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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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06.01.17

VL – Vocação universal à felicidade

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       Desde a mais tenra idade que cada um de nós procura realizar-se como pessoa, chamando a atenção dos outros, primeiro dos adultos, enquanto crianças, adolescentes e jovens e, depois, sendo mais idosos, de toda a gente e especialmente dos mais novos. Precisamos de atenção, de cuidado e carinho, ao longo de toda a vida. Precisamos de ser vistos e reconhecidos e que nos tratem pelo nome próprio – a melhor música para os nossos ouvidos – e não apenas por um apelido ou por um título profissional. Queremos a atenção dos outros. Queremos sentir-nos amados, especiais, únicos.

       É um desejo inscrito no coração, no nosso ADN.

       Uma pessoa indisposta o tempo todo também quer sentir-se bem, também quer ser feliz. Mas por qualquer motivo, um desgosto, o feitio, ou porque só dessa forma se sente capaz de chamar a atenção dos outros, assume uma atitude de azedume ou de prepotência. No final, como dizemos dos adolescentes mais indisciplinados ou mais ativos, o que quer mesmo é chamar a atenção de alguém, ainda que o faça da pior maneira, já que destrói a amizade e os laços de proximidade.

       Como nos lembrava um professor do Seminário, não importa que falem bem ou mal de ti, importa é que falem de ti. Se falam mal já estão a dar-te importância, já contas para eles. Obviamente que quem não se sente não é filho de boa gente e ninguém quer ouvir dizer mal de si próprio. Mas entre dizerem mal e não dizerem nada…. Mais vale que digam alguma coisa!

       A felicidade que procuramos leva-nos a melhorar a nossa relação com os outros, procurando ser amados e reconhecidos. Por outras palavras, procuramos ser bem-sucedidos. Numa linguagem mais religiosa, o aperfeiçoamento da nossa vida, para nos tornarmos perfeitos como Deus Pai é perfeito. Não uma perfeição que distancia, um perfeccionismo viciante, mas uma perfeição que ama, que promove os outros, servindo-os e cuidando deles. É a vocação universal à santidade.

       A primeira vocação do cristão é seguir Jesus. Segui-l’O imitando-O, assimilando a Sua postura de vida, dando-Se por inteiro a favor dos outros. A santidade é transmutável com a felicidade. Daí se dizer que os santos já se encontram na bem-aventurança (= felicidade) eterna.

       A santidade não é póstuma. Póstuma apenas a declaração e o reconhecimento da santidade em vida. Com todos os que Deus colocou à nossa beira, começamos, aqui e agora, o trajeto da santidade, começamos a ser felizes, como caminho de realização que nos salva…

 
 
Publicado na Voz de Lamego, n.º 4385, de 1 de novembro de 2016

13.08.15

Chiara Corbella Petrillo: nascemos e jamais morreremos

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Simone Triosi e Cristiana Paccini (2014). NASCEMOS E JAMAIS MORREREMOS. Vida de Chiara Corbella Petrillo. Braga: Editorial A.O., 168 páginas.

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        Chiara viveu. Casou. Foi mãe de uma filha que morreu 30 minutos depois de ter nascido, foi mãe de um menino que morreu 37 minutos depois de ter nascido. Viu-os nascer para o Céu. Foi mãe do Francesco (Francisco), atrasando a intervenção médica, num carcinoma que se manifestou numa afta, na língua, mas optou por criar todas as condições para que o filho pudesse viver sem correr grandes riscos.

       Viveu com alegria cada momento. O namoro com Enrico Petrillo foi como qualquer namoro, com avanços e recuos, e discussões e separações. Como confessam mais tarde, Deus preparava-os para algo maior.

       Depois de experiências intensas de fé, de oração, de encontro, de reflexão, entregam-se nas mãos de Deus e contraem matrimónio. Em 2008. Em 2009, pouco mais de um ano depois, nasce a primeira filha. Os diagnósticos cedo revelam que Maria Grazia Letizia não tem cérebro. Alguns médicos aconselham o aborto dizendo que logo morrerá ao nascer. Chiara e o marido decidem que ela há de viver, mesmo que sejam alguns minutos. Nasce, é batizada, e, como sublinham, vai para junto de Deus. A anencefalia é um caso muito raro.

       Passado o tempo necessário, para o corpo de Chiara recuperar da gravidez, decidem que não divudam de Deus e que estão disponíveis para gerar uma nova filha. Depois do primeiro caso de anencefalia os riscos são maiores. Fazem todos os exames que lhes sugerem. Nova gravidez, de Davide Giovanni. As primeiras ecografias correm bem. Na terceira, o diagnóstico revela que lhe falta uma perna e na outra tem apenas um pequeno toco. "Para onde nos estás a levar?" Enrico queria ter filhos biológicos mas também ser responsável por uma casa de acolhimento de crianças com deficiência. Desta vez os médicos já nem colocam a pergunta sobre a possibilidade de aborto. O casal preparar-se para acolher o Davide.

