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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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15.12.13

Alegrem-se o deserto e o descampado, rejubile a terra árida

mpgpadre

       1 – Em muitas casas portuguesas, talvez mais a norte de Portugal, e num tempo de grande dificuldade que acentuou a emigração, podem ouvir-se diálogos como este:

       – Mãe, em que dia vem mesmo o pai?

       – Se Deus quiser estará em casa no dia 18 à noite. Mas porquê? Eu já te tinha dito.

       – O tempo nunca mais passa, parece que os dias são enormes.

       – Eu sei, sinto o mesmo, mas já só faltam uns dias.

       – Olha, mãezinha, podíamos começar a preparar tudo, o presépio, a árvore de Natal, colocar as prendas do pai. Vais-me dizer mesmo o dia em que chega?! Queria vestir aquela roupa que ele me trouxe. Podíamos ir arranjar o cabelo, compor as unhas, fazer o buço…

       – Mas filha, não podemos desperdiçar dinheiro. Sabes, o teu pai está lá fora para ganhar algum dinheiro mais e nós temos que poupar para que um dia ele não precise de sair de ao pé de nós. Ele ficará mais feliz com a nossa presença e com a nossa alegria. Veremos o que podemos fazer.

       – Ele não se importa, pois sabe que queremos estar todas lindas para ele. Estou tão contente, parece que ele já está à porta, pronto para entrar. Estou tão feliz. Espero que estes dias passem rapidamente. Vou arrumar melhor o meu quarto, vai ficar nos trinques!

       2 – O terceiro domingo do Advento é conhecido como o Domingo da Alegria – Gaudete. Ainda faltam uns dias para a celebração festiva do Natal, mas sublinhamos esta alegria pela certeza que Jesus vai chegar às nossas vidas, ao nosso coração. A Alegria do Evangelho há de generalizar-se em todo o tempo, pois Deus ama-nos infinitamente e sempre desce à nossa vida. É uma alegria missionária. Acolhemos o Senhor e deixamos que transborde o amor de Deus em nós para as pessoas que encontramos, procurando identificar-nos com Ele. Enquanto preparamos, em espera ativa, sentimos o entusiasmo pela brevidade com que o Senhor vem salvar-nos.

       De outros tempos e lugares, chega-nos a voz da esperança de Isaías. No meio de incertezas e adversidades, o profeta convida o povo a levantar-se em júbilo, pois já falta pouco para chegar a salvação, é como luz que já se vê no horizonte, dando-nos mais força para caminhar, fortalecendo os nossos passos, iluminando cada vez com mais luz o nosso peregrinar. E isso é motivo de alegria, de paz e de confiança:

«Alegrem-se o deserto e o descampado, rejubile e floresça a terra árida, cubra-se de flores como o narciso, exulte com brados de alegria. Dizei aos corações perturbados: 'Tende coragem, não temais: Aí está o vosso Deus, vem para fazer justiça e dar a recompensa. Ele próprio vem salvar-vos'. Então se abrirão os olhos dos cegos e se desimpedirão os ouvidos dos surdos. Então o coxo saltará como um veado e a língua do mudo cantará de alegria. Voltarão os que o Senhor libertar, hão de chegar a Sião com brados de alegria, com eterna felicidade a iluminar-lhes o rosto. Reinarão o prazer e o contentamento e acabarão a dor e os gemidos». 

       3 – A alegria, pela proximidade do Messias, e a consequente salvação, está de mãos dadas com a confiança, mas também com a paciência. Se vislumbramos a luz, por menor que seja, se a Luz nos atrai cada vez com mais intensidade, isso não significa que não advenha a dúvida, a incerteza, a escuridão em algum recanto da nossa vida, ou que tropecemos em algum obstáculo.

       O apóstolo São Tiago apresenta-nos uma imagem belíssima, convidando-nos a esperar pacientemente e a fortalecer o ânimo dos irmãos:

«Esperai com paciência a vinda do Senhor. Vede como o agricultor espera pacientemente o precioso fruto da terra, aguardando a chuva temporã e a tardia. Sede pacientes, vós também, e fortalecei os vossos corações, porque a vinda do Senhor está próxima. Não vos queixeis uns dos outros, a fim de não serdes julgados. Eis que o Juiz está à porta. Irmãos, tomai como modelos de sofrimento e de paciência os profetas, que falaram em nome do Senhor».

