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Escolhas & Percursos

...espaço de discussão, de formação, de cultura, de curiosidades, de interacção. Poderemos estar mais próximos. Deus seja a nossa Esperança e a nossa Alegria...

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07.04.14

34. Idade com que Jesus iniciou o Seu ministério, como pregador itinerante

mpgpadre

Idade com que Jesus iniciou o Seu ministério, como pregador itinerante, como Profeta, como Filho do Homem e de Deus.
Centralidade do anúncio de Jesus: a novidade e proximidade do Reino de Deus.
Novidade, futuro, esperança e os Velhos do Restelo.
Com a novidade do Reino, a conversão e a mudança de vida. Mudar não por mudar, mas procurar sempre e mais ser rosto de Jesus Cristo, ser o que se é pelo batismo: Filho/a de Deus.
Nunca é tarde para começar... ou recomeçar... se for para dar mais qualidade à vida...

Em alguns livros, e em alguns meios, continua a dizer-se que Jesus morreu com 33 anos, tendo iniciado a vida pública aos 30 anos de idade (informação dada por São Lucas).
Hoje é pacífico, ainda que não totalmente divulgado, que a morte de Jesus ocorreu quando Ele tinha 37 anos de idade e a Sua morte teria sido na sexta-feira, a 7 de abril do ano 30. Seguindo os evangelhos, Jesus morreu em véspera de sábado e naquele ano a Páscoa judaica ocorreu a um sábado. O calendário judaico é lunar, e a páscoa, a 14 de Nizan, pode cair a qualquer dia da semana. Nos anos 27, 30 e 33 da era cristã caiu num sábado. Morto a 27, era muito pouco tempo para a vida pública, tinha iniciado há pouco a pregação. Morto no ano 33, seriam 6 anos de pregação e os evangelhos não permitem extender por tanto tempo a sua vida pública, pois no máximo Jesus participou em 3 páscoas (segundo São João) no mínimo pelo menos numa páscoa. Daí que se calcule a vida pública entre 1 ano e meio a três anos. Há outros dados históricos que ajudam a situar cm alguma precisão a data da morte de Jesus, confrontando com os dados dos evangelhos, como por exemplo, Pôncio Pilatos exerceu o poder como autoridade romana entre o ano 26 e 36 depois de Cristo (da era cristã); Caifás entre 19 e 36 depois de Cristo...


Mas como é que morreu com 37 anos, no ano 30 da era cristã, se com Ele que se inicia a era cristã?
Vamos por partes. A data do nascimento de Jesus não se conhece com exatidão, nem o dia nem o mês nem o ano de nascimento. Festeja-se o nascimento a 25 de dezembro, quando os pagãos festejavam o deus Sol, no solstício de inverno. Para os cristãos, o verdadeiro Sol é Jesus Cristo, a Luz do Mundo. É aceitável que Jesus tivesse nascido na primavera/verão, pois se os pastores estavam por ali não poderia ser no inverno... A escolha de 25 de dezembro foi uma forma prática de "substituir" e cristianizar uma festa pagã.
O calendário cristão foi elaborado, no século VI, pelo monge Dionísio, o Exíguo, a pedido do Papa João I, tendo colocando o nascimento de Jesus a 25 de dezembro do ano 753 da fundação de Roma, e o início da era cristão em 1 de janeiro de 754, da fundação de Roma, oito dias depois, na Circuncisão de Jesus.
Dionísio ter-se-á enganado, colocando o nascimento de Jesus 4 anos depois da morte de Herodes. Contudo, Herodes estava no poder quando Jesus nasceu, o que obrigou a recuar a data de nascimento: entre 4 a 7 anos. Nesta lógica, e seguindo vários autores, optando por recuar até 7 anos, nós estaríamos neste momento no ano 2021 (partindo do nascimento de Jesus. Quando se descobriu o lapso de tempo em falta, já era tarde para corrigir a história e os respetivos documentos escritos...)

Se morreu no ano 30 e se nasceu no ano 7 antes da era cristã, Jesus morreu com 37 anos de idade. Sublinhe-se também que a esperança média de idades andava pelos quarenta anos. Não se pode dizer que Jesus tenha morrido demasiado novo, ainda que fosse antes do tempo, já que foi morto.
A pregação, a vida pública de Jesus durou três anos (ano e meio, no mínimo, a três anos, no máximo, segundo os vários evangelhos). Logo, começou a Sua pregação com (33 ou) 34 anos, na primavera do ano 27, depois de ter sido batizado por João Batista e eventualmente depois deste ter sido preso.

Os 30 anos é a idade em que todos os profetas iniciam a Sua missão. Estão preparados, maduros, já viveram muito tempo, já cresceram. Chamados desde o seio materno mas só se manifestam publicamente na idade adulta. 30 anos é uma idade simbólica. Logo se Jesus é profeta (ou o Profeta, por excelência), também Ele inicia o Seu ministério com 30 anos (mais um, dois ou três ou quatro, continua a ser 30 anos).

Depois desta precisão, voltemos ao ponto de partida desta reflexão.
Nunca é tarde para mudar. Com efeito a nossa vida transforma-se constantemente. Gostaríamos de preservar tudo o que vem de trás, mas nem sempre é possível, melhor, o que "herdámos" da nossa vida há de ser assimilado e transformado na vida presente e futuro. Somos seres em devir, em transformação. Como crentes, ainda mais, na abertura para Deus, Deus da nossa Esperança, acreditando que cada passo que dermos na fidelidade a Jesus Cristo será uma forma de atualizarmos o tempo presente, sem perdemos o melhor que recolhemos do passado.