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       Quarta ecografia, ao Davide faltam também os rins e, por isso, também os pulmões não se poderão desenvolver o suficiente para respirar. Malformações múltiplas na pélvis (bexiga e rins), mostram por antecipação que também este menino viverá apenas alguns minutos. Chiara e Enrico celebram a vida do segundo filho, batizando-o logo depois de nascer para logo nascer para o céu.

       Uma situação não tem a ver com a outra. A situação do segundo filho nem tem nome tal é a raridade com que sucede.

       Recebem alguns conselhos "desinteressados" para não arriscarem nova gravidez. Mas de novo confiam em Deus. E passado pouco tempo, Chiara encontra-se grávida do terceiro filho. Pouco tempo antes da gravidez descobre uma afta na língua a que não liga, mas como vai piorando começa a consultar o dentista, o dermatologista, o otorrinolaringologista. O Francesco continua a crescer dentro da sua mãe.

       As biopsias revelam que é um carcinoma. A primeira intervenção com anestesia local, para não criar dificuldades ao menino, corre bem. Mas quanto antes deverá fazer nova intervenção, quimioterapia ou radioterapia. Os sintomas revelam que tem de ser intervencionada o quanto antes, o que implica um parto prematuro com inerentes perigos para o Davide. mas também aqui a opção é dar todas as garantias, humanamente possíveis, para que o filho possa nascer sem correr mais que os riscos normais.

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        Para Chiara no entanto já era muito tarde. O "dragão" espalha-se muito rapidamente. Percebem que os tratamentos já adiantam, pelo que importa viver o tempo que resta com alegria, com intensidade, com fé. Chiara e Enrico dão uma testemunho de tal forma confiante que juntam cada vez mais pessoas para rezarem com eles e partilharem a sua vida de fé esclarecida e de confiança em Deus.  

        Chiara morre a 13 de junho de 2012, com 28 anos de idade, com um testemunho de luz e de fé, de vida e de intensidade, de entrega a Deus, de testemunho. Deu tudo o que tinha por amor, a Deus, ao marido, aos filhos.

       Este livro é uma leitura impressionante, comovente, também um tributo do casal amigo que o escreveu. As vidas são todas diferentes, mas o amor de Deus é imenso para cada um de nós. Chega um tempo que a única esperança é CONFIAR em Deus e em tudo aquilo que Ele tem para nos dar. Até ao fim não deixa de rezar (sobretudo pelos outros), de agradecer, de cantar, de tocar violino...

28.11.13

LEITURAS: Gabriel Magalhães - Espelho meu

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GABRIEL MAGALHÃES. Espelho meu. A leitura diária do Evangelho pode mudar a vida. Paulinas Editora. Prior Velho 2013. 128 páginas.

       Mais um título da coleção "Poéticas do viver crente", coordenada pelo Pe. Tolentino Mendonça.

É um testemunho contado na primeira pessoa. O autor partilha a sua experiência de fé, mostrando como a leitura diária do Evangelho, ainda que um pequeno trecho, pode revolucionar a vida cristã e o compromisso com os outros. Também aqui há conversão e vida nova. O Evangelho, como a participação na Missa, pode passar quase indiferente. Faz parte da tradição. Escuta-se mas sem entrar, sem fazer mossa.

       O autor, como refere, pertence à geração daqueles que  achavam que a Igreja e o cristianismo pertenciam à menoridade, como que paralisando o desenvolvimento lúcido do pensamento e da vida. Aos 24 anos, mais ou menos, revolveu ter o Novo Testamento e lê-lo a partir da sua "perspectiva arrogante", sobretudo como forma de aumentar a cultura geral, já que não passaria disso. Mas a leitura revolucionou a sua vida e a forma de ver o Evangelho, como enriquecimento, como descoberta, como encontro. "Aquele livro era a vida, e a vida era aquele livro... Os Evangelho criam com a realidade uma relação de total fraternidade: de comunhão e de identidade... Os Evangelho são capazes desta transparência por causa da presença de Jesus. Ele é o cristal de amor, através do qual a verdade passa. O que há de mais absoluto nestes textos sagrados são as palavras de Jesus".

       Leitura partilhada do Evangelho. Momentos da vida de Jesus nos quais podemos rever-nos e encontrar-nos.

