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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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16.09.17

Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete

mpgpadre

1 – Aí está a pergunta de Pedro: «Se meu irmão me ofender, quantas vezes deverei perdoar-lhe? Até sete vezes?».

Perdoar até 7 vezes? Impossível. Uma vez, duas vezes! À terceira começa a ser demais, pois há que manter a dignidade! Três vezes ou mais já é perder a face e deixar abusar. 7 vezes? Só se fosse a 7 pessoas diferentes e em diferentes ocasiões! Mas o SETE, na linguagem semita, vale por plenitude, perfeição, ou seja, sempre.

Ora a resposta de Jesus é ainda mais taxativa: «Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete».

Façamos as contas que, em termos matemáticos, são fáceis de fazer: 70X7=490 vezes. Muitos "perdões"! Mas novamente a linguagem semita e o seu significado: 70X7 = SEMPRE! Pedro já apontava para um perdão sem limites, mostrando a Jesus que tinha aprendido bem a lição e que já era capaz de ver além do seu umbigo. Porém, Jesus aponta para o infinito, para que não haja interpretações personalizadas à medida de quem escuta. SEMPRE. É a medida do amor, é a medida de Jesus, a medida de Deus. Sem ajustes nem reservas! Perdoar até àqueles que te matam, como fez Jesus no alto da Cruz!

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2 – A comunicação de Jesus procura "democratizar" o acesso ao reino de Deus, mas também a perceção sobre o mesmo. O reino de Deus é para todos, não para um grupo privilegiado. Esse é também o combate de Jesus com alguns líderes religiosos, que nem entram nem deixam entrar, complicando, sendo os intérpretes exclusivos da Lei e da vontade de Deus. Jesus eleva a fasquia. Os filhos apresentam-se diante de um Pai, não de um Juiz prepotente e surdo! Os juízos do Pai são preenchidos de ternura e misericórdia.

Mestre da Sensibilidade, Jesus fala da vida e de modo a que todos possamos perceber. Não se enrola num emaranhado de argumentos. Ao responder a Pedro, como em tantas outras ocasiões, Jesus conta uma estória. O reino de Deus pode comparar-se a um rei que quer ajustar contas com os seus servos. À sua presença é levado um homem que lhe deve 10 mil talentos. Uma fortuna. Não tendo com que pagar, será vendido com a mulher, os filhos e as suas posses. Perante a iminência da desgraça, este homem suplica ao rei compreensão e tempo para saldar a dívida. O rei despe a capa do poder e enche-se de compaixão! Perdoa-lhe toda a dívida.

Pelo caminho, o homem a quem foi perdoada a dívida encontra um companheiro que lhe deve uma ninharia: cem denários! A alegria e a gratidão deveriam agora ser o seu alimento e o seu vestuário. Mas prevalece a ganância e, tendo em conta o muito que lhe foi perdoado, não é capaz de fazer o mesmo com o seu companheiro, mandando-o prender. Este é também um drama do nosso tempo: muitas vezes a quem deve são-lhe também retiradas as possibilidades de pagar! A parábola termina com os companheiros a irem à presença do seu senhor, contando-lhe o sucedido, revoltados com a desmedida com que aquele servo tinha sido beneficiado e a exigência para com o companheiro sobre uma pequena dívida.

 

3 – Nós também cabemos dentro da parábola. Eu e tu. Enquanto Jesus fala não podemos assobiar para o lado como se não fosse nada connosco. Ele fala para os discípulos, isto é, fala para nós.

A reação do rei é elucidativa: «Servo mau, perdoei-te tudo o que me devias, porque mo pediste. Não devias, também tu, compadecer-te do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti?» Então o senhor entregou-o aos verdugos até que a dívida seja saldada.

Depois da parábola vem a conclusão! O próprio Jesus avisa e desafia: «Assim procederá convosco meu Pai celeste, se cada um de vós não perdoar a seu irmão de todo o coração». O perdão de Deus para connosco é absoluto, sem reservas nem condições! Acolhendo-O na nossa vida, o caminho a percorrer terá de ser conforme ao Seu proceder: perdoar sempre.


Textos para a Eucaristia (ano A): Sir 27, 33 – 28, 9; Sl 102 (103); Rom 14, 7-8; Mt 18, 21-35.

26.08.17

E vós, quem dizeis que Eu sou?

mpgpadre

1 – «E vós, quem dizeis que Eu sou?».

Diante de Jesus que Lhe respondemos? E que é que dizemos d'Ele? E como dizê-l'O a Ele na minha, na tua, na nossa vida?

O ministério de Jesus começa a dar sinais ambíguos quanto ao desfecho final. N'Ele é visível o amor de Deus como Pai. A Sua delicadeza há de levá-l'O à morte!

O messianismo de Jesus segue uma dinâmica muito própria: amor, serviço e perdão, proximidade e misericórdia. O messianismo esperado era bem diferente: poder, morte, destruição, substituição de uns pelos outros, revolução pela força.

