossos corações estejam abertos, dóceis, prontos a acolher o Espírito que d'Ele nos vem, a paz que Ele nos traz, a paz que experimentamos se Ele está connosco no Meio de nós. «Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos».

A alegria que os discípulos experimentam naquela ocasião repetir-se-á em cada um de nós, em cada momento que deixarmos que Ele nos habite, irrompa na nossa vida e nos transforme. Alegria e paz quando e sempre que formos instrumento de perdão e de misericórdia, contribuindo para a paz e a alegria dos outros.

 

3 – Não há portas nem janelas que blindem o amor e a compaixão. Um coração ferido só se cura com a força da ternura, da doçura, da proximidade. Não há medicamentos que curem a solidão, não há anestésicos que resolvam a vida e nos tornem irmãos. Não há antibióticos que anulem a indiferença, a intolerância, a ganância ou a prepotência. Só o amor. Deus é amor!

Há momentos da vida em que os medicamentos ajudam, anestesiando, mas só a amizade, o calor humano, a proximidade física e espiritual curam verdadeiramente. Os motivos do sofrimento podem não desaparecer, mas são integrados na partilha e na comunhão, na amizade solidária e compassiva, confiando-os a Deus.

_________________

Textos para a Eucaristia: Atos 2, 1-11; Sl 103; 1 Cor 12, 3b-7. 12-13; Jo 20, 19-23.

16.05.15

Jesus foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus

mpgpadre

1 – Se dúvidas houvesse sobre a dimensão missionária da Igreja, elas ficariam desfeitas pelos textos hoje propostos e pela solenidade da Ascensão do Senhor ao Céu. Jesus ascende para Deus, para a eternidade do Pai, não como quem nos abandona, mas por forma a estar presente à humanidade inteira e não apenas, na limitação do tempo, do espaço e da história, a um grupo restrito.

A Ascensão de Jesus lembra-nos que Ele nos chama para nos enviar e não para ficarmos à sombra da bananeira à espera que a vida se resolva a nosso favor.

Vamos errar? Sim, muitas vezes. Só não erraremos se não fizermos nada. Vamos desanimar? Sim. Mas também assim descobriremos o sabor e o sentido do compromisso, da insistência, do esforço. Precisamos de águas calmas, mas a ondulação ajuda-nos a prosseguir, a estar vigilantes e despertos, a ser mais cuidadosos.

Jesus apareceu aos Onze e disse-lhes: «Ide por todo o mundo e pregai o Evangelho a toda a criatura. Quem acreditar e for batizado será salvo…».

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2 – São Marcos, o primeiro a escrever o Evangelho, assiste a um extraordinário impulso missionário. Esta narração resume o essencial dos tempos posteriores à ressurreição de Jesus e como os discípulos vivem entusiasmados com os frutos da evangelização. Os primeiros anos, com alguns reveses, são quase idílicos.

“O Senhor Jesus, depois de ter falado com eles, foi elevado ao Céu e sentou-Se à direita de Deus. Eles partiram a pregar por toda a parte e o Senhor cooperava com eles, confirmando a sua palavra com os milagres que a acompanhavam”.

Como tinha prometido, Jesus acompanha os discípulos no seu ministério missionário. Coopera com eles. Diz-nos o que precisamos de saber para prosseguirmos: Ele está e coopera connosco, e através de nós continuará a operar maravilhas.

 

3 – São Lucas, ao escrever o Evangelho e o livro dos Atos dos Apóstolos, faz transparecer as provações dos discípulos e das primeiras comunidades. À medida que a pregação gera frutos e comunidades, também gera, ódios, inimizades, perseguição.

Para uns, Jesus vai já manifestar-Se, no tempo da geração atual. «Esta geração não passará sem que tudo aconteça» (Mt 24, 34; cf. 1 Tes 4, 13-18).

Na primeira leitura, a pergunta a Jesus recoloca a questão: «Senhor, é agora que vais restaurar o reino de Israel?». O entusiasmo inicial está alquebrado. Que aconteceu? Já morreram alguns, e Jesus não veio ainda restaurar o mundo? São Lucas procura a resposta nas palavras de Jesus: «Não vos compete saber os tempos ou os momentos que o Pai determinou; mas recebereis a força do Espírito Santo, que descerá sobre vós, e sereis minhas testemunhas em Jerusalém e em toda a Judeia e na Samaria e até aos confins da terra».

É quanto basta. Está tudo dito. Deixemos a hora e o lugar, o tempo e a ocasião, não queiramos antecipar o futuro cronológico. Quando muito vivamos com os olhos postos no futuro de Deus, que nos atrai e sustém.