       Esta é uma reflexão muito interessante. Transparece a vivência quotidiana. Não são palavras de um erudito ou do professor universitário, mas as palavras de um crente cristão que se deixou transformar pelas palavras de Jesus e nos contagia com o seu testemunho. Claramente, a fé não obscurece a vida, pelo contrário e apesar das dificuldades que a todos afetam a fé ilumina, aponta mais para além, justifica e dá sentido à existência.

15.03.13

Ana Casaca - Todas as palavras de Amor

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ANA CASACA. Todas as palavras de Amor. Guerra e Paz Editores. Lisboa 2013.

       Entre mãos tenho um livro IMENSO e intenso, cheio de palavras, emoções, sentimentos, vida, e vidas entrelaçadas, sofrimento, paixão, estórias de pessoas e de famílias, de perdão, de conformismo, de vidas novas, com desafios à novidade, e ao compromisso, mesmo e depois de vidas falhadas. O primeiro pressuposto poderá ser mais ou menos polémico, dependendo dos olhos que o filtram. Correspondência entre uma mulher, que se separou do marido, e viajando pelo mundo encontra, em Londres aquele que pensava ser o homem da sua vida. Escreve-lhe cartas para um sítio da Covilhã, com um nome e uma morada, que não corresponde a esse amor de ilusão, mas a um padre, que lhe responde, surpreendido pela inquietação provocada.

       É um texto envolvente. Do princípio ao fim. De fácil leitura. Numa escrita agradável. Faz lembrar livros do Virgílio Ferreira como "Para sempre" ou "Cartas a Sandra". Também aqui o formato mais usado são cartas, de encontros e desencontros, de esperanças e ilusões. Uma linha muito visível, a meu ver, é a defesa da família, baseada em laços de amor, desgastada pelo tempo, mas cuja aposta há de ser permanente. Um amor que se perde em busca de outro e que volta ao amor primeiro, um casal adormecido mas que decide descobrir-se de novo. Vidas marcadas pelo sofrimento, em relação aos pais, ou às circunstâncias do tempo, mas que encontram novos desafios.

       Outra linha que perpassa neste belo romance, é a solidariedade. A vida vale também quando e se somos úteis a alguém.

       Outra linha ainda, ou a primeira linha que se entrelaça em todo o texto, é a busca da felicidade, nem sempre nos caminhos certos, mas num desafio permanente a não desistir.

       Aqui algumas palavras que podem servir de chave de leitura:

"Sabes que cada pessoa tem um outra pessoa algures por aí, a sua pessoa. Tu encontraste a tua e perdeste-a, buscando em vão pelo resto dos teus dias o passado que te fez feliz. Eu consegui encontrar a minha e guardá-la. Mas muitos há que a têm ao seu lado e não a enxergam e outros pensam tê-la e não a possuem. Depois tens os que esperam a vida inteira pela pessoa certa e só encontram pessoas erradas, ou os que depois de vários erros acertam e dão um tremendo valor quando o amor lhes acontece. Eu não sei de nada, não possuo soluções universais, sei apenas que tudo o resto se supera quando temos a nossa pessoa por perto.

Adoro-te, avó, e hás de tecer para sempre as linhas invisíveis que me guiam..."

22.09.12

Heitor e as 23 lições da felicidade...

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Lições sobre a felicidade, sugeridas por Heitor, em "Heitor e a procura da felicidade":

Lição n.º 1: Uma boa maneira de estragar a felicidade é fazer comparações.

Lição n.º 2: A felicidade surge muitas vezes de surpresa.

Lição n.º 3: Muita gente só perpetiva a sua felicidade no futuro.

Lição n.º 4: Muita gente pensa que a felicidade é ser mais rico ou mais importante.

Lição n.º 5: Às vezes a felicidade é não compreender.

Lição n.º 6: A felicidade é uma boa caminhada no meio de belas montanhas desconhecidas.

Lição n.º 7: O erro é acreditar que o objetivo final é a felicidade (explicar melhor).

Lição n.º 8: A felicidade é estar com as pessoas que amamos.

Lição n.º 8 bis: A infelicidade é estar separado daqueles que amamos.

Lição n.º 9: A felicidade é não faltar nada à família.

Lição n.º 10: A felicidade é ter uma ocupação de que se gosta.

Lição n.º 11:A felicidade é ter uma casa e um jardim.

Lição n.º 12: A felicidade é mais difícil feliz num país governado por pessoas más.

Lição n.º 13: A felicidade é sentir-se útil aos outros.

Lição n.º 14: A felicidade é ser-se amado por aquilo que se é.

          Nota: as pessoas são mais simpáticas com uma criança que sorri (muito importante).

Lição n.º 15: A felicidade é sentir-se completamente vivo.

Lição n.º 16: A felicidade é festejar.

          Pergunta: Será a felicidade apenas uma reação química do cérebro?