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2 – «Quem dizem os homens que é o Filho do homem?» Será que Jesus tem curiosidade acerca da opinião pública? Não temos todos? Alguns vivem em função disso e uma opinião desfavorável tira-lhes o sono; para outros é algo de secundário, ainda que sirva de referencial para corrigir posturas e/ou desvios. Todos, no entanto, gostamos de ser bem vistos! Há quem pense pela própria cabeça e quem espere para saber qual a opinião dos outros para formular a própria opinião. O ideal talvez se encontre a meio caminho!

«Quem dizem os homens que é o Filho do homem?» Que responderíamos hoje a Jesus? É o Filho do Homem? O carpinteiro? Um revolucionário? Uma pessoa importante do passado? Os discípulos foram meigos a responder: «Uns dizem que é João Batista, outros que é Elias, outros que é Jeremias ou algum dos profetas». A amizade fê-los filtrar a informação. Por vezes precisamos de amigos assim, sobretudo quando a informação é desnecessária e desonesta.

 

3 – «E vós, quem dizeis que Eu sou?»

Aquilo que estranhos ou conhecidos dizem a nosso respeito é relativo e, de certa maneira, dispensável. Não nos deveria tirar o sono. Já a opinião dos que estão à nossa volta, familiares, amigos, pessoas com quem trabalhamos é muito mais importante, pois ajuda-nos a caminhar, a crescer, a corrigir erros, a colmatar insuficiências.

Quem é Jesus para mim? Que relevância tem na minha vida, nas minhas decisões? A minha vida é diferente por conhecer, por seguir Jesus? No meu dia-a-dia há alguma diferença por ser cristão?

Na abordagem de D. António Couto, Bispo de Lamego, o questionamento cola-nos à profissão de fé, isto é, o que é que dizemos acerca de Jesus. Pedro responde em seu e nosso nome: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo». É o credo cristão dito pelos lábios de Pedro. É um dizer novo, diferente, atual, presente. Antes, dizia-se, os outros dizem! Agora somos nós que dizemos Jesus, que O anunciámos, que O vivemos, que O transparecemos nas nossas palavras, na nossa vida. Este DIZER é para agora e não é uma retransmissão, somos nós a implicar-nos com Jesus, é a nossa identidade cristã; é Deus a inspirar-nos. «Feliz de ti, Simão, filho de Jonas, porque não foram a carne e o sangue que to revelaram, mas sim meu Pai que está nos Céus». Antes de dizermos Jesus, Cristo, Filho de Deus, é Deus que nos diz, que nos revela: Este é o Meu filho muito amado, escutai-O. O que dizemos não vem de nós, mas vem através de nós; não vem de fora, mas de dentro; não vem dos lábios, mas do coração, vem de Deus que habita em nós, no nosso coração.

 

4 – No Evangelho, através de Pedro, Jesus confia-nos a missão de abrirmos as portas do Seu Reino de amor: «Tu és Pedro; sobre esta pedra edificarei a minha Igreja e as portas do inferno não prevalecerão contra ela. Dar-te-ei as chaves do reino dos Céus: tudo o que ligares na terra será ligado nos Céus, e tudo o que desligares na terra será desligado nos Céus».

É um "poder" que implica riscos mas sobretudo responsabilidades pelos outros. Cada um segundo a sua missão, com responsabilidades diferentes, mas todos havemos de prestar contas, como se vislumbra também na primeira leitura. Se não conduzirmos os outros a Jesus Cristo, pelo menos não os impeçamos de prosseguirem! Se não abrimos portas e janelas, não criemos muros, saiamos da frente!


Textos para a Eucaristia (ano A): Is 22, 19-23; Sl 137 (138); Rom 11, 33-36; Mt 16, 13-20..
 

15.05.16

A fidelidade no tempo é o nome do amor

mpgpadre

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Feliz expressão de Bento XVI, no dia 12 de maio de 2010, na Basílica da Santíssima Trindade, em Fátima: "Permiti abrir-vos o coração para vos dizer que a principal preocupação de todo o cristão... há de ser a fidelidade, a lealdade à própria vocação, como discípulo que quer seguir o Senhor. A fidelidade no tempo é o nome do amor; de um amor coerente, verdadeiro e profundo a Cristo Sacerdote".

O amor é a fidelidade no tempo. Não é um sentimento passageiro, mas uma opção de vida, que nos faz aprofundar os laços que nos unem, com gestos de afeto, de ternura, de cuidado. Jesus não passa pelas pessoas. Jesus permanece. Para. Olha. Fala. Envolve. Cura. Desafia. Chama. Envia. "Eu estarei sempre convosco até ao fim dos tempos" (Mt 28,20). Não estará num momento, mas em todo o tempo. Deus é amor. Quem ama permanece em Deus e Deus permanece nele (cf. 1 Jo 4, 7-19).

       constantemente. Traduz-se em obras, gestos e atitudes. "Nem todo aquele que diz 'Senhor, Senhor' entrará no reino dos Céus, mas somente aquele que fizer a vontade de Meu Pai" (Mt 7, 21). O que os lábios professam, a vida transparece. Pedro havia professado Jesus, garantindo que estaria com Ele em todas as horas. É audível a repreensão de Pedro a Jesus (cf. Mt 16, 22). Mas, como Jesus previra, Pedro, na hora de maior desgaste, nega-se e nega Jesus (cf. Jo 18, 12-27).

