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O Boletim Voz Jovem é de edição mensal. Tira férias, como os portugueses que podem, em Agosto. Regressa ao trabalho em Setembro.
Nesta edição, que disponibilizamos em formato digital, os assuntos são variados, desde logo o Editorial, que se reporta à Viagem Apostólica de Bernto XVI ao reino Unido, com a beatificação do Cardeal Newman, o documento da Comferência Episcopal Portuguesa, "Repensar juntos a Igreja em Portugal", e o Plano Pastoral Paroquial que englobará a preocupação do referido documento, bem como o balanço do trabalho pastoral na Diocese, com os 10 anos de pintificado de D. Jacinto, que atingiu em Setembro os 75 anos, altura de solicitar ao Papa a resigniação. Outros assuntos em destaque: pelos caminhos de Santiago (Compostela), em ano de Jubileu, com um testemunho na primeira pessoa; iniciativas na comunidade de Pinheiros durante o Verão; homenagem ao Rev. Pe. Luís Ribeiro da Silva, pelos 50 anos de sacerdócio, em Barcos e com maior visibilidade na Festa de Santa Eufémia, em Pinheiros; na última página, temas bíblicos, O livro da Verdade - 7, e o Olhar de um Jovem. E outras informações pertinentes....
O boletim VOZ JOVEM pode ser lido a partir daqui e/ou fazendo o download nos formatos respectivos:
Haruki Murakami é um escritor de créditos firmados, nasceu em Quioto em 1949. Depois da faculdade, abriu um Clube de Jazz, no Japão. Quase por brincadeira torna-se escritor, romancista. Concorre a um prémio e passado dois meses toma conhecimento dos resultados: 1.º Lugar, o que lhe permite a primeira publicação. Decide depois tornar-se romancista, deixando o Clube... Torna-se também quase em simultâneo corredor/maratonista...
Neste livro, que ora recomendamos - H. Murakami, Auto-retrato do escritor enquanto corredor de fundo. Casa das Letras: 2009 - o autor reflecte a sua vida como corredor e quanto se tornou importante a corrida, o exercício físico, a persistência na sua escrita... É um retrato descontraído, despreconceituoso, divertido, envolovente, para quem gosta de Murakami, para quem gosta de autobiografias, para quem gosta de ler, vale a pena mais esta obra do autor japonês.
No final da narrativa diz-nos o autor: "Vejo este livro como uma espécie de memórias... Através do acto da escrita, tive a intenção de ordenar os meus pensamentos, à minha maneira, de descobrir de que forma vivi durante os últimos vinte e cinco anos, como escritor e como um ser humano igual aos outros..."
Outras obras bem conhecidas e que já lemos erecomendaríamos: Em busca do Carneiro Selvagem; Crónica do Pássaro de Corda; A Rapariga que Inventou um Sonho; After Dark. Os passageitros da Noite; A sul da Fronteira, a Oeste do Sol...
O discurso global de Bento XVI deu ao mundo uma imagem diferente da Igreja Católica e da figura que para muitos é tida como de divisão mas que na realidade é referência religiosa e humana no nosso mundo: o Papa.
Cinco meses depois de vir a Portugal, Bento XVI empreende uma viagem completamente diferente ao Reino Unido. Foi Chefe de Estado, Sucessor de Pedro, Pastor, ecuménico, penitente, corajoso, cordial, amigo. Tal como aconteceu em Portugal a Comunicação Social não foi benigna antes do acontecimento. Profetizou um fracasso, um pretexto para protestos e até uma oportunidade para o Papa receber ordem de prisão. O balanço final nada teve a ver com os agoiros.
A Inglaterra é indiscutivelmente uma referência no nosso tempo, de história, cultura, liberdade e comunicação. Mas raramente se diz que no Império de Sua Majestade ser católico é ter um estatuto menor, como que infiel a um país que há quinhentos anos escolheu o seu "Papa" e lhe presta fidelidade, onde o político e o religioso se misturam com ar benigno e natural. Noutro país seria considerado subdesenvolvimento ou terceiro-mundismo.
Há as feridas da história e não poucas, há recentes passos de aproximação entre a Igreja Católica e Anglicana, que voltaram atrás com as conhecidas decisões "fracturantes" da Igreja Anglicana. Foi este terreno minado que Bento XVI pisou, com a agravante dos escândalos inqualificáveis na Igreja Católica em muitos pontos do mundo e com uma incidência gravíssima nos Estados Unidos da América, Irlanda e Bélgica. Juízes implacáveis, de dedo em riste, esperavam Bento XVI.
