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03.10.14

Leitura: FEYTOR PINTO - A Vida é sempre um Valor

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FEYTOR PINTO (2014). A Vida é sempre um Valor. Não posso dizer «não» a ninguém. Entrevista de Octávio Carmo ao Padre Vítor Feytor Pinto. Prior Velho: Paulinas Editora. 144 páginas.

       Nos finais dos anos 90, o Pe. Feytor Pinto esteve no Seminário Maior de Lamego. Era conhecido da televisão e da rádio. Nessa ocasião ocupava um cargo importante, o de Alto Comissário do Projeto VIDA, programa governamental de combate à droga, mas que englobará outras dinâmicas de promoção da vida humana. 6 anos, três tendo como primeiro-ministro Cavaco Silva, três anos tendo como primeiro-ministro António Guterres. É certamente este cargo, esta missão, que lhe dá projeção nacional, e internacional.

       Quando o Pe. Vítor Feytor Pinto irrompe pela Capela do Seminário de Lamego o que vemos, seminaristas ainda em busca e em formação, um padre, de bom porte, sorridente mas cansado. Ajoelha-se e reza em silêncio. Quando chega a hora de falar, fá-lo em tom bastante baixo, sereno, como um pai diante dos seus filhos. Nessa viagem que efetuou, na qualidade de Alto Comissário, dormiu durante o trajeto de 4 horas, de Lisboa a Lamego. Segundo o motorista, era isso que acontecia em diversas ocasiões. Não havia tempo. Ou melhor, o tempo era para estar onde fosse solicitada a sua presença. Com os seminaristas, rezou o terço, se me não falta a memória, ou uma das horas litúrgicas, e fez-nos uma breve reflexão apontando para o sentido da Vida, e como Jesus era o centro de toda a vida. Penso que não estou a inventar. Ficou-me na lembrança sobretudo a acessibilidade do Pe. Feytor Pinto, irradiando alegria, apesar do cansaço e da viagem, agradecendo o facto de dispor de um motorista, pois assim tinha possibilidade de ir mais longe, aproveitando melhor o tempo.

       Nesta entrevista, conduzida pelo jornalista da Agência Ecclesia, Octávio Carmo, e que abarca a vida e a missão do Pe. Feytor Pinto, na Igreja e na Sociedade, na Cultura e na Pastoral da Saúde, envolvido na divulgação do Concílio Vaticano e no compromisso de testemunhar Jesus Cristo, nas responsabilidades no projeto Vida, mas também em outras tarefas, como pároco, como conselheiro, como homem de Deus.

       Este livro faz parte da coleção GRANDES DIÁLOGOS, das Paulinas, e que lendo já aconselhamos alguns deles. D. Manuel Clemente, entrevistado por Paulo Rocha: UMA CASA PARA TODOS; Frei Joaquim Carreira das Neves, entrevistado por António Marujo: O CORAÇÃO DA IGREJA TEM DE BATER; Pe. António Rego, entrevistado por Paulo Rocha: A ILHA E O VERBO, e agora a VIDA É SEMPRE UM VALOR.

       A primeira parte do livro é constituído pela entrevista. A segunda parte recolhe uma conjunto de textos e intervenções do entrevistado, neste caso, do Pe. Vítor Feytor Pinto: Discurso proferido na 48.ª Assembleia Geral das Nações Unidas enquanto Alto-Comissário para o Projeto Vida; Congresso Mundial da FIAMC (Federação Internacional de Médicos Católicos); Comunicação na reunião da OMS (Organização Mundial de Saúde) para a Europa, na qualidade de observador por parte da Santa Sé; Perante a toxicodependência: uma atitude ética; Linhas Pastorais para redescobrir e revalorizar o Viático (neste caso, proferida no Conselho Pontifício para a Pastoral da Saúde, no Vaticano, em 2005). 

       Para quem trabalha na área da pastoral da saúde, ou melhor, para todos os que lidam com pessoas, pois todas as pessoas aspiram a uma vida saudável. Aliás, o sublinhado da Pastoral da Saúde em lógica de promoção de vida saudável. Atenção, cuidado, respeito, tolerância, diálogo, assunção de convicções próprias. Tratar a pessoa como pessoa. Amá-la. Cuidar dela. Ao jeito de Jesus. Sem olhar à doença, ao credo, ao sexo ou à religião.