O tempo de Páscoa sublinha a insistência de Jesus em solidificar a fé. Ele está de regresso, vivo, ressuscitado, mas contando ainda mais connosco, discípulos missionários para este tempo.

Apareceu aos discípulos, na tarde daquele primeiro dia, e encontrou-os encolhidos com medo dos judeus. Oito dias depois voltou a aparecer-lhes, com Tomé também presente. O entusiasmo toma conta deles, mas parece ser sol de pouca dura. Que fazer? Esperar que Jesus Ressuscitado restaure em definitivo o Reino de Deus?

Nas margens do mar de Tiberíades (cf. Jo 21, 1-19), terceira aparição aos discípulos, Jesus questiona Pedro sobre a sua fidelidade: «Simão, filho de João, tu amas-Me mais do que estes?». Pedro, titubeando responde afirmativamente. Jesus insiste com Pedro. Na terceira e última resposta, quase a sussurrar, Pedro reconhece-se humildemente: «Senhor, Tu sabes tudo, bem sabes que Te amo».

Esta é a única condição para O seguirmos: amá-l’O!

 

Publicado na Voz de Lamego, n.º 4358, de 12 de abril de 2016

21.02.15

Jesus esteve 40 dias no deserto...

mpgpadre

1 – "O Espírito Santo impeliu Jesus para o deserto. Jesus esteve no deserto quarenta dias e era tentado por Satanás. Vivia com os animais selvagens e os Anjos serviam-n’O. Depois de João ter sido preso, Jesus partiu para a Galileia e começou a pregar o Evangelho, dizendo: «Cumpriu-se o tempo e está próximo o reino de Deus. Arrependei-vos e acreditai no Evangelho».

O primeiro Domingo da Quaresma traz-nos o episódio das Tentações de Jesus. As tentações a que Jesus está sujeito são as mesmas tentações do povo de Deus ao longo do deserto. O povo cedeu. Jesus ajuda a superar as tentações em entrega confiante a Deus.

Jesus, verdadeiro homem, é tentado como qualquer um de nós. As nossas tentações são visualizáveis em Jesus, porque em tudo Se identifica connosco. Os desertos da nossa existência podem tornar-se tempo de dúvida e de provação, de amadurecimento e de purificação dos nossos propósitos e compromissos. Quarenta anos: a Quaresma do povo da Primeira Aliança para entrar na Terra da Promessa. Jesus é a Promessa que se cumpre para nós. Quarenta dias em que Se prepara para Se dar totalmente a nós, sem reservas e sem medos.

O alimento de Jesus é a realização da vontade do Pai. Eu venho, Senhor, para fazer a Vossa vontade (cf. Heb 10, 1-10). A tentação acompanha-O ao longo da vida. Há n’Ele uma força maior: a presença de Deus. Com efeito, é o Espírito Santo que O conduz ao deserto. É o mesmo Espírito que Se manifesta no Batismo. O tentador é forte, mas Deus assiste Jesus com os Seus santos Anjos.

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2 – Deus assiste-nos do mesmo jeito que a Jesus, desafiando-nos a dar o melhor de nós e a acolher os outros como irmãos. É possível que as tentações nos acerquem. É possível seguir Jesus, fazer como Ele, deixar-se conduzir pelo Espírito de Deus.

Se o Seu alimento – a vontade do Pai – o livra do mal e das manifestações diabólicas, também a nós nos dará a força e a caridade para, em cada dia, encontrarmos razões que nos atraiam para o bem e para a verdade, pois Ele é o nosso Caminho e a nossa Vida.

Vale a pena reler algumas palavras do Papa Francisco na sua Mensagem para esta Quaresma, e das quais faz eco D. António Couto, Bispo de Lamego, ao dirigir-se à Diocese, convocando-nos a marcar a diferença num mundo em que a indiferença pelos outros se globaliza.

Diz o Papa: "Dado que a indiferença para com o próximo e para com Deus é uma tentação real também para nós, cristãos, temos necessidade de ouvir, em cada Quaresma, o brado dos profetas que levantam a voz para nos despertar. A Deus não Lhe é indiferente o mundo, mas ama-o até ao ponto de entregar o seu Filho pela salvação de todo o homem". 


Textos para a Eucaristia (ano B): Gen 9, 8-15; Sl 24 (25); 1 Pedro 3, 18-22; Mc 1, 12-15.

 

Reflexão COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso blogue CARITAS IN VERITATE

17.01.15

Rabi, onde moras? Vinde ver...

mpgpadre

1 – João percebe que Aquele Jesus é o Messias que estava para vir e que já está no MEIO de nós. Àqueles dois discípulos, e a nós também, João mostra Jesus: É o Cordeiro de Deus. Como a dizer-nos: agora o tempo é outro, já não faz sentido serdes meus discípulos, quando todos devemos ser discípulos d'Ele, Aquele sobre Quem desceu o Espírito Santo. Os discípulos ouvem-no, deixam-no e passam a seguir Jesus. Veja-se a sequência de testemunho. João dá testemunho de Jesus. Comunica aos Seus discípulos Quem é o Messias. E os discípulos, escutam e fazem uma escolha.