       O agricultor não se esquece da sementeira, cada manhã olha para o tempo que faz. Se é desfavorável, não se revolta, aguarda que outra manhã seja diferente. A cada passo vai ao campo, ver se já desponta alguma das sementes. Por vezes cobre pedaços de terreno, nomeadamente a hortaliça. Outras vezes arranca uma erva incómoda que vem antes dos seus rebentos. Outras vezes, alisa mais a terra, ou revolve-a, tirando a crosta dura da terra para não impedir as sementes de germinar. Pacientemente. Quando começam a ver-se as sementes a romper a terra, brota a alegria que ainda há de passar por mais trabalhos e provações, pois agora o clima será ainda mais importante, podendo queimar o que se semeou, ou contribuindo, por exemplo, para que a hortaliça seja mais mole e mais “doce”.

 

       4 – Quem não quer perder a alegria da chegada do Messias, é o Precursor. Está na cadeia. Já se terá cruzado com Ele, mas ainda assim não quer morrer sem antes ter a certeza absoluta que é mesmo o Messias esperado. Quase como o velho Simeão, no Templo, aquando da apresentação de Jesus: «Agora, Senhor, segundo a tua palavra, deixarás ir em paz o teu servo, porque meus olhos viram a Salvação que ofereceste a todos os povos, Luz para se revelar às nações e glória de Israel, teu povo» (Lc 2, 28-32).

       Chegam a João Batista ecos variados da pregação de Jesus e dos prodígios realizados. Também devem ter chegado acusações, maledicências, insinuações. Pela via das dúvidas, João envia discípulos a Jesus para tirar as coisas a limpo. Na volta, Jesus não responde com palavras, podem sempre ser lidas, interpretadas, e alteradas pelos interlocutores. Diz-lhes Jesus: «Ide contar a João o que vedes e ouvis: os cegos veem, os coxos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e a Boa Nova é anunciada aos pobres. E bem-aventurado aquele que não encontrar em Mim motivo de escândalo».

       Como em outras situações, Jesus não tenta convencer, mas mover, envolver, deixando-nos espaço suficiente para uma adesão pessoal e livre, e dando-nos tempo para refletir e acolher a Sua presença e a Sua mensagem. Os enviados de João observam e serão eles a dizer-lhe o que viram. Conhecedor da Sagrada Escritura, João Batista não terá muitas dúvidas em reconhecer o messianismo de Jesus.

 

       5 – Quando os discípulos regressam para contar tudo o que viram fazer, Jesus dá um extraordinário testemunho de João Batista: «É dele que está escrito: ‘Vou enviar à tua frente o meu mensageiro, para te preparar o caminho’. Em verdade vos digo: Entre os filhos de mulher, não apareceu ninguém maior do que João Baptista. Mas o menor no reino dos Céus é maior do que ele».

       Também em Jesus transborda a alegria por saber que Deus Se manifestou através de João Batista, ao mesmo tempo que nos convida a prepararmo-nos, como João, para melhor O acolhermos. Não basta esperar de braços cruzados, é preciso esperar ativamente, como o agricultor que espera e se vai alegrando com o irromper das sementes, ajeitando a terra, e protegendo as plantas que são mais sensíveis ao clima. Sabe que não controla todos os elementos, mas há algumas situações de que se pode precaver.

       Para estarmos quentes e felizes à lareira, precisamos de lenha, de a acarretar, de a ajeitar, de a colocar a arder e esperar que a chama se espalhe. A fogueira pode apagar-se, e, por isso, vamos ajeitando o lume para que não morra, e controlamos se queremos mais ou menos quente. Assim na nossa vivência da fé cristã. Experimentamos uma alegria imensa, por Deus que vem, mas comprometidos em Lhe responder com amor e dedicação, comprometidos com os irmãos, que são, como nós, filhos seus. Alimentamos a chama, a fé, com alegria.


Textos para a Eucaristia (ano A): Is 35, 1-6a.10; Tg 5, 7-10; Mt 11, 2-11.

 

Reflexão Dominical na página da Paróquia de Tabuaço.

12.12.13

Consagração a Nossa Senhora da Conceição - 2013

mpgpadre

 

Virgem Imaculada, Mãe de Deus e nossa Mãe.

De Portugal Rainha, Senhora da Conceição.

Vimos aqui de novo, 25 anos passados,

em que as nossas gentes se quiseram consagrar a Vós,

erguendo, sobre a Vila de Tabuaço, esta imagem e este altar,

para honrar o Vosso Nome e invocar a Vossa Proteção.

