Eu sou o Bom Pastor, que dá a vida pelas suas ovelhas
1 – A morte e ressurreição de Cristo, mistério maior da nossa fé, põe a descoberto o amor de Deus para connosco, que nos assume como filhos bem-amados.
São João, na segunda leitura, coloca em evidência uma das revelações mais significativas do Evangelho: Deus é nosso Pai. Pai de Jesus e, em Jesus, nosso Pai: «Vede que admirável amor o Pai nos consagrou em nos chamarmos filhos de Deus... Caríssimos, agora somos filhos de Deus e ainda não se manifestou o que havemos de ser. Mas sabemos que, na altura em que se manifestar, seremos semelhantes a Deus, porque O veremos tal como Ele é».
Precisamos do olhar dos outros mas sobretudo daqueles que em nós confiam e nos amam. Deus vê-nos e os seus óculos filtram amor, carinho, ternura, ainda que agora nos caiba a nós viver, caminhar, lutar, com os escolhos que encontraremos pela frente. Mas o Seu olhar, o Seu amor de Pai, é um desafio e uma segurança.
Olhar para Deus como Pai quando as experiências filiais são tremendas poderá ser contraproducente. Quando falamos do Pai e da Mãe – Deus é Pai e Mãe (João Paulo I) – estamos certos que são aqueles que geram, que cuidam, que se dispõem a dar a vida pelos filhos, em todas as circunstâncias. Escutávamos há dias o Papa Francisco: “Numerosas crianças são rejeitadas, abandonadas e subtraídas à sua infância e ao seu futuro… Elas nunca são «um erro».
Há situações dramáticas de abuso, de violência continuada, de pressão e chantagem que podem tornar incompreensível a linguagem terna, íntima, carinhosa de Jesus para com Deus, Seu e nosso Pai.
2 – «Eu sou o Bom Pastor. O bom pastor dá a vida pelas suas ovelhas. Eu sou o Bom Pastor: conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas conhecem-Me, do mesmo modo que o Pai Me conhece e Eu conheço o Pai; Eu dou a minha vida pelas minhas ovelhas».
As ovelhas são o ganha-pão de muitas famílias. Perder uma ovelha significará perder o lucro de semanas ou meses. O pastor leva as ovelhas às melhores pastagens, cuida para que nenhuma seja atacada por um lobo ou por um cão alheio ao rebanho. Conhece as ovelhas e elas conhecem a sua voz. O pastor apega-se às suas ovelhas, põe-lhes nomes, pega nelas ao colo quando pequeninas ou aleijadas.
Jesus relaciona o pastoreio com a filiação. O amor do Pai move-O para o cuidado das ovelhas. A filiação conduz, inevitavelmente, à fraternidade. A intimidade com o Pai leva-O a assumir-nos como irmãos. Assim nós também: se nos reconhecemos como Filhos de Deus, teremos que nos movimentar como irmãos, um só rebanho.
3 – A filiação (filhos de Deus) conduz à fraternidade (irmãos em Jesus Cristo).
Lembrava o papa Francisco, no início do Seu pontificado, fazendo eco das palavras de Jesus, que hoje é preciso deixar a ovelha que está dentro e sair à procura das 99 ovelhas que se encontram fora, distantes, sedentas, ignorando que há uma água mais límpida…
É preferível uma Igreja acidentada, em saída, que uma Igreja enferma, de mãos cruzadas, comodamente instalada, qual água estagnada. Estas palavras refletem o pensamento do agora Papa Francisco, audíveis nos dias anteriores à Sua eleição para a cátedra de Pedro e posteriormente sublinhadas, e visualizáveis no Evangelho:
«Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil e preciso de as reunir; elas ouvirão a minha voz e haverá um só rebanho e um só Pastor. Por isso o Pai Me ama: porque dou a minha vida, para poder retomá-la. Ninguém Ma tira, sou Eu que a dou…».
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Textos para a Eucaristia (B): Atos 4, 8-12; Sl 117 (118); 1 Jo 3, 1-2; Jo 10, 11-18
Reflexão COMPLETA no nosso blogue CARITAS IN VERITATE.