Duas atitudes nos são sugeridas: sermos testemunhas, em palavras e obras, de Jesus, e como João apontarmos sempre para Ele que está no MEIO de nós; como discípulos, sermos ouvintes da Palavra de Deus, para nos pormos a caminho, seguindo atrás de Jesus.

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2 – Jesus volta-Se e vê-nos. Vai à frente, mas não indiferente. Ele sabe que O seguimos, que O procuramos, e que podemos perder-nos. Seguindo-O de perto, decalcando as Suas pegadas, podemos escutar a Sua voz: «Que procurais?». Teremos então oportunidade de nos aproximarmos mais: «Rabi, onde moras?».

«Vinde ver». A resposta de Jesus é um convite para entrarmos em Sua casa. Ele quer ser a nossa morada. Quer-nos a morar com Ele. Só assim O conheceremos, só assim O seguiremos, só assim podemos transparecê-l'O.

O encontro com Jesus tem hora marcada. Eram quatro horas da tarde. O pormenor temporal que o evangelho de São João nos dá é significativo. Aquele encontro não é abstrato, desligado da vida, fruto da imaginação. É real, como real são os discípulos que seguem Jesus. Um dos que foram ver onde Jesus morava e ficaram com Ele nesse dia é André, irmão de Simão Pedro.

O encontro com Jesus muda-nos. Não basta saber alguma coisa sobre Ele. É o primeiro passo. Depois, segui-l'O pelo caminho, permanecendo junto d'Ele, na Sua casa. E se Ele se torna a nossa morada, o inevitável acontece: não podemos calar o que vimos e ouvimos.

André vai procurar o seu irmão e diz-lhe: «Encontrámos o Messias», e levou-o a Jesus. Atente-se no pormenor: André não diz muitas coisas sobre Jesus, nem tenta convencer Pedro, simplesmente o leva a Jesus. O testemunho sobre Jesus é fundamental, pois não podemos amar o que desconhecemos. Cada um de nós ouviu falar de Jesus, e alguém nos levou a Ele. O encontro pessoal com Jesus será incontornável para que Ele seja a nossa morada e n’Ele nos sintamos em casa.

 

3 – Dá-se o encontro de Jesus com Pedro. E mais uma vez somos surpreendidos. Ele precede-nos. Sabe quem somos, trata-nos pelo nome. O Seu olhar vai ao fundo de nós, onde Ele nos descobre e nos desconcerta. Jesus fita os olhos em Simão e diz-lhe: «Tu és Simão, filho de João. Chamar-te-ás Cefas» – que quer dizer ‘Pedro’.

E tudo muda de novo. És Simão mas chamar-te-ás Cefas, serás Pedro, pedra, rocha sobre a Qual edificarei a minha Igreja. Sublinhe-se desde já que a Igreja é de Cristo, não de Pedro. É Ele que a edifica, mas conta com Pedro e conta connosco.

____________________________

Textos para a Eucaristia (ano B): 1 Sam 3, 3b-10. 19; Sl 39 (40); 1 Cor 6, 13c-15a. 17-20; Jo 1, 35-42.

 

Reflexão completa na página da Paróquia de Tabuaço

e no nosso blogue CARITAS IN VERITATE.

30.08.14

Se alguém quiser seguir-Me, tome a sua cruz e siga-Me

mpgpadre

       1 – E vós que dizeis que Eu sou? Pergunta essencial que Jesus nos faz sobre o testemunho que estamos dispostos a dar, identificando-nos com Ele e permitindo que Ele transpareça em nós.

       Pedro, como víamos, responde também por nós: Tu és o Messias, o Filho de Deus. És único para mim. Seguir-Te-ei por onde fores.

       A profissão de fé de Pedro é reveladora. Mas a consciência do que acaba de dizer parece não ter ainda a consistência do seguimento, a luz da fé que brotará com toda a força na Ressurreição de Jesus.

       O Mestre previne os seus discípulos para que não se deixam iludir por facilidades. Ele é o Messias, o Enviado de Deus, mas não dispensa ninguém de trabalhar, de fazer o seu próprio caminho. Ele é Guia, mas não nos substitui os pés, a vontade. Teremos que viver a nossa vida, enfrentando os dias bons e os dias nebulosos. Ele estará sempre connosco. Sempre de mão estendida para não nos deixar afundar. Esta confiança que nos vem da fé ajuda-nos a encarar as intempéries que advirão pelo caminho.

       O Filho do Homem, que é também o Filho de Deus, vai sofrer. Vai passar as passas do Algarve, vai ser entregue às autoridades e será morto. No entanto, não há que se deixar afugentar pela morte, pois a ressurreição, três dias depois, trará a vitória de Deus-Amor.

        2 – Quando nos dão uma má notícia deixamos de ter disponibilidade para boas notícias. Os discípulos já não ouvem Jesus a falar de ressurreição e logo Pedro O contesta, dizendo: «Deus Te livre de tal, Senhor! Isso não há de acontecer!»