Com efeito, Jesus inicia a vida pública com a pregação que se centra na originalidade/novidade do reino de Deus e na necessidade de nos abrirmos aos novos céus e nova terra que Jesus vem trazer com o Seu amor, com a Sua vida, a entregar por nós.
Os velhos do Restelo são aqueles que nunca estão satisfeitos com nada, nunca se dispõem a ajudar na transformação do mundo, nunca colaborarão para melhorar o meio envolvente em que vivem, querem que tudo permaneça como está, qual fotografia que se vai deslavando até perder toda a coloração...
Todos podemos ter em nós restos d' Os velhos do Restelo... Jesus deparou-se com uma sociedade certa e orgulhosa da Sua história. Também isso O levou à Cruz, os interesses instalados, a surpresa da Sua mensagem, a provocação das Suas palavras e da Sua vida... mas mudou os que se Lhe abriram de todo o coração, mudou o mundo inteiro, ainda que precisemos de novo de O acolher para continuarmos a mudar o que em nós é urgente mudar, para sermos transparência do Seu amor, no mundo em que vivemos.

 

Texto originalmente publicado em 3 de fevereiro de 2012. Revisto e publicado a 7 de abril de 2014.

26.02.12

57. Larga o que trouxeste

mpgpadre

Larga o que trouxeste.

 

Diante de Deus, como refletimos ontem, não precisamos de máscaras, de vestes, de muitas coisas, precisamos do nosso coração aberto e disposto a acolhê-l'O.

É o que nos diz esta canção que ora sugerimos.

 

O Coro Juvenil de Padornelo e Parada venceu o X Viana Jovem, no Festival de Coros Juvenis, no dia 24 de janeiro de 2010. Ouvimos, gostámos e achamos oportuno partilhar a música, preparando também a canção para ser apresentada na disciplina de EMRC. É uma música extraordinária, na letra, na melodia, na interpretação.De uma Diocese vizinha, Viana do Castelo, mas com o mesmo espírito, animação e disponibilidade para anunciar e seguir Jesus Cristo pela música e pelo desafio.

 

Tudo me prende,
Tudo me agarra,
Tudo me chama para o mundo.
Tenho um pingente,
Uma samarra,
Cartão de crédito e tudo.
 
Eu quero ter [tantas coisas], eu quero ir,
Eu quero ver [o mundo todo], eu quero vestir,
Eu quero ser [muito famoso], eu quero mostrar,
- E tu?
- E eu? Quero saber.
 
Diz, ó Mestre, o que faço agora?
O que guardo, o que deito fora?
Cumpro a Lei e tudo o que disseste.
- Então, larga o que trouxeste.
 
Nada me enche,
Nada me basta,
Nada me satisfaz a sério.
Tenho uma agenda,
Dentro de uma pasta,
Um cheque-brinde, outro mistério.
 
Eu quero ter [a Vida Eterna], eu quero ir,
Eu quero ver [essa Herança], eu quero vestir,
Eu quero ser [nova Esperança], eu quero mostrar-Te,
- E tu?
- E eu? Quero saber.
 
Diz, ó Mestre, o que faço agora?
O que guardo, o que deito fora?
Cumpro a Lei e tudo o que disseste.
- Então, larga o que trouxeste.
 
Um dia vou estar preparado,
Quem sabe cantar ao Teu lado,
Outro refrão.
Quando eu compreender a certeza
De que a principal riqueza
Está no meu coração.

25.02.12

56. Lembra-te, homem, que és pó da terra e à terra hás de voltar (cf. 3, 19).

mpgpadre

Lembra-te, homem, que és pó da terra e à terra hás de voltar (cf. 3, 19).

Nós somos do chão, da terra. Não deverá haver nada entre nós e o chão, o chão liga-nos a Deus e ao irmão. Diante de Deus não precisamos de estar apenas nós, nem ouro, nem prata, nem alforge, só nós e Deus, nós, Deus e o irmão. E assim diante do irmão. Quando estamos com o irmão ainda estamos diante de Deus, porque no outro está Deus.

Hoje, D. António Couto, na Jornada Diocesana do Catequista, subordinado ao tema: “Chamado por Deus, participante da missão de Jesus”, partiu da figura de Moisés para ilustrar o chamamento e o envio e o Deus que chama, Deus santo.
Prestemos atenção ao texto: “Moisés estava a apascentar o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Madian. Conduziu o rebanho para além do deserto, e chegou à montanha de Deus, ao Horeb. O anjo do SENHOR apareceu-lhe numa chama de fogo, no meio da sarça. Ele olhou e viu, e eis que a sarça ardia no fogo mas não era devorada. Moisés disse: «Vou adentrar-me para ver esta grande visão: por que razão não se consome a sarça?» O SENHOR viu que ele se adentrava para ver; e Deus chamou-o do meio da sarça: «Moisés! Moisés!» Ele disse: «Eis-me aqui!» Ele disse: «Não te aproximes daqui; tira as tuas sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é uma terra santa.» (Ex 3, 1-5).
D. António sublinhou que Moisés tem de sair do seu caminho habitual, como a criança que nunca segue desatenta no caminho, observa o que a rodeia, tudo cativa o seu olhar, assim Moisés se deixa “desviar” pelo que vê a partir do seu caminho.
Deus chama, pelo nome, e diz a Moisés: “tira as tuas sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é uma terra santa”. O ser humano é da terra, do chão. Assim é a partir do chão, da terra que nos unimos a Deus, que Lhe respondemos. É pela terra que nos unimos aos irmãos. Somos do mesmo barro. Pó da mesma terra. Irmãos. Nada deve existir entre nós e a terra, para que os pés nús estejam ligados a Deus, ao Universo, ao nosso irmão.
Cientificamente, tudo aponta para que tenhamos uma origem comum (de baixo das pele, circula o mesmo sangue, a mesma existência biológica, debaixo da pele somos mais iguais), uma poeira inicial, energia concentrada, explosão de energia que faz espalhar a poeira e formar-se em várias estrelas, planetas, galáxias. A terra, a água, o céu, os animais terrestes, os animais marinhos, as aves do céu, o ser humano, tudo tem origem nessa poeira original. A descendência é a mesma. Somos pó que ao pó há de regressar. A mesma origem, o mesmo fim.
Para nós crentes, antes da origem e depois do fim está Deus.
A quarta-feira de Cinzas lembra-nos a nossa origem e a nossa fragilidade, mas sobretudo a nossa interdependência a Deus e aos irmãos.