O programa tinha alguns laivos aparentes de provocação: o Papa propôs - se beatificar um "adversário" do Anglicanismo - Newman -, saudou os que recentemente se converteram ao catolicismo pelas roturas com a Igreja nacional.
Foi cordialmente recebido pelas autoridades civis e religiosas e com um entusiasmo e vivência profunda pelos católicos que, sendo minoria, se entregaram militantemente a esta causa que era muito mais que a visita deste Papa. Era um todo, momento único de dificuldade e diálogo entre duas Igrejas e dois Estados com todas estas feridas de permeio.
A dignidade das celebrações, a participação viva da multidão, a ausência de qualquer triunfalismo, fizeram deste tempo um grande momento da Igreja neste início de milénio, com um Papa idoso, olhado ainda com preconceitos, mas com uma fé, uma firmeza e um porte humano de extrema delicadeza e respeito. E extrema lucidez e coragem.
Na histórica celebração ecuménica de Westminster soube apontar o inimigo comum dos crentes: o secularismo. Apesar das fixações de alguns media, desde a BBC à TV Al Jazeera e canais portugueses - como se nada mais houvesse que a referência à pedofilia - o discurso global de Bento XVI deu ao mundo uma imagem diferente da Igreja Católica e da figura que para muitos é tida como de divisão mas que na realidade é referência religiosa e humana no nosso mundo: o Papa. Para além da figura concreta que desempenha essa missão.
António Rego, in Agência Ecclesia (Editorial).
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Textos para a Eucaristia (ano C): Am 6,1a.4-7; 1 Tim 6,11-16; Lc 16,19-31
Um vento de cem quilómetros por hora permitiria separação das águas, mas não no mar Vermelho
Segundo a Bíblia, Moisés ergueu as mãos para o mar Vermelho e durante toda a noite Deus separou as águas com um forte vento de leste para permitir a fuga do povo hebreu do Egipto para a Palestina. De manhã, quando o exército do faraó os tenta seguir, foi engolido pelas águas. Agora, uma nova simulação de computador concluiu que um fenómeno natural pode realmente ter permitido este milagre, mas não no mar Vermelho.
"As pessoas sempre ficaram fascinadas com esta história do Livro do Êxodo, perguntando-se se tem origem em factos históricos", disse o investigador do Centro Nacional para a Pesquisa Atmosférica norte-americano, Carl Drews. "O que este estudo mostra é que a descrição da separação das águas tem por base leis da física", acrescentou o principal autor do estudo publicado online no jornal científico PloS ONE.
Com o recurso a antigos mapas topográficos, registos arqueológicos e modernas medições de satélite, a equipa encontrou um possível local para a travessia: não no mar Vermelho, onde normalmente se localiza o acontecimento de há três mil anos, mas numa área no delta do Nilo, onde aparentemente um ramo do rio inundava o antigo lago de Tanis.
Aí, um vento de leste a soprar a uma velocidade de um pouco mais de cem quilómetros por hora, durante oito horas, teria permitido afastar as águas (com 1,8 metros de profundidade). Uma faixa de terra lamacenta com entre 3,2 e quatro quilómetros de comprimento e 4,8 quilómetros de largura teria ficado a descoberto durante quatro horas, com duas paredes de água de ambos os lados. Assim que o vento parasse, o caminho teria ficado alagado.
"A simulação corresponde de forma bastante rigorosa com o relato do Êxodo", indicou Drews, no texto que acompanha as conclusões do estudo. "A separação das águas pode ser percebida através da dinâmica de fluidos. O vento move a água de acordo com as leis da física, criando uma passagem segura com a água nos dois lados e depois permitindo uma rápida inundação", acrescentou.
Este tipo de vento, capaz de diminuir as águas num determinado local e empurrá-las para outro, já foi documentado várias vezes - aconteceu, por exemplo, no Lago Erie perto de Toledo, no Ohio. Em pelo menos uma ocasião foi também detectado no delta do Nilo no século XIX, quando as águas terão recuado cerca de 1500 metros.
Uma anterior simulação de computador, feita por cientistas russos, tinha estabelecido que seriam necessários ventos de nordeste de pelo menos 120 quilómetros por hora para criar uma passagem no mar Vermelho, perto do actual Canal do Suez. Mas Drews e a sua equipa duvidam que fosse possível os refugiados caminharem com ventos tão fortes, explicando que o solo tinha de ser totalmente liso para permitir que a água recuasse em apenas 12 horas.