       Jesus volta-Se para Pedro e diz-lhe: «Vai-te daqui, Satanás. Tu és para mim uma ocasião de escândalo, pois não tens em vista as coisas de Deus, mas dos homens». E logo para os discípulos, que hoje somos nós: «Se alguém quiser seguir-Me, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-Me. Pois quem quiser salvar a sua vida há de perdê-la; mas quem perder a sua vida por minha causa, há de encontrá-la. Na verdade, que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua vida? Que poderá dar o homem em troca da sua vida?»

       Aí estão as linhas de orientação para sermos verdadeiramente discípulos, seguidores de Jesus. Seguir atrás do Mestre. Quando queremos ir à frente, ou sem Ele, corremos o risco de perder a vida em vão. É preciso sermos aquela pedra frágil cuja força nos vem do alto, de Jesus Cristo, pelo Espírito Santo. Precisamos de não impedir que Deus trabalhe em nós e através de nós. Podemos ter o mundo inteiro nas mãos, mas se nos faltar a caridade, faltar-nos-á a própria vida, como dom partilhável. Precisamos de GASTAR a vida a favor dos outros, a exemplo de Jesus que dá a vida pela humanidade inteira.

 

       3 – Há tantos caminhos quantas as pessoas. Resposta do então Cardeal Joseph Ratzinger, em Sal da Terra (1996), quando lhe perguntaram quantos caminhos havia para Jesus Cristo, lembrando que a própria Igreja é definida como caminho de Cristo. Ou Jesus, como único caminho que nos conduz ao Pai.

       Dito isto, facilmente se conclui que cada um é chamado a fazer o seu próprio caminho. Mas não estamos sós. A reprimenda dada a Pedro surge neste contexto. Se queremos passar à frente de Jesus ou prosseguir sem Ele, estaremos sob o domínio de Satanás, diabolizando a nossa ligação com os outros. Há que avançar seguindo Jesus.

       4 – A nossa vocação: fazer com que o nosso caminho, seguindo a vontade de Deus, nos aproxime do caminho que é Jesus Cristo. Se nos faltarem as forças, não temamos pois a nossa vida está unida a Deus, cuja mão nos serve de amparo (Salmo).

       Jeremias sente, como Pedro, como Paulo, e como nós, o chamamento de Deus ao qual não pode virar costas: "A palavra do Senhor tornou-se para mim ocasião permanente de insultos e zombarias. Então eu disse: «Não voltarei a falar n’Ele, não falarei mais em seu nome». Mas havia no meu coração um fogo ardente, comprimido dentro dos meus ossos. Procurava contê-lo, mas não podia".

       Por vezes pode ser mais fácil deixar andar, ao sabor do vento. Mas se Ele verdadeiramente nos seduziu, a Sua voz há de ressoar dentro de nós até ao Infinito. Mas também a Sua Mão nos guiará.


Textos para a Eucaristia (ano A): Jer 20, 7-9; Sal 62 (63); 2 Rom 12, 1-2; Mt 16, 21-27.

 

 

28.06.14

Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo

mpgpadre

       1 – Pedro e Paulo: dois rostos bem conhecidos do cristianismo, no início da Igreja e na atualidade, ensinando-nos HOJE a necessidade de conversão – permanente – a Jesus Cristo, respeitando contextos, pessoas e culturas. O ambiente em que nascem e se convertem é distinto, como o tempo em que acontece; diferentes estilos e temperamentos, e a missão de cada um.

       O essencial é comum: Jesus Cristo; conversão; fidelidade ao Evangelho. Um e outro dão a vida pela causa do Evangelho.

       O chão de Roma foi coberto e encobriu o sangue de muitos mártires. Pedro e Paulo visualizam o sacrifício de muitos cristãos, que, como eles, na vida e na morte, anunciaram Jesus Cristo.

 

       2 – São Pedro é um dos apóstolos da primeira hora e dos mais genuínos. Tem o coração ao pé da boca. Diz o que lhe dá na real gana, merecendo o reparo de Jesus. Está sempre pronto. O que diz nem sempre tem a devida correspondência nas atitudes. A sua espontaneidade traz-lhe alguns dissabores, facilmente se espalha. Gera simpatia, ainda que com muita ingenuidade. Com a mesma facilidade com que confessa Jesus, também O nega e se afasta dos perigos.

       3 – O Evangelho traz-nos a primeira Profissão de Fé do Apóstolo sobre quem Jesus sustentará a Sua Igreja. Não é uma confissão de fé da antiguidade cristã, é atual, há de ser a afirmação da nossa fé em Cristo Jesus.

       Num primeiro momento, Jesus pergunta sobre o que se ouve acerca d'Ele. Ambienta a pergunta seguinte: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Que importância tenho na vossa vida? De que forma se alteram as vossas escolhas por serdes meus discípulos?

       Pedro responde também em nosso nome: «Tu és o Messias, o Filho de Deus vivo». Jesus aposta nele, com as suas limitações e com as suas possibilidades. Deus não chama santos. Deus chama pessoas, de carne e osso, que podem e devem tornar-se santos, isto é, fazer com que as suas vidas valham a pena. «Também Eu te digo: Tu és Pedro; sobre esta pedra edificarei a minha Igreja…»

       4 – A figura de Paulo surge a primeira vez no julgamento e morte de Estêvão, que ele testemunha e aprova (cf. Atos 8, 1-3).