Voltamos a este lugar, como comunidade peregrina,

a renovar o nosso compromisso

e a nossa sentida homenagem,

Mãe da Igreja e de cada cristão.

Consagramo-nos a Vós, hoje como então,

Virgem da Conceição.

Guia-nos ao Teu Filho, como outrora aos primeiros cristãos,

no silêncio do sábado santo e na alegria da manhã de Páscoa.

Que aprendamos, como filhos bem-amados,

a seguir o Teu convite de Mãe:

– Fazei tudo o que Ele vos disser –

e Contigo a responder como discípulos, empenhados:

– Faça-se em Mim segundo a Tua Palavra –

Consagramos, neste dia e sempre,

o nosso coração ao Teu coração, doce e imaculado.

Que o nosso olhar mergulhe no Teu olhar, humilde e casto,

E no teu regaço de Mãe,

aprendamos a amarmo-nos como irmãos.

Faz com que o Teu sorrir

nos encha de bondade e misericórdia.

Consagramos-Te as nossas casas, as nossas ruas e praças,

os de cá e os que nos visitam, os que chegam e os que partem.

Confiamos-Te, Mãe santíssima,

as nossas crianças, adolescentes e jovens…

Que em Ti encontrem refúgio e em nós esperança e luz.

E os nossos irmãos mais crescidos,

os que sentem o peso da idade, a doença e a solidão,

os que se sentem incompreendidos e injustiçados…

Que em Ti se aconcheguem

e em nós descubram atenção, proximidade e ajuda.

Pedimos-Te, Mãe admirável,

cheia de graça e de beleza, de alegria e de luz,

ampara as nossas famílias,

de modo muito especial as que estão mais fragilizadas,

pela doença, pela discórdia, pela morte de algum familiar,

pela falta de trabalho condigno,

que lhes daria segurança e paz.

Sejas para todos Estrela da Esperança que anima e conduz.

E que também hoje possamos levantar o olhar e o coração,

contemplando o Teu amor,

deixando-nos levar pela Tua mão,

e, como Tu, dizer SIM a Deus e ao irmão.

Sim, no serviço e na fidelidade a Jesus.

Sim, na dúvida e no cansaço que nos aflige.

Sim, quando nos falta o chão e a coragem

e a pedalada para caminhar.

E como Tu, Maria Imaculada,

saibamos resistir diante da Cruz,

com o coração despedaçado,

mas com o olhar a Jesus ligado,

de Quem nos vem a paz e a salvação.

Consagramo-nos como Filhos Teus,

toda a nossa vida, o trabalho e o lazer,

as angústias e as tristezas, as alegrias e as esperanças,

E que o nosso pão de cada dia, partilhado,

tenha o sabor do amor e da alegria, e da comunhão,

para que em cada Eucaristia e em cada encontro,

Contigo, ó Mãe, nos sintamos família.

Virgem Imaculada, nossa Rainha e Padroeira,

Senhora da Conceição,

concede-nos a dita, a Teus filhos em Tabuaço

e a quantos Te têm por Mãe,

de um dia Te encontrarmos, na felicidade eterna,

no reino do Teu amado Filho,

que com o Pai vive e reina na unidade do Espírito Santo.

Amém.

10.12.13

Festa de Nossa Senhora da Conceição - Tabuaço 2013

mpgpadre

       A festa da Padroeira é, sem dúvida, o momento mais significativo para a comunidade paroquial de Tabuaço, congregando pessoas e instituições. Este ano teve a peculiaridade das Bodas de Prata do Monumento erigido em honra de Nossa Senhora da Conceição, sobre a Vila/Paróquia de Tabuaço. Ao longo de 9 dias a novena, tempo de reflexão, de oração, de encontro.

       No primeiro sábado da novena, o Compromisso dos Acólitos. No segundo sábado, véspera da Imaculada Conceição, a iniciativa do Sdpj Lamego, com a EAJ, "Mensageiros do Amor" - Preparação do Natal, para os jovens do Arciprestado de Moimenta, Sernancelhe, Tabuaço. A animação foi da responsabilidade dos Jovens sem fronteiras, com a presença do Pe. Pedro, que presidiria à Missa vespertina. À noite, o concerto de Oração com Claudine Pinheiro, num momento de rara beleza musical.