Na reflexão do nosso Bispo, e como desafio para hoje, que nada nos separe do chão, quando nos queremos diante de Deus e diante do irmão. Somos do chão. É chão sagrado o que pisamos. Somos da terra, e é na terra que o Senhor nos encontra, por Jesus Cristo, Deus feito Homem, feito terra.

24.02.12

55. Carpe Diem. Vive o presente

mpgpadre

Carpe Diem. Vive o presente.
Cada dia tem as suas próprias preocupações.
O tempo não volta, gastemo-lo bem. Foi-nos dado gratuitamente.

Vive hoje, sem a ansiedade e o medo paralisante do futuro.
O futuro só a Deus pertence. Deus providenciará.
Façamos a nossa parte, o que está ao nosso alcance.
Não esperemos pelo amanhã para viver, para nos comprometermos, para modificarmos na nossa vida o que sabemos nos levará a bom termo. Nem esperemos pelo ontem que já foi.

CARPE DIEM:
A expressão popularizada é da autoria de Horácio, poeta romano (65-8 a.C.). Segundo a Wikipédia, quer dizer: "Colhe o dia presente e sê o menos confiante possível no futuro".
A expressão no contexto: "Enquanto estamos falando, terá fugido o tempo invejoso; colhe o dia, quanto menos confiada no de amanhã".

Jesus, no Evangelho, desafia os seus discípulos a viver no tempo atual, presente, sem medo do amanhã, confiando em Deus, mas não deixando a vida ao acaso, empenhando-se na edificação do Reino de Deus e da Sua justiça. O mais providenciará Deus.
"O vosso Pai celeste bem sabe que tendes necessidade de tudo isso. Procurai primeiro o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais se vos dará por acréscimo. Não vos preocupeis, portanto, com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã já terá as suas preocupações. Basta a cada dia o seu problema" (Mt 6, 33-34).
Depois de ensinar a oração do Pai-nosso, referindo que não é o número das palavras que conta, mas a disponibilidade para acolher o Deus que vem e de realizar na sua vida quotidiana a vontade de Deus, Jesus insiste para que os seus seguidores, embora de olhar fito nas alturas, estejam comprometidos com os irmãos no tempo que passa.

A expressão anterior - carpe diem - é utilizada em vários sentidos: "gasta a vida enquanto podes", "aproveita enquanto és novo", "goza agora que não sabes o dia de amanhã". Neste sentido pode ser mesmo um convite a desperdiçar o tempo presente, como se o de amanhã nos fosse roubado. É uma expressão para justificar também os excessos...
Mas é o mesmo Deus que nos garante o dia de hoje e o dia de amanhã.
Num sentido cristão, este é um convite a "desfrutar" com alegria o dia de hoje, a potenciar a nossa vida, a comprometer-nos agora, a dar-nos aos irmãos, a realizarmos o que está ao nosso alcance sem esperarmos que outros o realizem, ou que com o tempo alguém se lembre de fazer ou de resolver.

O tempo que não volta...
Ainda que haja situações idênticas, o tempo e a história não e repetem. Por mais que quiséssemos e por mais esforços que façamos o passado não volta. Não nos pertence.
Somos e (re)conhecemo-nos pelas referências aos tempos idos. Somos pessoas, com memória, com raízes, como já vimos por aqui... Não é possível a pessoa de hoje, sem a de ontem, e até mesmo sem se projetar no amanhã. Aliás, se menosprezássemos o passado, a história, seria uma enorme ingratidão para com as pessoas que nos precederam. A história não se compadece com os ingratos, a anulação da memória destrói a vida da pessoa, da família e da comunidade.

A melhor gratidão que prestamos à história e aos nossos antepassados, é a abertura ao futuro, à novidade. Eles rasgaram horizontes que nos permitem viver com muita comodidade, uns mais que outros. Puseram os seus talentos a render. Preparam o futuro (que é o nosso presente) com o seu engenho e esforço. Hoje cabe-nos a nós.
Não sejamos reféns do passado, parasitas do tempo. O tempo não pára. Não volta. O tempo atual é nossa, é graça de Deus. Não esqueçamos os que vieram antes e o que nos legaram. Agora é a nossa vez de construir e preparar o nosso futuro e o futuro dos vindouros.

Vivamos o hoje com alegria e confiança. Aguardemos que o amanhã nos dê a oportunidade de cimentarmos o que hoje semeamos.
Obviamente que a esperança no amanhã, e o compromisso com o hoje, não esconde a dificuldade que muitos têm de enfrentar. Pessoas com situações pessoais, familiares, profissionais preocupantes, sem horizonte, sem um vislumbre de segurança.
Porém, há situações que uma atitude de desânimo não ajuda, pelo contrário só complica o que já de si é complexo e delicado.

NB - Vive hoje com intensidade, sendo generoso consigo e com as pessoas que lhe estão mais próximas. A página que não preencher hoje, não a terá amanhã. Amanhã terá uma página inteirinha para escrever.

23.02.12

54. Humildade : Frontalidade : Sinceridade : Transparência : Caridade

mpgpadre
Humildade :: Frontalidade :: Sinceridade :: Transparência :: CARIDADE

 

"Agora permanecem estas três coisas: a fé, a esperança e a caridade; mas a maior de todas é a caridade" ( 1 Cor 13, 4-13).

 

São palavras e atitudes muito próximas. Podem ser equivalentes, em muitas situações ou consequência umas das outras. A humildade implica a sinceridade e a caridade. A Caridade, por sua vez, enquadra e promove a humildade, a transparência, a sinceridade e a frontalidade (bem entendida). A frontalidade revestida da caridade torna-se uma fonte de aproximação, de diálogo e de edificação mútua.

