Pedi e dar-se-vos-á; batei à porta e abrir-se-vos-á...
1 – «Pedi e dar-se-vos-á; procurai e encontrareis; batei à porta e abrir-se-vos-á. Porque quem pede recebe; quem procura encontra e a quem bate à porta, abrir-se-á…»
Persisti na oração, diz-nos Jesus.
Um dos discípulos pede a Jesus para que Ele lhes ensine a rezar. E Jesus ensina: «Pai, santificado seja o vosso nome; venha o vosso reino; dai-nos em cada dia o pão da nossa subsistência; perdoai-nos os nossos pecados, porque também nós perdoamos a todo aquele que nos ofende; e não nos deixeis cair em tentação».
A oração do Pai-nosso, mostra a clareza da mensagem de Jesus. Não é preciso dizer muitas palavras, é necessário rezar com o coração e com a vida, e que as palavras traduzam a ligação alegre e confiante a Deus, reconhecendo-O como Pai, para nos reconhecermos como irmãos.
2 – Logo Jesus sublinha a necessidade de rezar, de insistir com Deus como se insiste com um amigo. Jesus dá o exemplo daquele homem que tendo visitas e, sendo já tarde, vai ter com o seu amigo para lhe solicitar três pães. Incomoda até ser atendido. Deus não deixará de atender a vossa prece. Rezai assim. Batei à porta!
Na primeira leitura encontramos um belíssimo testemunho desta forma de rezar. Depois da visita de Deus a Abraão, através de três viajantes, que seguiram o seu caminho, Deus permanece e revela-lhe o propósito de destruir a grande cidade de Sodoma e Gomorra, pela maldade das suas gentes. Abraão regateia com o Senhor: «Irás destruir o justo com o pecador? Talvez haja cinquenta justos na cidade. Matá-los-ás a todos? Longe de Ti fazer tal coisa: dar a morte ao justo e ao pecador, de modo que o justo e o pecador tenham a mesma sorte! Longe de Ti!».
Se lá houver 50, 45, 40, 30, 20, 10 justos, pergunta Abraão a Deus, irás destruí-los pelos pecados dos outros? Deus responde: «Em atenção a esses dez, não destruirei a cidade».
Referindo-se a esta passagem, o Papa Francisco falava da oração corajosa de Abraão, e como este negoceia a salvação da cidade. Vai fazendo baixar o preço de 50 para 10. Regateia enquanto é possível. Abraão assume as dores dos outros como suas; defende a cidade como se fizesse parte dela.
O cristão há de ser corajoso ao rezar ao Senhor. Podem ser poucas palavras, mas confiantes no beneplácito de Deus. E rezando uns pelos outros, a exemplo do nosso Pai na Fé, Abraão.
3 – Pensemos, ao jeito do bom Papa João XXIII, que Deus é Pai e Mãe ou como muitas vezes releva da Sagrada Escritura, é Pai que ama como Mãe, a partir das Suas entranhas.
No colo da mãe pedimos, choramos e rimos, sem máscaras nem pudores. Ela escuta e perscruta, o seu coração sintoniza o nosso, em alta fidelidade. Ao seu colo vamos para dizer muitas coisas, para lhe contar a nossa vida, os nossos medos, os nossos desejos, as nossas angústias e as nossas alegrias. E quando não temos palavras, ficamos em silêncio. O seu colo é nosso e para nós.
Deus de tanto nos amar, descobre o colo de Maria, e nesse colo nos dá Jesus, e mais tarde nos dará Maria por mãe, para que mesmo que nos falte a nossa mãe, nunca nos falte o colo de uma Mãe.
Acheguemos ao colo de Deus, deixando que Ele permaneça junto de nós, como Abraão, segredando-lhe os nossos medos e anseios, o nosso cansaço e a nossa dor. Por mais persistente que seja o sofrimento, mais intensa seja a nossa oração. Também aí Ele associa a Sua paixão ao nosso desânimo. E se o sofrimento persistir, e não estiver ao alcance a cura, não deixemos de nos colocar ao Seu colo, pedindo força e ânimo para aceitarmos o que não é possível mudar.
E ainda que queiramos protestar com Ele, façamo-lo sem medo. Ele escuta as nossas queixas. Ele é Pai. É Mãe. É Deus.
4 – Jesus vem, como Homem, caminhar connosco e connosco penetrar no sofrimento e na morte, e, como Deus, abrir-nos outro colo e outro céu, dando-nos a mão, elevando-nos para o coração de Deus.
“Sepultados com Cristo no batismo, também com Ele fostes ressuscitados pela fé que tivestes no poder de Deus que O ressuscitou dos mortos…”
A oração permite-nos acolher o Espírito e a salvação, compreender a nossa fragilidade e a nossa limitação. A oração predispõe-nos para reconhecer os outros como irmãos e para aceitarmos os nossos limites, para perdoarmos os limites dos outros, para transformarmos a fé em vida e em compromisso.
Textos para a Eucaristia (ano C): Gen 18, 20-32; Col 2, 12-14; Lc 11, 1-13.
Reflexão Dominical na página da Paróquia de Tabuaço
ou no nosso blogu CARITAS IN VERITATE.