O novo estudo, que contou com a colaboração da Universidade de Colorado, é parte de uma investigação maior sobre o impacto dos ventos na profundidade das águas. Drews espera que, ao dar esta nova localização para o milagre de Moisés, possa ajudar os arqueólogos a descobrir provas concretas deste evento.
Fonte: Diário de Notícias.
Nota:
Diga-se que a Igreja e a reflexão teológica já tinham explicado que o milagre da separação das águas e a passagem a pé enxuto era sobretudo uma feliz coincidência das condições naturais, conjugando a altura do ano, o clima... O facto de a ciência demonstrar que o "milagre" de Moisés é possível, é mais um argumento para a veracidade/fundamentação de tal coincidência, que Moisés e o Povo interpretaram como milagre.
Como disse um dia Laurinda Alves, os milagres são coincidências através das quais Deus nos mostra o Seu caminho...
Tudo tem o seu tempo, tudo tem a sua hora debaixo do céu:
Há tempo para nascer e tempo para morrer,
tempo para plantar e tempo para arrancar;
tempo para matar e tempo para curar,
tempo para demolir e tempo para construir;
tempo para chorar e tempo para rir,
tempo para gemer e tempo para dançar;
tempo para atirar pedras e tempo para as juntar,
tempo para se abraçar e tempo para se separar;
tempo para ganhar e tempo para perder,
tempo para guardar e tempo para deitar fora;
tempo para rasgar e tempo para coser,
tempo para calar e tempo para falar;
tempo para amar e tempo para odiar,
tempo para a guerra e tempo para a paz.
Que aproveita ao homem com tanto trabalho? Tenho observado a tarefa que Deus atribuiu aos homens, para nela se ocuparem. Ele fez todas as coisas apropriadas ao seu tempo e pôs no coração do homem a sucessão dos séculos, sem que ele possa compreender o princípio e o fim da obra de Deus. (Co 3, 1-11)
Deus fez todas as coisas com sentido, expressão da abundância do Seu amor, que transborda e cria todo o Universo. E fez tudo admiralvelmente. O facto de nem sempre compreendermos o mundo e o tempo que nos envolve, isso não significa que os acontecimentos, a sucessão dos tempos e a história não esteja no coração de Deus.
O texto de Coeleth aponta-nos para a sabedoria de Deus e para a nossa confiança no Senhor de todas as coisas. Se Deus estivesse ausente do Universo, tudo seria vaidade, passageiro, rotina, vazio, efémero, como líamos ontem. Se Deus é o autor também do tempo, tudo tem um sentido de eternidade.
Há músicas e melodias muito inspiradoras, ou pelo menos de agradável audição. Escutámos esta no blogue Almas Castelos, e em jeito de partilha, propomo-la aqui neste espaço. Ouça, aprecie, delicie-se com a arte da música...
"É tão breve o nosso tempo, é tão volátil, tão definitivamente passado, que ninguém sabe o tamanho do futuro e, mesmo que tenha muitos anos, será breve para gozar o esplendor da felicidade construída, pois ela devora o tempo e, quando se esfuma, já não há tempo para recomeçar outra vez"
"... aprendemos que a felicidade se constrói, não se recebe, que o amor não é uma fantasia de conto de fadas, mas a entrega absoluta à arte de erguer, na comunhão das nossas energias, a felicidade de muitos por mais tempo do que o tempo efémero dos que foram felizes para sempre...
"A felicidade é um combate, uma necessidade que exige trabalho, que nos põe à prova, que nos desafia, que se contrói e desconstrói, que se exalta, fervilha e logo desaparece, como se fosse um suspiro. Descobri, afinal, que amar não é a entrega egoísta ao outro. Ninguém é feliz no egoísmo. Ninguém ama uma só pessoa, uma só paisagem, uma só árvore. É grande o espaço que sobra para o sofrimento..."
"O sofrimento tem uma virtude. Ensina-nos a saborear os momentos mais felizes, ensina-nos a procurar a felicidade, afastando-nos dele. Ninguém quer sofrer, todos os homens e mulheres aspiram à felicidade. Ninguém quer sobreviver apenas à tragédia e à mágoa. O nosso pranto perante a morte daqueles que amámos não é suficiente para que a felicidade possa ser o outro lado do sofrimento. Assim como o amor não é o inverso do ódio, nem a paz a parte contrária da guerra..."
MOITA FLORES, Mataram o Sidónio! Casa das Letras: 2010.
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