No entanto, para o cristão o ponto de partida, o ponto de chegada, e o sustentáculo é a CARIDADE. Sem a caridade, o amor gratuito e oblativo ao jeito de Jesus, Aquele que nos dá a Sua vida, as outras virtudes ficam como um esqueleto ressequido, sem carne, sem músculos, sem vida.

 

Há dias, num jantar com colegas padres, ouvi a um - que foi meu professor há alguns anos, e portanto com mais experiência de vida e com outra maturidade de fé (ainda que não tenha tanto a ver com idades mas com cada pessoa, e com os diversos momentos por que passa a sua vida) - uma expressão muito significativa e que hoje nos traz aqui.

Algumas pessoas com a desculpa que são sinceras magoam, ofendem agridem - "não quero saber, eu tenho que ser sincero, quem quer ouvir que ouça, quem não quer não ouça, mas tenho que dizer o que penso", os outros que vão às favas, pouco me importa que gostem ou não. Eu sou assim.

Certamente não é nada que não tenhamos ouvido.

Do mesmo modo acerca da frontalidade. São duas "atitudes" próximas mas não se confundem. Deveria resultar uma da outra.

"O que tiver a dizer digo, seja diante de quem for. Eu cá sou frontal. Não tenho nada a esconder. Custe a quem custar. Eu sou assim. Podem ficar chateados que eu não me importo. Para mim a frontalidade é mais importante".

Será mesmo assim?

Por experiência própria, tenho para mim que tudo o que se absolutiza e se generaliza corre o risco de se tornar contraproducente e "cair" sobre o próprio.

Também aqui não é branco ou preto, pode-se estar a caminho...

Há, sem dúvida, pessoas, que são frontais, que não se escondem em desculpas, que cumprem com o que está ao seu alcance para tornarem o mundo mais saudável...

 

Ou então existem diferentes tipos de frontalidade ou maneiras distintas de a interpretar:

– sou frontal, o que tenho de dizer digo... mas nunca à frente/ na fronte, sempre por interpostas pessoas, e elas se quiserem dizer ao próprio que digam! Há muitas pessoas assim frontais... dizem aqui e além, mas nunca a quem dirigem a sua irritação;

– sou frontal, digo o que me dá na real gana, seja a quem for, seja o que for, não interessa, eu sou assim, quanto aos outros não me interessa o que pensam, ou como reagem;

– sou frontal, traduzindo: sou melhor que toda a gente. As minhas ideias são as melhores do mundo. Os outros ou aceitam ou recusam, mas eu não mudo de opinião. A minha opinião é que conta. Se os outros não aceitam mudar de opinião, são ditadores, orgulhosos. Traduzindo: isto é o contrário do diálogo. O diálogo promove a discussão mas com abertura, estou na disponibilidade de mudar de opinião ou de completar a opinião que tenho, ou pelo menos fazer o esforço por compreender o que o outro tem para me dizer;

– sou frontal, gostem ou não, eu cá sou assim, digo o que penso, digo-lhes para seu próprio bem. Traduzindo: é uma opinião pessoal, mas será uma convicção profunda, já testei na minha vida (contando com a minha imperfeição)? Pediram-me o conselho, ou será que precisam mesmo do meu conselho? Imponho(-me) ou proponho? Estou certo e os outros errados? Não estaremos os dois certos, ou até os dois errados?

 

Pessoas frontais que são sinceras.

Pessoas frontais que destilam ódio, irritação e sobranceria sobre os outros.

Pessoas frontais que usam a mentira, meias-verdades, opiniões duvidosas para ofender, para agredir... sob a capa da frontalidade.

 

Jesus convida a reconhecer os nossos erros e imperfeições, a sabermos acolher o perdão de Deus e a termos a humildade suficiente para perdoar a quem nos ofende. A denúncia é inabalável contra a falsidade, a mentira e a hipocrisia, contra as pessoas fingidas, incoerentes – exigem aos outros o que não fazem. A frontalidade de Jesus leva-O a confrontar as pessoas com a dignidade de filhos de Deus.

A nossa humildade há de dar-nos a coragem para nos reconhecermos também pelas nossas insuficiências, e frontalidade de nos sabermos a caminho.

 

NBA minha fronte/frente não é igual à fronte/frente do outro.

Sou frontal porque estou defronte/de frente/diante de/à frente, face a face com a outra pessoa. É um sentido mais físico mas é também espiritual. Estou à frente da pessoa, sou frontal, quando olho para ela como pessoa, com sentimentos e opiniões próprias, com a sua história de vida, com os seus dramas e com as suas conquistas. Não estou à frente de uma parede. Se eu estiver à frente de um muro, a minha frontalidade só me implica a mim. Se estou perante outra pessoa, implica-me a mim e a ela. Portanto, não descarrego apenas a minha opinião, ou a minha irritação, mas dialogo, falo e escuto, aconselho e deixo que ela me aconselhe, cedo e ela cede também (se se tratar disso), explico o meu ponto de vista e deixo que a outra pessoa rebata ou apresente o seu ponto de vista.

E se é de frente, não é nas costas, não é na ausência da pessoa que se contesta.

 

NB 2 – Um ponto de vista é sempre a vista de um ponto.

 

NB 3 – A frontalidade, a sinceridade, a transparência e a humildade deverão ser revestidas de caridade. Sem caridade são como o esqueleto sem carne, sem músculos, sem vida. Surtem efeito, mas em sentido malévolo, vazio, contraproducente. Se a nossa frontalidade é dirigida a pessoas específicas tratemo-las como pessoas concretas, e se for necessário façamos uma abordagem que respeite o tempo e as características da pessoa que temos de fronte...

 

NB 4 – mais uma reflexão em aberto…

22.02.12

53. O jejum faz bem à saúde.

mpgpadre

O jejum faz bem à saúde.

