1 – A celebração do Domingo de Ramos visualiza diversas faces da nossa existência. Há uma multidão de gente pobre e humilde, trabalhadora e cheia de fé, que acompanha Jesus, da Galileia para Jerusalém, do mundo para a cidade santa. Há um murmúrio que se eleva, aclamando e reconhecendo Jesus como o Messias.
À Sua passagem depõem capas e ramos, para que o chão de Jesus seja macio e, sobretudo, como reconhecimento da Sua realeza. É um Rei sem coroa e sem exército, sem pompa nem circunstância. Não vem armado nem ostenta riqueza.
Sobe o entusiasmo à volta de Jesus, faz-nos olhar na Sua direção. Os discípulos estão entre aquela multidão. Seguem empolgados com tão grande manifestação de afeto para com o Seu Mestre.
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2 – Algumas horas depois, o empolgamento dará lugar ao desencanto, à tristeza, à desilusão. «Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes?». Quantas situações na nossa vida em que nos apetece gritar bem alto: Meu Deus, meu Deus, porquê, porquê a mim? Porquê logo neste momento da minha vida?
O salmo inicia com uma pergunta que dá lugar a uma súplica confiante: Senhor, não me abandoneis, sois a minha força.
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3 – Umas horas antes… Como judeus, Jesus e os discípulos vão celebrar a Páscoa, recordando a libertação do Egipto. O ambiente começa a agitar-se. Em Betânia, à mesa, nova oportunidade para Jesus assentar o estômago aos seus discípulos. "Veio uma mulher que trazia um vaso de alabastro com perfume de nardo puro de alto preço". Os discípulos percebem o desperdício mas não a abundância do arrependimento e do amor. Também não percebem que aquela unção antecipa a unção de um corpo que daqui a algumas horas estará no sepulcro.
Ao cair da tarde, quando as trevas se adensam, diz-lhes Jesus: «Um de vós, que está comigo à mesa, há de entregar-Me». Como é possível num grupo de amigos! Logo depois, Jesus antecipa a Sua morte e a Sua ressurreição. «Tomai: isto é o meu Corpo... Este é o meu Sangue, o Sangue da nova aliança, derramado pela multidão dos homens... Não voltarei a beber do fruto da videira, até ao dia em que beberei do vinho novo no reino de Deus».
Mas antes desse DIA NOVO, a noite prolonga-se. Abandono, traição, negação. «Todos vós Me abandonareis». Já no horto das Oliveiras, a oração intensa de Jesus. Os discípulos dormem de cansaço e de medo. A prisão. O discípulo de confiança, Judas, entrega o Mestre com um beijo. Açoites, injúrias e agressões, acusações e falsas testemunhas. Parece que vale tudo para condenar um homem.
O julgamento apressado e a fácil condenação à morte. A cruz pesada demais para um homem só, de tal que requisitam Simão de Cirene para ajudar. No alto da Cruz, Jesus olha para nós e puxa o nosso olhar para o Céu. Está rodeado de dois salteadores, como se fora um deles! E mesmo crucificado, a morrer, é insultado. Já desfalecido, solta forte grito e morre. A afirmação do Centurião mostra a estupefação diante da valentia com que aquele homem frágil enfrentou todos os que escarneciam d'Ele e a violência com que o faziam.
Há ainda lugar a um gesto de carinho. «José comprou um lençol, desceu o corpo de Jesus e envolveu-O no lençol; e rolou uma pedra para a entrada do sepulcro. Entretanto, Maria Madalena e Maria, mãe de José, observavam onde Jesus tinha sido depositado».
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Textos para a Eucaristia (ano B): Is 50, 4-7; Sl 21 (22); Filip 2, 6-11;Mc 14, 1 - 15,47.
Reflexão Dominical COMPLETA na págian da Paróquia de Tabuaço
e no nosso blogue CARITAS IN VERITATE.