Maria conservava todos estes acontecimentos
1 – “Deus enviou o seu Filho, nascido de uma mulher e sujeito à Lei, para resgatar os que estavam sujeitos à Lei e nos tornar seus filhos adotivos. Assim, já não és escravo, mas filho. E, se és filho, também és herdeiro, por graça de Deus”.
Com a vinda de Jesus, chegou até nós o próprio Deus, em Pessoa, a eternidade no tempo, o Infinito no finito. Em Jesus tornamo-nos filhos e herdeiros da eternidade, da graça divina.
Oito dias de celebração do Natal como se fora um só DIA para acentuarmos a importância deste nascimento, a plenitude dos tempos, desta PRESENÇA entre nós, para percebemos melhor a grandeza do mistério, que nos envolve.
A liturgia propõe-nos, no primeiro dia do NOVO ANO, a solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, coincidindo, desde 1968, por iniciativa do Papa Paulo VI, com o Dia Mundial da Paz.
O quadro é o mesmo. A proximidade de Maria no presépio conduz-nos Àquele que nos traz a verdadeira Paz.
2 – “Os pastores dirigiram-se apressadamente para Belém e encontraram Maria, José e o Menino deitado na manjedoura. Quando O viram, começaram a contar o que lhes tinham anunciado sobre aquele Menino. Maria conservava todos estes acontecimentos, meditando-os em seu coração”,
A descoberta de Deus naquele Menino não é uma conquista do poder, da inteligência ou de capacidades extraordinárias, como bem se vê na narração evangélica, é uma graça de Deus, concedida segundo a Sua liberalidade, aos pobres, a todos aqueles e aquelas que têm uma coração disponível para se deixar surpreender.
Só um coração vazio de si mesmo, pode abrir-se ao mistério, aos outros, a Deus, e acolher Aquele que vem do alto, perceber como o mistério de Deus pode preencher de Luz os seus corações.
3 – Os pastores estão cheios de vida, de esperança. Estão vazios das preocupações palacianas e das disputas do poder. Vivem em função das mulheres e dos filhos, enfrentam as dificuldades para sustentar a família. Dependem uns dos outros e das condições do tempo e da terra. Não são magos, mas vivem de mãos dadas com os céus e com a terra, com o tempo.
Pastores diante do Pastor, por excelência. Eles juntam os seus rebanhos; o Deus Menino apascentará a humanidade inteira como um só rebanho. Saliente-se de novo a estreita ligação ao projeto da paz, ajuntar, família, rebanho, para que todos se sintam e sejam filhos, e irmãos, e herdeiros da graça de Deus.
4 – Na Sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, Bento XVI coloca como pano de fundo a bem-aventurança – bem-aventurados os obreiros da paz – mostrando como a família é crucial na promoção da paz, na grande medida de ser promotora da vida e da felicidade.
A família é espaço de diálogo, de compreensão. As mães, na maioria da vezes, com a sua sensibilidade e delicadeza, têm um rosto conciliador, são obreiras da paz, entre os filhos, destes com os pais, e com a sociedade.
Como aos pastores, também a nós Ela nos mostra Jesus, que vem de Deus. Diz-nos o Papa, “a realização da paz depende sobretudo do reconhecimento de que somos, em Deus, uma única família humana”. Com efeito, “através da encarnação do Filho e da redenção por Ele operada, o próprio Deus entrou na história e fez surgir uma nova criação e uma nova aliança entre Deus e o homem”, colocando-nos diante da possibilidade de termos um novo coração, transformado pelo amor.
Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens de boa vontade. A paz é dom de Deus, mas também obra e responsabilidade do homem. Na verdade, continua Bento XVI, “a paz pressupõe um humanismo aberto à transcendência; é fruto do dom recíproco, de um mútuo enriquecimento, graças ao dom que provém de Deus e nos permite viver com os outros e para os outros. A ética da paz é uma ética de comunhão e partilha”.
5 – Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós. Rainha da Paz, dai-nos a paz.
Textos para a Eucaristia (ano C): Num 6, 22-27 ; Sl 66 (67); Gal 4, 4-7; Lc 2, 16-21.
Reflexão dominical na página da Paróquia de Tabuaço