No dia em que a Igreja inicia o tempo santo da QUARESMA, como preparação para a celebração festiva da PÁSCOA, centramo-nos nos aspetos que tradicionalmente se associam a este tempo litúrgico: a oração, o jejum e a esmola (a caridade).

 

O que provoca mais apreensão é o JEJUM. Num tempo em que se foge de todo e qualquer sacrifício, todo e qualquer esforço, o tempo do descafeinado - com o sabor, mas sem a essência - o jejum surge revestido de conservadorismo, tradição anquilosada.

Vamos por partes.

Quando o jejum era uma observância mais rigorosa, também havia mais indigência. Muitos faziam jejum o ano inteiro. Como agora, aliás.

Há os que fazem jejum para manter a linha. O que até está ultrapassado - comer mais vezes em menos quantidade, é a melhor dieta para manter a linha, e que a alimentação seja diversificada, com um prato colorido, alimentos de diversas cores.

 

Jejum - comer menos. Eventualmente fazer uma refeição completa, e as demais serem frugais. Pessoas com mais de 21 anos e menos de 65 anos, que não estejam doentes, ou a tomar medicação, e cujo trabalho não exija uma alimentação reforçada. Dois dias de Jejum: Quarta-feira de Cinzas e Sexta-feira Santa.

 

Abstinência - deixar de comer algum tipo de alimento. Tradicionalmente, abster-se de carne. Estão "obrigados" pessoas com mais de 14 anos, e como quanto ao jejum, que não estejam a tomar medicação. Dias: Quarta-feira de Cinzas e todas as Sextas-feiras da Quaresma (no resto do ano poderá ser substituída pela oração, pela esmola, pela participação na Eucaristia, pela leitura da Sagrada Escritura. Abster-se de carne, ou de peixe, sendo este mais dispendioso, ou quando se gosta bem mais de peixe. Abster-se de doces, de chocolate, de café, de tabaco, de dizer palavrões...

 

O jejum faz bem a saúde física e espiritual.

Por vezes o nosso organismo precisa de descansar, de desenjoar das comidas habituais, para se equilibrar. Os médicos sabem isso, mas também as pessoas comuns. Quando nos sentimos doentes, por vezes, verificamos que precisamos de "não comer", para o estômago se refazer, e os outros órgãos envolvidos na digestão. Ou mais água e comida leve.

O jejum, por si mesmo, apenas como sacrifício não vale muito, vale em quanto nos coloca na rota de Deus e nos leva à prática da caridade. Jejuamos, deixamos de comer algum alimento, para que o que poupamos possa ser investido a favor dos outros.

 

O JEJUM na BÍBLIA:

"O jejum que Me agrada não será antes este: quebrar as cadeias injustas, desatar os laços da servidão, pôr em liberdade os oprimidos, destruir todos os jugos? Não será repartir o teu pão com o faminto, dar pousada aos pobres sem abrigo, levar roupa aos que não têm que vestir e não voltar as costas ao teu semelhante? Então a tua luz despontará como a aurora e as tuas feridas não tardarão a sarar. Preceder-te-á a tua justiça e seguir-te-á a glória do Senhor. Então, se chamares, o Senhor responderá; se O invocares, dir-te-á: «Estou aqui» (Is 58, 1-9a).

Os discípulos de João Baptista foram ter com Jesus e perguntaram-Lhe: «Por que motivo nós e os fariseus jejuamos e os teus discípulos não jejuam?» Jesus respondeu-lhes: «Podem os companheiros do esposo ficar de luto, enquanto o esposo estiver com eles? Dias virão em que o esposo lhes será tirado e nessa altura hão de jejuar» (Mt 9, 14-15).

 

O jejum, com a oração e com a esmola, é um sinal, uma oportunidade e uma vivência que valem como expressão da conversão interior, da adesão firme à Palavra/vontade de Deus, no seguimento do caminho do Senhor. O jejum, sem mais, tornar-se-á insignificante, quando muito uma dieta que pode ajudar o organismo a ser mais saudável. O jejum, na vivência da fé, há de ser acompanhado da oração e da caridade, das boas obras. Jesus, no Evangelho, não o desvaloriza, mas dá prioridade ao acolhimento e ao seguimento: "enquanto o noivo estiver com eles...".

Nós devemos valorizar as práticas penitenciais como incentivo e como expressão da conversão, mas ligadas, sempre, à caridade e à oração.

 

BENTO XVI:

"O Jejum, que pode ter diversas motivações, adquire para o cristão um significado profundamente religioso: tornando mais pobre a nossa mesa aprendemos a superar o egoísmo para viver na lógica da doação e do amor; suportando as privações de algumas coisas – e não só do supérfluo – aprendemos a desviar o olhar do nosso «eu», para descobrir Alguém ao nosso lado e reconhecer Deus nos rostos de tantos irmãos nossos. Para o cristão o jejum nada tem de intimista, mas abre em maior medida para Deus e para as necessidades dos homens, e faz com que o amor a Deus seja também amor ao próximo (cf. Mc 12, 31)".

 

A Igreja recomenda diversas práticas: o jejum, a conversão, a confissão, a abstinência, a leitura mais frequente da Sagrada Escritura, a participação mais ativa na Eucaristia, a partilha mais efetiva com os mais necessitados. Hão de ser expressão da conversão interior. O gesto da imposição da cinzas, nesta Quarta-feira de Cinzas, mais não é que um fortíssimo sinal do nosso despojamento interior, que deverá significar adesão firme a Deus. Importa "rasgar o nosso coração"... os gestos exteriores só valem se nos mobilizarem interiormente...

 

O verdadeiro jejum é a postura que nos aproxima de Deus e faz de nós irmãos uns dos outros na promoção da vida, da dignidade, vivendo de olhos postos no Altíssimo, na partilha que leva à comunhão, na verdade que nos liberta e nos compromete na caridade... No cristianismo, os gestos exteriores assumem, para serem autênticos, a conversão interior a Jesus Cristo e ao seu modo de ser e de agir, na disponibilidade constante por dar a vida pelo outro, traduzindo em gestos concretos de bem dizer e de bem-fazer.