Jesus elevou-Se à vista dos seus discípulos que ficam a olhar para o Céu, como nós ficamos a olhar aqueles que vemos partir. É preciso regressar aos nossos afazeres, mas enquanto vemos o carro ou o comboio a afastar-se ficamos. Assim sucede com os discípulos. Então, dois homens vestidos de branco, interpelam-nos: «Homens da Galileia, porque estais a olhar para o Céu? Esse Jesus, que do meio de vós foi elevado para o Céu, virá do mesmo modo que O vistes ir para o Céu».

Há que encontrar Jesus no meio de vós. Dessa forma Ele manifestar-se-á. O Céu é o nosso horizonte, mas para já temos de trabalhar o mundo, cuidando uns dos outros, entre sucessos e contratempos.

_________________________

Textos para a Eucaristia (B): Atos 1, 1-11; Sl 46 (47); Ef 1, 17-23; Mc 16, 15-20.

 

Reflexão Dominical COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso blogue CARITAS IN VERITATE.

14.05.15

Leituras: AA.VV. - A essência da Vida Consagrada

mpgpadre

AA.VV. (2015). A essência da Vida Consagrada. Lisboa: Paulus Editora. 200 páginas.

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       O Ano de Vida consagrada, convocado pelo Papa Francisco, teve início com o novo ano litúrgico, no dia 30 de novembro de 2014 e que se prolonga até à solenidade de Cristo Rei do Universo. Três objetivos apontados pelo Papa: olhar com gratidão o passado, viver com paixão o presente e abraçar com esperança o futuro. A vida consagrada faz parte do ADN da Igreja, como Corpo de Cristo, Ele que assume viver no despojamento, pobreza, castidade, em total obediência ao Pai.

       Este livro aborda a vida consagrada a partir de diversas sensibilidades, em conformidade com os autores, e nas suas várias dimensões.

Autores e temas abordados:

  • D. António Couto, Bispo de Lamego, membro da Sociedade Missionária da Boa Nova. Como expectável, para um especialista na Sagrada Escritura, a "Fundamentação bíblica da vida consagrada".
  • Pe. David Sampaio Barbosa, sacerdote verbita, leciona História da Igreja na UCP, pelo que o seu tema dá prevalência à "História da vida consagrada".
  • Alexandre Freire Duarte, cristão católico leigo, licenciado canónico em Teologia, e como leigo faz uma abordagem da vida consagrada «Magis magisque» (mais e mais): reflexões sobre a espiritualidade dos religiosos"
  • Irmã Maria da Glória Coelho Magalhães, religiosa franciscana missionária de Nossa Senhora, mestre em bioética e em espiritualidade franciscana. O tema apresentado: "A profissão dos conselhos evangélicos", pobreza, castidade e obediência, votos que se insere num único voto de viver ao jeito de Jesus. Obediência na fé; pobreza na esperança, e castidade na caridade...
  • Pe. José Jacinto Farias, sacerdote dehoniano, formado em teologia e em filosofia, aborda "A eclesialidade da vida consagrada".
  • Maria da Conceição Gomes Vieira, consagrada do Instituto Secular das Cooperadoras da Família, formada em Ciências da educação e em Pedagogia Vocacional. O tema abordado: "A formação para a vida consagrada". Além dos documentos da Igreja, o antes e o pós-concílio, enriquece o texto com o seu testemunho de vida.
  • Pe. Saturino Gomes, sacerdote dehoniano, formado em Direito Canónico e, por conseguinte, a abordagem está em concordância: "A vida consagrada e o Direito Canónico".
  • Darlei Zanon, irmão religioso paulista, brasileiro, diretor editorial da Paulus Editora. Fala-nos d' "O futuro da vida consagrada".
       Nas suas diferentes perspetivas, este é um belíssimo contributo para melhor perceber o que é, em Quem se funda, como se concretiza a Vida Consagrada, que passado e que futuro, o seu papel na Igreja e na sociedade do nosso tempo. É um desafio para os cristãos consagrados ou membros de Institutos de vida apostólica, mas simultaneamente para todos os cristãos, pois a vocação primordial é à santidade...
 
Leia também:

09.05.15

O que vos mando é que vos ameis uns aos outros

mpgpadre

1 – «Assim como o Pai Me amou, também Eu vos amei. Permanecei no meu amor. Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor».