       O grande dia é o dia 8 de dezembro, com a solene Eucaristia e com a Procissão em honra de Nossa Senhora da Conceição, que este ano se deslocou à Fraga do Tostão, onde se encontra o Monumento, sobre a Vila e Paróquia de Tabuaço, local onde se renovou a Consagração a Nossa Senhora, seguindo-se a bênção de viaturas dos Bombeiros Tabuaço, que têm como Madrinha Nossa Senhora da Conceição. O pregador da novena e da solenidade foi o Pe. Jorge Henrique, contando, neste último e dia principal com a presença amistosa do Pe. João Morgado, que é também Pró Vigário Geral da Diocese de Lamego, e com o reverendo Pe. Ildo, Pároco de Chavães e de Arcos. Algumas imagens:

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08.12.13

Solenidade da Imaculada Conceição - 8 de dezembro

mpgpadre

       1 – «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».
       Não é preciso dizer muito mais. O Evangelho é Jesus Cristo. A Boa Notícia da Salvação. Nossa alegria e nossa esperança. Nossa Páscoa. É Ele que definitivamente rasga os céus. Enviado pelo Pai, entra na história e no tempo. Vivendo como verdadeiro homem, assume-nos por inteiro, no tempo e na finitude, na fragilidade e no sofrimento. Vive entre nós. Levado a um julgamento iníquo, carrega-nos até ao Calvário, obriga-nos a olhar para o alto, para além de nós, acima deste chão que nos irmana e nos faz mais iguais. Morre, mas volta, ressuscita, regressa para nós. Pelo Espírito Santo permanece connosco até ao fim dos tempos.
       Mas antes, antes de tudo, antes da criação e do mundo, desde sempre no pensamento de Deus, uma Mulher sonhada e criada para amar, para "facilitar" um caminho de liberdade e de respeito pela dignidade humana. Deus criou-nos com inteligência e vontade. Livres para amar ou para odiar. Livres para Lhe respondermos, ou para nos afastarmos d'Ele. Como os pais que querem o melhor para os filhos e, muitas vezes, têm ganas de os obrigar porque é para o bem deles... mas a vida é deles. Deus dá-nos a vida como dom e como tarefa. Cabe-nos viver.
       A história que deveria ser harmoniosa instala a discórdia, e às tantas, vem ao de cima o que nos separa e não o que nos liga e nos identifica como irmãos. Esquecemo-nos dos outros. Ou temos os outros como inimigos cuja vida parece estorvar a nossa. Deus não desiste nunca. Ainda que nos cansemos de O acolher. É nesta história de amor que Deus escolhe um povo. Envia mensageiros. Vem Ele próprio, como Deus e Senhor, não por cima impondo-se, mas debaixo, nascendo, vindo do mesmo pó da terra. Terra que se mistura com o sopro do Seu Espírito. Assim connosco, assim com Jesus. Respeitando a Sua obra criadora, Deus, para nascer como Homem precisa, melhor, quer precisar, de uma mulher. E a aí está Maria, a cheia de graça.

       2 – «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».

       Deus espera por nós, sempre espera, aguarda, pacientemente, como o Pai da parábola, cujo filho se prodigaliza. Criou-nos sem nós, diz Santo Agostinho, mas não nos salva contra a nossa vontade. Espera o nosso SIM mas não força. Quando o Anjo anuncia Aquele que está para vir há uma espera infinita: o Todo-poderoso fica a depender da vontade de uma Mulher, cujo coração desde sempre preparou, virginal e fiel, cheio de graça e de amor. O projeto inicial, que em Eva encontrou resistência, encontra agora um coração singelo. Deus não se enganou antes. Mas só a Nova Eva – Maria – é plena de graça.
       Deus não abandou o Homem à sua sorte mesmo quando este se quis independente e longe do Criador. O rumor dos passos de Deus fazem-se ouvir no jardim. Diante d'Ele não podemos estar vestidos, disfarçados, pois Ele contempla o nosso interior. Vem ao nosso encontro, ainda que nos escondamos. O mal maior não é o pecado mas aquilo que provoca em nós, a vergonha, o medo, a falta de confiança em Deus. Também a nós nos pergunta onde nos encontramos, em que situação vivemos, o que fazemos do tempo e dos dons que nos dá. Refira-se que o conhecimento não é, a priori, um bem ou mal em si mesmo, mas o que fazemos com o nosso saber e com a nossa vontade, com os caminhos que escolhemos seguir. Se o utilizamos com sabedoria, orientando-nos para o bem e para os outros, então o conhecimento é facilitador. Se o utilizamos para benefício próprio, por egoísmo, e contra os outros, então o conhecimento é nefasto.
       Por outro lado, neste texto é visível o respeito de Deus pela nossa autonomia e liberdade. Quer e procura o nosso convívio, mas permite que nos escondamos. Ao mesmo tempo mostra como é Pai, não tem vergonha de nós, não Se cansa de perdoar, nós é que nos cansamos de lhe abrir o coração e a vida, para que nos encontre e de novo nos transforme.
 