21.02.12

52. É Carnaval ninguém leva a mal, se fizer por tal.

mpgpadre

É Carnaval ninguém leva a mal, se fizer por tal.

A diversão, as festas, os momentos de lazer, fazem parte do nosso quotidiano. Por um lado permitem-nos descansar da rotina diária - que também é precisa, só assim faz sentido sair da rotina -, e por outro lado aproximam-nos dos outros, se aproveitarmos para conviver, para aprender, para acolher, para potenciar outros talentos.
Os tempos de descontração são bom lenitivo nas dificuldades e nas canseiras.
Seja Carnaval seja outra qualquer festa, ainda que pagã, pode ser aproveitada pelos crentes, pelos cristãos, para evangelizar.
Até para brincar é preciso ser sério.
Há quem não saiba brincar.
Há quem brinque quando não é ocasião para tal.
Há ocasiões propícias para brincar.
Quem brinca não precisa de deixar de ser sério.
Quem é pouco sério, falseia também a brincadeira e a diversão.
Quem aproveita a brincadeira para ser desonesto, perverte a beleza e a saúde da diversão.

Também nas brincadeiras dá para conhecer as pessoas.
Pode acontecer que alguns se escondam por detrás das máscaras - para tal nem precisam do Carnaval para o fazer -, para fazer mal, para prejudicar, para agredir, para ofender pessoas que à luz do dia, e sem máscaras, não o fariam.
A coerência de vida também passa por aqui: procurar ser iguais a nós próprios no trabalho, no lazer, nos momentos sérios da vida e como nos momentos de descontração.

Quem é maltratado pode não saber quem está por detrás da máscara.
Quem faz mal, ainda que protegido pela máscara, e tiver (alguma) consciência, saberá que fez mal, agiu à falsa fé, usou a hipocrisia e a cobardia para esconder as suas debilidades físicas e/ou afetivas.

Estas palavras não são para terceiros. É para todos. Podemos passar por algum momento de fraqueza em que nos escondamos do olhar dos outros...
Estamos todos a caminho.
Quem puder e/ou quem quiser aproveite o Carnaval para se divertir não à custa dos outros, mas com os outros e para os outros. À custa dos outros, brincávamos quando éramos muito crianças, muito infantis...

20.02.12

51. Aprenda a dizer não (com razões razoáveis) para valorar o sim.

mpgpadre

Aprenda a dizer não (com razões razoáveis) para valorar o sim.

Há muitas situações em que temos de dizer não.
Não por birra, ou por maldade, ou por orgulho, ou por que nos apetece chatear os outros, ou porque dessa maneira mantemos a nossa posição, ou porque não nos queremos comprometer.

Há muitas situações que seria mais fácil dizer sim, mas para sermos honestos e justos temos que responder (claramente) não. Falo também por experiência própria nas comunidades paroquiais como na escola (enquanto professor de EMRC).
O que nos pedem, e a forma como o fazem, graúdos e miúdos, enternece-nos, mas nem sempre é o caminho da verdade. Porque também nem sempre o caminho mais fácil é o que nos leva mais longe e ao destino certo.

Na liturgia da Palavra deste Domingo, escutávamos, na segunda epístola de São Paulo aos Coríntios, que Deus responde sempre SIM às Suas promessas, a favor de toda a humanidade. O Apóstolo e os seus companheiros procuram também que a sua linguagem, para a comunidade, seja sempre sim, e não alternadamente, umas vezes sim e outras não. Sempre sim.
No Evangelho, e como refletíamos ontem, Jesus convida à transparência na linguagem: "sim, sim" e "não, não".
São duas formas que apostam na transparência e na benevolência. Não há que enrolar os outros com meias verdades, e no caminho da prática cristã o sim é ponto de partida, de chegada, é alimento, é sustento da fé.

No caso presente - e mais uma vez não pretendemos ser nem taxativos nem definitivos, estamos a caminho, a partilhar e a aprofundar alguns pensamentos (positivos) - trata-se de não termos medo daquilo que o nosso não possa provocar. Obviamente, não dizemos não para irritar o outro, ou para lhe fazer mal, mas dizemos "NÃO" quando a verdade e a caridade o impõem. Sublinhamos: verdade e caridade. Havemos de cá voltar. A sinceridade por vezes é desculpa para ofendermos os outros e a sua dignidade. Tenho de ser sincero... e digo o que me dá na real ganha sem olhar à pessoa que tenho diante de mim (não confundir com outra situação: sou brando e  agressivo, conforme a simpatia que a pessoa gera em mim - este seria um caso típico de acepção de pessoas).

Queremos ser agradáveis e dizemos sim. É mais fácil... a não ser que nos estejam a pedir algo, ou a pedir o nosso tempo e trabalho, aí o sim pode já não ser do nosso agrado. Mas sempre é mais simples, mais gratificante, mais cómodo, dizer sim. Como pais, como educadores, quantas vezes a tentação de dizer sim é maior?! Na volta temos sorrisos, palavras agradáveis, boa disposição. É da nossa natureza, dizendo sim conseguimos um fácil aplauso e/ou louvor.
Aliás, é bom dizer sim e sentirmo-nos bem porque fomos e pudemos ter sido prestáveis. Mas que o sim não tenha como fim o aplauso fácil. Que seja um sim convicto, consciente, e que dignifica a nossa postura, procurando a tal coerência de vida, dizemos "sim" porque está de acordo com as nossas convicções.