"O jogo dos afetos pede respeito profundo pelo outro, se realmente queremos encontrar saída para os problemas. Depois, há um ponto fulcral, absolutamente fulcral: é preciso ter em consideração que a pessoa humana é mais importante do que a economia. A economia que não serve a pessoa está em pecado, é pecaminosa" (pp 21-22)
"Amor e dor: não se recebe o amor sem se sofrer por ele. Aliás, é o mistério de Jesus Cristo. Ele amou a humanidade de uma maneira radical, a ponto de dar a vida pela própria humanidade. Ele próprio diz: «Não há maior prova de amor do que dar a vida por aqueles a quem se ama»... (p 53)
"Hoje, a fé, em tempo de nova evangelização, tem de exprimir-se de outra maneira, através da autenticidade e coerência de vida, através de gestos concretos de solidariedade e serviço, através da autenticidade e coerência para além da dor, do cansaço e do fracasso" (p. 86).

28.11.12

Editorial Agência Ecclesia - o desafio do diálogo

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O encanto do primeiro encontro (...) não pode iludir a questão de fundo: é importante falar das coisas que unem crentes e não crentes, mas é fundamental discutir também o que os separa

        A criação de um Átrio dos Gentios, por parte do Vaticano, para ir ao encontro de agnósticos e ateus é um sinal para toda a Igreja Católica e Portugal quis dizer presente, organizando uma sessão do projeto, em Braga e Guimarães, simbolicamente capitais europeias da juventude e da cultura, respetivamente.

       O encanto do primeiro encontro deixa uma sensação de dever cumprido e abre as possibilidades que todo o futuro encerra em si, mas não pode iludir a questão de fundo: é importante falar das coisas que unem crentes e não crentes, mas é fundamental discutir também o que os separa, um fosso que muitas vezes oscila entre a indiferença e a pura rejeição. Esse passo implica sair até do próprio átrio, por parte da Igreja, e ir à procura pelas ruas, pelos espaços que não habita, sujeitando-se à crítica, ao escárnio e eventualmente à perseguição, mas sempre na convicção de que a sua mensagem é de todos os tempos e para todas as pessoas.

       Os cruzamentos de reflexões e de valores podem, nesse sentido, reforçar a apresentação dessa mensagem, sem a desvirtuar, tornando-a mais apta à compreensão de quem a desconhece e mais plural para quem, dentro da própria Igreja, se limita a visões parciais, incompletas e mesmo incorretas do património ético, espiritual e religioso do Cristianismo.

       Entre o ‘eu acredito em mim’ e o ‘eu acredito em Deus’, expressões ouvidas em Braga, vai um mundo de questões, de vivências, de opções de fundo que não podem ser ignoradas se o Átrio dos Gentios, em Portugal, quiser mesmo ser a porta para um novo caminho que os seus promotores pretendem. E, necessariamente, tem de deixar os limites geográficos em que se realizou e abrir-se ao país, com o apoio dos responsáveis e das comunidades católicas, para uma nova gramática do ser Igreja num tempo em que a fé não é um dado explícito no viver quotidiano. O diálogo, o verdadeiro encontro, é sempre um prazer mas é, acima de tudo, um desafio constante e nunca terminado.

 

03.02.12

Editorial Agência Ecclesia: Luz no sofrimento

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Essa mesma dor, como muitas vezes aprendemos, pode ser, contudo, um sinal de que a vida ainda está em nós, que não se quer deixar eliminar, lutando contras as adversidades, chamando-nos para essa luta 

        O cardeal-patriarca de Lisboa falava, recentemente, num “paradoxo” na relação entre o catolicismo e a dor humana, afirmando que a Igreja, por um lado, procura mitigar esse sofrimento e, por outro, dá-lhe um sentido sublime e transcendente.

       A aproximação do Dia Mundial do Doente recupera, anualmente, a reflexão e também a celebração sobre essa (apenas) aparente contradição: o crente não pode ignorar o sofrimento do outro, no qual reconhece o seu rosto e a face de Deus, ainda que tudo faça para o evitar. A história ensina-nos que a dor é uma marca constante do ser em humanidade. Não se pode fugir dela, mas também não é lícito permanecer impassível, como se não fosse possível ajudar quem sofre.