Lição n.º 17: A felicidade é pensar na felicidade daqueles que amamos.

          Lição n.º 18: A felicidade seria poder amar várias mulheres ao mesmo tempo. (Riscado, as mulheres não estariam pelos ajustes. Para substituir a

Lição n.º 18: A felicidade é não dar demasiada importância à opinião dos outros.

Lição n.º 19: O sol e o mar são a felicidade para todas as pessoas.

Lição n.º 20: A felicidade é uma maneira de ver as coisas.

Lição n.º 21:A rivalidade é um poderoso veneno da felicidade.

Lição n.º 22: As mulheres são mais atentas que os homens à felicidade dos outros.

Lição n.º 23: A felicidade é ocuparmo-nos da felicidade dos outros?

As três lições que o monge lhe sugere:

Lição n.º 20: A felicidade é uma maneira de ver as coisas.

Lição n.º 13: A felicidade é sentir-se útil aos outros.

Lição n.º10: A felicidade é ter uma ocupação de que se gosta.

 in François LELORD, As viagens de Heitor. Heitor e a procura da felicidade. Lua de Papel (Leya), Alfragide 2011.

21.09.12

LELORD - Heitor e a procura da felicidade

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François LELORD, As viagens de Heitor. Heitor e a procura da felicidade. Lua de Papel (Leya), Alfragide 2011.

       François Lelord ganhou crédito como professor e psiquiatra, abrindo o seu próprio consultório em Paris. Entre França e Estados Unidos, o autor desta pérola fez carreira também como consultor de grandes empresas. Sempre insatisfeito, procurou respostas para responder ao facto de muitas pessoas que tendo tudo não eram felizes. Imaginou então Heitor, numa viagem em procura de um significado para a vida.

       A história de Heitor entrelaça-se na história do próprio autor e remete-nos de imediato, como se sublinha na contracapa, para dois autores bem conhecidos: Antoine de Saint-Exupéry,  em "O Principezinho", em que este busca a felicidade através do espaço, mas volta a casa e ao seu planeta onde está a razão da sua vida, e Paulo Coelho, em o Alquimista, em que o personagem principal vai em busca do tesouro, até que descobre que se encontra no lugar de partida, em sua casa.

       Heitor, insatisfeito com a vida de psiquiatra, cansado de ouvir e dar conselho, faz umas férias e parte em buscas de respostas. Vai perguntando às pessoas se elas são felizes e o que as torna felizes. Diversos encontros e experiências, ele voltará a dar consultas, mais decidido, mais assertivo.

       É uma viagem que vale a pena fazer. É uma história cativante. Lê-se com muito agrado. Acessível a qualquer leitor. Linguagem clara e perceptível. Para quem gosta de ler é um encanto. Para quem não gosta muito de ler, esta é uma leitura que envolve e não cansa, de modo nenhum.

       "Heitor e a procura da felicidade" está a ser adaptado para o cinema. Com grande sucesso a Viagem de Heitor continua em "Heitor e os segredos do Amor" e "Heitor e a Passagem do Tempo".

 

Na internet encontram-se muito comentários sobre este livrinho, por exemplo, AQUI:

Em A Viagem de Heitor, o escritor francês François Lelord cria uma delicada alegoria sobre nossa própria sede de felicidade e a procura que empreendemos durante toda a nossa vida para encontrá-la. Heitor, um jovem psiquiatra, decide embarcar numa longa viagem ao redor do mundo. Seu objetivo é conhecer pessoas de diferentes culturas e situações sociais para realizar uma pesquisa de campo sobre a felicidade. A partir das respostas que recebe para perguntas aparentemente simples, como “Você é feliz?” ou ainda “O que é a felicidade para você?”, ele elabora hipóteses que são cuidadosamente anotadas e transformadas em lições compartilhadas com os leitores.

“Lá fora, o dia continuava magnífico, mas Heitor estava um pouco tristonho. Parou para arrumar a louça chinesa em sua sacola. Não queria correr o risco de quebrá-la. Entre os dois pratos, encontrou uma pequena tira de papel. Estava escrito: 20-13-10. Heitor puxou rápido seu bloco e leu:
Lição número 20: A felicidade depende do modo de ver as coisas.
Lição número 13: A felicidade é sentir-se útil aos outros.
Lição número 10: A felicidade é trabalhar no que a gente gosta.
Heitor pensou que essas eram ótimas lições. Pelo menos para ele.”

e AQUI.

25.08.12

Ninguém tem muitos amigos

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Neste mundo cada vez mais distante e deserto é urgente preservar o amigo, viver o amor, para que não se seja apenas mais um



       A maior parte daqueles que nos estão próximos farão as malas assim que o céu se cobrir de nuvens. Bem a tempo de não lhes cair nenhuma lágrima nossa em cima.

