Bom Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna?
1 – Um homem correu ao encontro de Jesus, ajoelhou diante d’Ele e perguntou- Lhe: «Bom Mestre, que hei de fazer para alcançar a vida eterna?» A atitude deste homem é delicada e de grande expetativa. A primeira coisa que faz é colocar-se de joelhos diante de Jesus, reconhecendo-O como Mestre justo e bom.
É um homem em correrias, ansioso, insatisfeito, à procura de um sentido maior para a sua vida e que justifique os seus dias.
A resposta de Jesus não visa agradar ao seu interlocutor, mas propor um projeto de vida viável e exequível: “Tu sabes os mandamentos: Não mates; não cometas adultério; não roubes; não levantes falso testemunho; não cometas fraudes; honra pai e mãe”.
A lei por si mesmo não salva: «Mestre, tudo isso tenho eu cumprido desde a juventude».
Jesus vê que a lei era um fardo para aquele homem, ainda que ele a cumprisse, e lança um desafio maior: «Falta-te uma coisa: vai vender o que tens, dá o dinheiro aos pobres e terás um tesouro no Céu. Depois, vem e segue-Me». Ouvindo estas palavras, anuviou-se-lhe o semblante e retirou-se pesaroso, porque era muito rico.
2 – Seguir Jesus implica-nos, não é uma adesão exterior, como camisa que se troca a qualquer momento, é um jeito de viver, de amar, de se relacionar com os outros. Ele entranha-Se em nós, somos transformados não pela rama, como crosta que se desprende com o tempo, mas em todas as veias, é sangue que nos liga a Jesus.
Garantida está a Sua presença e a vida eterna. Garantida está uma vida de serviço aos outros. O maior no reino de Deus, é o que se faz menor, o que serve os demais, como Jesus que veio para servir e não para ser servido. Nas palavras de Santo Agostinho, “quem não vive para servir, não serve para viver”. A disputa dos discípulos por lugares há de dar lugar à disputa pela caridade. Não devais nada uns aos outros, senão a caridade (São Paulo).
3 – A resposta de Jesus é também para os discípulos, de ontem e de hoje, a quem alerta com veemência: «Meus filhos, como é difícil entrar no reino de Deus! É mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que um rico entrar no reino de Deus».
Os discípulos continuam a magicar qual deles tirará mais dividendos e procuram saber mais, tirando tudo a limpo: «Quem pode então salvar-se?». Fitando neles os olhos, Jesus respondeu: «Aos homens é impossível, mas não a Deus, porque a Deus tudo é possível». Pedro insiste, apresentando créditos – «Vê como nós deixámos tudo para Te seguir» – que Jesus valoriza: «Em verdade vos digo: Todo aquele que tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou terras, por minha causa e por causa do Evangelho, receberá cem vezes mais, já neste mundo… e, no mundo futuro, a vida eterna».
Muitas coisas e muitas situações se entrepõem entre nós e Deus: dúvidas, distanciamentos, trabalho e falta dele, doenças, solidão, conflitos familiares e/ou profissionais, deceções, falta de tempo.
O que se entrepõe entre nós e Deus também se entrepõe entre nós e o próximo. O homem do evangelho queria algo mais da sua vida. Jesus propõe-lhe o seguimento e serviço aos outros. Ele pensava que haveria alguma forma mágica que o salvasse do ram-ram da sua existência, sem alterar nada da vida que tinha.
4 – O destino do ser humano é ser feliz. É para isso que Deus nos criou. É para isso que andamos cá. A pergunta feita a Jesus tem a ver precisamente com esta busca incessante: o que devo fazer para ser feliz, agora e no futuro?
Em Jesus Cristo a meta está iluminada e daí a importância de escutar e mastigar a palavra de Deus, que “é viva e eficaz… É a ela que devemos prestar contas” e pedir a Deus a sabedoria: “Orei e foi-me dada a prudência; implorei e veio a mim o espírito de sabedoria. Preferi-a aos cetros e aos tronos… Com ela me vieram todos os bens”.
Se nos ligamos aos outros, em atitude de serviço, neles encontraremos a Deus, a Quem buscamos no mais íntimo de nós mesmos.
Reflexão Dominical COMPLETA na página da Paróquia de Tabuaço
e no nosso blogue CARITAS IN VERITATE