Se dizemos "não", temos amuos, contestação, indisposição, irritação.
Quantos filhos não quereriam ter pais que lhes dissessem "não", quantos filhos não gostariam que os pais um dia lhes tivessem dito não! Na adolescência e na juventude, os pedidos dos filhos por vezes são forma de testarem os pais, são momentos de afirmação e são ocasiões para o pais/educadores dizerem "não" (quando se justifica) e explicar porquê. Dar razões. Confiar neles. Do mesmo jeito, quando for possível dizer sim. Confiar. Estar atento. Ser claro. Ouvir as razões do filho/aluno. Não ter medo de fazer concessões, até como forma de responsabilizar. Não há vitórias ou derrotas no relacionamento humano. Há ganhos, crescimento, partilha, enriquecimento mútuo. Nunca ganhamos à custa do sofrimento do outro. Nunca sairemos vencedores de um conflito emocional/afetivo. Sairemos todos a perder. Vale a pena apostar no diálogo, na compreensão. Nem sempre é fácil. Ou quase nunca é fácil. E neste campo, depende muito de pessoa para pessoa e também das pessoas que estão frente a frente.

Se um filho ou um aluno não tiver limites, não saberá distinguir o certo do errado, o justo do injusto, o verdadeiro da mentira, a liberdade da libertinagem.
Uma das histórias da minha infância é sintomática. Aprendi com os meus pais, mas também na escola (ou vice versa): um homem foi condenado à morte por roubar. Já várias vezes tinha sido denunciado. E foi condenado à morte na forca. como último desejo pediu para beijar a mãe, quando estava com a corda no pescoço. A mãe aproximou-se e o filho (mesmo ladrão continua a ser filho querido) arrancou-lhe o nariz com os dentes. E deu a sua explicação: quando eu era pequenino e cheguei a casa com uma agulha (roubada), se a mãe não a tivesse aceitado, mas perguntado onde a tinha encontrado e me tivesse obrigado a devolvê-la e me desse duas bofetadas (hoje já não se usam bofetadas, passou de moda), talvez eu nunca me tivesse tornado ladrão e hoje não estaria aqui.

Trata-se mais uma vez do justo equilíbrio e que na prática, no concreto do dia a dia, não é fácil, sobretudo para os pais a tempo inteiro (isto é para os pais que realmente se preocupam e acompanham o crescimento dos filhos).
Há que não ter medo de dizer "NÃO". Os filhos precisam de ouvir o "não" firme dos pais, reconhecendo a sua preocupação e o seu amor. Ninguém diz "não" para chatear os filhos. Penso eu. Ou para chatear os alunos. Penso eu que não. Ou para chatear as pessoas a quem se diz não...

Quando se equilibra o não com o sim, procurando o melhor para aqueles que estão ao nosso encargo, então quer o não quer o sim serão compensadores, se levarem a uma vida mais saudável e se resultarem do melhor que há em cada um...
Do dizer ao fazer vai um longo caminho... mas podemos começar... o caminho faz-se caminhando, às vezes tropeçando, ou caindo... importa não desanimar. Deus caminha connosco e nos outros podemos encontrar-nos com Ele.

19.02.12

50. Quero seguir-Te, Senhor...

mpgpadre

Quero seguir-Te, Senhor...

Este tema integra o projecto "Bom Mestre", que reúne os hinos das Jornadas Diocesanas da Juventude, sendo o Pe. Marcos Alvim o autor da maioria das letras e das músicas. Este projecto foi editado pelo SDPJ de Lamego e Edições Salesianas.

Quero seguir-Te (XVI Jornada da Juventude – Tabuaço 2001)
Letra: Pe. José Augusto Marques
Música: Pe. Marcos Alvim

Quantas vezes vagueei pelo mundo,
À procura dum sentido para a vida!
Procurei-o no prazer mais profundo,
Na beleza e na ilusão desmedida!

Quero seguir- Te,
Esquecer-me de mim,
Tomar a Tua cruz até ao fim!
Quero amar-Te no rosto do irmão,
Assumir a sua dor,
Viver o Teu perdão.

Sinto a felicidade que sonhei,
És Tu, Senhor, em mim, a revelar-Te!
Com a alma a transbordar, eu serei
Uma chama de luz a proclamar- Te!

Há um ano atrás, na Semana de Formação Bíblica e que terminava com o concerto de oração do Pe. Marcos Alvim, utilizámos esta canção para refletir, rezar e cantar.
Hoje sugerimo-la do mesmo jeito, ainda que nesta aldeia global.

Meditação (adaptada) das Edições Salesianas, para esta música:

A vida quase se resume a duas decisões importantes. A primeira é saber se queremos viver a vida em movimento ou parados. Procurando algo melhor e maior ou resignando-nos à mediocridade. A segunda é a decisão sobre a meta. Se nos decidimos pelo movimento contra o imobilismo da morte, convém saber bem para onde queremos ir.
Que procuramos? O que queremos encontrar? O que é que pode encher o nosso coração de beleza e sentido?
Podem parecer-nos perguntas vagas, difíceis... Perguntas a que se responde... "mais tarde". Mas são as perguntas mais urgentes.
Quando não investimos o melhor das nossas energias a escolher o rumo dos nossos passos, o objecto dos nossos desejos profundos, há sempre alguém que escolhe por nós. Alguém que decide que para sermos felizes não precisamos mais do que consumir objectos, emoções ou relações. Alguém que decide por nós que é inútil voar alto.
Neste processo de escolha, não estamos sozinho. Podemos escutar as vozes de outros, da nossa família, daqueles que nos amam e que realmente gostam de nós. Daqueles que, como nós, também procuram uma vida cheia, plena, abundante. Podemos escutar a voz de Jesus de Nazaré.
Ele sugere um caminho exigente. Mas viável. Um caminho que pede maturidade. Mas que, ao mesmo tempo, nos faz crescer interiormente.
Resumindo, Jesus propõe que vivamos a nossa vida numa busca constante do amor. Que as nossas mãos deixem de agarrar tudo o que passa à frente para passarem a dar. Que descubramos que só ao darmos aos outros a nossa vida encontramos a nossa verdadeira vocação.