        Mas, infelizmente, também nós somos dos que se afastam quando os que connosco contam de nós precisam...

        Talvez o leitor se julgue bem-aventurado por contar com muitos amigos. Mas a sabedoria antiga adverte que vive feliz aquele que nunca tenha de pôr à prova os seus amigos... Mais, julgamo-nos a nós próprios, quase sempre, como bons amigos de outrem... mas será que somos capazes de o ser de verdade? Qual o limite de adversidade a partir do qual abandonaríamos esse papel? Afinal, a dureza da prova de amizade em nada se compara à troca de sorrisos depois de uma piada. A vida real é a sério, passa por muitos caminhos duros até... encontrar caminhos ainda mais duros. Sermos capazes de pensar em alguém que não em nós mesmos é, neste cenário, algo arrojado. Raríssimo. Quase ilógico. Sem reciprocidade garantida. Solitário.

        É comum (e errado) o preconceito de que todas as pessoas amam. Como se amar fosse uma espécie de prémio distribuído de forma universal e personalizada a todos e cada um dos seres humanos. Não. Muito longe disso. Poucas pessoas são capazes de amar, porque isso não é nenhuma recompensa, mas uma firmeza capaz de seguir adiante pelos trilhos mais impiedosos. Quase um castigo voluntário em nome de algo maior que nós.

        Há ainda que ter em conta que as coisas que não têm fim assustam qualquer espírito menos sólido, porque comprometem a essência de uma forma não egoísta, não lhe permitindo vaguear/errar ao sabor dos prazeres imediatos. É bem mais simples do que parece: um amor que acaba prova que nunca chegou sequer a existir.

        Hoje, com as novas tecnologias, a ilusão da proximidade é de tal forma convincente que cada vez há mais distâncias... pobrezas que se escondem por detrás de horizontes em forma de montras de intimidade... gritos desesperados de quem se vê num deserto de emoções... onde todos parecem felizes mas, na verdade, cada um vive no fundo de um poço. E porque hoje se busca mais ser resgatado do que resgatar, há cada vez mais vítimas e menos heróis...

        Nascemos sós e morreremos sós.

        À tristeza da solidão não faltam nem beleza nem grandeza. Mas o abandono dos que julgávamos chegados revela tanto sobre eles (os que partiram antes mesmo de chover) como a respeito de nós mesmos que, crédulos, julgámos ser uma excepção. Cumpre-nos não lhes seguir o exemplo.

        Se ser amigo é raro, abrigar um amor no coração é-o superlativamente. Nem todos os caminhos são para todos os caminhantes e, perante os mais penosos, apenas aqueles que percebem que há valores mais altos que a própria vida seguem adiante. Caminham mesmo descalços por onde for necessário para não deixar o amigo só.

        Há quem considere que a amizade é uma forma de amor. Concordo. O que ama é um amigo absoluto. Sem porquês nem para quês. Apenas para se ser quem se é. Dão-se as mãos e enfrentam-se as tempestades. Vive-se, e morre-se, sem nunca fazer contas ao que passou. Olhos postos no sonho. O verdadeiro amigo será feliz ainda que numa vida carregada de sofrimento, porque a sua existência tem sentido, ao contrário da esmagadora maioria dos demais.

        Neste mundo cada vez mais distante e deserto é urgente preservar o amigo, viver o amor, para que não se seja apenas mais um.

        É a mais impiedosa das tempestades que naufraga perante a firmeza de um amor autêntico. Afinal, nenhuma tormenta dura para sempre.

 

José Luís Nunes Martins, i-online 18 Ago 2012, in POVO.

26.01.12

26. Enquadre com sabedoria os problemas a enfrentar

mpgpadre

Enquadre com sabedoria os problemas que tem de enfrentar.
Nem todas as questões têm a mesma importância.
Na nossa ralação com os outros, pais e filhos, professores e alunos, casais, colegas de profissão, na família ou na comunidade, surgem conflitos. É quase inevitável, porque somos diferentes, pensamos de maneira diferente. Não há mal nisso. É imperioso que as pessoas tenham as suas convicções e as defendam.
Em todo o caso, a dimensão/tamanho dos problemas que se geram pode ser equacionada. Às vezes o problema que temos pela frente tem mais a ver connosco ou com a pessoa que o gerou, do que com o problema em si mesmo.