       O que muitos podem ver como fuga à realidade, na referência ao transcendente, é, por parte da doutrina católica, a resposta mais sincera que pode oferecer sobre a existência: como captar a beleza do momento que passa sem ser com a alma aberta ao infinito, mesmo (sobretudo) nos momentos mais duros?

       Já uma vez, neste espaço, escrevi sobre o que custa acreditar que o sofrimento tenha um qualquer objetivo purificador, que a vida tenha um propósito para lá deste ‘sem-sentido’ em que a natureza nos reduz a uma terrível insignificância, na sua arbitrariedade.

       O sofrimento, a doença que atinge sem olhar a quem, amplificam esse sentimento, até porque, talvez por uma questão cultural, vemos a dor como um castigo, uma perda do estado original de perfeição. Essa mesma dor, como muitas vezes aprendemos, pode ser, contudo, um sinal de que a vida ainda está em nós, que não se quer deixar eliminar, lutando contra as adversidades, chamando-nos para essa luta - e não nos largando enquanto não a ouvirmos...

       Muitos, perto ou longe de nós, vivem como se a dor não tivesse fim, como estivesse à espera de uma qualquer brecha para se fazer sentir. Acredito, como diz Leonard Cohen, que há mesmo uma fenda em tudo e que é assim que a luz entra. A fé católica e o seu ensinamento sobre o sofrimento podem ser, para muitos, essa mesma luz.

 

Octávio Carmo, Editorial Agência Ecclesia.

29.12.11

Olhar em frente... 2012!

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Este tempo não é de resignações (como não o é nenhum tempo)

        Não me recordo de um ano que se iniciasse com tão maus augúrios como vai começar 2012: tem já prometida mais austeridade em Portugal e nasce com uma suposta maldição milenar que o associa ao fim do mundo. Promete.

       Há quem goste de manter expectativas baixas, para não se desiludir e o próximo ano é tentadoramente enganador, desse ponto de vista: se tudo o que parece poder correr mal vier a correr efetivamente mal, temo que muitos se limitem a encolher os ombros e a murmurar um breve ‘já sabia’. 

       A experiência mostra que é preciso apontar para cima e olhar sempre em frente para podermos realizar as nossas aspirações mais legítimas e, se for caso disso, ultrapassar os limites.

       Este tempo não é de resignações (como não o é nenhum tempo): as mensagens que o Papa e os bispos de Portugal foram deixando, nesta quadra, não perderam de vista o realismo das situações de pobreza, de conflito ou de qualquer outra necessidade, mas apontaram sempre numa direção de confiança, de possibilidade de futuro melhor, maior ainda, quem sabe, do que aquilo que sonhamos. Essa é, no fundo, uma lição cristã de Natal, aprendida no nascimento de Jesus, que podemos transportar a todo o momento.

       Essa mensagem de esperança precisa de chegar de outros pontos da sociedade, a nível nacional e global, para que o futuro de tantas pessoas não se assemelhe, de forma vergonhosa, à pobreza e precariedade com que viveram os seus pais e avós, como tantos outros antes deles, tendo de fugir, muitas vezes, de um destino que parecia inevitável no seu próprio país, por falta de soluções.

       2012 vai ser também um ano cheio para a Igreja Católica, com a comemoração dos 50 anos da abertura do Concílio Vaticano II, o início do Ano da Fé, a realização de um Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização. Há todo um campo em aberto de renovação e de reconfiguração para poder enfrentar aquilo que Bento XVI tem identificado, sistematicamente, como o maior obstáculo à vida eclesial e à sua afirmação, particularmente na Europa: a crise da fé, também por cansaço ou indiferença de quem se diz(ia) crente.

 

24.11.11

África, Portugal, o Papa e o mundo

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Ainda que o português não seja uma língua oficial da ONU (...), Bento XVI deu em África um contributo inquestionável para a sua divulgação e afirmação internacional

         Bento XVI foi ao Benim levar uma mensagem de esperança num continente que ainda não aprendeu a confiar nas suas próprias capacidades e no potencial que tem para participar ativamente na construção de um novo mundo – embora esse estado de coisas seja mantido, também, por pressões externas, de quem lucra com o subdesenvolvimento e o amesquinhamento dos africanos.