       3 – «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».
       Inesperadamente, um Anjo entra na vida de Maria, saudando-A: Ave, ó cheia de graça, o Senhor está contigo. Irás ser Mãe do Filho de Deus. Maria, como pessoa inteligente e livre, com vontade própria, não se deixa iludir nem manipular. Logo questiona: como será isso se Eu não conheço homem? A resposta do Anjo encontra eco em toda a Palavra de Deus, no Antigo e Novo Testamento: não temas, Maria, «o Espírito Santo virá sobre ti e a força do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra». Curioso, quantas vezes perscrutamos a voz de Deus a transmitir-nos confiança. Para tornar mais fácil a perceção do que está para a acontecer, o Anjo Gabriel informa Maria que a Sua prima Isabel, estéril, se encontra grávida. Os mistérios de Deus são insondáveis. Não queiramos escrutinar tudo. O mistério, por mais que se desvele, permanece mistério. Por conseguinte, não nos impõe nada que não acolhamos de livre vontade.
       Maria fica extasiada. Como é possível? Mas não faz perguntas indefinidamente, pergunta o essencial: como é que Deus pode nascer de uma mulher, de uma Virgem? Com a resposta do Anjo, Maria não hesita: realize-Se em Mim a Tua santa vontade.
       O sim de Maria altera para sempre a história da salvação e a relação de Deus com o ser humano, que não mais se fará por intermediários, do exterior para o interior, mas pelo próprio Filho, dentro da história e do tempo, dentro da humanidade, o único Mediador entre Deus e os homens. O sim de Maria é anterior à expressão dos lábios, é um Sim que Ela trazia no peito, no coração, um sim sempre pronto a dar-se, a perder a própria vida para que outros pudessem ter vida própria. Quando as palavras do Anjo se fazem ouvir no Seu coração, Ela exalta de alegria, não apenas por si, mas por se tornar morada do Deus Altíssimo, dando à humanidade a mesma possibilidade. Também agora podemos ser morada de Deus, templos do Espírito Santo. Mas atenção, o sim de Maria não é estático, mas dinâmico, logo que o Anjo ascende, Maria corre para a montanha para ajudar a Sua prima Isabel.

        4 – «Eis a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra».
       O projeto de Deus é concretizável pela resposta humana, por esta primeira resposta de Maria. Concebida sem mancha, sem pecado, cheia de graça, salva, por antecipação e privilégio, em atenção à redenção que para todos vem da Cruz e da Ressurreição de Jesus, Maria acolhe a Palavra de Deus e fá-la crescer no seu ventre e na sua vida.
       Com Ela também nós podemos cantar um cântico novo, «pelas maravilhas que Ele operou. O Senhor deu a conhecer a salvação, revelou aos olhos das nações a sua justiça. Recordou-Se da sua bondade e fidelidade em favor da casa de Israel. Os confins da terra puderam ver a salvação do nosso Deus. Aclamai o Senhor, terra inteira, exultai de alegria e cantai».
       O Evangelho, a Boa Notícia que nos chega ao ouvido e ao coração, suscita Alegria e confiança. Alegra-Te Senhora, vais ser Mãe de Deus. Alegra-Te Maria que nos hás de dar o Salvador. Alegremo-nos nós também, ouvindo a Sua voz, exultemos de alegria, em altos brados. Façamos frutificar em nós, na nossa vida, Jesus. N'Ele «fomos constituídos herdeiros, para sermos um hino de louvor da sua glória, nós que desde o começo esperámos em Cristo... Bendito seja Deus, Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo, que do alto dos Céus nos abençoou com toda a espécie de bênçãos espirituais em Cristo. N’Ele nos escolheu, antes da criação do mundo, para sermos santos e irrepreensíveis, em caridade, na sua presença. Ele nos predestinou, a fim de sermos seus filhos adotivos, por Jesus Cristo, para louvor da sua glória e da graça que derramou sobre nós, por seu amado Filho».
       A condição para sermos morada do Deus altíssimo, para que em nós se realizem as maravilhas do amor e da paz, da justiça e do bem, é imitar Maria, em humildade e prontidão para servir: realize-se em mim a Tua vontade. Vem, nasce em mim, ilumina-me com a Tua bondade, dá-me o Teu perdão, guia-me para Ti, faz-nos reconhecer-te e a amar-te em cada irmão.

