Tu guardaste o vinho bom até agora...
1 – Hoje a Liturgia da Palavra brinda-nos com o primeiro milagre de Jesus, segundo o evangelista São João.
A Mãe de Jesus foi convidada e também Jesus e os discípulos.
Jesus não é Alguém estranho, esquisito, extraterrestre. Ele assume-nos por inteiro. E assume-Se como verdadeiro Homem. Sendo Deus é Deus connosco, confunde-Se connosco, encarna, caminha connosco, vive como nós. Não cai do Céu aos trambolhões, nasce de uma Mulher, tem uma família, tem amigos, vai às festas dos familiares, participa nas dores e nas tristezas do seu povo. Não é romantismo, é a vida real de Jesus. Nas Bodas de Caná, Jesus está descontraidamente a festejar. Envolvido. Entre familiares e amigos.
2 – A festa decorre normalmente. Os noivos estão felizes da vida, talvez um pouco ansiosos, falando com uns e com outros, preocupados em que tudo corra bem e todos se sintam felizes. Do mesmo jeito, os pais dos noivos se asseguram que nada falta aos convidados.
Maria, Mãe de Jesus, tal como o Filho, está a festejar. Mas mantém-se atenta. É amiga da família e preocupa-se com que tudo corra bem. Há pessoas assim. Maria é modelo e referência. Apercebe-se antes de todos os outros que o vinho está a faltar.
Diante dos contratempos poderemos bloquear sem saber o que fazer, ou passamos à frente como se não nos dissesse respeito, deixando que outros resolvam. Maria toma a iniciativa e faz o que está ao Seu alcance. Vai ter com Jesus e diz-lhe: «Não têm vinho». A oração de Maria não força Deus, mas confia n’Ele.
A resposta de Jesus – «Mulher, que temos nós com isso?» – sintoniza, num primeiro tempo, com aquilo que pensamos, por que é que nos havemos de intrometer num problema que não criámos e que não nos diz respeito diretamente?
«Ainda não chegou a minha hora». Jesus tem consciência do tempo em que Se manifestará a todos. Ainda não terá chegado a hora! Por vezes também nos acontece. Nós é que sabemos! E ficamos retinentes quando nos dizem que temos de fazer isto ou aquilo. Jesus faz-nos olhar para Maria, Sua Mãe, que não desiste, dizendo aos serventes, que hoje somos nós: «Fazei tudo o que Ele vos disser». O que pedirmos com fé à Mãe, o Filho não deixará de atender.
3 – Jesus não demora em justificações ou desculpas. Poderia passar culpas! Quem vai para o mar prepara-se em terra! Se os noivos e as suas famílias marcaram a festa de noivado-compromisso, então deveriam prever o número das pessoas e os dias da festa. Quem não quer ajudar arranja desculpas. Quem quer ajudar, ajuda e pronto!
Jesus manda os serventes – que hoje somos nós – encher as talhas de água. Seis talhas de pedra destinadas à purificação dos judeus. 600 litros de água transformada em 600 litros de vinho de qualidade.
Os serventes seguem Jesus e fazem o que Ele lhes pede. Jesus conta com eles e connosco: «Tirai agora e levai ao chefe de mesa». Sem saber a origem deste vinho novo, o chefe de mesa prova e fica admirado, dizendo ao noivo: «Toda a gente serve primeiro o vinho bom e, depois de os convidados terem bebido bem, serve o inferior. Mas tu guardaste o vinho bom até agora».
Jesus serve-nos o melhor vinho. Serve-nos a Sua vida por inteiro, cuja abundância já se visualiza neste primeiro milagre. Transforma a água em vinho. Transforma a Sua vida para Se nos dar, no pão e no vinho, com o Seu Corpo e o Seu sangue, em abundância, a abundância do amor.
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Textos para a Eucaristia (ano C): Is 62, 1-5; Sl 95 (96); 1 Cor 12, 4-11; Jo 2, 1-11.
REFLEXÃO DOMINICAL na página da Paróquia de Tabuaço
e no nosso outro blogue CARITAS IN VERITATE