       Relativamente ignorada pelos media nacionais, a visita confirmou o português como uma língua da Igreja, particularmente em África, onde o testemunho de milhares de missionários foi homenageado pelo Papa.

 

       O Benim conserva ainda uma fortaleza portuguesa, precisamente numa das duas cidades que foram visitadas, na ‘costa dos escravos’, memória histórica daquilo que, de pior, a humanidade é capaz, mas, acima de tudo, um alerta para as novas escravaturas e formas de colonialismo (incluindo o dos mercados) a que o novo documento papal – um verdadeiro mapa para o futuro da Igreja africana – aludiu.

       Ainda que o português não seja uma língua oficial da ONU, por enquanto, Bento XVI deu em África um contributo inquestionável para a sua divulgação e afirmação internacional. O Benim - berço do vudu, como foi por várias vezes designado -, recebeu o Papa com o respeito devido aos mais velhos, nas culturas africanas, como um sábio que trouxe palavras de paz e apelos à reconciliação, essenciais para que o futuro possa ser diferente das guerras e crises que marcaram a África pós-independências.

       O clima foi, em vários momentos, muito semelhante ao célebre mundial de futebol da África do Sul (o das vuvuzelas), com cantos e manifestações constantes de quem esperava para ver Bento XVI, nem que fosse de passagem.

       A resposta do Papa, que valorizou por diversas vezes a “tradição” africana, esteve à altura das circunstâncias e pode servir como ponto de referência para um diálogo nem sempre bem conseguido com a modernidade, que saiba promover a interculturalidade e a coexistência pacífica entre os povos de África, com as suas várias religiões.

 

29.09.11

Homem da palavra num mundo de imagem

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     Num mundo de imagens, de hiperligações, de comunicação vertiginosa, o discurso do Papa germânico aparece como um contraponto tremendo, pensado, feito apenas de palavra, sem adornos, deixando um desafio que só na aparência é simples: ouvir.

       Durante quatro dias, Bento XVI cumpriu na Alemanha um percurso carregado de simbolismo e pleno de intencionalidade, visível na maneira como olhou para o passado do país, para os desafios superados e as conquistas alcançadas, projetando depois, no futuro, a realização plena das aspirações de todos os que lutaram, às vezes à custa da própria vida, pela liberdade.

       Falando na sua terra e na sua língua, o Papa apostou tudo no discurso e abordou vários temas queridos, mormente no que diz respeito ao papel da religião e das comunidades crentes numa sociedade secularizada, que cede ao relativismo e ao individualismo, podendo, por isso, marginalizar essa dimensão espiritual.

       Ao lembrar os dramas provocados pelo nazismo, em toda a Alemanha, e do comunismo, na antiga RDA, o Papa falou de uma “chuva ácida” que se abateu sobre a Igreja e os seus fiéis, deixando marcas que permanecem até hoje. O que ficou claro dos discursos de Bento XVI é que a libertação desses regimes não pode, no entanto, desmobilizar os fiéis, levá-los a acomodarem-se, esquecendo adversidades menos visíveis, mas igualmente poderosas, nas sociedades ocidentais.

       Ainda que nem sempre sob o olhar atento da imprensa, Joseph Ratzinger deixou no seu país uma espécie de testamento para os católicos e, diria mesmo, para o seu sucessor, em matérias como o diálogo com as Igrejas protestantes, a reconstrução de um projeto europeu com a marca do património cristão e, sobretudo, a «desmundanização» da própria Igreja Católica, colocada à margem de guerras políticas e preocupações materiais, despida de uma excessiva institucionalização que a leva a preocupar-se, antes de mais, consigo mesma.

        O próprio Papa apresentou-se como um líder espiritual, sem objetivos políticos ou económicos, como faria outro qualquer chefe de Estado. Palavras que fazem jus ao tema escolhido para a viagem destes dias: «Onde há Deus, há futuro».

 

Octávio Carmo, Editorial da Agência Ecclesia

05.05.11

Beato João Paulo II: o triunfo da memória

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Apresentar João Paulo II como modelo de fé e de espiritualidade é um apelo ao essencial, ao mais íntimo, ao que moveu poderosamente esta figura da Igreja Católica num tempo difícil

        "A noite de 2 de abril de 2005, na qual João Paulo II morreu, aos 84 anos de idade, foi, pessoalmente, muito longa, cheia de trabalho, de cansaço, de sentimentos que se misturavam.