       A conversão não é igual para todos e poderá ocorrer em diferentes idades. Enquanto vivermos, estamos sempre a tempo de nos convertermos a Jesus Cristo.

       Pedro vai amadurecendo perto de Jesus. Paulo vai amadurecendo, na procura da verdade, longe de Jesus. Melhor, perto de Jesus, mas em sinal contrário, perseguindo-O nos seus discípulos. Quando se dá a conversão, que nos é apresentada como espontânea e repentina (cf. Atos 22, 3-16), vê-se como Paulo está perto de Jesus. Jesus responde-lhe: Eu sou Aquele a Quem tu persegues. A perseguição de Paulo leva-o a encontrar-se com o Perseguido.

       Zelo na perseguição, zelo na pregação. A partir de Damasco, Paulo não mais descansará, oportuna e inoportunamente pregará Cristo, indo sempre mais à frente, mais longe, onde humanamente lhe é possível. Inverte completamente a lógica anterior, tornando-se, como Cristo, perseguido, em diversas ocasiões. Não desiste. Confia. Na vida como na morte, conta com o amor de Deus.

       «O tempo da minha partida está iminente. Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé. E agora já me está preparada a coroa da justiça, que o Senhor, me há-de dar naquele dia».

 

       6 – Como cristãos, sendo diferentes uns dos outros, na idade, na sensibilidade, na formação, todos podemos ser santos, discípulos e apóstolos. Todos temos algo a dar, se antes recebermos Jesus, acolhendo-O também nos outros.

       O ponto de partida pode ter sido diferente. A missão de cada um foi diversa. Pedro primeiramente junto dos judeus. Paulo sobretudo junto dos pagãos. No final, os dois apóstolos dão a vida por Jesus.


Textos para a Eucaristia: Atos 12, 1-11; Sl 33; 2 Tim 4, 6-8. 17-18; Mt 16, 13-19.

 

24.05.14

Não vos deixarei órfãos: voltarei para junto de vós.

mpgpadre

       1 – O que é que faz uma pessoa quando parte? Passa os últimos momentos com a família e amigos, aproveitando para tranquilizar os que ficam. Deixa recomendações, para a sua ausência, prometendo não se esquecer e não querendo, consequentemente, ser esquecido.

Jesus, tomando consciência da HORA que se aproxima, prepara os seus discípulos. Pode ver-se, no evangelho, a tensão para a Cruz e para a Ascensão ao Céu. "Não vos deixarei órfãos: voltarei para junto de vós. Daqui a pouco o mundo já não Me verá, mas vós ver-Me-eis, porque Eu vivo e vós vivereis... Eu pedirei ao Pai, que vos dará outro Paráclito, para estar sempre convosco: Ele é o Espírito da verdade, que o mundo não pode receber, porque não O vê nem O conhece, mas que vós conheceis, porque habita convosco e está em vós".

       2 – Ele vai partir. Há que esclarecer os seus discípulos, sossegando-os e fixando a condição para manterem a CONEXÃO: guardar o Seus Mandamentos, isto é, acolher o amor de Deus, o amor que une o Pai e o Filho, enlaçado pelo Espírito Santo. Quem ama permanece em Deus e Deus permanece nele. Quem O ama, procura em tudo ser-Lhe agradável, como procuramos ser agradáveis para com as pessoas de quem gostamos. Seremos agradáveis a Deus amando e servindo o próximo. Sentindo-nos úteis e protagonistas da história que se refaz pela compaixão, pelo amor, pelo serviço aos outros.

       «Se Me amardes, guardareis os meus mandamentos. Se alguém aceita os meus mandamentos e os cumpre, esse realmente Me ama. E quem Me ama será amado por meu Pai e Eu amá-lo-ei…»

 

       3 – Depois da morte de Jesus, os discípulos precisam de tempo para processar tudo o que Ele lhes tinha dito, mas sobretudo precisam do Espírito Santo. Ressuscitando, Jesus aparece aos discípulos e logo lhes dará o Espírito Santo, para que a Sua Ascensão signifique sobretudo uma presença mais espiritual, mais abrangente, mais profunda.

       É HORA de os discípulos espalharem a Boa Notícia da salvação. Aquele que foi morto, Deus O ressuscitou dos mortos. Jesus, volta agora com toda a força do Ressuscitado. A vastidão do Céu – feliz expressão de Bento XVI – chega até nós.

       O tempo das portas fechadas passou: "Filipe desceu a uma cidade da Samaria e começou a pregar o Messias àquela gente. Houve muita alegria naquela cidade… enviaram-lhes Pedro e João. Quando chegaram lá, rezaram pelos samaritanos, para que recebessem o Espírito Santo… impunham-lhes as mãos e eles recebiam o Espírito Santo".

       Os dons de Deus não são um exclusivo dos primeiros, são privilégio que se estende ao mundo inteiro, a todos aqueles e aquelas que se predispuserem a acolher o próprio Deus. Deus não dá nada menos que a Si mesmo (Ratzinger/Bento XVI). Os Apóstolos recebem o Espírito Santo, anunciam o Evangelho, e comunicam-n'O a outros, aumentando o número dos discípulos de Jesus.