Textos para a Eucaristia: Gen 3,9-15.20; Sl 97 (98); Ef 1,3-6.11-12; Lc 1,26-38.

 

Reflexão na página da Paróquia de Tabuaço

03.12.13

Compromisso dos Acólitos 2013

mpgpadre

Durante a NOVENA de preparação para a Festa da Padroeira, a Imaculada Conceição, o Compromisso dos Acólitos, dos que fazem parte e dos novos que integram o Grupo para ajudar, mais de perto, a solenização das celebrações litúrgicas, sobetudo a Eucaristia.

        Este ano o Compromisso foi firmado no segundo dia de novena, no sábado, dia 30 de novembro. Ficam algumas imagens deste momento importante (sobretudo) para a Mariana, a Margarida, o Guilherme, A Daniela Sofia, a Daniela Gonçalves e a Sofia Silva, e para toda a comunidade paroquial.

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01.12.13

Vigiai, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor

mpgpadre

       1 – Final de tarde. Viagem para a capital. Carro pronto para fazer-se à estrada. Bagagem acomodada. Férias de verão. Mãos no volante, pronto a arrancar. Irmã. Sobrinho. A criança é sentada na respetiva cadeirinha, no banco de trás. Menos de nada adormece sereno. A mãe ocupa o lugar de pendura, faz companhia ao condutor, para que este se mantenha desperto e atento à estrada, pondo-se a conversa em dia. Mãe sempre com o ouvido apurado e o olhar sorrateiro sobre o filho. Entretanto vem caindo a noite, escurece progressivamente. Do nada, a criança começa numa choradeira desalmada. Para-se o carro, a mãe passa para junto da criança que logo volta a sossegar, adormecendo novamente. Afinal a escuridão é a mesma, mas com a mãe ao lado, tudo é calmaria, nada assusta.

       Entramos num salão em total escuridão. Queremos passar de um para o outro extremo. Tateamos e nada. Nem um palmo vemos à frente do nariz. O medo de darmos uma canelada em algum móvel é maior, já antecipamos a dor, com a possibilidade de destruirmos algo de valioso que encontremos pela frente. Alguém entreabre a porta para a qual nos dirigimos, apenas uma nesga, uma luz ténue. E já nós avançamos seguros, ainda que nos circundem muitas trevas, uma vez que se vislumbra a direção e já podemos distinguir formas e objetos, avançamos. E quanto mais nos aproximamos da luz melhor vemos à nossa volta. É esta a dimensão de confiança que Jesus nos traz. A luz da fé orienta-nos no caminho a percorrer, a voz de Jesus atrai-nos.

       Ainda que envolvidos em trevas, mas o sabermos que uma mão nos segura, uma luz nos aponta a meta, Alguém caminha ao nosso lado, é chão seguro para acalmar a nossa dor, para antecipar a Alegria do encontro e da vida. Como reafirma o papa, na Sua primeira Exortação Apostólica, A Alegria do Evangelho (Evangelii Gaudium), mesmo nas circunstâncias mais adversas, a alegria “sempre permanece pelo menos como um feixe de luz que nasce da certeza pessoal de, não obstante o contrário, sermos infinitamente amados”.

       2 – Percorremos um ciclo completo, de um Advento ao outro. É uma espiral, o círculo quase se fecha, com a solenidade de Cristo Rei, conclusão do ano litúrgico, mas logo outro tempo se apresenta, como dom, em continuidade, pois é um e o mesmo mistério da salvação, morte e ressurreição de Jesus, em cada Eucaristia renovando-nos e renovando a Igreja.