Crescemos e amadurecemos imitando os outros no nosso comportamento, nos nossos gestos. O convívio prolongado acentua as parecenças até no timbre de voz. Ao telefone, confundimos a voz de dois irmãos, ou da mãe e da filha… Há filhos que caminham como os pais, têm os mesmos trejeitos e imitam-nos no vestir.

E como cristãos, quem é que imitamos? A quem seguimos?

Os valores que defendemos nem sempre estão em concordância com a nossa fé. Na última viagem apostólica de João Paulo II aos EUA, havia milhares de jovens que o aplaudiam. Quando lhes perguntaram sobre valores, da vida, da dignidade da pessoa humana desde a conceção à morte natural, as respostas eram curiosas: gostavam do Papa – figura mundial – mas não das ideias que defendia.

Temos um modelo a seguir: Jesus Cristo. Como o Pai me ama, também Eu vos amo. Amai-vos uns aos outros como EU vos amo.

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2 – As palavras movem, os testemunhos arrastam. Como sublinhava o Papa Paulo VI, o nosso tempo mais que mestres quer testemunhas, ou mestres que sejam testemunhas. Jesus dá-nos o exemplo. É a referência da nossa vida, dos nossos gestos. Devemos ser referência uns para os outros, mas na medida em que transparecemos Jesus Cristo e o Seu evangelho de verdade e de caridade. Como nos dirá São Paulo: sede meus imitadores como eu sou imitador de Cristo.

O plano original de Deus aponta para uma imitação libertadora, como família, revendo-nos uns nos outros. Fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Saímos das Suas mãos e do Seu coração. Auxiliares uns dos outros. O pecado surge não por sermos diferentes, mas por queremos excluir os outros da nossa vida e colocar-nos diante deles como senhores absolutos do mundo.

A Encarnação Cristo e o Seu mistério pascal recoloca-nos na senda de Deus, orientando-nos uns para os outros, assumindo-nos como irmãos, como família. Ele entrega a Sua vida por nós. «Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos amigos».

A amizade leva-nos à proximidade e à identificação. Identificamo-nos com os nossos amigos, aceitamos conselhos, recomendações, pedimos a opinião. «Fui Eu que vos escolhi e destinei, para que vades e deis fruto e o vosso fruto permaneça. O que vos mando é que vos ameis uns aos outros». Como ramos unidos à videira, também nós daremos muitos frutos se unidos a Cristo.

 

3 – Com efeito, diz-nos o apóstolo são João, na segunda leitura, «Amemo-nos uns aos outros, porque o amor vem de Deus e todo aquele que ama nasceu de Deus e conhece a Deus. Quem não ama não conhece a Deus, porque Deus é amor. Assim se manifestou o amor de Deus para connosco: Deus enviou ao mundo o seu Filho Unigénito, para que vivamos por Ele».

O amor ao próximo não é uma opção. Se seguimos Cristo é para O imitarmos, acolhendo a Sua palavra. Somos discípulos missionários. Embrenhamo-nos no Evangelho e transparecemo-lo através da nossa vida, até que possamos dizer o mesmo que o apóstolo Paulo: «Já não sou eu que vivo, mas é Cristo que vive em mim» (Gl 2, 20), «Para mim, viver é Cristo» (Fil 1, 21).

Jesus dá a Sua vida por nós. Nesta entrega é visível que Deus nos ama primeiro para que também nós possamos amar-nos uns aos outros. É no amor que conheceremos a Deus e n'Ele permaneceremos.

________________________

Textos para a Eucaristia (B): Atos 10, 25-26. 34-35. 44-48; Sl 97 (98); 1 Jo 4, 7-10; Jo 15, 9-17.

 

Reflexão dominical COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso blogue CARITAS IN VERITATE.

08.05.15

Leituras: M. FERNANDO SILVA - JOSÉ, O ESPOSO DE MARIA

mpgpadre

M. FERNANDO DA SILVA (2015). José, o esposo de Maria. Prior Velho: Paulinas Editora. 256 páginas.

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       No últimos anos, a figura de São José adquiriu uma maior relevância na Igreja, traduzida na liturgia, com os Papas a transparecerem a devoção popular e a própria devoção. Neste momento, três festas que se relacionam diretamente com São José: a 19 de março, solenidade; a 1 de maio, São José Operário, e a Festa da Sagrada Família, no domingo entre o Natal e a solenidade de Santa Maria, no primeiro dia no novo ano.

