Editorial Voz Jovem - Julho 2011
1 – Jesus apresenta-Se-nos com o poder de curar, que, por sua vez, comunica aos discípulos (Mt 10, 1-7: Jesus chamou a Si os seus Doze discípulos e deu-lhes poder de expulsar os espíritos impuros e de curar todas as doenças e enfermidades. São estes os nomes dos doze apóstolos: primeiro, Simão, chamado Pedro, e André, seu irmão; Tiago, filho de Zebedeu, e João, seu irmão; Filipe e Bartolomeu; Tomé e Mateus, o publicano; Tiago, filho de Alfeu, e Tadeu; Simão, o Cananeu, e Judas Iscariotes, que foi quem O entregou. Jesus enviou estes Doze, dando-lhes as seguintes instruções: «Não sigais o caminho dos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos. Ide primeiramente às ovelhas perdidas da casa de Israel. Pelo caminho, proclamai que está perto o reino dos Céus»).
Como seus discípulos para este tempo, também nós recebemos o poder de expulsar espíritos demoníacos e de curar doenças e enfermidades, nossas e dos outros.
2 – O poder curativo é próprio do ser humano.
O nosso corpo tem organismos de defesa contra doenças, vírus, bactérias… Avisa-nos quando não está a funcionar bem. Por vezes adiamos o problema à espera que se restabeleça por si. Em muitas situações precisa de ser ajudado, ou pela nossa mente, ou por mecanismos externos, medicamentos...
Por exemplo, uma ferida exposta cura-se através das propriedades do sangue. Quando se tapa, não é para que cure, mas para evitar a infecção. As aplicações terapêuticas visam potenciar os nossos poderes curativos.
O auxílio médico visa preparar o organismo para que este possa ganhar a batalha da cura. Por vezes, o estado gravoso pode levar a uma intervenção mais profunda, substituindo elementos naturais por mecanismos artificiais. As drogas ingeridas ou introduzidas, em forma de medicamentos, procuram interferir, escondendo, enganando, adulterando o organismo. De contrário, este rejeitaria tudo o que lhe é estranho. Por vezes, mesmo com medidas drásticas, o organismo rejeita enxertos, ou órgãos alheios e/ou artificiais. A cura está dentro de nós. O médico e o medicamento potenciam o organismo para que este cure. Às vezes leva muito tempo, dias, semanas, meses, anos, até à cura, até que o organismo assimile e faça seu o que é ou era alheio.
3 – Psicologicamente, o mecanismo é semelhante. Mesmo em estados de grande ansiedade e depressão, a cura é interior. Por vezes é necessário forçar o organismo, para que este descanse, retempere forças. Os medicamentos utilizados em psiquiatria visam anestesiar a pessoa, ou prepará-la para que descubra e assuma as ferramentas da sua própria cura ou para que o processo autodestrutivo não seja completo, impedindo o retorno e a cura.
4 – Os milagres, do mesmo modo, são uma potenciação das nossas capacidades curativas. Jesus exige sempre a fé. A cura não é um passe de mágica que se obtenha espectacularmente. As palavras como os gestos, quando acontecem, visam que a pessoa desperte e se deixe tocar pela graça.
O grande milagre de Jesus, que é pedido à humanidade, é a conversão interior, a mudança de mentalidades, agindo para curar, para salvar, para dar vida. As palavras de Jesus são sintomáticas, a cura exige a fé: "a tua fé te salvou", "vai e não tornes a pecar", "os teus pecados estão perdoados", "levanta-te e anda". As expressões são claramente um desafio à cura interior, à mudança de vida. Jesus provoca a cura, provocando a fé ou, provocando fé, provoca também a cura.
5 – Os médicos e a medicina são essenciais à humanidade e à qualidade de vida. Há doenças que exigem a intervenção de clínicos especialistas no corpo e na mente. É meritório o trabalho realizado. São louváveis os esforços técnicos e científicos. Mas a lógica continua a ser a de potenciar o organismo para reagir. Quantas doenças físicas não são curadas porque a força de vontade e o instinto de sobrevivência estão também em desequilíbrio. Os médicos sabem como a força interior e a ajuda das pessoas queridas são essenciais para a cura! Pode curar-se uma pessoa contra a sua própria vontade? Muito dificilmente.
6 – Jesus envia-nos para curar.
Quantas pessoas ficam melhor com uma palavra de conforto? Quantas vezes uma criança fica bem só porque foi acarinhada pela mãe? Quantas situações desastrosas foram evitadas com uma palavra de simpatia?
Fica a pergunta: como é que podemos ser agentes curativos?