 

       4 – O anúncio da Boa Nova, que nos compromete, gera alegria em nós e a quem escuta de coração leve, disponível, humilde. É na humildade que Maria Se enche de Alegria, e prepara o Seu Corpo e a Sua vida por inteiro para acolher o Corpo de Deus e no-l’O dar.

       A primeira Igreja, Maria, alegra-se no Seu Senhor, predispondo-Se a engrandecer a presença de Deus. E tal é o Seu sim, que a Palavra Se faz Carne e Vida n’Ela. E com este jeito simples, belo, humilde, de acolher Deus, cuja alegria que se estende a Isabel, aos noivos de Caná, e se renova com a vinda do Espírito Santo, em dias de Pentecostes, que breve celebramos como quem se dispõe a transparecer o Deus que também em nós quer ser carne e vida.


Textos para a Eucaristia (ano A): Atos 8, 5-8.14-17; Sl 65 (66) 1 Ped 3, 15-18; Jo 14, 15-21.

 

17.05.14

Quem me vê, vê o Pai. Eu Sou o Caminho...

mpgpadre

       1 – «Eu sou o caminho, a verdade e a vida. Ninguém vai ao Pai senão por Mim. Se Me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. Mas desde agora já O conheceis e já O vistes».

       Mais uma pérola do evangelho segundo São João, inserindo-se na autorrevelação de Jesus Cristo: Eu sou a água viva, quem beber desta água terá a vida eterna; Eu sou o Pão da vida, o Pão que o Pai vos dá; Eu Sou a porta pela qual entram as ovelhas; Eu sou o Bom Pastor e dou a vida pelas minhas ovelhas, por estas e por outras que ainda estão fora; Eu Sou o Caminho, a Verdade e a Vida.

       A identidade de Jesus é missionária, isto é, faz-se em movimento, sai de Si para nos encontrar no nosso caminho. É por Ele que vamos. Antes, vem Ele ao nosso encontro. Desafia-nos. Provoca-nos. Dá-nos a escolher. Quem Me segue não andará nas trevas. Jesus é o Caminho que nos conduz ao Pai, é o Bom Pastor que cuida do nosso alimento, sendo que o verdadeiro alimento é fazer a vontade do Pai. É a Verdade que nos revela a nossa origem, a nossa identidade comum, o nosso destino: de Deus vimos, em Deus nos movemos, para Deus vamos. Ele a Videira e nós os ramos; ligados a Ele daremos muito fruto. Revela-nos o que há de melhor em nós. O Seu sonho, o Seu projeto de vida: que tenhamos vida em abundância. E como? Seguindo-O, imitando-O, gastando a vida a favor dos outros! Há mais alegria em dar do que em receber.

 

       2 – «Quem Me vê, vê o Pai... Eu estou no Pai e o Pai está em Mim; acreditai ao menos pelas minhas obras. Em verdade, em verdade vos digo: quem acredita em Mim fará também as obras que Eu faço e fará obras ainda maiores, porque Eu vou para o Pai».

       No diálogo com os discípulos, e antes de chegar a hora da morte, entrega a favor da humanidade, Jesus deixa palavras de confiança: «Não se perturbe o vosso coração. Se acreditais em Deus, acreditai também em Mim. Quando Eu for preparar-vos um lugar, virei novamente para vos levar comigo, para que, onde Eu estou, estejais vós também. Para onde Eu vou, conheceis o caminho».

       Não estamos às escuras. Em Jesus temos uma orientação. Sintonizados com Ele, faremos obras grandiosas. É por Ele que vamos. Ele revela-nos o Rosto do Pai. Quem O vê, vê o Pai.

       Se em Cristo somos assumidos como irmãos, filhos de Deus, então também nós poderemos transparecer o Rosto do Pai. O que é necessário? Amarmo-nos uns aos outros como Ele nos amou.

       Na primeira leitura, a convocação da Igreja para que a caridade não seja secundarizada. O anúncio é uma prioridade que tem consequências práticas. Em vésperas de ser eleito, o atual Papa Francisco, lembrava a necessidade da Igreja não ser autorreferencial, mas ser verdadeiramente missionária, saindo de si, anunciando Jesus Cristo e levando-O às periferias. Conscientes deste mandato, os Doze escolhem 7 diáconos com a missão específica de atender às pessoas mais carenciadas.

       São João, nas suas cartas, frisa que é mentiroso todo aquele que diz amar Deus odiando o seu irmão. Os outros são a visibilidade de Deus. Faltando o outro, que desprezo, que afasto, que destruo, que mato em mim, não terei como chegar a Deus. O que fizerdes ao mais pequenino dos meus irmãos é a Mim que o fareis. Só acolhendo e cuidando do outro me torno eu próprio e me encaminho para Deus.

 

       3 – Vendo Maria, vemos Jesus. Ela é a primeira discípula. Vem para fazer a vontade do Pai. O Seu sim acompanha o de Jesus, mas está temporalmente antes, permitindo que Deus Se faça um de nós e entre na nossa história. Logo, outro SIM. Diante de Jesus crucificado, Ela torna-Se Mãe da Igreja. Jesus como que deixa de Ser o Filho, para que cada um de nós seja filho de Maria, e Ela seja nossa Mãe, e possamos acolhê-la em nossa casa. A casa é o lugar com o qual nos identificamos. Se Maria vem para nossa casa, identificamo-nos com o Seu SIM e com Ela nos tornamos morada de Deus. Assim nasce a Igreja!