Quando a mente está turbada pela irritação, não é nada fácil balizar os problemas e pesá-los para ver se valem a chatice ou não. Há que fazer um esforço, para que a nossa saúde mental melhore, e assim melhoremos a saúde dos outros.
Nem todos os problemas merecem que lhe dediquemos o mesmo tempo.
Os pais, os professores, cada pessoa, diante de um problema pode primeiro perguntar-se: vale a pena chatear-me por isto, é motivo suficiente, é razão que me anula e ofende, atenta ao meu carácter, ou desrespeita uma regra fundamental?

Quando estiver para iniciar uma discussão, pense se a razão que o/a leva a isso é mesmo importante... a não ser que seja para tornar claro desde o início as regras com que se quer jogar/viver.

Não gaste tempo inútil, com coisas inúteis. Discuta quando são coisas importantes, de forma clara, serena, tentando argumentar e não ofender.
Se não está certo das suas convicções, ou se não tem a certeza das motivações do outro, procure dialogar, escolhendo a tolerância, a compreensão, a caridade, e nunca a humilhação ou a imposição de valores.

Dos mais velhos para os mais novos: regras claras. Não alterar regras a meio do percurso, a não ser que não sejam justas. A haver castigos, que se mantenham. Dizer claramente o que se quer e quais as razões, quando a criança/adolescente têm idade para compreender....

Não discuta por tudo e por nada.
Tente ver toda a floresta, para lá da árvore, para lá do problema... vai logo deitar fogo à árvore que o/a incomoda, correndo o risco de destruir toda a floresta... ou vai deitar a água suja fora sem reparar que ainda lá se encontra o bebé... valerá a pena?!

Ou como alguém perguntou: ter razão ou escolher ser feliz?
Não é fácil darmos a dimensão aos nossos problemas, por vezes demasiado pequenos para lhes darmos tamanha importância, destruindo-nos e àqueles que estão à nossa volta...

Continuo a refletir nesta questão... no concreto nunca é fácil... mas seria mais saudável a nossa vida!

14.01.12

14. Sê profeta na tua vida, na família, na comunidade

mpgpadre

Sê profeta na tua vida, na família, no trabalho, na comunidade.

Ninguém é profeta na sua terra.

Proximidade e distância.

Namoro e compromisso.

A horta da vizinha é melhor que a minha.

Psiquiatras. Psicólogos. Sacramento da Confissão.

Torna-se ator da tua vida e não apenas espectador da tua história.

Jesus Cristo. Augusto Cury. Cada um de nós. Principezinho.

Santos para os outros, mas em casa autênticos demónios.

 

Alguém um dia, referindo-se à Princesa Diana, disse que era fácil amá-la. Todo o mundo a amava. Salvo seja. Prefiro, pessoalmente, princesas reais, de carne e osso e não de plástico, feitas por medida, pelas televisões e revistas coloridas. Também nada me move contra quem faz a sua vida nas passarelas da visibilidade, sabendo-se sempre que as suas vidas em privado são como a do comum dos mortais, com choros e risos, com boa disposição e com inseguranças várias, com medo e confiança, com dúvidas e com sonhos, com fracassos e recomeços. Não muito diferente da vida de qualquer um, sabendo-se que cada um, mesmo em circunstâncias semelhantes, vive de maneira diferente, à sua maneira.

 

Há almas que sangram, ainda que aparentemente o rosto sorria.

Talvez tenha sido assim com aquela princesa, talvez seja assim com muitas princesas que encontramos no nosso dia-a-dia.

Lembra-me uma pequena história.

Um dia um homem foi ao psiquiatra, muito deprimido, desencantado com a vida, com as pessoas. O psiquiatra, depois de o ouvir, em algumas sessões, deu-lhe um conselho que julgou ser importante: por que é que não vai assistir à exibição de um palhaço, na praça central, todos os dias, ao fim da tarde? Vai ver que se sente melhor. Ele encanta. Faz-nos rir desbragadamente. Vai ver que não se arrepende. Da próxima vez que cá voltar, virá um homem diferente.

- Esse palhaço, respondeu o paciente, sou eu!

Como diz o povo, cada um sabe o que vai em sua casa.

 

Ninguém é profeta na sua terra.

A expressão é de Jesus Cristo, quando vai à sua terra e não é bem recebido.

Isto diz muito das nossas vidas. Em casa, somos nós. Em casa, muitas vezes, deixamos vir ao de cima o melhor e o pior. Fora deixamos ver apenas o melhor. Em casa, conhecem as nossas fragilidades. Fora, conhecem o que mostramos. É assim, positiva e negativamente. Os que nos são mais próximos conhecem-nos melhor, conhecem o lado solar e o lado lunar. Em casa distendemo-nos. Fora, contraímo-nos. Com efeito, recolhemos sempre a casa, é onde nos sentimos melhor. Por vezes, poderá ser um problema: porque estamos em casa não temos o mesmo cuidado e atenção que deveríamos ter com os que nos são mais próximos. Ou porque já sabem dos nossos sentimentos. Ou porque "têm" obrigação de conhecer as razões para estarmos com os azeites.