18.02.12

49. Rir de si mesmo... ...para viver mais tempo e com mais qualidade de vida.

mpgpadre

Rir de si mesmo...
...para viver mais tempo e sobretudo com mais qualidade de vida.

Por vezes levamos a vida demasiado a sério, colocando-lhe uma carga tempestiva e destrutiva que ela não tem. Obviamente que há momentos na vida de uma pessoa (ou mesmo de uma comunidade inteira, ou de uma família) que não são nada fáceis, sabendo-se contudo que de pouco adianta chorar pelo leite derramado. Se a tristeza pagasse dívidas, haveria muitas pessoas que que já tinham saldo positivo. Mas infelizmente não. Pouco resolvemos se nos indispusermos com o mundo, com a família, com os amigos ou até mesmo com Deus atribuindo-Lhe as culpas da insatisfação pessoal e atual. Não é que Deus não seja bom ouvinte...

Há dias, ouvia, e já estou a desviar um pouco, ouvia um comentário muito significativo a este propósito. Aquela pessoa, era uma pessoa concreta, com nome próprio e tudo, com família, não merecia o que lhe fizeram e referia-se a familiares. Embora tenha sido referido de uma pessoa concreta, certamente já o ouvimos em relação a muitas pessoas. No final, a conclusão de quem se lamentava pela pessoa amiga foi: "Eu costumo dizer que Deus 'castiga' os melhores"... Já Santa Teresa dizia a Jesus: Tratas assim os amigos, não podes ter muitos. Mais coisa menos coisa. Em todo o caso, e não poderia deixar de rebater, se foram pessoas da família que colocaram a pessoa naquela situação, como concluir que foi Deus? Se foi a família, então parte essencial da responsabilidade é das pessoas que lhe fizeram o que fizeram e da própria, ainda que de forma inconsciente e/ou, que deixou que lho fizessem, ou lho fizessem daquela maneira, ou que se deixasse magoar naquela situação. O relacionamento humano às vezes é bem confuso e complexo!

Mas voltemos ao ponto de partida.
A vida nem sempre é fácil. Como a rosa que tem espinhos. Espinhos que defendem a beleza da rosa, como o esforço que fazemos, por vezes sacrifício, que engrandecem, justificam e valorizam o resultado final. A caminhada é tão ou mais importante que a chegada.
Mas temos que descomplicar. Analisar para ver o que vale mesmo a pena, aquilo pelo qual vale a pena discutir ou até chatear-se.
Claro que cada pessoa é única e irrepetível, e cada pessoa reage a seu modo. Basta uma alfinetada (no sentido real, mas também no sentido simbólico) para alterar todo o sistema e colocar os motores todos a trabalhar ao mesmo tempo, atropelando-se mutuamente emoções, sentimentos, razão, pensamentos, desvarios.
A sensibilidade é diferente de pessoa para pessoa e por vezes a mesma pessoa, por diferentes motivos, pode alternar facilmente nas reações a situações idênticas. A sensibilidade e os motivos. Como dizíamos, há momentos tão dolorosos que não permitem sorrir.
Sorrir deveria ser uma opção de vida. Os outros não têm culpa das nossas indisposições. Mas também não é possível separar-nos, deixando a indisposição no trabalho ou em casa, para onde vamos, vão também as nossas preocupações, as nossas dores os nossos sonhos e projetos. Também o dizemos muitas vezes, como exemplo, participar na Missa festivamente, como que esquecendo-se dos problemas... mas também à oração levamos a nossa vida toda!

O convite de hoje: rir de si mesmo. Ser palhaço, ainda que por um instante, da própria vida, e das situações que até podem ter uma carga negativa e sacrificial. Quando as coisas estão mais frios, escuras, fundas, procure rir ou sorrir.
É mais fácil sorrirmos para os outros, mesmo que a alma esteja a sangrar por dentro.
É mais fácil rir dos outros e das situações caricatas que fazem, ou cinicamente, rir da vida e da situação dos outros. É de todos conhecida esta pequena história: um homem já ao psiquiatra, pois a sua tristeza é do tamanho do mundo e já não sabe o que fazer. O psiquiatra dá-lhe uma sábia recomendação. Todos os dias, na praça, há um palhaço que faz rir toda a gente e é uma terapia para muitos. O homem simplesmente responde: "Esse palhaço, que faz rir toda a gente, sou eu".
Às vezes é mais fácil rir/sorrir para os outros. E dever ser uma opção de vida que nos salva e traz saúde.
Mas, do mesmo modo, fazer o esforço por rir de nós, para que a vida seja mais leve, ainda que em breves instantes, qual medicamento que se toma faz efeito e depois passa, mas no caso, o rir de nós, tornar mais leve a nossa vida, pode ser oportunidade para que a saúde volte para nós e para aqueles que nos rodeiam.

"Todavia, saber o aspeto divertido da vida e a sua dimensão alegre, e não levar tudo tragicamente, isso, eu considero importante - diria até que é necessário... Um escritor afirmou que os anjos podem voar porque não levam as coisas tão a sério... Talvez pudéssemos voar um pouco mais se não nos déssemos tanta importância" (Cardeal Joseph Ratzinger/Papa Bento XVI).

Este elemento introduzido por Bento XVI é muito importante.
Voltemos a ler: não nos demos tanta importância. Só Deus é Deus. Não podemos resolver todos os problemas do mundo, às vezes, nem todos os problemas que nos afligem, em casa, no trabalho, com a família, com os amigos, com os conhecidos. Tudo tem o seu tempo. Há problemas, como já referimos por aqui, que se resolvem mesmo que não nos preocupemos. Há problemas que não se revolvem por mais que nos preocupemos. Então procuremos viver, com alegria, e sobretudo com amor, com paixão, sem dramatismos, só Deus é Senhor da História e do tempo. Como pessoas não somos insignificantes, somos as asas de Deus para florir o mundo que é o nosso.

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