       Olhando para Maria vemos a ternura de Deus, a Sua compaixão. Até mesmo no silêncio, a que Jesus a convoca – ainda não chegou a minha hora – Ela Se assume como intercessora: eles não têm vinho... fazei o que Ele vos disser. E Jesus age, fazendo com que a Sua hora venha em auxílio da nossa hora e dos nossos dias.


Textos para a Eucaristia (ano A): Atos 6, 1-7; Sl 33 (34); 1Ped 2, 4-9; Jo 14, 1-12.

 

Reflexão Dominical COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço

ou no nosso blogue CARITAS IN VERITATE.

10.05.14

Eu sou a porta. Quem entrar por Mim será salvo!

mpgpadre

       1 – A belíssima imagem do pastor e das ovelhas, em Dia Mundial das Vocações, sublinha a iniciativa de Deus, que cria por amor, respeita a nossa liberdade, mantem-Se próximo, potencia as nossas capacidades e opções. Se Ele é o Bom Pastor, nós somos o rebanho que deve fixar o olhar em Jesus Cristo. Para não nos desviarmos, para não nos perdermos, para não corrermos o risco de ser devorados pelos lobos, pelo mal, pelo egoísmo.

       Quando nos centramos no nosso interesse, naquilo que comemos, naquilo que temos, a séria possibilidade de nos perdermos dos outros e de Jesus Cristo. Imagem clarificadora: se uma ovelha pastar, preocupada em saciar a sua fome, mas esquecendo-se das que seguem ao lado, ou deixando de avistar o pastor, poderá perder-se momentaneamente ou para sempre. Assim connosco. Em todo o caso, o Pastor vigia o tempo todo e, se o rebanho é muito grande, conta com ajudantes, companheiros, parentes, ou cães de guarda. Nós somos as ovelhas, o rebanho do Senhor, mas somos também os Seus ajudantes, procurando, com a nossa voz e o nosso peregrinar, fazer com que nenhuma ovelha se perca, e como ovelhas não perder de vista os que nos acompanham e Aquele que é o Bom Pastor.

       O Bom Pastor dá a vida pelas ovelhas, congregando-as na unidade, procurando as melhores pastagens. «O Senhor é meu pastor: nada me falta. Leva-me a descansar em verdes prados, conduz-me às águas refrescantes e reconforta a minha alma» (Salmo). Se alguma tem dificuldade em acompanhar o rebanho, o Pastor volta atrás, pega-lhe ao colo ou põe-na aos ombros. É o que faz Jesus pela humanidade. É o que deveremos fazer uns pelos outros. Ele identifica-Se connosco,  para que nós possamos tornar-nos semelhantes a Ele, seguindo-O.

       2 – O pastor conhece as ovelhas pelo nome e sabe as características específicas de cada uma. Elas, por sua vez, conhecem a sua voz, percebem a aproximação até pelo jeito de andar. Se entra no aprisco um ladrão ou salteador, as ovelhas ficam agitadas.

       «Aquele que entra pela porta é o pastor das ovelhas. As ovelhas conhecem a sua voz. Ele chama cada uma delas pelo seu nome. Caminha à sua frente e as ovelhas seguem-no, porque conhecem a sua voz. Se for um estranho, não o seguem, mas fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos».

       O pastor entra pela porta, às claras, falando, cantando. O salteador, o inimigo, entra silencioso, sorrateiro, para que ninguém se aperceba da sua presença, de noite quando todos dormem, ou em momentos em que o pastor não está por perto. É um pouco como os lobos, pronto para devorar. As obras do bem e da verdade não precisam de estar acobertas da noite e da escuridão.

       Outra imagem sugestiva usada por Jesus:

       «Eu sou a porta das ovelhas. Aqueles que vieram antes de Mim são ladrões e salteadores, mas as ovelhas não os escutaram. Eu sou a porta. Quem entrar por Mim será salvo: é como a ovelha que entra e sai do aprisco e encontra pastagem. O ladrão não vem senão para roubar, matar e destruir. Eu vim para que as minhas ovelhas tenham vida e a tenham em abundância».

       É por Ele que seremos salvos. Podemos abrandar o nosso passo, distrair-nos, afastar-nos. Poderemos seguir por outras portas, ou ir atrás de outros "pastores", mas no final é n'Ele que nos encontraremos como irmãos. Identificando-nos com Jesus, sabemos que estamos no bom caminho. A salvação que chega até nós não nos castiga ou destrói. Como referia Bento XVI, nas Jornadas Mundiais da Juventude, em Colónia, Cristo não nos tira nada. Ele vem precisamente para que tenhamos a vida e vida em abundância.


Textos para a Eucaristia (ano A): Atos 2, 14a. 36-41; Sl 22 (23), 1 Ped 2, 20b-25; Jo 10, 1-10.

 

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