 

Funciona também quando precisamos ou prestamos ajuda.

Os santos da casa não fazem milagres.

Ouvimos o mesmo a uma pessoa que nos é próxima e a uma pessoa que (ainda) não nos é nada, e nos conselhos que nos dão, uma e outra, nas palavras e nos gestos, podem ser exatamente iguais, só ouvimos o que não nos é familiar.

Daí a importância dos psicólogos, dos psiquiatras, do sacramento da Confissão (tem inevitavelmente uma dimensão terapêutica).

Se é uma pessoa que não nos deve nada, então o que nos diz é para levar a sério.

Se é uma pessoa próxima, cumpre a sua obrigação e diz por dizer, são palavras (de simpatia, ou não). Nada mais. Pode até sugerir um caminho. É sempre suspeito. Por vezes precisamos de consultar o médico para ele nos dizer que o que temos é o que já sabíamos que tínhamos e que os nossos familiares nos tinham dito que tínhamos. Mas o médico é médico. E ai se ele diz que não temos nada... é porque não presta!

 

Por outro lado, se preciso de ajuda (e quero ser ajudado) recorro a alguém que possa distanciar-se dos meus problemas para ver melhor, para que as suas respostas e ajudas não sejam suspeitas. Mesmo que por vezes saibamos que também somos médicos de nós mesmos, precisamos de outros olhos, de outra visão, da opinião de alguém que não seja suspeito por estar demasiado envolvido.

Como referimos antes, é preciso ver toda a floresta. Entrar na floresta. Ver que a árvore que nos tapa a visão é só uma árvore. Há outras árvores. É preciso entrar para conhecermos. É preciso distanciar para compreender...

 

O namoro inseria-se nesta perspetiva: levava a que as pessoas tivessem um tempo para se conhecerem, para que o olhar primeiro da paixão, que deixa ver apenas qualidades, não ofuscasse uma visão mais completa e verdadeira da pessoa de quem nos aproximamos. A intimidade surgia apenas depois de um tempo (mais ou menos longo) de conhecimento, de descoberta, de proximidade... O compromisso aparecia quando já se conheciam também algumas imperfeições. Atente-se para o facto de alguns procurarem esconder os defeitos, as inseguranças, enquanto não assegurassem um compromisso. Com o tempo, com a proximidade, deixamos de ter cuidado, pouco a pouco deixamos ver também as insuficiências. E, por outro lado, passamos a descobrir também no outro as suas fragilidades.

Agora avança-se de imediato para o compromisso, e quando as pessoas se conhecem, vem o descompromisso. Por vezes mais rápido que o expectável.

 

Uma dimensão muito curiosa do ser humano.

Enquanto em atitude de conquista, é atencioso, diplomata, coloca o melhor de si mesmo.

Depois da conquista, relaxa. Em excesso, por vezes. Por um lado, as pessoas não podem e não devem estar em constante "conquista", precisam de se sentir seguras, em casa, relaxadas. Por outro outro lado, a atenção e delicadeza devem nortear todo e qualquer comportamento.

 

Neste sentido, hoje propúnhamos: seja profeta na sua vida, na sua casa, na sua comunidade. Faça-se presente. Sinta-se filho (e não enteado). Sinta o pulsar da vida como desafio, Procure ser simpático, envolvente, atencioso. Coloque o melhor de si mesmo no encontro com os que lhe são mais próximos. Que a sua proximidade o distancie da frieza, da indiferença, da indisposição. Seja ator. Não espectador. Tome a iniciativa. Tem medo. Não hesite. O não está certo. Por que não habilitar-se ao sim. Acolha. Viva. Celebre.

É fácil que todo o mundo aclame a Princesa Diana, menos o seu marido e os de sua casa. À distância é fácil amar, louvar, admirar. Perto, vemos os defeitos, torna-se mais difícil. O essencial, a amizade, ou o amor autêntico, é aquele que reconhece as perfeições e imperfeições do outro e ainda assim lhe quer bem.

 

Tomemos por exemplo Jesus Cristo. Chama os seus discípulos. Conhece-os. Sabe que são impulsivos, que não têm formação, que não são benquistos pela população, hesitantes, e até de honestidade duvidosa. Ainda assim, Jesus chama-os, quere-os junto de Si, quer fazer deles "pescadores de homens", quer explorar o melhor que eles têm. Aposta neles, mesmo que vislumbre a dúvida, a negação, a traição. Acredita que o amor, a confiança, o perdão, são mais fortes.

