O Filho do homem será elevado
1 – «Se eu me esquecer de ti, Jerusalém, esquecida fique a minha mão direita / Apegue-se-me a língua ao paladar, se não me lembrar de ti, se não fizer de Jerusalém a maior das minhas alegrias».
A liturgia propõe-nos a alegria do Evangelho da Salvação que é manifesta em Jesus Cristo. Já se vislumbra a Páscoa. A Paixão de Jesus é prova maior do amor de Deus para connosco.
Hoje como ontem, na Igreja como no povo eleito, os tempos são de provação, com dias de sol e dias de chuva. O importante é que de cada situação possamos descobrir e integrar o que nos enlace nos outros, aprender e amadurecer caminhos, aperfeiçoar e corrigir escolhas, discernir o que nos engrandece e nos faz mais humanos, capacitando-nos para enfrentar obstáculos com paciência e misericórdia, iluminando as oportunidades que temos pela frente, fortalecendo o nosso espírito para não nos deixarmos abater nas tempestades nem nos deixarmos endeusar nos momentos de conquista, de vitória e de bonança. A humildade será sempre a força dos que querem avançar e ficar na história como promotores da justiça, da paz e da solidariedade, a alegria daqueles que querem ver os seus nomes inscritos no coração de Deus.
2 – «Enquanto o país não descontou os seus sábados, esteve num sábado contínuo, durante todo o tempo da sua desolação, até que se completaram setenta anos». A linguagem bíblica da primeira leitura fala-nos daquele SÁBADO contínuo em que DEUS Se coloca em atitude de ESPERA paciente e benevolente.
70 anos, um longo tempo de preparação e de gestação para um tempo novo. «Sobre os rios de Babilónia nos sentámos a chorar, com saudades de Sião. Nos salgueiros das suas margens, dependurámos nossas harpas». O tempo de provação aproxima-se do fim. Quem se sentir povo de Deus deverá agora pôr-se a caminho. Esta é a condição do crente: estar a caminho, em processo de conversão contínua, fazendo-Se acompanhar por Deus.
3 – A história da salvação chega ao seu termo com Jesus Cristo. «O Filho do homem será elevado, para que todo aquele que acredita tenha n’Ele a vida eterna». No deserto, tempo de provação do povo de Israel, Moisés levantou uma serpente de bronze. Quem olhasse para a serpente seria salvo. Era uma situação provisória e pontual. O filho do Homem, Jesus, será levantado da terra, e todos os que contemplarem a Sua Cruz, deixando-se trespassar e transformar pelo olhar de Cristo, serão salvos. É um acontecimento pleno e definitivo.
«Deus amou tanto o mundo que entregou o seu Filho Unigénito, para que todo o homem que acredita n’Ele não pereça, mas tenha a vida eterna».
Textos para a Eucaristia (ano B): 2 Cr 36, 14-16. 19-23; Sl 136 (137); Ef 2, 4-10; Jo 3, 14-21.