       Curiosamente ou não, os textos são muito próximos, falam-nos do fim/plenitude dos tempos e da vinda de Jesus, do desfecho mas sobretudo da confiança no amor de Deus que vive entre nós. Jesus fala abertamente, muitas coisas irão suceder. Os discípulos não estão isentos de sofrimentos, de perseguição, de injúrias, e morte. Guerras, cataclismos, violência, tumultos. Erguei-vos, levantai a cabeça, não temais, está perto a vossa salvação. O medo é próprio do desconhecido e do que vem aí, mas sabermo-nos apoiados por Alguém que vem do futuro e que antecipa a nossa salvação, dá-nos ganas para prosseguir com a segurança necessária. Melhor, e mais uma vez, como filhos que se lançam ao encontro dos braços delicados da mãe, ou dos braços fortes do pai, sem calcular a distância, ou a altura, olhando apenas para os olhos, o sorriso, o rosto, os braços abertos de quem lhes quer bem.

       Esta é a garantia de Jesus. Não é tempo para paralisarmos, é HORA de vivermos, uns com os outros e para os outros. “Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor. Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, estaria vigilante e não deixaria arrombar a sua casa. Por isso, estai vós também preparados, porque na hora em que menos pensais, virá o Filho do homem”.

       No final não interessa tanto a cronologia, mas a vivência quotidiana, entre alegrias e esperanças, tristezas e angústias, procurando o feixe de Luz e de Vida que nos vem de Deus, e nos enlaça e entrelaça com os irmãos. Não caminhamos sozinhos. Ele vai connosco e, se Ele nos acompanha, outros connosco se fazem à estrada.

       3 – Quando caímos na realidade nem tudo é como sonhámos. As certezas que vêm do nosso empenho por uma sociedade mais justa e humana colidem, nas mais variadas situações, com outras vontades e correntes, com indiferenças e conformismos, com ambientes contrários nos quais prevalecem injustiças, egoísmos, o "salve-se quem puder". Porém, para o cristão é sempre HORA de se fazer à estrada, é caminhando que se faz caminho. É no caminho que Jesus nos encontra. É no nosso caminhar que Deus vem até nós.

       Aí está o profeta a gritar às multidões: «Vinde, subamos ao monte do Senhor, ao templo do Deus de Jacob. Ele nos ensinará os seus caminhos e nós andaremos pelas suas veredas. De Sião há de vir a lei e de Jerusalém a palavra do Senhor».

       E a voz do profeta também a nós nos garante: “Ele será juiz no meio das nações e árbitro de povos sem número. Converterão as espadas em relhas de arado e as lanças em foices. Não levantará a espada nação contra nação, nem mais se hão de preparar para a guerra. Vinde, ó casa de Jacob, caminhemos à luz do Senhor”.

       Já não são horas para nos escusarmos com os outros ou com as circunstâncias (talvez pouco favoráveis). “Chegou a hora de nos levantarmos do sono, porque a salvação está agora mais perto de nós do que quando abraçámos a fé. A noite vai adiantada e o dia está próximo. Abandonemos as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz. Andemos dignamente, como em pleno dia, evitando comezainas e excessos de bebida, as devassidões e libertinagens, as discórdias e ciúmes; não vos preocupeis com a natureza carnal para satisfazer os seus apetites, mas revesti-vos do Senhor Jesus Cristo”. 

 

       4 – A vigilância não é passiva. Vigiar implica trabalhar pelo bem, irradiar a Boa Notícia, semear a paz, potenciar a concórdia, revestir-se de Jesus, por inteiro e em todo o tempo, e não apenas quando é mais fácil ou quando dá mais jeito. Não sabemos a hora de irmos em definitivo à presença do Senhor. E que importa? Importante é vivermos intensamente, procurando dar o melhor de nós mesmos, deixando marcas positivas no mundo, na relação com a família, com os colegas de trabalho, com os vizinhos, com os moradores do nosso bairro, com os que frequentam o mesmo café, a escola, o ambiente digital.

       E quando pecarmos, isto é, quando deixarmos vir ao de cima algo de menos bom, não desistamos, recorramos ao perdão de Deus e procuremos emendar o mal feito, aumentando ainda mais o nosso compromisso com o bem, com a luz, com a verdade. Parafraseando o nosso Bispo, no Encerramento do Ano da Fé, e Dia da Igreja Diocesana de Lamego: mais pertinho de Deus, mais pertinho dos irmãos. Não nos deixemos vencer pelas dificuldades, «quando as condições são adversas, não basta acender uma luz e mantê-la; é preciso aumentar constantemente a luz. Mais luz. Mais luz. Mais luz» (D. António).


Textos para a Eucaristia (ano A): Is 2, 1-5; Rom 13, 11-14; Mt 24, 37-44.

 

Reflexão Domincial na página da Paróquia de Tabuaço.

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