1 – Iniciámos um novo ano litúrgico, vivendo sob a PRESENÇA de Deus, por Jesus Cristo, no Espírito Santo, em comunidade crente, na comunhão dos Santos e de todos os que Deus já chamou à Sua morada eterna. Acompanhar-nos-á, de forma especial, são LUCAS, nos Domingos e solenidades, o evangelista da MISERICÓRDIA de DEUS. Um Deus que Se curva diante da humanidade, que Se sujeita à nossa liberdade, que nos espera, nos acolhe, que faz festa no nosso regresso e sempre nos devolve à dignidade de filhos, mesmo quando nos tornamos pródigos da distância e do pecado.
O Advento antecipa o quentinho do PRESÉPIO onde encontramos DEUS que Se faz criança, subjugando o poder à força do amor. Ele vem para iluminar toda a treva, para guiar à verdade, para libertar do egoísmo, para nos conduzir à Sua comunhão, à felicidade, aqui e no futuro, hoje e amanhã, e sempre.
O profeta Jeremias, na primeira leitura, dá-nos nota das promessas de Deus e como será breve o entretanto da Sua vinda e do cumprimento fiel dos seus desígnios:
«Dias virão, em que cumprirei a promessa que fiz à casa de Israel e à casa de Judá: Naqueles dias, farei germinar para David um rebento de justiça que exercerá o direito e a justiça na terra».
2 – Vai germinar da terra, um rebento, com raízes no tempo e na história, e no coração de cada ser humano. Não virá como salteador, impondo-Se pela força e violência, mas apresentando-Se no meio dos Seus, um entre iguais, para restabelecer a justiça e o direito. Como rezamos no Salmo, “os caminhos do Senhor são misericórdia e fidelidade para os que guardam a sua aliança e os seus preceitos”.
Com Ele prevalecerá a misericórdia.
Mas incidamos agora a nossa atenção no evangelho de são Lucas, com as palavras interpelantes de Jesus aos seus discípulos:
«Quando estas coisas começarem a acontecer, erguei-vos e levantai a cabeça, porque a vossa libertação está próxima. Tende cuidado convosco, não suceda que os vossos corações se tornem pesados pela intemperança, a embriaguez e as preocupações da vida… vigiai e orai em todo o tempo, para que possais livrar-vos de tudo o que vai acontecer e comparecer diante do Filho do homem».
3 – Vale a pena mastigar as palavras do Evangelho:
Erguei-vos, levantai a cabeça. Não é tempo para ficar alheados a ver a vida correr e os outros a fazer por nós. É tempo de deitar as mãos ao arado, lavrar a terra, para que a semente possa encontrar em nós terra fértil, e germinar em abundância.
Levantai a cabeça. Atitude de quem coloca o olhar em Deus, nas alturas. Como poderemos descobri-l'O se olharmos apenas para o nosso umbigo?
Tende cuidado convosco. Quem te avisa teu amigo é. Jesus quer-nos livres, atentos, disponíveis para amar, para ir em auxílio dos outros. Que os nossos corações não sequem, tornando-se vazios, inúteis, de pedra, mas sejam arejados com a alegria da caridade e do perdão.
Vigiai e orai em todo o tempo. A oração dispõe-nos para Deus, torna-nos sensíveis às necessidades dos irmãos e conhecedores das nossas fragilidades. Oremos, deixemos que Deus inunde a nossa alma, por inteiro, e nos ilumine. Vigiemos. Não cessemos de fazer o bem, de procurar a justiça para todos e a construir um mundo de paz.
4 – Neste sentido, encontrámos também a interpelação do apóstolo Paulo, indicada para o Advento, como tempo que nos prepara para a celebração festiva do Natal, e para todos os adventos da nossa vida, predispondo-nos para acolher o amor que nos vem de Deus, o próximo que precisa da nossa ajuda, e para amarmos, sem limites:
“O Senhor vos faça crescer e abundar na caridade uns para com os outros e para com todos”.
Deus vem. Como é que Ele nos encontra? Como é que O podemos ver nascer em nós e no mundo? Como nos preparamos para sermos a Sua morada, a estalagem onde Ele quer ficar?
Textos para a Eucaristia (ano B): Jer 33, 14-16; Sl 24 (25); 1 Tes 3, 12 – 4, 2; Lc 21, 25-28.34-36.