       O Papa Francisco, eleito a 13 de março de 2013, inaugurou o Pontificado precisamente no dia 19 de março, dando um sinal claro que entregava a Igreja e o Pontificado à proteção de São José. Seguidamente alguns gestos, prosseguindo com o desejo do Papa Bento XVI, de incluiu o nome de "São José, esposo de Maria" em todas as anáforas, uma vez que por ocasião da reforma litúrgica o Papa Paulo VI já incluíra no Cânone romano; e consagrar o Vaticano a São José, Padroeiro Universal da Igreja. Consagração planeada por Bento XVI.

       O Pe. Manuel Fernando da Silva, sacerdote da Arquidiocese de Braga, com ligações à Prelatura da Opus Dei, apresenta-nos um texto belíssimo sobre a figura de São José, escolhido por Deus para proteger e cuidar da sagrada Família de Nazaré, com o seu trabalho, bondade, com a sus descrição e santidade de vida. Não se sabe muito sobre São José, a não ser nas referências pontuais nos evangelhos da infância, em São Mateus e São Lucas e numa ou outra referência pontual. O autor procura apresentar-nos uma espécie de biografia de São José, partindo dos dados do Evangelho, dos silêncios, das "insinuações" que o texto vai propondo, do ideal homem justo, trabalhador e honesto que figura entre os crentes do povo eleito.

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       O autor recorre com mestria ao contributo dos Papas, mormente de Paulo VI, João Paulo II, Bento XVI e de Francisco, a quem dedica um capítulo. Se Bento XVI tem o mesmo nome de Batismo, pelo que se compreende de sobremaneira a sua especial devoção a São José; o atual Papa não se fica atrás em devoção. Curiosamente o autor clarifica a fé de Francisco, em São José que dorme, numa Homilia do Cardeal Ratzinger / Bento XVI em 19 de março de 1992. O então Cardeal parte de uma imagem em alto-relevo, de um retábulo português da época barroca, que retrata a fuga para o Egipto, em que São José é apresentado dentro de uma tenda a dormir, vestido, com botas altas, pronto para se pôr a caminho. Não apenas dorme, mas vigia, está disponível para escutar a palavra de Deus e pôr-se em marcha.

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       É conhecida a devoção do Papa Francisco que mandou vir da Argentina uma imagem de São José a dormir, a que dá uma explicação muito semelhante à do Cardeal Ratzinger / Bento XVI: São José dorme, sonha, escuta Deus, vigia a Igreja. O Papa quando tem alguma dificuldade coloca um papelinho debaixo da imagem, pedindo a solicitude de São José.

       A ligação espiritual à Opus Dei também é visível nestas páginas, não mais do que quando os jesuítas citam prevalentemente Santo Inácio de Antioquia, ou outro ilustre desta ordem, ou os franciscanos exemplificam com São Francisco ou outros ilustres, ou os dominicanos clarificam com São Domingos, ou os beneditinos com São Bento, ou como nós que citamos o nosso Bispo ou os Papas.

 

       É um livro que se lê bem, com uma linguagem acessível, com um discurso que nos faz acompanhar a vida de São José, referenciado sempre à Família, com Maria e com Jesus. Para quem seguir esta recomendação verá a riqueza das ligações bíblicas aos patriarcas, profetas, aos salmos. Envolver-se na vida de São José é envolver-se e entranhar-se na vida de Maria e de Jesus, no mistério da salvação que é revelado em plenitude no Deus que se faz Menino e vem habitar com pessoas "normais".

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       Uma das histórias mais populares acerca de São José, e que o autor inclui neste livro, é a escada milagrosa atribuída a São José, no Estado do Novo México, nos EUA. Em 1898, a Capela de Loretto foi restaurada, levando um piso superior, para aumentar a capacidade, mas ficou sem escada de acesso. As irmãs requisitaram os carpinteiros da região mas nenhum apresentou uma solução que não implicasse a redução do espaço interno da capela. Confiaram-se a São José e no último dia de novena em Sua honra, apareceu um desconhecido com um jumento e uma caixa de ferramentas. Resolveria o problema com a condição de trabalhar com à porta fechada. Alguns meses depois a escada estava construída e o homem desapareceu sem deixar rasto. Passados 130 anos ainda não se descobriu tamanho mistério. Sem cola nem pregos, continua a não ameaçar ruína. A madeira, analisada, é da Judeia, mas não se sabe como veio ali parar. Concluiu-se que tinha sido São José a contruí-la. A escada tem 33 degraus, correspondente à idade com que, segundo popularmente se diz, morreu Jesus Cristo (terá morrido com 37 anos, tendo em conta que morreu no ano 30 da nossa era. Jesus nasceu à volta do ano 7 a.C, com o erro com que foi achado o Seu nascimento).

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