       Depois de vários dias a seguir o progressivo agravamento do estado de saúde do Papa polaco, o desfecho era anunciado e mais do que previsível, mas só às 21h37 de Roma é que tantos e tantos se confrontaram com o final de um percurso de vida notável.

       O Papa caminhou serenamente para a hora do adeus e o mundo acompanhou-o com a sua solidariedade e oração, numa prova suprema da universalidade desta figura incontornável.

       Nenhuma cara seria tão familiar, no conjunto dos cinco continentes, como a de este homem de branco que recebeu milhões de pessoas no Vaticano – seja em celebrações litúrgicas, seja em audiências públicas e privadas -, e foi ao encontro delas, nos seus países, nas suas 129 viagens fora da Itália.

       Milhares de milhões habituaram-se, por outro lado, à sua presença nos meios de comunicação social e foi através dos media que acompanharam o desenrolar do estado de saúde do Papa. Mais do que nunca, João Paulo II pareceu ser um familiar de homens e mulheres de todo o mundo, que assistiram ao agravamento das suas condições e ao anúncio do seu falecimento.

       Ao muito material biográfico que estava preparado, no meio da azáfama de reações e comunicados que chegavam, acrescentei uma última linha, pouco profissional, por certo: “Hoje, 2 de abril, o último gigante do nosso tempo morreu no Vaticano”. Espero que os leitores não a tenham levado a mal.

       Seis anos depois, a beatificação de Karol Wojtyla é um momento de memórias, muitas, lembrando as manifestações de tristeza e homenagem que, posteriormente, se foram transformando numa festa serena.

       Apresentar João Paulo II como modelo de fé e de espiritualidade não é, obviamente, um atestado de perfeição à sua vida, mas é um apelo ao essencial, ao mais íntimo, ao que moveu poderosamente esta figura da Igreja Católica num tempo difícil da história da humanidade, apesar das suas limitações e dos seus erros. E é um momento especial para aqueles que o conservam na memória, como se nunca fosse partir.

 

Octávio Carmo, in Editorial Agência Ecclesia.

11.02.11

Discutimos? ou nem por isso?

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       Há uma tendência para fugir ao debate e à discussão séria das mais diversas matérias, na sociedade portuguesa, que se pode transformar numa real ameaça à convivência democrática e tolerante.

       Os tempos em que vivemos, mais dados à histeria mediática, limitam os debates, infantilizam-nos, transformam o que deveriam ser legítimos intercâmbios de pontos de vista num jogo de palavras vazias, um karaoke da coisa pública, que foge, necessariamente, do essencial.

       Podemos dizer que isso beneficia, de facto, os que melhor sabem montar a sua máquina e vender a imagem, promovendo uma lavagem cerebral aos que não querem, não podem ou não sabem encontrar um contraponto para os factos e opiniões que lhes são apresentados como palavra final, definitiva e verdadeira.

       Existem, obviamente, diversos graus de responsabilidade em toda esta situação: em primeiro lugar, a dos que mentem ou iludem para obter vantagens pessoais, dos mais diversos pontos de vista. Depois, se quisermos, a responsabilidade de quem reproduz e faz passar como boas, sem qualquer consciência crítica ou honestidade intelectual, afirmações e supostos factos sem qualquer ligação com a realidade ou verificabilidade possível.

       Tudo isto exige mais atenção e maior capacidade de confronto a quem se encontra no meio de batalhas políticas, históricas, económicas ou legais, amplificadas pela globalização galopante da informação.

       Num momento de crise económica e social, com um potencial latente de violência, é fundamental que exista, por parte de quem tem algum tipo de poder, a noção de que essa sua posição de influência e superioridade requer total honestidade e transparência, em vez de retórica vazia, calculismo, cinismo ou mesmo indiferença em relação ao sofrimento dos outros.

       A delicada situação do país não pode justificar a imposição de ideologias contrárias ao sentir geral da comunidade, por muito que os problemas económicos e financeiros assumam uma dimensão esmagadora, gerando preocupação constante. Valores inegociáveis e irrenunciáveis estarão sempre acima destes jogos e serão o fundamento do futuro a construir, com o contributo das actuais e novas gerações. É sobre esses valores que vale a pena discutir.

 

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