 

Sejamos profetas em nossa casa. Não depende dos outros. É uma atitude nossa. Pode ser correspondida ou não. Sejamos atores. Não esperemos que os outros sejam atenciosos, meigos, simpáticos, para o sermos também. Alguém tem de tomar a iniciativa. Mesmo que com o tempo se torne doloroso ser rejeitado ou incompreendido.

Insista. Como Jesus. Ele nunca desiste das pessoas. Nem de Judas, o discípulo que mais amou e mais protegeu. Conhecia a sua fragilidade, o seu íntimo, dedicou-lhe tempo, atenção, atribuiu-lhe responsabilidades, manteve-o por perto. Até ao fim. Judas não compreendeu o amor de Jesus, não correspondeu. Jesus não desistiu.

Não desista, pelo menos no início, pelo menos sem tentar.

 

É tão fácil ser deus para os que nos são estranhos.

É tão fácil estar de passagem na vida de alguém, ou até mesmo na vida de uma comunidade. Tudo é fácil, tudo é agradável, promissor. Difícil é permanecer, permanecer em todos os momentos, não apenas quando tudo corre bem. Há pessoas extraordinárias, para toda a gente, boas, generosas, agradáveis. Porém, para os de casa são um sobressalto, uns demónios, sempre carregados de indisposição. Que valor há nisso? Todos conseguem. Seja diferente. Comece no seu coração, em sua casa, na sua família. Dê o melhor de si mesmo. Seja coerente de dentro para fora (e se necessário, do exterior para o interior), primeiro seja profeta em casa. Depois leve a profecia até às alturas.

 

A felicidade encontra-se em casa.

No seu coração. A busca interior é a mais importante. Pode ser a mais compensadora. Será sempre mais duradoura. O Principezinho vai por muitos mundos, mas regressa a casa, ao seu mundo, à sua flor. É o tempo que gastamos com a nossa flor que a tornamos bela para nós. Gaste tempo com a sua flor, com a sua casa, com a sua família. Estará ainda mais disponível para os que estão fora da sua casa. Pode até tornar-se casa também para os outros. Não inverta. Comece em si, em sua casa.

07.01.12

7. "Sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste"

mpgpadre

"Sede perfeitos como é perfeito o vosso Pai celeste" (Mt 5, 48).
"Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso" (Lc 6, 36).
Estamos no dia 7 de janeiro. Vamos no sétimo dia do ano. Para os judeus (para a Bíblia), os números têm um simbolismo muito próprio.
O 7 é o número da perfeição, da plenitude.
Deus criou o mundo em 7 dias.
Ao sétimo dia descansou. O descanso faz parte da criação, a contemplação da obra criada. Para nós, oportunidade para o louvor, para o encontro, para a partilha, para a comunhão.
Perdoar 7 vezes, ou até 70x7, significa perdoar sempre.
Deixando-nos interpelar pelo número 7, procuremos responder segundo a nossa vocação primordial: a santidade.
O desafio de Jesus no Evangelho aponta para as alturas, para o próprio Deus Pai.
Os cristãos não se devem resignar ao mínimo, garantido, mas à plenitude de Deus, almejando ir sempre mais além.
Por outro lado, como nos recorda o Concílio Vaticano II, a santidade não é uma característica das pessoas consagradas, dos religiosos e religiosas, mas é a vocação própria de todos os baptizados. A perfeição vem-nos de Jesus Cristo, pelo Espírito Santo, pelo Batismo tornamo-nos novas criaturas, somos santificados por Ele, o Cordeiro que tira o pecado do mundo.
Desde então o nosso olhar e o nosso coração estão voltados para a origem da santidade, o próprio Deus, para a nossa identidade primeira: filhos de Deus. A santidade é um caminho que havemos percorrer se queremos que a nossa vida não se feche, não se apague, não se perca, mas desemboque na eternidade de Deus.
Está ao alcance de todos. Como dizíamos ontem, nem todos podemos ser frondosas árvores na montanha, mas podemos tornar-nos pessoas extraordinárias se ousarmos guiar a nossa vida por um IDEAL, que para nós cristãos tem um rosto: Jesus Cristo, o rosto de Deus, e que se torna visível em cada pessoa que encontramos.
Quando Jesus diz aos seus discípulos para serem perfeitos, ou misericordiosos, como o Pai celeste, di-lo no desafio de amarem os outros como a si mesmos, amando até os inimigos.
Amar os inimigos é reconhecer que eles não são maiores, nem o nosso azedume, do que o amor que há na nossa vida e que há de habitar o meu, o teu, o seu coração.
O caminho da santidade é o regresso ao melhor de nós, à nossa identidade: tornarmo-nos aquilo que somos (pelo batismo): filhos amados de Deus.

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